Da crise ao apagão: a luz da educação precisa ser acesa



Há alguns meses o mundo vivia assombrado devido a crise econômica mundial, uma crise que não foi gerada por nós brasileiros, mas que também fomos atingidos pelas suas consequências. Essa crise nos mostrou claramente que, ao contrário do que parece, o capitalismo não é tão perfeito quanto se imagina. Ainda bem que "o Brasil foi o último a entrar e o primeiro a sair da crise".

Há algumas semanas dezoito estados brasileiros foram surpreendidos por um "apagão", fato sobre o qual até hoje não foi apresentada uma satisfação coerente e convincente. O evento apagão nos fez recordar àqueles tempos de Fernando Henrique Cardoso.

Os acontecimentos lembrados acima servem para nos inspirar em nossa reflexão sobre um tema urgente: uma crise maior que a crise econômica e que pode gerar um apagão maior que os vividos nos últimos tempos. Essa é a crise da educação.

Se atentarmos bem, o acesso às escolas nunca foi tão aberto quanto é nos dias de hoje, e isso se dá em todos os níveis: fundamental, médio e superior. Porém, a qualidade do ensino nas escolas públicas tem sido cada vez mais precária.

A Pré-escola e o Ensino Fundamental são as etapas mais importantes na formação cognitiva dos nossos jovens. É lá que se alicerça a dimensão intelectual do indivíduo. Porém, a situação é tão grave que muitos chegam ao Ensino Médio sem se quer saber ler. É aí que entendemos o porquê de tanta dificuldade da população pobre ter acesso ao Ensino Superior público.

A precariedade da Educação Básica na rede pública de ensino acaba promovendo um grande paradoxo: de um lado aqueles que estudaram em colégios particulares , na sua maioria, conseguem ser aprovados para as universidades públicas; do outro estão aqueles que foram obrigados a se submeterem a deficiência do ensino público, tendo que pagar faculdade para fazer curso superior.

Ter acesso a uma Educação Básica de qualidade é um direito de todos, apesar de apenas aqueles com maior poder aquisitivo terem isso garantido.

O governo criou uma reserva de cotas nas universidades públicas para negros e estudantes da rede pública. Por um lado, isso significa que o governo está ciente de que não está cumprindo bem o seu papel de garantir uma educação de qualidade; por outro lado, isso pode acabar reproduzindo desigualdades, já que nem todos ingressam na universidade com o mesmo nível intelectual, e quando o nivelamento acontece é que a desigualdade pode ser reproduzida, e o nivelamento sempre acontece por baixo.

Nos últimos anos tem explodido no país uma onde de instituições de ensino superior particulares. Muitos cursos e preços de todos os tamanhos. Em boa parte dessas instituições a educação tem uma conotação meramente comercial, onde o aluno assume o mero papel de cliente.

Toda essa situação calamitosa, pela qual passa nosso sistema educacional público, evidenciam que a crise que precisa ser superada urgentemente é justamente a crise educacional. Se o governo não fizer o seu dever de casa, essa crise desaguará num "apagão", o apagão do saber, o apagão da cidadania, o apagão da educação. Para evitar esse apagão, a luz da educação precisa ser acesa e abastecida sempre.
Autor: Antonio Clerton Cordeiro


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