CRÍTICA SOCIAL NA OBRA DE JORGE AMADO: MENORES ABANDONADOS E AS INJUSTIÇAS SOCIAIS



Acadêmica Anne Isabelle dos Santos

Acadêmica Cláudia Damasceno Guimarães

Acadêmica Jéssica Silva de Menezes

Orientadora Maria José de Azevedo Araujo

RESUMO

Neste artigo pretendeu-se mostrar o quanto a literatura é um meio importante para denunciar e criticar os acontecimentos existentes numa determinada época. Destacamos a obra Capitães da Areia, escrita por Jorge Amado que utilizou-se de uma linguagem simples para atrair a atenção dos leitores. A literatura que antes possuía uma linguagem elaborada irá à década de 30, mudar totalmente sua face. Irá possuir uma linguagem simples, voltada para o público, pois uma linguagem elaborada a maioria da população tinha dificuldade de ler, pois o nível educacional era baixo e as pessoas não tinham uma capacidade de interpretação. Com a linguagem mais leve e solta, faz com que a sociedade em geral tenha contato com o universo literário. Essa linguagem mais leve irá mesclar com a denúncia e as injustiças sociais que muitos escritores dessa época irão abordar e é com esse aspecto que iremos destacar nessa pesquisa com a obra Capitães de Areia de nosso querido Jorge Amado. Neste artigo, utilizando de uma pesquisa bibliográfica, iremos perceber o que Jorge Amado queria abordar, mostrar a verdadeira face Brasileira. Será analisado o contexto histórico da década de 30, ano em que foi escrito o livro, a biografia do autor Jorge Amado e os problemas sociais enfrentado pelos personagens. Viajaremos pelo livro Capitães da Areia, com seu belo enredo, belos personagens e perceber a crítica social muito bem argumentada por Amado.

PALAVRAS-CHAVE

Literatura, Jorge Amado, crítica social, Capitães da areia.

ABSTRACT

In this article intends to be shown how literature is an important means to expose and criticize the events present in a given time. Especially the work Captains of the Sands by Jorge Amado writing that used a simple language to attract the attention of readers. The literature had before an elaborate language, will in the 30s, completely change your face. You will have one plain, turned to the public as an elaborate language most people found it difficult to read because the educational level was low and people had no playability. With language lighter and loose, makes society as a whole is engaged with the literary universe. This language lighter will merge with the complaint and the social injustice that many writers will address this time and it is this aspect that this research will highlight the work Captains of Sand dear Jorge Amado. In this article, using a literature search, we will see what Jorge Amado wanted to address, show the true face Brazil. We focus on the historical context of the 30s, when he was writing the book, the biography of the author Jorge Amado and social problems faced by the characters.We will travel by the book Captains of sand, with its beautiful story, beautiful characters and understand the social criticism very well argued by Amado.

KEYWORDS

Literature, Jorge Amado, social criticism, Captains of the sand.

INTRODUÇÃO

Este artigo científico tem por objetivo analisar de maneira profunda, mesclando história, literatura e atualidade, a denúncia social feita por Jorge Amado na obra Capitães da Areia.

A obra trata de uma situação que vivenciamos hoje em dia e é importante analisar uma obra que foi escrita há muito tempo atrás, mas que a história presente na obra ainda permanece na atualidade.

As pessoas quando lêem se identificam com a história, com o enredo, e acima de tudo Jorge Amado retrata no livro, com uma linguagem simples, de fácil entendimento,a denúncia social que ele próprio faz, criticando a sociedade daquela época, dando uma caracterização aos personagens de maneira especial e encantando jovens e adultos e é por essas características que faz com que nós possamos analisar de maneira profunda, buscando uma análise minuciosa dessa realidade social na obra, entrando na história onde e como foi escrito o livro Capitães da areia e acima de tudo, por ser um tema maravilhoso de ser trabalhado, trazer informações muito importantes para as pessoas compreenderem a história, a relação que a literatura tem com a atualidade.

Esta pesquisa, sendo uma pesquisa bibliográfica e qualitativa e por textos retirados da internet em que possamos confiar, irão ajudar as pessoas que tem o contato com a leitura compreender o Universo do escritor Jorge Amado e acima de tudo perceber o quanto à literatura pode ser um meio eficaz para criticar os males da sociedade.

ACONTECIMENTOS HISTÓRICOS NA DÉCADA DE 30 E A LITERATURA

O consagrado Jorge Amado é um escritor da época modernista que começou a escrever seus romances na década de 30 e a partir daí deu vida a outros romances de sucessos que ainda hoje é estudado e lido por milhares de pessoas tanto do Brasil quanto no mundo. Em 1930, o mundo e o Brasil viviam um período histórico marcado por vários acontecimentos importantes que acabaram influenciando nos escritores temas que iriam ser abordados na literatura.

No ano de 1917, no período em que estava acontecendo à primeira guerra mundial, a Rússia sai da guerra após as camadas mais populares se revoltarem pela situação em que eles viviam, por causa da guerra, o país praticamente todo destruído, e por causa da miséria em que se encontravam. Essa revolução deu vitória aos povos mais populares criando na mente da população de todo o mundo esperanças, renovações de melhores condições de vida e essas renovações de idéias foram disseminadas para o mundo todo.

No ano de 1929 acontece nos Estados Unidos a quebra da bolsa de valores de Nova York que iria afetar o mundo inteiro. Essa crise afetou o desemprego mundial, diminuiu o ritmo das produções nas indústrias, gerando falência de grandes bancos e revoltas entre a população acerca dos problemas enfrentados pela crise de 29. Surgiram a partir daí movimentos revolucionários socialistas e comunistas, isto é, a crise atingiu fortemente muitos países de maneira impactante que aguçou o descontentamento popular e fortaleceu vários movimentos radicais, como por exemplo, o nazismo.

No Brasil, a crise afetaria no principal produto de exportação do país, o café, pois como os Estados Unidos era o principal comprador do produto e em conseqüência da crise o país norte-americano parou de comprar e as vendas foram diminuídas. Além dos problemas econômicos no mundo e no Brasil, aqui irá também aparecer os problemas que estão relacionados com a estrutura política do país que está ligado com o coronelismo e o domínio das oligarquias de São Paulo e Minas Gerais.

Os descontentamentos dos tenentes, oficiais militares, das pessoas em geral, foram exatamente com essa política café-com-leite entre São Paulo e Minas Gerais em que políticos desses estados se revezavam para ocupar a presidência da república. A partir da revolução de 30, as oligarquias perdem o poder e Getúlio Vargas assume o governo brasileiro.

Esses acontecimentos naquela época foram muito importantes porque trouxe uma visão diferente de mundo para as pessoas, ou seja, estas passaram a analisar os problemas do país, tanto político, econômico e social. Não só a população, mas os escritores brasileiros da época irão focalizar na sua literatura os problemas sociais.

Vai ser a partir daí que Jorge Amado irá analisar e detalhar em seus romances uma crítica social da sociedade, em que nas suas obras irão se destacar: O país do carnaval (1931), Cacau (1933), Suor (1934), Jubiabá (1935), Mar morto (1936) e Capitães da areia (1937).É de se notar que essa década de 30 foi uma época de indagações, críticas do que aconteciam no meio social e Jorge amado irá ser um dos escritores que irá destacar com profundidade esses pormenores. Segundo o livro Presença da Literatura Brasileira:

Em 1930 ocorre uma intensa radicalização política, tanto para a esquerda quanto para a direita; e a comoção das velhas estruturas sociais favorece o desejo de descrever e esquadrinhar a realidade social e espiritual do País. (CANDIDO, 2006, p. 10).

Modernismo e a análise social

A geração de escritores da década de 30 eram mais realista, pois mostravam a real situação do país, dando um caráter informativo, pois informavam aos leitores a situação vivenciada pelas pessoas. Essa geração modernista analisa com profundidade os problemas de nossa terra.

De fato nenhum outro momento da literatura brasileira é tão vivo sob este aspecto; nenhum outro reflete com tamanha fidelidade, e ao mesmo tempo com tanta liberdade criadora, os movimentos da alma nacional. (CANDIDO, 2006, p. 11).

Atualmente quando os leitores leem as obras escrita nessa época percebem o caráter crítico, analítico, investigativo dos escritores. Essa geração irá se voltar para uma literatura regional em quem se caracteriza a denúncia social. Além de Amado, outros escritores irão se destacar pela análise crítica. Um deles é o alagoano Graciliano Ramos. Este irá mostrar as condições subumanas do caboclo sertanejo, com a sua inteligência retardada, sem instrução e estudo nenhum, e a relação de poder entre os mais poderosos e os sertanejos que sofriam por causa da seca.

Além de tratar o social como crítica ele utilizará do psicológico para dá maior profundidade em suas obras.

Graciliano como Rachel de Queirós e José Américo de Almeida irá usar a região Nordeste como local para denunciar os sofrimentos vivenciados pelo povo, voltando-se para os problemas do trabalhador rural, a seca, a miséria, pois o nordeste era considerado uma região atrasada, onde concentrava uma boa parte das pessoas analfabetas. Enquanto as regiões do Sul/Sudeste eram as mais desenvolvidas e possuíam um nível cultural maior do que as dos nordestinos.

Alguns escritores, principalmente Érico Veríssimo, irá focalizar suas análises na região Sul. Além do regionalismo destacado no Nordeste e Sul, o Rio de Janeiro irá ser retratado por vários escritores, como por exemplo, Mário Peixoto.

Percebemos que cada escritor analisa cada região, seus costumes, seus problemas, com o único objetivo: fazer uma análise psicológica e social e as inquietações e os problemas humanos. Claro que os problemas que as pessoas passam vão serem diferenciados de região para região, ou seja, o povo do nordeste vive uma situação que é diferente do povo do sul.

Jorge Amado também irá destacar o regionalismo em seus romances, colocando a Bahia como figura central. Porém, ele irá diferenciar dos outros escritores pelo fato de que irá tratar de temas mais universais como o livro Capitães de areia, quinto livro escrito por Jorge amado, que é um romance urbano que trata das desigualdades sociais entre ricos e pobres, da exclusão dos menores abandonados de rua por parte da maioria da população e do governo em que este tem como dever ajudar os mais necessitados e infelizmente é o que menos ajuda.

Esse problema é enfrentado por todo o país. Já a seca, a miséria sertaneja, por exemplo, é um problema que não deixa de ter toda a sua importância, mas é um problema que circunscreve apenas no Nordeste podendo dá maior interesse das pessoas lerem Jorge Amado por ser um tema mais universal.

As pessoas alfabetizadas que possuem um senso crítico vai perceber que os romances escritos por Graciliano Ramos, por exemplo, Vidas secas, não se restringem aos problemas relacionados à seca mais sim possui toda uma análise psicológica na suas entrelinhas que serve para todos os problemas. Só que o senso comum irá descartar a real importância de cada obra que retrata esses aspectos e Jorge Amado irá cativar a população com mais força, podendo perceber o quanto de milhares de pessoas já leram sua obra no Brasil e no mundo.

Não é por acaso esse interesse de Amado por obras que trata das injustiças sociais. Em sua biografia, Jorge aproxima-se da militância esquerdista e segundo o livro a história concisa da literatura brasileira: Ele viaja repetidas vezes pelo interior da Bahia e Sergipe e procura transpor os casos que vê e ouve para uma série de romances populistas." (BOSI, 2003, p. 405.)

Percebe-se então que ele fazia praticamente um documentário como em Capitães da areia, em que Amado estudou, pesquisou como os menores abandonados viviam em Salvador e a sua relação com a classe dominante.

Jorge Amado se opôs as injustiças tanto que era a favor das classes mais pobres, populares. Podemos ver isso em Capitães, em que os menores são excluídos da sociedade, não possuem ajuda de ninguém somente do padre que viam naquelas crianças, apesar da mágoa, rancor, e humilhação que elas passavam eram crianças de bom coração, que tinham sentimentos, sonhos e alegrias.

É interessante que quando o leitor lê o romance consegue ter piedade das crianças e possuem um sentimento de ternura enquanto no nosso dia-a-dia não conseguimos enxergar a miséria dos menores. Tratamos como se não existissem, criticamos, e não percebemos o quanto esses jovens são pessoas comuns que vivem em um mundo completamente cheio de desigualdades.

Amado possuía um caráter revolucionário. Fez-se contra a ditadura de Vargas e foi até preso. Como capitães da areia foi um livro publicado no ano de 1937, época de ebulição política, com Vargas impondo a ditadura, e esta sinônima de censura de tudo que pode denunciar, não foi então a toa que Getúlio mandou queimar todos os seus livros, incluindo Capitães. Outra ameaça que Jorge Amado levava para o governo era que suas obras tinham como característica uma linguagem coloquial, de fácil entendimento.

Não só Jorge Amado, mas a geração modernista se libertou de modelos antigos da geração de 1890 a 1920 que possuíam uma linguagem formal, elaborada, difícil e modificaram totalmente o vocabulário, na sintaxe, sendo que os modernistas irá se voltar mais para a linguagem que os brasileiros falam. Esses escritores modernistas tinham como objetivo principal levar para a literatura os fatos reais existentes na sociedade tratando assim temas mais do dia-dia, uma linguagem mais solta.

Jorge Amado e sua vida: Crítico e analítico

A vida de Jorge Amado é marcada por vários acontecimentos que vale destacar. Cresceu em meio a lutas políticas e poder, ou seja, percebe-se que a infância e a adolescência de Amado era bem movimentada em que ele via as brigas, o poder por terras naquela época e devia ter criado em sua mente várias indagações e perguntas que foram respondidas depois de muitos estudos e pesquisas.

Segundo o seu próprio site, a descoberta do candomblé e o contato com as tradições afro-brasileiras e com a história de escravidão levaram Jorge Amado a desenvolver uma visão específica da Bahia e do Brasil que revela em suas obras, seus romances: uma nação mestiça e festiva. Esse contato com a religião fez com que Jorge criasse dentro de si um sentimento de crítica dos acontecimentos, como a questão da escravidão, do racismo.

Segundo o site de Jorge amado, A convivência com o chamado Movimento de 30 marcou profundamente sua personalidade e a preocupação que reteve com os problemas brasileiros. Antes dele se relacionar com os escritores dessa época, ele já possuía uma visão crítica, uma visão de denúncia sobre as desigualdades sociais entre os cidadãos e com essa vivência, seus pensamentos, suas idéias foram fortalecidas.

Na época de 1932, ele se alia ao Partido comunista Brasileiro e quatro anos depois foi preso acusado de participar da Intentona comunista, isto é, o movimento que tinha por objetivo depor Getúlio e implantar um governo comunista no Brasil. Depois fez uma longa viagem pelo Brasil, América Latina e pelos Estados Unidos no qual escreveu a sua obra-prima Capitães da areia.

Jorge Amado e suas obras escritas na década de 30

Jorge Amado era simples, alegre que apenas gostava de escrever. Não é a toa que esse "escrever por escrever" fez com que ele publicasse vários livros de sucesso. Seus livros permitiram compreender aspectos sócio-culturais fundamentais e essenciais da própria sociedade.

As obras amadianas, sobretudo as do período dos anos 30, trata-se, segundo ele quis transparecer, a violência cotidiana, as desigualdades sociais entre a classe pobre, estigmatizada, e a classe mais prestigiada, a elite, as inquietações humanas, o sofrimento da classe mais popular, a miséria com que estas passavam. Entendem-se a partir daí que as obras amadianas não eram ficcionais, era a denúncia da realidade.

É bom compreender que há sim ficção em seus romances, mas há mais realidade do que ficção. Ele foi inteligente a partir de ele usar a literatura, o meio literário, para criticar a situação das pessoas.

Em O País do carnaval (1931), o que irá se destacar são as inquietações, as incertezas do personagem principal em relação ao Brasil, ou seja, será destacado um retrato crítico da imagem alegre e equivocada do Brasil.

Em cacau, seu segundo romance escrito em 1932, o livro retrata da sofrida vida dos trabalhadores nas plantações de cacau, na região de Ilhéus, Bahia. Ele irá escrever o romance a partir de que ele toma contato, conhecimento sobre a vida dos trabalhadores que trabalham nas plantações. Além disso, o romance destaca a crítica social, de cunho biográfico e o retrato da época e o local.

Em 1934, seu terceiro livro, Suor, ainda com a descrição da miséria brasileira, irá ser descrito a miséria dos moradores de uma comunidade. Essa obra foi inspirada por Jorge Amado, a partir de que ele quando jovem viveu por um tempo em um dos casarões do Pelourinho. Jubiába, escrito no ano de 1935, possui uma história voltada para o negro.

Jubiabá conta a história de um dos primeiros heróis negros da literatura brasileira. O romance é central na obra do autor: as contradições entre o mundo do trabalho, o conflito racial, a ideologia, a luta e, de outro lado, a cultura popular, o universo das festas, o sincretismo religioso, a miscigenação e a sensualidade vão marcar toda a sua produção. (Antonio Dimas)1.

Mar morto (1936) é outro retrato do Brasil. O livro trata-se da história e os amores dos heróis pescadores que em precários saveiros sobrevivem enfrentando o oceano. É um herói que enfrentando a vida no mar, a força da natureza, não sabendo se pode morrer ou não, sempre sai fortalecido de suas batalhas, de seus perigos.

Todos esses romances tem seu próprio enredo, sua própria história, porém os personagens de cada romance têm de semelhantes os conflitos internos. Há também uma crítica do Brasil, mostrando os aspectos miseráveis, a pobreza, o aspecto sombrio da sociedade brasileira. Pode destacar também é que as situações vivenciadas por Amado foi levado em suas obras, mesclando sua vida, suas relações íntimas com a realidade do Brasil, com a literatura.

Capitães da Areia- Os menores abandonados

Capitães é um livro atual. Trata dos menores abandonados, um grupo de jovens que vivem na cidade de Salvador. São pessoas comuns como todos nós. As crianças têm em torno, idades entre 8 a 16 anos que passam por discriminações, dificuldades, que possuem sonhos e desejos. No início de sua obra é apresentada uma reportagem em que eles relatam mais um assalto feito pelos capitães da areia relatando todos os assaltos praticados pelos infratores.

Diante dessa reportagem foram publicadas algumas cartas no jornal local da cidade em que as matérias jornalísticas deram à oportunidade do Juiz de menores e o secretário do Chefe da policia se pronunciar, de se defender por ainda não ter feito algo com os menores, como também a mãe de um infrator, teve oportunidade, de colocar em público o descaso da sociedade com esses marginalizados.

Algumas dessas reportagens possuem várias reclamações das pessoas com os garotos, pelos assaltos e furtos que eles praticam levando medo para a população e pedindo providência à polícia e ao juizado de menores.

O que se faz necessário é unia urgente providência da policia e do juizado de menores no sentido da extinção desse bando e para que recolham esses precoces criminosos, que já não deixam a cidade dormir em paz o seu sono tão merecido, aos Institutos de reforma de crianças ou às prisões. (AMADO, Capitães da Areia, p.5)

A carta em que o Chefe da policia enviou para a redação do jornal, é tentando esquivar-se da solução dos problemas com a sociedade quando ele diz que compete o problema ao juizado de menores intervir e se apresentar acerca da situação, não dá polícia, ou seja, percebemos o descaso das autoridades para dá uma solução. A segurança compete à polícia que é o seu dever, então a providência não é somente do juizado e sim da polícia.

Após o juizado ler as notícias irá enviar uma carta, defendendo-se das acusações do chefe da polícia, em que no trecho da carta ele dirá que não compete perseguir e prender os menores delinqüentes e sim, designar o local onde devem cumprir pena e não cabe ao juizado de menores, capturar os menores delinqüentes, falando ainda do reformatório, onde os meninos são levados e fogem quando tem oportunidade.

Uma mãe de uns dos menores envia uma carta criticando o juizado falando que o reformatório, onde são levadas as crianças, não possuem estrutura, as crianças são mal tratadas, e que por isso os menores fogem do local. É a partir das reportagens que inicia o romance, e percebem-se pontos de vistas distintos sobre a situação. O juizado falando bem do reformatório, enquanto a mãe e o padre Jose Pedro criticam.

Ainda nestes últimos meses que decorreram mandei para o Reformatório de Menores vários menores delinqüentes ou abandonados. Não tenho culpa, porém, de que fujam que não se impressionem com o exemplo de trabalho que encontram naquele estabelecimento de educação e que, por meio da fuga, abandonem um ambiente onde se respiram paz e trabalho e onde são tratados com o maior carinho. Fogem e se tornam ainda mais perversos, como se o exemplo que houvessem recebido fosse mau e daninho. (AMADO, Capitães da Areia, p.10)

Eu queria que seu jornal mandasse uma pessoa ver o tal do reformatório para ver como são tratados os filhos dos pobres que têm a desgraça de cair nas mãos daqueles guardas sem alma. (AMADO, Capitães da Areia, p. 10)

Percebemos o quanto os problemas da sociedade não são levados a sério e fica nesse dilema de que "não tomei nenhum atitude ainda porque dependo de fulano". E é ainda, infelizmente, o que acontece na atualidade, o descaso dos órgãos competentes com a população. Além disso, a única maneira de mostrar à realidade da cidade, a única maneira de explicitar foi por meio da mídia, do jornal. É por isso que os meios de comunicações que são usadas para informar os cidadãos são um perigo para o governo,pois a mídia denuncia, critica e mostra a situação daquele país.

Durante o romance iremos perceber que os reformatórios tratam mal as crianças, como se elas fosse um ninguém. Que o tratamento que elas recebem do governo, das autoridades que devem zelar pelo cidadão as tratam desumanamente e isso cria dentro dos menores uma revolta, um ódio contra essas pessoas. Além disso, faz com esses jovens com sentimento de ódio pela classe mais favorecida que possuem de tudo, roubem, assaltem e leve terror a sociedade.

Iniciar a obra com reportagens é dá maior realidade ao romance dando a impressão de real, ou seja, a verossimilhança que é muito presente na literatura.Assim começa a primeira etapa de uma grande história que entrelaça notícias de jornal com a realidade e os fatos que acontecem nas grandes cidades.

O início de Capitães da Areia permite introduzir o cenário, marcado pelo contraste social que leva o leitor a simpatizar com os Capitães da Areia. Esse lado humano dos personagens envolve o leitor e constitui um traço comum a todos do bando2.

É importante destacar de que o padre Jose Pedro tinha o interesse de cuidar dos menores, pois ele percebe as injustiças sociais que os menores sofrem.

11.5- Capitães da areia: Personagens

Na obra capitães da areia, os personagens são pobres, onde desperta um sentimento de tristeza, solidão no sentido de que não possuem uma família, uma estrutura familiar. Cada personagem possui uma personalidade e um sonho diferente e vale destacar as características de cada um deles.

O trapiche abandonado é o local onde os mendigos freqüentavam, até o dia, dos capitães da Areia, tomar posse dele.Entre os capitães da areia existe um líder que comanda todas as decisões dos companheiros e ajuda todos para que não entre em confusão, conhecido por Pedro Bala. Porém, Pedro Bala chega à liderança do grupo quando conseguiu derrota o mulato Raimundo em uma luta tomando a liderança do grupo.Este é um menino jovem, mas que desde cedo perdeu seu pai e nunca soube de sua mãe e vive de pequenos furtos e aterrorizando as pessoas que moram em Salvador.

Percebe-se que desde novo teve que viver sozinho, sem orientação nenhuma de alguém adulta. Foi desde a liderança de Pedro que a fama desses meninos começou a se espalhar por toda a Bahia.

Todos reconheceram os direitos de Pedro Bala à chefia, e foi dessa época que a cidade começou a ouvir falar nos capitães da areia, crianças abandonadas que viviam do furto. Nunca ninguém soube o número exato de meninos que assim viviam. Eram bem uns cem, e desses mais de quarenta dormiam nas ruínas do velho trapiche. (AMADO, Capitães da Areia. p. 27.)

Ele vai ser um dos únicos grandes personagens que vai dar outro rumo para sua vida (junto com João José, o professor e Pirulito).

Pedro fica sabendo da vida em que o pai vivera orgulha-se das lutas sindicarias, fica fascinado com as historias sindicalistas e abandona o grupo.

Pedro Bala mirou o chão agora asfaltado. Por baixo daquele asfalto devia estar o sangue que correra do corpo de seu pai. Por isso, no dia em que quisesse, teria um lugar nas docas, entre aqueles homens, o lugar que fora de seu pai. (AMADO, Capitães da areia p. 85).

Pedro Bala se apaixona por uma das novas integrantes dessa historia, que fez revolucionar a vida de alguns personagens, Dora, em que se tornou a primeira Capitã da Areia, e é através dessa personagem que Pedro Bala e outros mudam a sua historia de vida, espelhando em Dora a imagem de mãe, presença esta que faltara na vida dos Capitães. Ela leva para o trapiche a presença feminina e o carinho para com aquelas crianças.

O personagem Pedro Bala nos mostra que as realidades desses grupos de jovens tomam direções diferentes, podendo ser possível mudar essa realidade de descriminação e enfrentar as dificuldades sem precisar se marginalizar. Que é possível mudar essa historia de vida.

É de se notar que mesmo no mundo do crime em que eles viviam, um dos capitães é considerado bom pelo fato de não se sentir bem em praticar as atitudes que os companheiros realizavam. Esse é o João grande, um menino aparentemente forte, mas que por dentro é bastante sentimental.

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2(htpp://www.jorgeamado.com.br/professores/professores01.pdf, p. 13)

Aliais todos aparentam ser fortes, mas no fundo são carentes de afeto, amor, atenção, cuidados, pois vivem a mercê na sociedade, e queira ou não, essas jovens crianças sentem a necessidade de ter alguém por perto para afagá-las, consolá-nas, pois são seres humanos como qualquer outra.Desde que seu pai foi morto ele nunca mais voltou para casa e desde então vive com os seus amigos no velho trapiche. Porém, João Grande irá consegui sair da vida promiscua em que vivia sucessor de Pedro Bala que tinha uma facilidade de organiza os assaltos. Conseguiu sair da vida que levava e tornou-se um marinheiro.

Entre todos apenas um é considerado letrado (no ponto de vista dos capitães) por ser um apaixonado pela leitura. É conhecido como professor, pois sabia ler e lia para os meninos do trapiche, mas o seu nome verdadeiro é João José. O que lhe atraia mais em seus roubos eram os livros. Todos os garotos gostavam dele pela suas histórias que ele contava em que para eles eram diversão. Mas, professor quase não freqüentou a escola. Ele aprendeu a ler por vontade própria, praticando a leitura com os lucros que conquistara nos seus furtos. Além disso, o professor tinha o dom de desenhar.

Quase sempre ele ficava com Pedro Bala em frente ao Palácio para que quando alguns daqueles homens ricos saíssem do local ele desenharia e assim conseguindo uns trocados. Porém, havia aqueles que sempre duvidavam do dom do garoto, não dava credibilidade e importância. Mesmo com o apoio de seu amigo Pedro, ele não dava fé em seus desenhos e pinturas, por ser um garoto de rua. Ele achava que jamais ninguém iria valorizar seus quadros:

- Deixa de ser besta, Bala! Tu bem sabe que do meio da gente só pode sair ladrão... Quem é que quer saber da gente? Quem? Só ladrão, só ladrão. (AMADO, Capitães da areia, p. 122)

Percebe-se que até os meninos pensavam que ninguém iria os valorizar , que as pessoas sempre os olhariam e viam só a figura marginal. Isso cria nos capitães um sentimento que fazem para que eles continuassem com as atitudes que eles tinham. Se o governo apoiasse, ajudasse,amparasse esses jovens garotos, era capaz deles possuir pensamentos e idéias diferentes.

Outra questão importante são os abusos realizados pelos capitães, em que muitas meninas são estrupadas a força nas areias da praia de Salvador, e os capitães não se importam se elas queriam ou não. Eles estão dispostos a tudo para matar os seus desejos sexuais. Desde jovens esses meninos já começaram a sua vida sexual, alguns até com menos de quinze anos de idade.

Essa é a realidade em que vive os menores, fazendo o que querem sem a intervenção de alguém e por esse motivo já se achavam, mesmo tão novos, adultos.

Os capitães apesar de serem muito discriminados, tinham alguns amigos que sempre quando podiam os ajudavam. Outro importante personagem que deve ser destacado era o padre José Pedro que ajudava muito os meninos, e mesmo sem ter muitas condições, ainda conseguiu dar um dia de lazer a todos os capitães em um parque que estava na cidade.

O padre tinha um bom coração e percebia que essas crianças precisavam de apoio, ajuda, nem que fosse um apoio voltado para um carinho, amor a esses pobres menores. O padre percebia também o que eles sofriam todos os dias para sobreviver e que no fundo essas crianças tinham era uma ausência de carinho, atenção e cuidado.

O Padre José Pedro era o único que conseguia se relacionar com o bando dos capitães da Areia, podendo até freqüentar o esconderijo, era ele que tentava trazer esse rebanho para uma vida de dignidade, em que seu maior sonho era resgatar essas crianças da miséria em que ele viviam. Por tentar ajudar, ele era descriminado pela sociedade, tarjado até de marginal, pois não fazia como a maioria do clero dava as costas para uma situação verídica e que se tratava de humanos.

Mas o padre José Pedro tinha sido operário e sabia como tratar os meninos. Tratava-os como a homens, como a amigos. E assim conquistou a confiança deles, se fez amigo de todos, mesmo daqueles que, como Pedro Bala e o Professor, não gostavam de rezar (AMADO, Capitães da areia, p. 69)

Assim, acontecem hoje, muitos dos religiosos não trata essa situação de desigualdade como causa nobre para o trabalho deles, eles querem é ficar acomodados, obedecendo apenas o que o auto clero exige, no texto o autor nos traz bem claro essa indiferença que a igreja trata o mais necessitados.

O mais valente e também o mais nervoso é o Volta Seca que tem como ânsia a vingança originaria de uma infância sem amor. Morre de raiva só de ouvir de qualquer autoridade e no grupo apresenta uma obsessão pelo cangaço, querendo fazer parte do grupo de lampião, onde em conflitos com os soldados ele mata alguns soldados e é preso e condenado por esses crimes.

O professor buscou uma vela, acendeu, começou a ler a notícia do jornal. Lampião tinha entrado numa vila da Bahia, matara oito soldados, deflorara moças, saqueara os cofres da Prefeitura. O rosto sombrio de Volta Seca se iluminou. Sua boca apertada se abriu num sorriso. (AMADO, Capitães da areia, p. 44)

O único deficiente era o sem-pernas, ele tinha um defeito na perna, era coxo, como diziam seus amigos. Ele era acostumado a dar golpes em famílias, fingia de coitadinho para com isso comover a família, mas assim que tinha oportunidade dava um sinal para seus companheiros levar tudo o que tivesse de valor na casa. Em vez de aproveitar a oportunidade em que ele recebia, de mudar a sua vida por completo, fazia tudo ao contrário, enganava aqueles que tinham lhe ajudado. Porém, as atitudes dele era fruto de sua vivencia nas ruas, e das discriminações com as quais eles passavam no quotidiano.

Sem Pernas era fiel ao grupo, e tendo a oportunidade de mudar de vida, ele despreza a chance que a vida lhe deu de viver em uma família de verdade. Sem Pernas é acolhido por uma família que vêem nele a figura do filho, que tinha morrido, tratando ele com carinho a qual ele tanto desejara um dia. Nesse momento o personagem vive um conflito emocional, não sabendo se vive aquele momento de afeto que tanto desejou em ter com seus pais, e aproveitar o carinho em que seus novos pais estavam prontos para lhe ofertar. Mas ele decide pela lealdade do grupo e aproveitando da situação invade e saqueia a casa da família que o acolheu.

Esse fato nos mostra a realidade de muitos jovens que tem a oportunidade de mudar e preferem viver em conflito com a sociedade, sendo olhados como marginais descriminados e excluídos da sociedade. Muitos já se acostumaram com a situação de vida em que levam, na qual dificulta um restabelecimento da vida, vendo que está tão preso naquela situação, que às vezes tem até medo de enfrentar essa mudança. Sem pernas era o mais carente de todo o grupo dos Capitães de Areia:

O Sem Pernas recuou e a sua angustia cresceu. Todos procuravam um carinho, qualquer coisa fora daquela vida: o professor naqueles livros que lia a noite toda, o Gato na cama de uma mulher da vida que lhe dava dinheiro, Pirulito na oração que transfigurava, Brandão e Almiro no amor na areia do cais, O Sem Pernas sentia que uma angustia o tomava e que era impossível dormir (AMADO, Capitães da areia, p.43)

Faz parte também dos personagens Pirulito, que mostra uma aversão do que o personagem anterior passa, apesar de viver no grupo dos Capitães da Areia, fazendo o mesmo que o restante do grupo, roubando, furtando e brigando pela sua sobrevivência e a do grupo. Ele mostra o lado da religiosidade. Ele era o único que levava a sério a religião. Estava sempre rezando para que nada de ruim acontecesse com seus amigos que estavam sempre aprontando alguma coisa.

Lá estava o menino, e Virgem o oferecia a Pirulito. Um relógio deu a primeira hora da tarde. Não tardariam a voltar os outros empregados. Quantos seriam? Mesmo que fosse somente um, a loja era tão pequena, que ficaria impossível levar o Menino. Parece que é a virgem que esta lhe dizendo isso. E com certeza foi ela, sim, foi ela quem fez com que a senhorita entrasse pela cortina que tem no fundo no fundo da loja e a deixasse sozinha. Sim, foi à virgem, que agora estende o Menino para Pirulito O quanto podem seus braços e o chamam com sua doce voz:

_ Leve e cuide dele... Cuide bem...

Pirulito avança, vê o inferno, o castigo de Deus, suas mãos e sua cabeça a arder uma vida que nunca acaba, mas sacode o corpo como que jogando longe a visão, recebe o Menino que a virgem lhe entrega, o encosta ao peito e desaparece na rua. (AMADO, Capitães da areia, p.102)

Nesse trecho do livro mostra essa característica do Personagem, mostrando esse lado religioso, ao qual fez mudar de vida, saindo da vida frustrada que levara, para uma nova etapa da sua vida. Pirulito dedica-se a vida religiosa, e integra-se a vida Franciscana, torna-se um Capuchinho, dedicando-se agora para o chamado de Deus. Mas sua vida ficaria marcada pelo tempo em que viveu no velho trapiche. Assim é a vida de muitos, que viveram nessa situação tentando se agarrar a religiosidade para enfrentar essas dificuldades da vida.

A descoberta do sentimentalismo surge quando Gato se apaixona por uma prostituta que se chamava Dalva. Desde que a viu pela primeira vez nunca mais quis saber de nenhuma outra mulher. O Gato e o Boa Vida, ao contrário de pirulito e Sem perna que formam um par de contrastes, têm pontos muitos comuns e são basicamente parecidos, a não ser no que tange ao aspecto físico e ao modo de agir. Gato é o elegante do grupo e ágil, Boa Vida é acomodado e feio, ambos terão o mesmo destino, terminarão como malandros vivendo uma vida boêmia, sem trabalhar ou da exploração do próximo que é caso de Gato.

Dá para perceber o quanto cada um tem uma personalidade, pensamento e sentimentos diferentes. Enquanto uns são acomodados, não estão dispostos a sair da vida do crime, outros mesmo com uma vida precária em que levam, têm esperanças de um dia melhorar de vida.

11.6- Menores abandonados: Realidade que ainda existe

Existem na sociedade vários meninos abandonados na rua que furtam, vivem no mundo das drogas, que são vistos como marginais e a maioria das pessoas que passam em locais públicos fingem a presença das crianças, tentam fechar os olhos para a realidade. Não só a maioria da sociedade como também os órgãos públicos que deveriam fazer algo para essa situação.

No site de reportagens e notícias de Salvador, o site "a tarde online" publicado em 2007, mostra a indignação de algumas pessoas com o descaso do governo com essas crianças de rua. Essas pessoas fizeram uma manifestação questionando a sociedade e os governantes quanto ao futuro desses menores. Segundo o site:

O evento, foi organizado pela Associação dos Comerciantes do Centro Histórico (Acopelô) e o Sindicato dos Guias de Turismo da Bahia (Singtur-BA), que reivindicam políticas públicas para solucionar a vida de crianças e adolescentes que moram nas ruas, muitas vezes envolvidas com o tráfico de drogas e a prostituição.(MENDES,Mariana http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=800788, 2007).

Percebe-se que na época que o livro foi escrito,na década de 1937, e 70 anos depois, em 2007, os problemas ainda são os mesmos, e nenhuma atitude teve o governo.

Jorge Amado é excelente ao mostrar os males da sociedade. A crítica que ele faz durante o romance das classes dominantes, estes com o seu egoísmo e arrogância é de maneira leve, fazendo os leitores adorarem a história, seu enredo. Ele valorizou as crianças, as classes desfavorecidas, e mostrou como elas vivem no seu dia-a-dia. Jorge Amado queria que as pessoas após lerem seus romances perceberem as desigualdades sociais que nós vivemos que deveríamos refletir e pensar um pouco mais a situação vigente em que vivemos.

Ele também faz em seus romances a sairmos de uma fantasia, de uma "máscara", e a ficar de olhos bem abertos, faz todos os leitores a se indagar, a refletir e analisar o nosso País.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do que foi exposto notamos que Jorge Amado faz uma critica social aos descasos que a sociedade faz em relação aos menos desfavorecidos, em que ele utiliza do cenário de Salvador, para fazer essa história que foi escrita há algum tempo atrás, mas que se torna atual até hoje, tratando das situações que vivem os meninos de rua com as condições de crianças marginalizadas, desvalidos da sorte, limitados apenas pela pobreza e a miséria. As condições que o autor impõe a cada personagem nos remetem a lembrar das situações em que vivem vários adolescentes brasileiros e do mundo nessas mesmas condições de precariedade.

Segundo Regiane Camargo (Publicado no recanto das letras em 24/06/2008), a leitura de Capitães da Areia nos proporciona uma visão mais humanizada diante da pobreza e da miséria de crianças abandonadas. Quando na rua nos deparamos com menores "bandidos" não temos muita noção do que possa ter levado aquelas crianças às ruas, e sinceramente e em certas ocasiões nem quero saber, a necessidade de sobrevivência faz com que eles queiram nos roubar e faz com que nos queiramos nos proteger.

O autor também nos faz menção às autoridades eclesiástica, cuja Igreja Católica, é o alvo de suas criticas, no qual ele nos diz que a mesma serve a uma só classe social tirando proveito para se manter, não se preocupando com a realidade, mostrando que os votos de caridade e humildade não são colocados em pratica pelos religiosos.

Essa bela arte, da vida real, nos faz mergulhar nas dificuldades que não somente Salvador se encontrou naquela época, mas que ainda vivem esses descasos, não somente pela cidade em que serviu de berço para esse romance, mas de muitos estados brasileiros, em que diversos menores lutam para ter uma vida digna, com moradia e afeto por uma família, tentando ser cidadãos um dia, com direito a um lar, estudos, uma vida que lhe tragam algum conforto nessa sociedade que tanto lhe descriminam; já outros acostumado com a situação em vivem, não se veem resgatado da situação em que estão, degradados com essa situação de indeliquência, não fazem nenhum esforço para tentar uma vida mais digna.

Capitães da Areia é uma obra literária, em que Jorge Amado tenta humanizar os personagens, em que interrompe a narrativa para falar da cidade que ama, percebendo também que ele aderiu aos protestos das greves porque na obra estão retratados esses acontecimentos, em fim Jorge Amado coloca todos seus sentimentos e opiniões nesta obra da vida real e as pessoas que leem o romance realmente identificam os problemas da sociedade e as injustiças sociais.

SOBRE AS AUTORAS

Anne Isabelle dos Santos estudante do curso de graduação Letras-português, cursando o 2º período do segundo semestre do ano de 2009, na Universidade Tiradentes localizado em Aracaju/Sergipe. E-mail para contato:

[email protected]

Cláudia Damasceno Guimarães estudante do curso de graduação Letras-português, cursando o 2º período do segundo semestre do ano de 2009, na Universidade Tiradentes localizado em Aracaju/Sergipe. E-mail para contato:

[email protected]

Jéssica Silva de Menezes estudante do curso de graduação Letras-português, cursando o 2º período do segundo semestre do ano de 2009, na Universidade Tiradentes localizado em Aracaju/Sergipe. E-mail para Contato:

[email protected]

REFÊRENCIAS

AMADO, Jorge. Capitães da Areia. 83ª edição. Rio de Janeiro: Editora Record, 1996.

ARRUDA, José Jobson de A., PILETTI, Nelson. História Geral e História do Brasil, 11 ª edição. São Paulo: Editora Ática, 2002.

BOSSI, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira. 41ª edição. São Paulo: Editora Cultrix, 2003.

CANDIDO, Antonio, CASTELLO, José Aderaldo. Presença da Literatura Brasileira- Modernismo. 15ª edição. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 2006.

GOMES, Álvaro Cardoso, NEVES, Sonia Regina Rodrigues. Jorge Amado. 3ª edição. São Paulo: Nova Cultura, 1990.

http://www.jorgeamado.com.br/professores2/professores02.pdf. Caderno de leituras, O universo de Jorge Amado. Editora Companhia das Letras, 2008.

GOLDSTEIN, Norma Seltzer. http://www.jorgeamado.com.br/professores/professores01.pdf. Caderno de leituras, A literatura de Jorge Amado,2008.


Autor: Maria José de Azevedo Araujo


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