Da crise ao apagão: a luz da educação precisa ser acesa
Há algumas semanas dezoito estados brasileiros foram surpreendidos por um "apagão", fato sobre o qual até hoje não foi apresentada uma satisfação coerente e convincente. O evento apagão nos fez recordar àqueles tempos de Fernando Henrique Cardoso.
Os acontecimentos lembrados acima servem para nos inspirar em nossa reflexão sobre um tema urgente: uma crise maior que a crise econômica e que pode gerar um apagão maior que os vividos nos últimos tempos. Essa é a crise da educação.
Se atentarmos bem, o acesso às escolas nunca foi tão aberto quanto é nos dias de hoje, e isso se dá em todos os níveis: fundamental, médio e superior. Porém, a qualidade do ensino nas escolas públicas tem sido cada vez mais precária.
A Pré-escola e o Ensino Fundamental são as etapas mais importantes na formação cognitiva dos nossos jovens. É lá que se alicerça a dimensão intelectual do indivíduo. Porém, a situação é tão grave que muitos chegam ao Ensino Médio sem se quer saber ler. É aí que entendemos o porquê de tanta dificuldade da população pobre ter acesso ao Ensino Superior público.
A precariedade da Educação Básica na rede pública de ensino acaba promovendo um grande paradoxo: de um lado aqueles que estudaram em colégios particulares , na sua maioria, conseguem ser aprovados para as universidades públicas; do outro estão aqueles que foram obrigados a se submeterem a deficiência do ensino público, tendo que pagar faculdade para fazer curso superior.
Ter acesso a uma Educação Básica de qualidade é um direito de todos, apesar de apenas aqueles com maior poder aquisitivo terem isso garantido.
O governo criou uma reserva de cotas nas universidades públicas para negros e estudantes da rede pública. Por um lado, isso significa que o governo está ciente de que não está cumprindo bem o seu papel de garantir uma educação de qualidade; por outro lado, isso pode acabar reproduzindo desigualdades, já que nem todos ingressam na universidade com o mesmo nível intelectual, e quando o nivelamento acontece é que a desigualdade pode ser reproduzida, e o nivelamento sempre acontece por baixo.
Nos últimos anos tem explodido no país uma onde de instituições de ensino superior particulares. Muitos cursos e preços de todos os tamanhos. Em boa parte dessas instituições a educação tem uma conotação meramente comercial, onde o aluno assume o mero papel de cliente.
Toda essa situação calamitosa, pela qual passa nosso sistema educacional público, evidenciam que a crise que precisa ser superada urgentemente é justamente a crise educacional. Se o governo não fizer o seu dever de casa, essa crise desaguará num "apagão", o apagão do saber, o apagão da cidadania, o apagão da educação. Para evitar esse apagão, a luz da educação precisa ser acesa e abastecida sempre.
Autor: Antonio Clerton Cordeiro
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