A EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA NA BUSCA PELO TRABALHO COLETIVO



Grasiele de Souza Bezerra[1]

Thaís Rejane Ribeiro Lima Sales1

Joelma de Matos Viana2

O presente estudo trata do trabalho em equipe, que representa um dos principais pilares da assistência à Saúde da Família. Teve como objetivo compreender as interrelações da equipe de saúde da família, e como esta busca desenvolver o trabalho coletivo em saúde. Buscou-se identificar evidências de interação entre os profissionais visando abranger as relações de trabalho quando são planejadas as ações para a comunidade. Possui uma abordagem qualitativa, de caráter exploratório-descritivo, cujos participantes foram os profissionais de uma USF na cidade de Barreiras, localizada no Oeste da Bahia. Os dados foram coletados através de entrevista semi-estruturada, bem como observação da dinâmica de trabalho, no período de agosto a setembro de 2009. Envolveu a análise de dados seguindo a teoria de Bardin, onde estes foram divididos por categorias para melhor visualização dos resultados. O estudo permitiu identificar que os projetos assistenciais têm seu planejamento e execução concentrados nos profissionais de nível superior, mais especificamente atribuídos à enfermeira da unidade, e a esta profissional compete a discussão com a equipe durante a realização das reuniões semanais, sendo este momento visto pelos profissionais como uma etapa para a integração e discussão dos problemas existentes na comunidade. Através da observação da dinâmica de trabalho percebemos que a comunicação no interior da equipe se destina apenas para troca de informações de caráter técnico, e que há poucas discussões sobre os problemas e necessidades da equipe e da população na busca de soluções coletivas. A pesquisa permitiu identificar importantes pontos que nos levaram a reflexões, que de forma complementar puderam contribuir para a análise final do estudo. Dentre estes destacamos o trabalho em equipe como um fator imprescindível para a garantia da assistência integral ao paciente e família, permitindo ainda a abertura para um trabalho técnico e hierarquizado, tornando-se mais flexível e possibilitando maior autonomia e integração da equipe.

PALAVRAS CHAVE: Trabalho em Equipe, Saúde Coletiva, interação profissional.

INTRODUÇÃO

Esta monografia aborda questões relacionadas à prática do trabalho de equipe em saúde, bem como a articulação dos profissionais em desenvolver ações para o atendimento da população assistida pela unidade.

O trabalho em saúde é considerado como um trabalho coletivo, e realizado por diferentes áreas profissionais para atender as necessidades de saúde do ser humano. O Ministério da Saúde configura que as ações são estruturadas no trabalho em equipe e buscam humanizar as práticas de saúde, com o objetivo de obter a satisfação do usuário através do estreito relacionamento dos profissionais com a comunidade (BRASIL, 2001).

Já, o trabalho em equipe consiste numa modalidade coletiva que se configura na relação recíproca entre as múltiplas intervenções técnicas e a interação dos agentes de diferentes áreas profissionais (ROSA; LABATE, 2005). Sendo assim se constitui como uma forma eficiente de estruturação, organização e de aproveitamento das habilidades humanas. Possibilita uma visão mais global e coletiva do trabalho, reforça o compartilhamento de tarefas e a necessidade de cooperação para alcançar objetivos comuns (MOTTA, 2001).

Nesse contexto, deferiu-se a seguinte problemática: embora as ações de saúde tenham caráter de complementaridade e sejam baseadas na interação, apoio e divisão de tarefas, observa-se que o trabalho da equipe do Programa de Saúde da Família (PSF), concentra-se no profissional de nível superior, em especial e com maior freqüência, o profissional enfermeiro, já que é uma característica deste serviço. Nota-se, portanto a ausência de responsabilidade coletiva e baixo grau de interação entre as categorias profissionais.

Trata-se de um estudo exploratório e descritivo de natureza qualitativa, que utilizou como base de dados as literaturas nacionais e eletrônicas, bem como pesquisa de campo em Saúde Coletiva. Este aborda a equipe de saúde da família na busca pelo trabalho coletivo em saúde, e se fez importante pela necessidade de compreender a interação entre todos os membros para o planejamento das ações integrais, fornecendo a gestores públicos e atores envolvidos, subsídios e procedimentos de readequação ou replicação destas práticas. Além disto serve de incentivo para que outros pesquisadores possam desenvolver projetos em prol de uma assistência à saúde mais qualificada e humanizada com uma interação mais condizente com a realidade apresentada em cada comunidade, direcionando um caminho para a busca de conhecimentos de ações preventivas.

Diante das fundamentações acima apresentadas esta pesquisa buscou compreender as interrelações da equipe de saúde da família, e como esta busca desenvolver o trabalho coletivo em saúde, bem como avaliar a interação da equipe de saúde da família no planejamento de ações de saúde; descrever evidências de interação entre os profissionais da equipe de saúde da família na construção de um projeto assistencial que seja compartilhado por todos, bem como compreender os fatores que facilitam e/ou dificultam o trabalho da equipe.

Este trabalho se apresenta da seguinte forma, a introdução que aborda a temática, justificativa, problemática e os objetivos da presente pesquisa; o desenvolvimento versa os aspectos referentes à fundamentação teórica do estudo abordando temas como a definição de Saúde, o Sistema Único de Saúde e o Programa de Saúde da Família, o Planejamento em Saúde, bem como a Equipe Multiprofissional e Interação Profissional, os quais contribuíram para a construção do objeto de estudo e dão-lhe sustentação; a metodologia que descreve o caminho metodológico traçado para responder os objetivos propostos nesse estudo. Este ainda contém os resultados e discussões que apresentam a análise e interpretação dos resultados a partir dos dados obtidos nos depoimentos. A conclusão apresenta algumas reflexões e implicações a respeito do trabalho coletivo em saúde, além de responder aos objetivos traçados. Mencionam-se também as referências utilizadas para subsidiar o estudo, assim como apêndices, elementos que o complementam.

METODOLOGIA

Trata-se de uma abordagem exploratória/descritiva de natureza qualitativa, que segundo Gil (2002), o tipo exploratória tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito, e descritiva, poistem como objetivo primordial a descrição das características de determinadas populações ou fenômenos, e a mesma procura observar, registrar, analisar, classificar e interpretar os fatos ou fenômenos sem que o pesquisador interfira neles ou os manipule.

O local de estudo foi em um PSF no município de Barreiras Bahia, o qual se encontra inserido em uma área periférica, e se caracteriza por ser populosa e carente. A pesquisa desenvolveu-se no período de Agosto a setembro de 2009 mediante a liberação do Comitê de Ética e Pesquisa da Instituição de acordo com Conselho Nacional Saúde196/96, sob processo nº 002/09.

Definiu-se para o estudo a amostra não probabilística.Por conveniência teve como participantes os membros atuantes na equipe de um PSF localizado cidade de Barreiras-Ba. A seleção foi realizada, através de convite e após explicação da pesquisa a ser realizada, mediante a aceitação dos envolvidos no estudo com a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido.

Como instrumento de coleta de dados optou-se por realizar uma entrevista semi-estruturada com questões de fácil compreensão e flexibilidade de respostas, e ainda a observação da dinâmica de trabalho da equipe, para tanto foi elaborado um questionário semi-estruturado. E no intuito de registrar os depoimentos da equipe entrevistada foi utilizado um gravador para registrar suas falas, onde por meio deste pode-se obter as respostas necessárias à análise dos dados. Posteriormente estes foram agrupados e ordenados (transcrevendo as entrevistas), e em seguida analisados fazendo uma leitura repetida e interpretação das mesmas.

Essa pesquisa usou os princípios da análise de dados de Bardin (2002), que trata de um conjunto de recursos que analisa a comunicação utilizando procedimentos sistemáticos e objetivos para a descrição do conteúdo das mensagens, e organiza-se em três pólos cronológicos como a pré-analise, a exploração do material e o tratamento dos resultados. Para realizar a interpretação e a divisão do material coletado utilizamos a análise por categorias, que segundo Minayo (2004), são elementos ou aspectos com características comuns ou que se relacionam entre si.

Os dados obtidos foram analisados e revistos a fim de obter respostas similares, e dessa forma estabelecer as categorias que perfazem idéias centrais para comparação posterior com as teorias já existentes para interpretação e análise final. Após a leitura exaustiva das falas foram eleitas as seguintes categorias:

Categoria I: Definição de trabalho em equipe;

Categoria II: As relações de trabalho na ESF – busca pela interação profissional;

Categoria III: Aspectos que facilitam e/ou dificultam a construção do trabalho coletivo.

Resultados e Discussão

Esta pesquisa contempla dados referentes à caracterização da equipe representado através de tabela, e na seqüência apresentamos questões que corroboram como se dá o trabalho em equipe na prestação de serviços à comunidade.

Vale ressaltar que dos dezesseis integrantes da equipe pesquisada, apenas sete aceitaram participar da pesquisa assinando assim o termo de consentimento livre e esclarecido.

Tabela 1 - Caracterização do Perfil da Equipe de Saúde Pesquisada.


Autor: Thaís Rejane Ribeiro Lima Sales


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