Coletânea Meus Livros - Antes do 20: Era impossível.



Antes dos 20

SAMPAIO, Thiago Macedo. Goiânia, Go. 2006

"Os gregos apontam a existência de quatro tipos de amor: Eros (o amor erótico), Filia (o amor familiar), Édipo (o amor fraternal) e ágape (o amor sacrifical). O último é destacado como o mais importante, pois refere-se a quem amar sem esperar algo em troca, tal como o amor de Jesus Cristo."

Antes dos 20

[1]SAMPAIO, Thiago Macedo. Goiânia, Go. 2007

DEDICATÓRIA


Em face da participação direta de todos os personagens na narração dos fatos nesta obra exposta, é inevitável a dedicação e agradecimentos a todos os meus familiares que fizeram parte positivamente ou não de minha trajetória. Minha dedicação vai para toda minha família que por bem ou mau fez parte desta história de dor, alegria, superação e conquista, sendo neles que me refugiarei para suportar o que ainda está por vir.

Ainda, dedicarei também para nossa prima Marta, devido a seu enorme coração que me acolhei e me confortou no início de minha caminhada.

Mas, em especial dedico esta obra a meu avô Agapito, símbolo de honra, união e dignidade, no qual me espelho para seguir na vida, sendo que, acredito que lá do mundo espiritual, meu avô nos observa e aprova meu feito.

SUMÁRIO


1. Introdução
2. Capítulo I - Dentre os anos cinqüenta e oitenta
3. Capítulo II - 1986 é um ano complicado para Mércia
4. Capítulo III - Os primeiros anos de minha vida
5. Capítulo IV - Eu e o mundo exterior
6. Capítulo V - Minha primeira paixão
7. Capítulo VI - Dindinha a matriarca da família
8. Capítulo VII - O impacto de uma mudança
9. Capítulo VIII – O pré-adolescente uma criança adormecendo
10. Capítulo IX - Adolescência
11. Capítulo X - Joice se desvia pelas corrupções da vida
12. Capítulo XI - Idéias confusas
13. Capítulo XII - Me tornei o amigo e o irmão
14. Capítulo XIII - Buscando me conhecer
15. Capítulo XIV - Decidindo o que fazer da vida
16. Capítulo XV - Sonhos e visões revelam uma profecia
17. Capítulo XVI - Mudança no convívio com meu irmão e meus pais
18. Capítulo XVII - A viagem que mudaria minha vida
19. Capítulo XVIII - Sinais de Deus me ajudam a decidir
20. Capítulo XIX - Crises no primeiro ano em Goiânia
21. Capítulo XX - O encontro com as garotas de minhas visões, a história que traçamos juntos e o cumprir da profecia
22. Capítulo XXI - Meu vigésimo aniversário
23. Conclusão
24. Anexo: Minha Árvore Genealógica




1.                 Introdução


Cumprindo uma promessa religiosa feita de joelhos enquanto criança aos pés da imagem de Nossa Senhora Aparecida na cidade de Bom Jesus da Lapa, registrei em pequenos diários as principais passagens de minha vida, afim de culminar numa autobiografia a ser concluída e inalterada ao completar de meus vinte anos, tal como foi feito.
Este livro é uma biografia verídica de seu próprio autor, que de forma mais profunda e reflexiva, compartilha a história de sua vida até seu aniversário de vinte anos.
Narrando acontecimentos baseados em dificuldades, superação, determinação e vitórias, objetivei apresentar a idéia de que por mais difícil que seja o obstáculo, nós ainda podemos saltar. Também visa servir de instrumento para análises psicológicas e sociológicas, tal como para uma melhor compreensão das fases pela qual todas as pessoas até chegarei na fase adulta necessitam viver.



2. Capítulo I - Dentre os anos cinqüenta e oitenta
Em meados dos anos cinqüenta, parte dos irmãos de minha avó Alaide se dividiu por diferentes lugares do Brasil, e esta separação, afetaria todo o nosso futuro. Alguns migraram para Salvador, cidade que já sofria com a explosão demográfica com a migração do trabalhadores rurais às grandes metrópoles do país, outros foram construir suas vidas em Goiânia, cidade recém construída e em pleno desenvolvimento, porém minha avó Alaide e meu avô Agapito, decidiram ficar e criarem seus filhos que ainda estavam por vir no sítio em que moravam, próximo á cidade de Itaberaba, no interior da Bahia. Logo, a família recebia as primeiras crianças, nascia Fátima e Dielson.
Recordando os anos cinqüenta, lembramos que a expansão do capitalismo e a influência da Igreja Católica contra os métodos anticoncepcionais, exerceram importante contribuição no crescimento populacional de todo o país, pressupondo que naquela família não seria diferente, sendo que nascia mais três criança: Rege, Mércia e Ito.
Eles tinham uma vida simples, baseada sempre na humildade, tal como meu avô ensinava, porém eram trabalhadores honestos e felizes, todos trabalhavam no sítio, dividiam tarefas na agricultura, na culinária caseira, na produção de farinha de mandioca e requeijão para comercializar na feira da cidade, o mais importante é que meus avós puderam proporcionar educação para todos.
Nos anos sessenta, Fátima - a quem eu prefiro chamar de minha Dinda, devido ao efetivo apelido escolhido por Cali -, casou-se e foi morar na cidade de Seabra, também no interior da Bahia e visando oferecer uma educação de qualidade para seus irmãos caçulas – Rege, Mércia e Ito -, levou-os consigo. Dielson por vez, vai morar e tentar a vida em São Paulo, onde não se adapta e retorna em pouco tempo.
Em meados dos anos setenta, minha Dinda teve três filhos: Nubinha, Laurinho e Mônica. Começa então a aparecer os primeiros netos de meus avós. Por outro lado, Mércia e suas amigas de colégio começam a descobrir as vantagens e perdições da mocidade – farra, namoro, e vícios (Cigarro e Bebidas). No início dos anos oitenta Dielson, já casado com Cássia, têm sua primeira filha chamada Cali e ainda sofre com a morte de outra filha numa forte crise febril convulsiva. Rege e sua esposa Cida, também tinham seu primeiro filho, chamado Rick, mas sofria logo em seguida com uma inevitável separação. Nesta época, meus avós já moravam na cidade de Itaberaba e seus outros filhos também moravam lá. Mas é no ano de 1986 que começa a história da pessoa mais diferente desta família, o autor e centro desta biografia.

3. Capítulo II - 1986 é um ano complicado para Mércia
Em janeiro de 1986, Mércia conhece _________ numa de suas saídas, eles se envolvem e de alguma forma ele está destinado a fazer parte e a exercer uma importante influência no futuro desta narração. Como também acontece hoje, o induzimento e o instigar de amizades, tal como a busca infinita pelo prazer, aliadas a ocasiões especiais como Ano Novo e Carnaval, provocam nossos sentidos e acabamos agindo por um impulso que arrependidos ou não, geram resultados a serem assumidos.
Também já não importava mais, depois da partida de Gilberto, Mércia descobriu que havia engravidado. Contando com o integral apoio de nossa família, o que a faz desistir de qualquer hipótese de interrupção daquela gravidez, ou seja, ela decide ter o filho.
É o ano mais turbulento da vida de Mércia, suas amigas também estavam eufóricas com aquelas mudanças, mas como eram jovens com ideais modernos, já não tratava a gestação como doença - o que muitas pessoas por ignorância pensam até hoje. E os meses passaram, lá estava Mércia no seu oitavo mês de gravidez pulando carnaval. Além das farras, Mércia fumava e ingeria bebida alcoólica, o que leva a crê que se nada promoveu um aborto era porque o destino daquela criança já estava escrito.
Então, no mês de outubro, quando Mércia completava seu nono mês, foi levada ao hospital no dia oito de outubro por meu avô Agapito. Houve complicações e o bebê não conseguia nascer de forma normal, o que a levou a sentir dores por toda noite. Quando a minha família decidiu fazer a cirurgia cesariana, por milagre, às cinco horas e quarenta minutos do dia nove de outubro de 1986, a criança nasceu num parto normal, a este menino nomearam de Thiago e por não constar o sobrenome do pai, ele herdou todo o sobrenome de sua mãe - Macedo Sampaio.

4. Capítulo III - Os primeiros anos de minha vida
Na segunda metade dos anos oitenta ainda surgiriam novos membros para aquela família. Após alguns conflitos entre Rege e Cida pós separação, a mãe de Rick foi morar em São Paulo e Rick começou a morar com meus avós. Rege casou-se novamente e teve mais dois filhos com sua segunda esposa Jú, chamados Sheila e Jr. Dielson também teve mais um filho, batizado de Danilo.
Mércia era mãe solteira, e apesar do apoio financeiro de seus pais e irmãos, decidiu ir para Brasília trabalhar, me levando, porém não passou nem mesmo um ano e voltou por insistência de seus pais.
No final dos anos oitenta e início dos anos noventa, Mércia começou a se relacionar com João, ele era de uma família de treze filhos e morava em Itaberaba também. Não demorou muito e eles já foram morar juntos, o que presenteava Thiago com um amigo que posteriormente se tornaria seu pai.
Mas, como nada é tão fácil, João tinha dois outros filhos com mulheres diferentes, chamados Joice e Fernando. Joice tinha dois anos menos que eu e morava com a mãe de João - Dona Nelice -, e a meu ver, sempre foi mimada, sempre tendo seus erros acobertados pelos tios e avós, o que implicaria na má formação de seu caráter, apesar de gostar muito dela na infância, chegando a considerá-lo como irmã de verdade, nunca pude imaginar o que o futuro nos reservava para findar tanto carinho. Fernando tinha uns dois anos menos que Joice, sendo sempre calado e comportado, sempre foi muito legal, ainda que tenha sido pouco às vezes em que saímos juntos, mas creio que a ausência afetiva por parte de João despertava nele os sentimentos de inveja e ciúmes expressos no seu olhar desde novo.
Mércia começou a trabalhar fora de Itaberaba, e para não prejudicar os meus estudos, fiquei morando com meus avós e Rick. Era incrível a ligação que estabeleci com Rick e meus avós, ficou cada vez maior o apego, emergiram laços de união tão fortes que impediam em parte a proximidade excessiva dos outros membros da família para com nossos avós.
Rick e eu ficamos bem unidos, mais ainda do que muitos irmãos, o que visivelmente levava a crer que seus verdadeiros irmãos não o conheciam como eu. Rick assumia as conseqüências por todas minhas travessuras, mesmo que não quisesse - como certa vez que subi no armário da cozinha para pegar latas de chocolate em pó e leite em pó para peneirar sobre a banana machucada, mas o armário caiu em cima de nós, e Rick que só estava olhando com medo que eu me machucasse, foi castigado.
Fora meus avós, meus pais e Rick, na infância me isolei de tudo e de todos, o que me permitiu aprender uma valiosa lição, a de que não existe integral felicidade na solidão, aprendizado contrário aos ensinamentos de todos os livros de auto-ajuda que já li. Acredito que tudo depende de uma companhia, ou melhor, da companhia de alguém adequado para determinados momentos.

5. Capítulo IV - Eu e o mundo exterior
Para a filosofia, considera-se mundo exterior, todo o ambiente de convívio diverso de nosso lar habitual, sendo que, torna-se quase que inevitável a relação entre as pessoas com ambientes diferentes.
Como se costuma dizer: "todos são bons até conhecer a vida". Comigo não seria diferente, preparado ou não em breve, eu entraria em exposição à convivência social, o que ocorreu ao início do convívio escolar, mas não decepcionei, pois era muito esforçado e por isso sempre obtive notas altas, mas a escola realmente me mudou, me tornei mais sonhador, no duplo sentido da palavra, primeiro porquê dormia em parte da aula necessitando ser acordado pela zeladora para ir embora, segundo porquê ficava simulando o lecionar enquanto ninguém estava olhando. Neste período, conheci uma garota que a princípio eu pensava ser imaginária, ela só aparecia quando todos os meus colegas e professores saiam da escola, juntos nós brincávamos de dar aula por toda a manhã, no futuro eu entenderia o que aquelas visões representavam.
Desde pequeno admirava a inteligência e esforço da minha prima Nubinha, que já havia concluído o curso de Pedagogia na Universidade Estadual da Bahia - UNEB - e era, ou melhor, continua sendo uma excelente professora, tendo seus serviços alta valorização nas escolas do interior baiano.
Enquanto começava a descobrir minha ambição por conhecimento, notei também que Rick era o oposto, só pensava em farras e mulheres, e como ao se exteriorizar as pessoas são altamente influenciadas pelo modismo, não demorou muito até que aquela idéia - farras e mulheres - também ocupasse a minha mente.

6. Capítulo V - Minha primeira paixão
Na primeira série, novas idéias assumiam o controle de meus hábitos, e já numa nova escola, conheci uma menina chamada Melania, o que tudo indica ter sido minha primeira paixão, era um sentimento puro e anexado a vontade de proteger ela das coisas ruins que eu começava a descobrir que existiam.
Muitos pensam que uma criança não pode se apaixonar, mas como explica o grande psicólogo Freud, nos primeiros anos de vida os meninos se apaixonam pela mãe e as meninas pelos pais, isso ocorre porquê agem por seus instintos humanos, não sendo ainda limitados socialmente a proibições que forçam na maioria dos caso a renúncia à vontade instintiva. Freud ainda explica que os alvos de sentimento mudam para os irmãos ou primos aos primeiros desabrochar das relações familiares, até que alcance alvos fora da família, como colegas de escola, de lazer e do trabalho. E por fim, este renomado psicólogo ainda explica que as crianças também sentem prazer - orgasmo -, devido principalmente às sensações que o tato proporciona.
Voltando a minha paixão por Melania, tudo teve um fim trágico, segundo meu julgamento na época, ela foi transferida de escola após ser beijada a força por um menino chamado Fábio, mas além dos ciúmes o que me deixou mais furioso foi que apesar do garoto ter motivado a transferência da menina, a direção da escola puniu com uma simples advertência, enquanto nos corredores cogitava-se que a senhora diretora era familiar do garoto infrator. Pela primeira vez em minha vida tive ódio no coração, que desabafei aos prantos com minha mãe.
Cabe interromper a narração para ressaltar que após se casar com Rose, nascia meu primo Itallo, o primeiro filho de Ito, que desde pequenino já era bem apegado a mim.

7. Capítulo VI - Dindinha a matriarca da família
Dindinha era a minha bisavó, ela era a anciã mais alegre e esperta que já conheci, apesar de nossa rinchas. Ela tinha comparsas por todo o bairro, pessoas que acobertavam seus vícios e travessuras. Enquanto mais nova, foi muito rica e alegava que meu avô Agapito queria tomar tudo o que era dela, mas por ironia do destino, suas filhas de Salvador foi quem tomou todos seus bens, e ela acabou indo morar na casa de meus avós porquê nem um outro filho a queria.
Também chamada de Dona Clara, apesar de ser descendente de italianos, amava a cultura local, dançava forró, mascava fumo e ingeria bebidas alcoólicas. Comia o dia inteiro e quando chegava alguma visita na casa de meus avós, ela falava que ninguém havia lhe dado nada pra comer, odiava tomar banho precisando ser fiscalizada nas questões de higiene pessoal, pois na maioria das vezes apenas molhava os pés e alegava já ter banhado.
Hoje arrependido, lembro que Rick e eu aprontávamos muito com ela - certa vez, ela corria atrás de nós para castigar-nos por algo que havíamos feito com seu cachimbo e eu lancei a sandália em seu nariz o que a fez chorar bastante, quando minha avó Alaide chegou, como era de se prever, ela colocou apenas Rick de castigo por não cuidar bem mim.

8. Capítulo VII - O impacto de uma mudança
Para assumir a filial de um abatedouro de frangos, meus pais mudaram para a cidade de Tucano no sertão baiano, próximo da cidade de Canudos - centro da trágica guerra que culminou no brutal assassinato de Antônio Conselheiro e seu grupo religioso -, também próximo da cidade de Caldas do Jorro – lugar turístico semelhante a cidade de Caldas Novas em Goiás, que atraí visitantes devido aos rumores de que suas águas quentes são milagrosas. No entanto, eles não puderam me levar já que não havia terminado o ano letivo, ficando em Itaberaba morando com meus avós até terminar as aulas.
Por conseguinte, eu fiquei muito doente tendo o estado agravado pela saudade de meus pais. Ao saber de minha enfermidade, minha mãe voltou para Itaberaba sozinha e cuidou de mim até me recuperar totalmente, logo em seguida estava pronto para morar em Tucano.
Foi muito difícil me afastar de meus avós e de Rick, mas para ajudar na adaptação, Rick e minha prima Cali foram passar as férias escolares lá em Tucano comigo - cabe ressaltar um episódio onde Rick e um amigo nosso de Tucano entrou numa competição de quem comia mais pizza, o que levou o menino a ficar internado por dias, decorrente de infecção alimentar -, e ao fim das férias, novos acontecimentos marcaram minha vida.
Na escola, conheci duas meninas que dividiram meu coração pela primeira vez, começava a se revelar minha indecisão típica de libriano. A primeira chamada Milena era morena e bem tímida, tinha uma família humilde, porém muito gentil, todavia infelizmente qualquer relacionamento amoroso era inviável por termos uma forte amizade. A segunda chamada Mércia era bem branca, tinha cabelos compridos castanhos e lisos, por ser extrovertida e sincera, não demorou a me pedir em namoro, assim aos nove anos tive minha primeira namorada, mas um namoro típico de criança, porém de forte impacto para mim, tanto que lembro a música que tocava na hora em que ela terminou comigo: "Sei que aí dentro ainda mora um pedacinho de mim, um grande amor não se acaba assim, feito espumas ao vento, não é coisa de momento, mas é passageira, mania que vai e passa feito brincadeira, o amor deixa marcas que não dá pra apagar, seu que errei e to aqui pra te pedi perdão, cabeça doida, coração na mão, desejo pegando fogo, sem saber direito a hora e nem o que fazer, eu não encontro uma palavra só pra te dizer, mas se eu fosse você amor, eu voltava pra mim de novo, e de uma coisa fique certa amor, a porta vai estar sempre aberta amor, o meu olhar vai dar uma festa amor, na hora que você chegar..." (L. Gonzaga).
Mais novidades aconteciam, minha mãe engravidou de novo, mas por volta do quinto mês ela descobriu que o bebê estava morto em sua barriga. Foi aí que ela descobriu que o sangue dela não combinava com o do meu pai e que se eles quisessem ter outro filho teriam que fazer tratamento.
Eles moraram apenas um ano em Tucano, voltando para Itaberaba para desenvolverem um trabalho autônomo, e mais uma vez, precisei despedir-me de meus amigos. Por que será que os adultos tomam suas decisões sem consultar seus filhos? Mesmo que não aceite a opinião dos filhos ao menos devemos consultá-los, digo isso porquê sem dúvida alguma sei que eles tomaram a melhor decisão.

9. Capítulo VIII – O pré-adolescente uma criança adormecendo
Logo que voltei de Tucano, fui estudar numa escola onde em minha sala tinha apenas e mais quatro alunos – Nina, Camila, Edileide e Vinícius -, por resultado, me apaixonei perdidamente por Camila e rebelei-me contra as provocações de Vinícius – em certo episódio, ele me machucou com o eu lápis que estava sem ponta ao tentar enfiá-lo em minha barriga, em contrapartida, enfiei de verdade minha caneta na mão dele, o que gerou uma lesão de um lado ao outro da mão, como castigo comum na época, fiquei sem recreio.
Novas novidades também chegam à família, pois nascia meu primo Igor, segundo filho de Ito com Rose.
Na pré-adolescência tudo parecia ruim, as mudanças do corpo, os desejos sexuais, os momentos de fúria e os amores provisórios. Nada era definitivo, mas nada era tão difícil quanto a rejeição por imaturidade - amigos costumam a pressionar um amadurecimento precoce, induzindo uns aos outros a não cometerem criancices, sob pena de serem apelidados de bebezinhos ou infantis, toda vez que executam uma ação que para eles não é próprio de um adulto -, e eu amava brincar de luta com meus primos Itallo e Igor, filhos de Ito. Estava numa fase de moldar meu comportamento segundo o dos desenhos animado. Mas com o tempo cedi aos apelos dos meus primos mais velhos e abandonei este mundo de fantasias.
Concluo então, que fases da vida são para ser vividas, pois a vida é muito, muito curta e que a vida segue uma sistemática que não permite retroatividade, gerando apenas arrependimento. Como disse Shakespeare: "Aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão".

10. Capítulo IX - Adolescência
Minha adolescência foi inicialmente marcada pelo falecimento de minha bisavó Dindinha, despertando a curiosidade filosófica de saber o "por que" de tudo. Nesta fase, solidifiquei minhas noções referentes à importância dos amigos, também começava a hierarquizar minhas prioridades na vida pessoal, erradamente começava a valorizar mais os meus amigos do que meus familiares. Iniciava meu namoro parcialmente maduro, mais duradouro até então - uma semana -, também passava a ir a shows e baladas, a viajar sozinho, e tanto contato me fez perder toda a timidez, me tornando uma pessoa mais comunicativa e ampliando rapidamente minha pasta de amizades.
Como fui poupado destas liberdades por muito tempo, me tornei uma pessoa vulnerável psicologicamente, e filosofava o tempo todo, eram infinitas as questões que emergiam de minha mente diariamente. Essa vulnerabilidade deu espaço a inobservância do domínio que o vício das bebidas alcoólicas estava assumindo em mim, bebia com freqüência - tanto socialmente quanto embriagando-se -, isso porquê buscava eliminar o pouco de timidez que ainda existia em mim, ao chegar em casa, como havia aprendido com meus primos Rick e Danilo, escovava os dentes e dormia logo para que ninguém percebesse.
Em seguida minha mãe descobriu que estava grávida, o que viria a me aliviar provisoriamente, pois no mesmo dia que ela descobriu que esperava gêmeos, ocorreu um aborto espontâneo, o que a deixou extremamente abalada e, desta forma, eu não poderia dizer tudo que me sufocava, piorando meu estado psicológico.
Apesar destes normais problemas que não prejudicavam outrem, a rebeldia nunca fez parte de meu coração, e sempre mantive a educação dado por minha família para com os mais velhos e demais parentes. Minha mágoa na verdade, sempre foi interna, por deixar todos da família me tratarem como objeto de modelo, a quem os demais membros da família deveriam copiar para que atraísse a inveja de outras pessoas. Esta mágoa alcançou uma inestimável amplitude no início do colegial, quando todos me cobravam aprovação e por esta pressão fiz minha primeira prova de recuperação, mas apesar da ansiedade, fui aprovado.
Quando comecei a trabalhar e a ganhar meu dinheiro totalmente livre de despesas em casa, passei a viajar para conhecer paisagens naturais da Bahia – em certo momento, me perguntaram porquê eu gostava tanto dos recursos naturais, como cachoeiras, praias, florestas, etc., então respondi que era importante preservar a natureza porquê preservaríamos também nossa identidade, mas ainda não entenderam minha resposta e me perguntaram qual era a relação entre a preservação do meio ambiente e minhas viagens, foi quando eu disse que ao abordar os aspectos naturais, me referia a valorização das poucas coisas verdadeiras ainda existentes, isso porquê, se observarmos bem, perceberemos que vivemos num mundo de mentiras e aparências. Ao completar dos quatorze anos, uma baita novidade alegrou nossa família, nasceu João Pedro, meu primeiro irmão biológico.

11. Capítulo X - Joice se desvia pelas corrupções da vida
Cresci tratando a filha do meu pai - Joice - como irmã, porém o tempo passou e ela também começou a ser influenciada por amigos. A última vez que lembro de tentar protegê-la, foi quando, a convite dela própria, fui assistir uma apresentação de teatral de sua turma da escola, ao término da apresentação, no fundo da escola, suas amigas convenceram-na a ficar com um garoto playboyzinho da cidade - inaceitável por mim, já que se tratava da primeira vez que ela ficava com alguém -, para completar ele ainda me disse antes de saber que eu a conhecia que só a queria para o sexo, tentei alertá-la mais ela preferiu acreditar nele e nas amigas, depois daquele dia nunca mais a considerei irmã novamente, naquela escola morria uma doce, meiga, honesta, carinhosa e ingênua Joice e lapidava-se um monstro.
Tempos depois ela insistiu que havia se apaixonado por três dos meus primos em pouco menos de um mês, em seguida começou a aprontar todo tipo de armações contra suas tias e avós, coisas que eu já mais poderia imaginar ser possível , fez amizades perigosas com usuários de drogas pesadas, traficantes, chefes de briga de rua. Por mais que ela escondesse, usando fontes materiais e espirituais, eu sempre permanecia informado, sendo que, algumas coisas feita por ela, apenas eu sei.
Muitas vezes ainda tentei aconselhá-la, mas a corrupção do mundo é como um vício, só se salva quem deseja ser salva e ela não queria ajuda. Após inúmeras discussões, ela aprontou uma que pensei por muito tempo ser imperdoável - durante as semifinais do Campeonato Intercolegiais de Handeibol, o time dela jogou contra o de minha escola e torci a favor do meu centro educacional, irritada por isso, quando chegou minha vez de jogar as semifinais, ela informou ao juiz irregularidades na minha inscrição, o fato era que eu jogava na categoria dezesseis anos porque quando fiz minha inscrição tinha esta idade, mas havia completado dezessete anos um dia antes do jogo da semifinal, resultou que todo o meu time foi desclassificado, me acarretando a perca de muitos amigos por causa dela, afinal nós havíamos treinado mais de um ano para os Jogos, daquele dia em diante passaria quase seis anos sem conversar com ela.
Daí por diante as coisas entre nós pioraram, ela passou a morar em minha casa e me provocava o tempo todo, mas eu quanto eu fosse o alvo, não me importava, até porquê quase nada me tira do sério. Notório que eram ineficazes suas provocações, ela surpreendeu novamente, - uma vez, cheguei e não encontrei meu irmão que havia ficado em casa com ela, ao procurar na rua fui avisado que ela estava numa esquina perto de casa com ele, ao chegar no local indicado me irritei por ver que ela estava entre um grupo de perigosos moleques a se insinuar, provavelmente pretendentes dela, a vida era dela e já não me importava, mas o que me indignou foi ver que meu irmão João Pedro estava em seu colo, furioso já cheguei agredindo-a física e verbalmente.
Noutro momento, fomos passar férias na praia de Barra do Jacuípe, como já era de costume, ela aproveitava seu tempo insistindo em me pirraçar, mas sempre fui calmo e não me importava, apenas ignorava, o que a tirava do sério, no dia suas ações se reiteravam - se eu passasse na porta ela atravessava o pé para que eu caísse, se eu ameaçasse dormir num colchão ela adiantava-se e pegava-o, mesmo assim, até então não me descontrolei nem mesmo um minuto, porém explodi ao estar dormindo na rede e ser acordado por um brusco balançar que chegara a me dar a sensação que cairia, susto ampliado pelos empurrões dela que alegava querer deitar na rede em meu lugar, tal atitude motivou mais uma vez que eu partisse para a agressão física, mas ela tinha um instinto tão ruim que enquanto eu batia ela afirmava não estar doendo, quadro que mudou quando ela percebeu que meu havia chegado, tamanha foi sua dissimulação que caiu em prantos, se fazendo de vítima.
Muitos questionaram os motivos pelos quais me afastei dela, o que posso afirmar é que somente eu sabia quanta falsidade suportei.
Realmente o pior cego é aquele que não quer enxergar, pois meu pai acreditava em tudo que Joice falava, principalmente no período em que ela morou conosco, ela infernizava nossas vidas e armava para pessoas que realmente tinham caráter, armações essas que fizeram meu pai brigar com minha mãe, comigo, com meu irmão e até com meu primo Laurinho. Será que ele acredita mesmo que um dia Laurinho se interessaria por Joice? O fato era que ela havia armado de modo a entender que sim, ao ponto de até hoje manter-se a inimizade de meu pai para com meu primo injustamente condenado. Será que um dia meu pai se tornará superior ao ponto de reconhecer o erro e desculpar-se com Laurinho? Só o tempo dirá, mas as insinuações dela para com ele, demais primos, amigos e conhecidos, tal como a forma como meu pai a via, jamais será esquecido por mim.
Eu tinha muita influência na cidade e conhecia pessoas dos quatro cantos de Itaberaba, o que acarretava ser apresentado a pessoas envolvidas nas suas maléficas ações, assim tudo o que Joice aprontava de errado ou no mínimo de imoral me era comunicado, portanto eu sabia de tudo antes dos meus pais, sendo que na maioria das vezes como eu já disse, eles nem ficavam sabendo. Como na guerra, onde precisamos conhecer nosso oponente para nos proteger ou conquistar território, eu dedicava parte de meu tempo para investigar seus feitos, infiltrando entre os amigos dela e persuadindo-os a me manterem informados sobre quase todos os passos dela.
Não entendo como duas pessoas criadas praticamente juntas e com uma básica distinção - ela tem pai biológico e eu tenho pai de criação - podem ter se tornado tão opostas. Ninguém sabe o que ainda pode se esperar dela no futuro, porquê a solidão amplia qualquer revolta, mas estarei pronto para reencontrá-la melhor ou pior, pois aprendi que "cada dia que passamos com rancor no coração é menos um dia de vida, enquanto a cada dia de amor acrescentamos também mais um dia de vida", quando este dia chegar espero estar pronto para dá-la uma milésima chance.
Ao falar dela me lembro de um velho provérbio chinês que diz: "que muitos condenam e até castigam a agressividade e traição dos animais, porém o que não percebem é que a personalidade dos animais é o puro reflexo da violenta personalidade humana.
Concluo desta forma, que as pessoas cruéis executam maldades devido ao fato de temerem algo, mas especificamente no presente caso, Joice temia a solidão e sua fragilidade. Como diria Paulo Freire, "é como uma criança que bate nos amigos da escola acreditando que se for muito má não haverá ninguém pior que ela para também lhe fazer maldades".
Nas difíceis situações que vivi, ligadas à Joice ou a meus pais, aprendi que nossa vida é como num desenho animado, onde o personagem despenca de uma montanha, mas não cai enquanto não olha para baixo, e se não o fizesse passaria a vida inteira caindo no vácuo. Às vezes não queremos perceber o que está acontecendo ao nosso redor, e muito menos o que estamos fazendo de nossas vidas. E assim, também não percebemos que tudo é passageiro e que devemos nos reciclar constantemente, pois nunca é tarde para aprender a viver. Tendo plena convicção, baseada em minha fé no homem, que sua própria existência já foi um castigo, crendo que o destino guarde muita felicidade e maravilhosas surpresas a vida de Joice.

12. Capítulo XI - Idéias confusas
No colegial tive o privilégio de estudar filosofia e a infelicidade de confundir meu conhecimento, a ponto de desenvolver uma obsessão que posteriormente evoluiu para depressão.
Indo a uma pescaria com meu pai e alguns de seus amigos, tive uma triste premonição a ser confirmada em instantes, obriguei que meu pai parasse o carro na saída da cidade e peguei uma moto taxi para a casa de meus avós, sendo que tal como sentira havia se consumado, meu avô morrera do problema que lutou com todas suas forças – a doença de chagas. Era o início de toda uma crise em meu espírito, mas não fui o único abalado, toda a família sofreu muito, pois partira um dos moradores mais ilustre e admirado da cidade. Alguns detalhes daquela tarde triste e chuvosa, nunca serão esquecidos, como a cantiga das beatas enquanto retiravam o caixão da sala de estar - "segura na mão de Deus, segura na mão de Deus" – e o forte cheiro de margaridas, tal como não esquecerei a triste cena de minha mãe e meus tios arrastando eu e Rick do quarto para ver meu avô pela última vez. Eu e Rick perdíamos mais que um avô como os demais primos, perdíamos um pai perfeito, um homem trabalhador, honesto, carinhoso, amoroso e muito humilde – nós nos espelhávamos nele, desde o ato de pegar-lhe escondido o velho barbeador para simular o barbear dos nossos finos pelos do rosto, até nos vestirmos com seu jaleco de vaqueiro e chapéu de couro legítimo. A verdade é que ele nos proporcionou caprichos dos quais na realidade não podia bancar, renunciou a seus gostos e desejos por todos nós. Ainda, de mim, Danilo e Rick andando frente ao caixão a caminho do cemitério, apesar da sonolência por ter "varado a madrugada em claro", eu observava as enxurradas ao canto da estrada repleta de lama, ao tempo que o sofrimento de Rick expresso em seu silêncio, duplicava minhas lágrimas. O resto todos sabem, abriu-se o buraco, demos a última olhada em no corpo, enterraram, todos voltamos para casa e por fim acabou-se o pior dia de minha vida.
Foi aí que me afundei em conflitos que misturavam as mágoas da adolescência e o fantasma da morte. "Por que morremos? Se Deus me colocou no mundo para morrer era melhor não ter nascido! Eu não quero colocar um filho no mundo para morrer!" Eram muitos os pensamentos e paradoxos, mas na época, a única certeza era que a morte seria o fim de tudo.
As mágoas do passado também me feriam muito naquele momento, pois como já disse em capítulos anteriores, sempre fui extremamente protegido, modelado e controlado, tal como um fantoche. "Nós vamos ali!" Ninguém ao menos perguntava se era aquilo que eu queria, todos tinham idade para sair sozinho, namorar e opinar, exceto eu, que só podia sair acompanhado, não podia namorar porquê atrapalharia meus estudos e nem decidir o que era melhor para mim.
Ao observar o sistema que regia minha vida, adquiri mais uma lição, aprendi que aqueles que impõe a disciplina para com os outros, utilizavam as mesmas desculpas usadas pelos maiores tiranos da história, como Hitler, Sadam Russen e Cheq Vara.
As lides entre as mágoas e a morte eclodiram numa rebeldia em plena juventude, eu pensava em usar drogas, suicidar, fugir pelo mundo, viajar o tempo todo, arriscar-me em aventuras radicais, correr e participar de rachas em motos e considerar minhas "ficantes" como meras mercadorias – sem compromisso nos relacionamentos, vivia num regime de rodízio, onde não ficava muito tempo com nenhuma garota e nem deixava que ninguém soubesse de meus casos, tudo para evitar um apego sentimental e outra provável perca com o inevitável término.
Tudo mudou com a convivência com meu primeiro irmão biológico - João Pedro -, eu passei a assumir responsabilidades, o que me ajudou a superar esta fase e a estabilizar os meus conflitos ideológicos. Apesar de todos esperarem um adolescente ciumento por causa de JP, aconteceu o contrário, sentia ter obrigações para com ele e de quebra conquistei mais espaço e liberdade com meus pais, que conseqüentemente passaram a cobrar menos de mim.

13. Capítulo XII - Me tornei o amigo e o irmão
Com o nascimento de João Pedro e dos filhos de meus primos - Iann Lucas, Abraão, João Gabriel e Pedro Henrique (PH) -, me senti extremamente preparado para lutar por eles em busca de uma vida melhor, já que os demais membros da família se satisfaziam com o pouco e apenas para si próprio. Engraçado que meu irmão João Pedro não me chamava de Thiago, mas de "meu irmão", e com um pouco de esforço meu e do meu irmão Abraão, todos os filhos dos meus primos também passaram a me chamar de "meu irmão". Não sei explicar, mas tenho tanto carinho por todos eles que realmente os considero meus irmãos, sentimento este que influenciaria nas decisões que alterariam todo meu futuro.
As amizades passaram a ser meus fortes desde o início da adolescência, onde meus conselhos intelectuais e espirituais atingiam diretamente a alma das pessoas, o que conseqüentemente via empatia espelhava-se em mim, ou seja, quando meus amigos estavam tristes eu também estava, se estavam com problemas eu me sentia na obrigação de tentar resolvê-los, e assim, fui rotulado num exemplo de confiança e sabedoria.

14. Capítulo XIII - Buscando me conhecer
Após os conflitos ideológicos do início da juventude, percebi um rápido desenvolvimento de meus hábitos paranormais ou espirituais, o que me assustava por algumas vezes e também impressionava meus amigos. Em busca de uma solução, passei a procurar tendências religiosas, busca esta que parecia não ter fim.
Sempre soube ter alguns dons, mas não sabia de onde vinham e nem por que aconteciam. Minha família apostava que a solução decorreria de um tratamento psicológico, sendo que minha primeira consulta foi mais provinda de uma coincidência, pois eu estava de férias na praia de Guarajuba e conheci um psicólogo chamado Augusto que me explicou um pouco sobre o espiritismo e a doutrina de Alan Kardec, o que pela primeira vez em anos, me proporcionou a sensação de ser um garoto mentalmente normal. Voltando para a cidade fui conhecer um centro espírita, pois pessoas do centro souberam dos rumores ao meu respeito e acreditavam que eu poderia ser um grande médium. Saí da reunião decepcionado com o estilo do centro, eles misturavam candomblé, catolicismo e espiritismo, num grupo nomeado de espiritismo umbanda. Tudo fora contrário ao que eu esperava e aos meus princípios morais, o que me fez nunca mais voltar lá.
Com uma amiga natural de Iaçú que se dizia bruxa, aprendi a fazer rituais denominados por ela de "Rituais dos bons bruxos ou magos", doutrina que consistia em crer que é possível compreender os elementos da natureza para controlar fenômenos paranormais, fazendo coisas que aos olhos dos leigos é impossível, como levitação, receptação de luz - ascendendo e apagando luzes de postes de energia -, entre outros. Mas, o que mais me impressionava era sua habilidade para supostamente invocar espíritos a responder fatos do passado, presente e futuro, por meio do "Jogo Ouija", também conhecida por "Jogo do Copo", onde um grupo de pessoas, sempre em número par, dispõe de uma tábua Ouija, colocando seus dedos indicadores sobre o instrumento de madeira encima da tábua, que numa espécie de movimentos deslizantes, circulava as letras do alfabeto e os números, que se encontravam pintados na tábua. Aprendi também, a fazer o jogo Ouija mesmo sem o respectivo instrumento, e assim, por muitas vezes o fiz, formando o círculo, explicando a todos que teriam que por o dedo indicador sobre o copo virado com o fundo para cima que se encontrava no centro do círculo de recortes das letras do alfabeto de A a Z, dos números de 0 a 9 e das palavras SIM e NÃO, fazia tudo sabendo que era bem mais arriscado do que o método tradicional, pois se alguém retirasse o dedo e o espírito assumisse o corpo de um dos jogadores, não seria possível fazer o ritual de exorcismo. Feito os procedimentos estruturais, todos liam a devida oração de invocação e assim que o líder sentia a presença do ser espiritual, sem explicações o copo mexia-se, de modo a esquentar os dedos e esfriar os braços de todos que participavam, revelando no decorrer das perguntas, segredos sobre todos que participavam do jogo, tal como gerando freqüentemente fenômenos paranormais. Quando minha amiga foi embora da Bahia, passei a liderar o jogo, ao tempo que o propagar dos rumores atraía muitas pessoas de diferentes pontos da cidade, superficialmente, afirmo ter participado sob minha liderança mais de quarenta pessoas, tendo seus nomes registrados e guardados até hoje por motivo de precaução.
Por fim, fui conhecer uma igreja evangélica, onde freqüentei por mais de um ano, mas ainda não estava pronto para aceitar a doutrina da igreja, pois não concordava com muita coisa que presenciava, e o resultado foi que adiei minhas pesquisas pela religião perfeita ou no mínimo adequadas ao trilhar de meus caminhos. O importante desta pesquisa foi que não houve um desperdício de meu tempo, já que eu consegui algumas respostas.
Se o espiritismo estiver correto, eu estou na terra baseado nas afirmações da questão 132 e 133 do Livro dos Espíritos de Allan Kardec, cujo o texto é: "132. Qual é a finalidade da encarnação dos Espíritos? — Deus a impõe com o fim de levá-los à perfeição: para uns, é uma expiação; para outros, uma missão. Mas, para chegar a essa perfeição, eles devem sofrer todas as vicissitudes da existência corpórea nisto é que está a expiação. A encarnação tem ainda outra finalidade, que é a de pôr o Espírito em condições de enfrentar a sua parte na obra da criação. É para executá-la que ele toma um aparelho em cada mundo, em harmonia com a sua matéria essencial, a fim de nele cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. E dessa maneira, concorrendo para a obra geral, também progride. A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do Universo. Mas Deus, na sua sabedoria, quis que eles tivessem, nessa mesma ação, um meio de progredir e de se aproximarem d'Ele. É assim que, por uma lei admirável da sua providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza; 133. Os Espíritos que, desde o princípio, seguiram o caminho do bem, têm necessidade da encarnação? — Todos são criados simples e ignorantes e se instruem através das lutas e tribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer felizes a alguns, sem penas e sem trabalhos, e por conseguinte sem mérito. 133. Mas, então, de que serve aos Espíritos seguirem o caminho do bem, se isso não os isenta das penas da vida corporal? — Chegam mais depressa ao alvo. Além disso, as penas da vida são freqüentemente a conseqüência da imperfeição do Espírito. Quanto menos imperfeito ele for, menos tormentos sofrerá. Aquele que não for invejoso, nem ciumento, nem avarento ou ambicioso, não passará
pelos tormentos que se originam desses defeitos."
Se o evangelicismo e o catolicismo estiverem corretos, minhas respostas estão expressas no seguinte texto: "as vicissitudes do presente - Tudo tem seu tempo, há um momento oportuno para cada empreendimento debaixo do céu. Tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de colher a planta. Tempo de matar, e tempo de sarar; tempo de destruir, e tempo de construir. Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de gemer, e tempo de dançar. Tempo de atirar pedras, e tempo de ajuntá-las; tempo de abraçar, e tempo de se separar. Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de jogar fora. Tempo de rasgar, e tempo de costurar; tempo de calar, e tempo de falar. Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz." (Eclesiastes 3, 1-8, Bíblia)
Em verdade vos digo, que das duas doutrinas tomo um pouco, assumindo um ideal intermediário, o que acalma minha ansiedade e combate minhas angústias, certo de que querendo ou não, verdade ou mentira, eu descobrirei cedo ou tarde.

15. Capítulo XIV - Decidindo o que fazer da vida
Chegando próximo da conclusão do colegial, eu ainda não havia decidido qual profissão seguir, minha única certeza era que não tinha o conhecimento necessário para ser aprovado em Medicina - meu grande sonho -, por isso nem prestei vestibular, me restando apenas prestar para alguma área da educação, mas surpreendentemente, fugi do tema na redação e fui reprovado, passando todo o ano seguinte trabalhando em vários lugares e estudando sozinho em casa.
Hoje percebo que sempre tive tudo, trabalhava para bancar meus caprichos, viajava sozinho ou com meus amigos para diversos lugares da Bahia, tinha minha família que me apoiava em quase tudo que eu fazia, porém nada disso me satisfazia, eu sentia que apenas aguardava algo grande que obteria em breve, sabia que o futuro me reservava boas surpresas.

16. Capítulo XV - Sonhos e visões revelam uma profecia
Desde criança eu tinha visões e sonhos de uma garota com a pele extremamente branca, cabelos cacheados e usando óculos que revelavam seu perfil meio que desastrado. Mas, nunca consegui saber o que isto significava e muito menos quem poderia ser ela e qual missão ela tinha em minha vida, porém mesmo tendo-a como uma amiga imaginária, confundi os sentimentos acreditando amá-la, crendo que ela seria a minha futura esposa. Felizmente, eu estava muito enganado. Muitas vezes, cheguei a comentar com alguns primos e amigos, sendo interpretado como sonhador. Eu tinha certeza de que ela não estava na Bahia, sentia sua presença em algum lugar no coração do Brasil, mas que com o tempo iríamos nos encontrar.
Posso dizer, que paixão senti várias vezes - Melania, Mércia, Camila, Thainá, Débora e Isabela -, porém amar tenho certeza que nunca amei, sendo que meu sentimento por aquela garota que nem ao menos conhecia, não chegava nem perto de paixão, eu descobriria que seria uma admiração pela preparação futuramente me dada para cumprir a fase mais difícil de minha vida – em certo episódio, para tentar saber ao menos seu nome ou de quebrar descobrir a letra inicial de minha futura esposa caso ao fosse ela, numa noite de São João fiz uma velha simpatia, descasquei uma laranja às 00hs embaixo de uma bananeira, ao quebrar a casca, formou-se no chão a letra "G ou C", na verdade não sei bem, possivelmente a letra do nome dela ou de minha futura esposa, angustiado e ansioso só me restava esperar.

17. Capítulo XVI - Mudança no convívio com meu irmão e meus pais
Enquanto criança, sempre gostei de sair com meu pai, pescávamos, viajávamos, entre diversas outras tarefas que fazíamos juntos. Porém, não sei explicar quando ou porquê, mas o tempo destruiu nossa invejável relação, sendo que após concluir o colegial, nós dois quase já não nos falávamos, nossa relação era fria e simplesmente convencional.
Minhas constantes saídas nas poucas vezes que eu tinha tempo, também me afastaram de meu irmão. Como João Pedro ainda era muito pequeno, ele se apegou mais ainda ao meu pai tentando suprir a carência que minha ausência havia causado, como uma psicóloga um dia me disse: "por você ser bem mais velho do que ele, você é considerado como uma espécie de herói". Dali por diante passei a observar João Pedro vivendo tudo o que eu já havia vivido com meu pai, não sabendo bem porquê, mais já não me sentia mais parte daquela família.
Aprendi que ao notar a fácil corrupção dos adultos nos assuntos referente a confusão da política individualista e da sua influência na definição ética dos costumes, precisamos investir nas crianças, visando gerar uma sociedade futura mais coletiva e igualitária.

18. Capítulo XVII - A viagem que mudaria minha vida
Quase um ano depois de concluir o colegial, eu, minha prima Sheila e mais alguns amigos, alugamos um micro-ônibus e fomos para a cidade de Feira de Santana no interior da Bahia, para fazermos a prova do ENEM, que nos habilitava a concorrer a bolsas de estudos em universidades de todo o Brasil. Em minha cabeça predominava a autoconfiança que me afirmava ter capacidade para ser aprovado, porém meu "humilde objetivo" era ser aprovado em Psicologia, o mais confortante foi que a maioria das pessoas do micro-ônibus acreditou em meu potencial, me incentivando e me acalmando a véspera da prova. Feita a prova e divulgado os resultados, percebi que havia feito uma alta pontuação, agora era questão de tempo até ser habilitado a receber uma bolsa de estudos.
Véspera de Ano Novo, dia 31/12/2005, baseado numa premonição da noite anterior, eu resolvi ter uma conversa com minha mãe, nós estávamos no sítio do meu pai, e eu lhe disse que não agüentava mais ver todos satisfeitos com o que tinham, assustava tanto egoísmo em nossa família, quase todos só pensavam em si próprio, disse que tinha que mudar tudo, e que por isso, em janeiro abandonaria o trabalho, o lazer e a faculdade de administração, pois precisava estudar para passar num curso que realmente pudesse me proporcionar o poder para mudar até mais do que minhas perspectivas. Aguardando uma bronca, me surpreendi, pois minha mãe concordou e respeitou minha decisão, assim esperamos passar as comemorações para agir.
Para meu espanto, tudo aconteceu mais rápido do que eu esperava, já que seis dias depois, descobri ter sido habilitado a receber uma bolsa de estudo no curso de Direito em Goiânia, era hora de decidir se partiria para o coração do Brasil para cumprir meu destino ou fugiria da sentença de minha vida.
Agora posso falar que é melhor ver uma vez o desconhecido com os próprios olhos para tirar nossas próprias conclusões do que ouvir mil vezes como ele pode ser, ou seja, quem quiser realmente conhecer um mundo novo ou reconhecer o mundo já conhecido, precisa começar levantando do sofá de casa, desvinculando a mente da manipuladora TV, e partir para explorar os diferentes lados dos diferentes ambientes e conteúdos, porque a mídia nos passa o que é vendável, doa a quem doer.
Também posso afirmar que é perigoso sair de porta a fora, porquê você pisa na estrada e não consegue mais saber nem mediar onde pode parar e nem o que pode fazer, pois a porta do mundo é um caminho sem volta.

19. Capítulo XVIII - Sinais de Deus me ajudam a decidir
Eu não acreditava no que estava acontecendo, por outro lado, minha família - principalmente minha mãe - estava eufórica e pela primeira vez me apoiando a tentar viver em um lugar longe da Bahia. O problema é que eu não sabia se estava pronto, pois tudo foi tão repentino que não tive tempo de consultar o mundo espiritual.
Com o prazo para a apresentação na universidade se esgotando, fui com meus pais, meu irmão e alguns amigos para a praia de Barra do Itariri, meu lugar preferido desde criança, onde eu aguardava manter um contato direto com Deus para definir de uma vez por todas aquela situação.
Isolando-me de todos em busca de um contato mais profundo com Deus, eu nadei até uma pequena ilha, onde andei por horas via instruções do próprio Pai, desviando-me a seguir por um córrego recebi o primeiro desafio, tinha que simular a sobrevivência na ilha, portando apenas do trabalho braçal, tal como nos tempos primitivos, não dispondo de nenhuma das facilidades contemporâneas. Inicialmente refletia como poderia me alimentar, até que apanhei no chão pedaço de tronco e lancei-o n'água contra cardumes de tainhas – espécies de peixes marinhos -, de forma a jogá-los para fora d'água, culminando no devorar das presas, tal como rege a cadeia alimentar. Nem bem comi os peixes e já imaginava como poderia me hidratar, pois de certo, para viver ali, eu precisava de água boa para consumo, questionamentos que me fizeram subir num coqueiro para apanhar um coco verde, dispondo em seguida, de movimentos reiterados, para bater o fruto contra uma pedra e arrancar sua casca com a força das unhas até descascá-lo por completo. Então, onde só existia escuridão começou a brotar luz, pois não restavam mais dúvidas de que minha garra e força de vontade ainda existiam, tava na hora de lutar sozinho pó minhas próprias conquistas.
Como ainda não era suficiente, eu ainda esperava um pouco mais de Deus, egoísta ou não ele me proporcionou o que eu aguardava. Ao anoitecer, guiado mais uma vez pelo Pai, peguei uma barraca de acampar e dormi sozinho na beira do mar. Calculadas as projeções de aumento da maré para a fixação do dormitório provisório, os únicos riscos ou ameaças decorriam dos próprios moradores locais e turistas que costumavam saquear os mais descuidados. De certo, tive a melhor noite de minha vida, onde o som das ondas ao quebrarem nos bancos de areia e o soar do vento movendo as dunas, me passaram uma incrível sensação de liberdade, me proporcionando um fantástico encontro com Deus, que me dizia em tudo o que estava acontecendo, que "chegara o momento para o passarinho voar do ninho, voa e dissemina tua alegria e tua sabedoria em mares tão distantes o quão jamais imaginou existir ou ser possível chegares!".
Mesmo decidido, os últimos dias na Bahia foram muito difíceis, afinal eu estava abandonando tudo e todos para começar uma vida nova, me condenava por motivar aquela atitude como dimensão inestimável, na qual havia chegado minha ambição e meu inconformismo, mas ao mesmo tempo sentia conforto em estar fazendo aquilo também por um futuro melhor de minha família e por estar a ir de encontro à garota de minhas visões. Tudo isso, somado aos sinais que tive em Barra do Itariri, conteram quaisquer motivos geradores de impedimentos que a alma criasse.
Enfim pronto, promovemos uma grande festa de despedida no sítio de meu pai, onde pude presenciar que não partiria sozinho, levava comigo a torcida e fé de todos que ali estavam. E no dia seguinte, às treze horas da tarde, abandonei todo meu passado e presente para lutar por um futuro melhor, mas ao entrar naquele ônibus rumo à Goiânia me questionava se valeria apena tanto sacrifício, abandonar família, amigos, lazer e cultura por uma carreira. Saí da Bahia com o pensamento de que nem todas as minhas metas culminariam em vitórias e que a felicidade não poderia ser baseada em momentos isolados, mas numa comparação a situações realmente tristes de outrem, tal como de uma auto aceitação, observando que em todas as derrotas nós aprendemos o suficiente para evitar a repetição de nossos erros. Esperava que o inconformismo de um pudesse mudar a vida de todos. E a maior conclusão que tirei naquele momento, foi que a filosofia de justiça individualista era arrogante, a ponto de não me permitir ceder à chance de assumir um poder até mesmo corrupto, pois somos tão medíocres que usaríamos a desculpa de que estaríamos a assumi-lo por outrem.

20. Capítulo XIX - Crises no primeiro ano em Goiânia
Após passar a infância, adolescência e início de juventude de forma turbulenta embarquei da Bahia no dia 30 de Janeiro de 2006, rumo a Goiânia. Deixava para trás meus familiares e amigos, os observando através das janelas do ônibus da Rápido Federal. Com insaciáveis lágrimas aos olhos, percebia que toda minha história tornava-se arquivo morto naquele momento, e não imaginava o que iria encontrar pela frente, pois quase não tinha informações sobre Goiânia. Minha dor ao decorrer da viagem era amenizada pela companhia de minha avó Alaide, que me acompanhava para reencontrar seu irmão goiano após quase dez anos sem o ver. Tamanho foi meu sofrimento que chorei o caminho inteiro, me contendo um pouco ao chegar em Brasília, até o momento em que comprei um rádio FM a pilha que ao ligar tocava a música "No dia em que eu saí de casa", gravação da dupla sertaneja Zezé de Camargo e Luciano, fato que me fez voltar a chorar até cumprir o resto do percurso.
Chegando a Goiânia, minha avó desceu primeiro e foi logo recepcionada por seu irmãos e suas sobrinhas, engraçado era que elas olhavam para o ônibus esperando descer um rapaz, e foi quando eu desci de encontro à minha família substituta, eu era um rapaz franzidinho e com fisionomia de adolescente, o que despertou em Marta, filha de meu tio avô Milton, pena ou um instinto materno que a fez me convidar para passar uma temporada em sua casa. Nos primeiros dias eu estranhava a comida, o clima, o sotaque, os costumes e forçava uma adaptação da linguagem buscando uma melhor aceitação. Depois de efetuar a matrícula na universidade, fiquei admirado com a estrutura do centro educacional no qual eu conviveria por cinco anos. E como é por meu costume, nos primeiros dias busquei conquistar as pessoas com meu jeito espontâneo, sincero e contagiante.
O que eu não esperava descobrir era que práticas costumeiras preenchem um vazio dentro de nós de forma anos viciar, sendo que conseqüentemente, a falta destas atividades geraria incômodos, que requeriam o preenchimento do tempo livre por atividades mais interessantes que as substituídas, pois só assim conseguiria suprir o vazio.
A verdade é que nem tudo foram flores, porque quando completou um mês de minha estadia em Goiânia, tive uma crise depressiva que não me deixava dormi e nem comer, houvia músicas baianas e admirava fotografias o dia inteiro para não desistir de tudo, tendo assim superado mais uma dificuldade. Neste momento, aprendi que a saudade nos permite observar as mesmas imagens e sons por horas e conseguir computar diferentes lembranças que servem de consolo para o coração. Maldito era o criador dos provérbios, principalmente aquele que um disse que "um problema só vem acompanhado de outro", pois comigo não foi diferente. Rafael, filho de Marta, separou-se, passando então a morar conosco e adquirindo ao decorrer do tempo um inexplicável prazer por me provocar, entendo que ele pudesse agir daquela forma devido a ciúmes de como sua mãe me tratava, mas ainda que compreenda o etnocentrismo, eu não aceito sua atitude, já que a maioria das pessoas não atacaria alguém tão fragilizado com uma brusca mudança nos costumes, tal como ele fez. Naquele momento percebi que se estivesse perto de casa jamais venceria o ano de calouro.
Na universidade tudo ocorreu bem, rapidamente me tornei popular e conquistei meu espaço de diferentes formas, tendo apenas algumas dificuldades em relação aos conteúdos de aula, nada que não pudesse superar com empenho. Fui completamente envolvido pelo universo do Direito, formando na universidade uma fraternidade que inicialmente tomei como família, tanto que no fim do primeiro semestre sofri com a desistência de vários amigos, tal como com a troca de algumas professoras, percebendo assim, a amplitude de minha carência. Embriaguei-me com colegas, chorei por não compreender teorias, passei madrugadas em depressão e convivi com as constantes despedidas de amigos, percebendo que em Goiânia cada momento precisava ser incrivelmente aproveitado, pois diferente da Bahia, quase sempre não havia o após, todos sumiam, eram tragados pelas terras do coração do Brasil?
Por ventura, com o tempo, a verdade que se revelou era a de que todas as pessoas de Goiânia estavam encenando o tempo todo, forçando demonstrar uma felicidade que não existia, ou que fugia a minha humilde percepção, isso me fazia sofrer ainda mais, como se eu vivesse na fantasia dos outros.
Imposição do destino ou conseqüência de minhas escolhas, conheci duas espécies de sofrimento: a primeira é aquela de quem sofri calado como eu, de quem não exterioriza sua dor; a segunda é aquela de quem demonstra facilmente seus sentimentos, no vulgo popular, "quem põe a boca no trombone". Particularmente, sendo do primeiro perfil, ainda sofro pelo excesso de sentimentalidade, o que explica por que no início de meus relacionamentos conto logo tudo de minha vida, ocultando apenas pequenos episódios que nem minha família, nem amigos e muito menos minhas namoradas poderão saber, pois só diz respeito ao meu íntimo.
Drasticamente, tentando controlar minha saudade evitando olhar as fotografias ou até mesmo telefonar e receber telefonemas de alguém da Bahia, salvo minha mãe, isso por acreditar que se o fizesse de maneira rotineira, perderia meio a mesmice o último refúgio capaz de confortar meu espírito.
O pior é que quanto mais fraco você fica, mais forte parecem as dores provocadas por pessoas e fatos que nos apedrejam, isso fez "cair por terra" a hipótese de que o tempo preencheria o vazio daqueles que deixei para trás, pois a cada hora, a cada minuto, a cada segundo, me sentia mais desfalcado, como um sistema regressivo, onde quanto mais fraco ficava maior era meu sofrimento a cada nova pancada que levava e olha que foram pancadas viu!
Precisava findar aquela situação, o que me fez reconquistar meu instinto aventureiro, passando a sair sozinho e me perdendo na maioria das vezes, ocasiões que me permitiam vislumbrar os mais inusitados lugares, tal como conhecer as mais bizarras pessoas da cidade. Como se não fosse suficiente viver numa cidade antes desconhecida, passei a fazer viagens de estudos e a trabalho, conheci lugares como Brasília e Cuiabá no coração do Brasil, logo após fui para La Paz na Bolívia e Buenos Aires na Argentina.
Meio aos lugares que passei, observei cenas que se repetiam independentemente da cidade ou país - os noticiários de corrupção, violência, indigência e preconceito permaneciam quaisquer que fossem os endereços. E numa das mesas redondas do Congresso Argentina de Direitos Humanos e Saúde Mental, comparei estas semelhanças ao acidente com o vôo 1907 da Gol em 2006, que revelou a existência até então desconhecida ou escondida de um colapso no sistema aéreo brasileiro, logo após, a descoberta do chamado "mensalão" no governo nacional, revelou a existência de outro colapso, agora na administração pública, o que me levava a concluir pelas experiências de vida e pelos conhecimentos científicos tinha, que toda a organização humana estava em colapso. A questão era: quantos colapsos ainda seriam descobertos em nossa decadente sociedade? Provavelmente muitos, e para adiantar prevenções deveríamos fazer o mínimo e o máximo possível em prol do meio ambiente, do combate a violência metropolitana, da exaltação do bem comum sobre o individualismo, e das boas relações diplomáticas internacionais. O resultado foi que conquistei a admiração de grandes forças políticas e de renomados juristas nacionais e internacionais presentes.
Sei que posso não ser um doutor para conquistar a confiança de todos em minhas palavras, mas este mero jovem acredita que se cada um fizer um pouco, a soma dos poucos se tornaram muitos, e assim, conseguiremos minimizar os efeitos dos constantes colapsos, ou seja, como diria um admirável provérbio popular, "água mole em pedra dura tanto bate até que fura". E apesar de ter me tornado uma pessoa extremamente realista pelas árduas feridas que a vida me proporcionou, voltei a sonhar com dias melhores para a chamada população marginalizada pelo capitalismo, me apegando e repassando ao pensamento de Fernando Pessoa: "eu sei que não sou nada e talvez nunca tenha tudo, a partir disso tenho em mim todos os sonhos do mundo".

21. Capítulo XX - O encontro com as garotas de minhas visões, a história que traçamos juntos e o cumprir da profecia
No fim da minha primeira semana de aula eu estaria prestes a realizar meu maior sonho, o de conhecer a garota que aparecia desde criança em minhas visões.
Como rotineiro, peguei o ônibus a caminho da universidade, foi quando vi uma garota semelhante a uma aluna do curso de pedagogia que eu havia conhecido no dia anterior, o que me fez abordá-la ao descer do ônibus, saudando-a, "- Boa tarde pedagoga!", e ela por sua vez se virou e me indagou, "- Eu lhe conheço?" Não sei explicar, mas quando olhei sua face tudo fez sentido, eu acabara de encontrar a garota de minhas visões, recordando todas as fases em que a vi ou sonhei com ela. Daquele dia em diante eu e Greyce nos aproximaríamos rapidamente, trocaríamos ensinos e aprendizados e da mesma forma repentina como nos conhecemos nos separaríamos.
Alguns meses após nos conhecermos, enfim entendi porque ela não se lembrava de mim, seus esquecimentos eram decorrentes de um problema de saúde - uma das espécies de epilepsia. Entre as lições que aprendi ao conviver com ela, estava a descoberta de que o pânico advindo do surgimento de uma enfermidade grave é simplesmente a chance que o enfermo tem de expor uma carência de atenção que há dentro de todos nós adormecida e disfarçada pela etiqueta individualista social que conduz a vida de todos. Mas, após um breve problema de saúde que eu tive, confessei toda história de minha vida para ela, tal como a parte que lhe dizia respeito na motivação a minha vinda para Goiânia, não fiz isto esperando algum resultado melodramático ou uma cena literária romancista, até porquê era impossível uma relação entre nós devido a diferença de nossos mundos, mas o fiz por acreditar que ela tinha o direito de saber.
O tempo passou e por decisão minha resolvi me afastar dela, já que o Thiago que ela conheceu ao chegar da Bahia havia morrido no primeiro ano de vida em Goiânia, o que também me ajudou a seguir com a boa imagem que fiz dela antes e depois de conhecê-la, cabe ressaltar, que ela é a pessoa mais fantástica, sensível e carinhosa que eu já vi, ou seja, uma pessoa que segundo meu julgamento, merece mais que qualquer outra, toda a felicidade do mundo.
Desta forma, a profecia se cumpria, pois ela foi o anjo que Deus reservou para me conduzir no período da morte do velho Thiago sonhador e fraco e do renascer do novo realista e destemido.

22. Capítulo XXI - Meu vigésimo aniversário
Quando rompi os laços afetivos que tinha com Greyce, estava preparado para as provações, mas como uma criança inexperiente ou como alguém que recomeça a aprender a viver, caí muito perante as pedras do caminho, reatei velhos hábitos e me corrompi com novos, talvez ficando até mesmo pior do que outrora.
E logo nas primeiras férias, quando eu retornava para a Bahia, descobri coisas que em dezoito anos de vivencia não havia percebido. Com um olhar crítico, comparava os ambientes e as pessoas com tudo o que havia visto nos lugares por onde havia passado. Mas, meu principal foco foi na estrutura de minha família, o que me clareou o estado decadente que herdara a falta de meu avô Agapito.
Caía a crença que eu tinha de ser amado por todos da família, na verdade eles nem amavam a si próprio, amavam é o que tinham e o que almejavam ter. Antes que tirem conclusões precipitadas, posso provar o que defendo com uma afirmação e dois paradoxos. Amar é impor-se em defesa do ser amado, tal como é compartilhar e assumir dificuldades do outro. Quantas vezes meus familiares me defenderam sem ajudar a alfinetar-me ao ver que alguém comentava de mim? Quantas vezes negaram ou não se ofereceram a fazer algo que eu havia pedido ou não e que estava ao alcance de qualquer um? Não sejamos mesquinhos ao ponto de não reconhecermos nossas limitações. Em contrapartida, quantas vezes neguei ajuda? Ainda, é preciso lembrar que para toda regra há exceções, de forma que alguns estão acima dos status da maioria, enquadrando-se nas características de um possível amor, me restando agradecê-los pela constante participação em minha vida, meus irmão – João Pedro, Abraão, Iann Lucas e João Gabriel -, Mônica, minha Dinda, meu pai João, minha mãe Mércia e minha avó Alaide. Peço que não me prejulguem afirmando que minhas palavras revelam que não existem bons sentimentos na maior parte dos membros de minha família, pois não to ressaltando que eles não sintam algo por mim, apenas digo que é um sentimento bem inferior ao amor, algo que sempre os fará por seus interesses econômicos e particulares sobre as ações familiares.
Como percebemos, nesta curta estrada muito aprendi, ao ir para Goiânia e deixar tudo para trás retornando apenas nas férias como uma outra pessoa, era evidente que havia aprendido que as pessoas evitam arriscar a conquista de seus objetivos por temerem o novo, é como na estréia de uma nova novela no horário nobre, alguns chegam a falar que a nova novela parece ser boa, mas a grande maioria desejaria que a outra não terminasse, desta forma também sou eu, mas a diferença é que até hoje não nascei qual dos Thiagos é o melhor.
Hoje vinte anos mais experiente, vi em dois filmes - "Clube do Imperador" e "Clique" -, erros que cometi e venho cometendo dia-a-dia, erros tão graves que percebo uma necessidade urgente de buscar as mudanças de minhas metas, espero que haja tempo de solidificar um caráter digno e admirável, para que na menor das hipóteses, eu me torne uma pessoa tão prestigiada como meu avô Agapito foi.
Descobri também que o caráter está diretamente ligado à ética e a moral, pois ambos buscam disciplinar o espaço individual e coletivo do ser humano, visando harmonizar os limites. É como se num barco com cem passageiros atravessando uma violenta tempestade, seguido pela queda de uma das velas arrastasse um homem a alto mar e que esta corda ameaçasse virar o barco, necessitando da decisão do capitão entre permanecer com a corda amarrada para tentar salvar o homem ou cortá-la para salvar os demais noventa e nove passageiros. Sendo o capitão o que nós faríamos? O que seria ético a ser feito? O que deveria ser feito se preservasse a moral? O ético seria cortar a corda priorizando a vida da maioria. Moralmente, dever-se-ia tentar salvar o homem ao mar, ainda que gerasse a uma conseqüente tragédia. O que nos leva a concluir que a ética e a moral não são expressões sinônimas, pois nem sempre o que é ético também será moral. Percebi que muitos se diziam éticos, porém a ética é uma ideologia de honestidade subjetiva, o que é honesto para mim pode não ser para você - a exemplo, observamos que a maioria das pessoas age com a indiferença à exploração negril das novelas, isso porque já acostumaram com a cena. Será que esta banalização do mau não fere os princípios da ética? Claro que deveria ferir. O egoísmo humano vai além, pois quem não é reconhecido como cidadão, como é o caso dos membros da sociedade que são marginalizados por seu aspecto econômico, passa a não reconhecer também os que são reconhecidos como cidadãos, como é o caso da minoria que ocupam os cargos de liderança, ocasionando os principais problemas contemporâneos no Brasil.
Nossa visão humanística já se encontra enfraquecida a ponto de que a expansão do preconceito em nossa sociedade se tornou comum. Porém, não devemos ser apressados para emitir juízos de valores a outrens, pois nem os mais sábios podem entender todo o sistema que ocasiona a formação de um caráter.
Toda minha infância e adolescência foram marcadas por dois ideais comuns - o objetivo de agradar as pessoas e a meta de obter sucesso profissional, gerando uma extrema ambição -, sendo que para conquistar estes ideais mesquinhos e hipócritas, fiz coisas e ao mesmo tempo deixei de fazer coisas, de forma que me arrependo bastante.
Sei que o mais importante para mim nessa vida é minha família e meus amigos, mas tamanho foi meu vício por status que renunciei o desfrutar da companhia deles por desejos parcialmente bobos. Acreditava que eles precisavam de riquezas, mas nenhuma vez consultei-os sobre serem ou não felizes com o que tinham. Tornara-me meus pais tal como os descrevi no capítulo que tratei sobre o impacto de uma mudança e até mesmo citei o termo ditadura?
Não sei bem em que momento de minha vida meus humildes sonhos de tornar-me um professor ou diretor escolar foram destruídos pela ganância do bacharelado. Fui consumido por um sistema vicioso que nos conquista aos poucos a seguir um caminho sem volta. Hoje o que me resta, é observar a correria que minha vida se tornou, sentindo pena da sociedade contemporânea que vive tentando ganhar tempo, pena de não poder voltar no tempo para aproveitar melhor momentos ímpares, mas acima de tudo, pena da próxima geração que sofrerá excessivamente esta situação de pleno abandono.
O que to querendo dizer é meio assim: Quantas vezes minha mãe me pedia para olhar meu irmão enquanto era bebê, mas eu o colocava deitado e voltava para assistir TV? Maldita mídia que nos prende como cobaias de sua confecção ideológica, pois os programas que eu assistia ainda são repetidos até hoje, enquanto o momento de segurar meu irmão como um bebê desprotegido ao colo eu nunca mais terei. Quantas vezes meu irmão me chamou para brincar ou apenas conversar, mas eu preferi estudar mais e mais visando superar minha prima Nubinha? Quantas vezes meus pais me chamavam para passear e eu não fui porque preferia dormi até mais tarde? Meu Deus! Nem a bênção da minha avó eu peço mais. Já não abraço meus pais e nem meus amigos, mas o pior é que eu ainda continuo uma pessoa carente. Que saudade dos choros dos meus irmãos – Abraão, João Gabriel e Iann Lucas - enquanto bebês, tal como dos poucos momentos em que brincamos juntos. Que falta dos passeios com meus pais e quem me dera pedir a bênção de meu avô Agapito ao menos uma última vez.
Agora entendo as palavras de Aristóteles ao falar que "quando a juventude passa, a imaturidade é superada, mas a estupidez é eterna". Nossa! Como sou estúpido. Mas Porque será que fazemos tudo errado?
Cheguei a Goiânia pensando em conquistar o poder, tornar-me juiz e conquistar a misericórdia dos burgueses, mas que decepção, hoje sou frustrado com minha próprias decisões, me tornei "O Príncipe" da obra de Maquiavel, um político preocupado com os vícios que ameaçam meu poder, traindo os que amo para preservar minha integridade moral. Por que será que o homem sempre seguirá o arco-íris acreditando encontrar um pote de ouro? Será que estaremos satisfeitos com a materialidade que já alcançamos?
Temo, pois sei que as frustrações da mocidade prejudicam o caráter do homem na maturidade. Refugio-me no saber de que o valor de uma vida não é definido por um sucesso ou fracasso isolado, mas pelos permanentes frutos de nossas decisões, mesmo que tardias.
Só me resta filosofar para encontrar as respostas paradoxais mais complexas criadas pela mente humana, desenvolvendo soluções práticas. Tenho por ponto de partida as palavras do grande poeta baiano, Raul Seixas: "Beba, pois a água viva ainda está na ponte, você tem dois pés para cruzar a ponte, tente outra vez, tente, levante sua mão sedenta e recomece a andar, não pense que a cabeça agüenta se você para... tente outra vez, queira, basta ser sincero e desejar profundo, você será capaz de sacudir o mundo, tente outra vez".
Agradeço por Deus estar me dando a oportunidade de rever meus conceitos, mudar minha ideologia e remodelar meu caráter, pois o caráter de um homem determina seu futuro. Vejo que aos poucos surge uma luz dentro de mim, uma revelação que só será apreciada daqui a algum tempo, certamente depois dos vinte.
Sei que obterei sucesso em alguma área de minha vida, pois trilho meu caráter na eficiência e não na eficácia. É como numa história que ouvi ainda criança, onde certa vez, um piloto de corrida estava próximo de realizar seu sonho de vencer uma importante competição, mas próximo do fim da corrida, ele viu um amigo sofrer um grave acidente, o que lhe fez voltar e ajudar seu amigo, mesmo perdendo a competição, sua solidariedade sincera e espontânea o deu mais glória do que qualquer outra corrida registrada na história.
Ainda é cedo, mal comecei a viver e com certeza não sei o que é a vida, mas já desejei desejo e desejarei partir deste mundo muitas vezes, pois se ficar não tenho noção da pessoa que posso me tornar, apesar de saber que o covarde não faz história. Nada é fácil, pois o mundo é um moinho que só tritura nossos sonhos, nos levando para um abismo que cavamos com nossos próprios pés, me restando acreditar numa pitada de sorte nos próximos anos, depois dos vinte.


23. Conclusão
Visto as experiências vividas por mim, tentei descrevê-las de forma a expor uma análise mais genérica dos fatos associados a temas comuns a todas as pessoas, lugares e tempos, visando que o leitor use as lições aprendidas para solucionar os mais diferentes problemas que a vida costuma nos proporcionar. Penso que esta obra me servirá também para constantes consultas, afinal, como diz os historiadores, é analisando o passado que criamos modelos de previsão para os fatos futuros, como eu não sei o que a vida me reserva daqui por diante, me basearei nos acontecimentos passados, pois se não falhei na forma pela qual conduzi minha vida, pelo menos não grotescamente falando, pressuponho não falhar no futuro.


24. Anexo: Minha Árvore Genealógica
Bisavó: Dindinha, também conhecida por Dona Clara, já é falecida - mãe de Alaide.
Avô: Agapito, já é falecido.
Avó: Alaide
Tio 1: Dielson, casado com Cássia, é pai de Danilo e Cali.
Cali é ex esposa de Leonardo e mãe de Iann Lucas.
Tio 2: Reginaldo é casado com Jú, é pai de Sheila, Júnior e Rick
Rick é casado com Núbia e pai de Pedro Henrique.
Tio 3: Ito é casado com Rose, é pai de Italo e Igor.
Tia 4: Fátima, também conhecida por Dinda, casado com Lauro, é mãe de Nubinha, Laurinho e Mônica.
Laurinho é pai de João Gabriel.
Nubinha é mãe de Abraão
Mãe: Mércia Verbena
Pai: João Francisco pai de Joice e Fernando.
Eu: Thiago Macedo Sampaio
Irmão: João Pedro Sampaio Ribeiro

Biografia

Nasci em 09 de outubro de 1986 na cidade de Itaberaba no interior da Bahia, onde conclui o Ensino Médio no Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães. Abandonei os cursos de Administração de Empresas e Letras Vernácula na UNEB para cursar Direito em Goiânia, morei em Buenos Aires (Argentina) e em La Paz (Bolívia), estagiei e participei de Congressos, Cursos e Seminários em Brasília, Belo Horizonte, Cuiabá, Vitória, Santos e São Paulo. Próximo de concluir a graduação, transferi o curso para a Universidade Jorge Amado em Salvador, onde pretendo fazer a especialização em Docência Universitária. Publiquei vários artigos científicos, palestrei em vários eventos, tal como já fiz muitas outras comunicações orais científicas, além de ter em descanso mais de 10 (dez) obras escritas, entre peças, contos e romances, e aguardo o momento certo para publicá-las. Tenho artigos selecionados nos maiores eventos científicos do país, como no IIº Colóquio de Filosofia, Direito e Constituição e no IVº Encontro Interdisciplinar de Cultura, Tecnologia e Educação - INTERCULTE, selecionado ainda para Juiz no IIIº Simulado das Nações Unidas.




Autor: THIAGO MACEDO SAMPAIO


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