OS MULTIPROFISSIONAIS E O MERCADO



                A nova tendência mundial para o mercado de trabalho são os multiprofissionais, em resumo, são pessoas que detêm uma, duas, três, ou até quatro formações universitárias, ou destacam-se com excessiva quantidade de pós-graduações, além de dois ou três idiomas fluentes, geralmente inglês e alemão. Até o mercado educacional já percebeu esse filão e oferece cursos de “graduação dupla”, ou seja, pelo mesmo tempo de uma faculdade normal você se forma em duas, por exemplo, em quatro anos conclui-se Administração de Empresas e Ciências Econômicas.

                Porém isto ocorre não somente pela exigência do mercado, mas também pela necessidade das faculdades de preencher seus quadros de alunos, que tem tido cada vez mais evasão para cursos mais baratos e de menos tempo, conforme avançam os cursos técnicos em várias áreas, é normal que apareçam profissionais técnicos que tem um maior feeling do que outros formados na mesma área só que na faculdade, e como o salário é razoavelmente menor, o empresário dá preferência para o técnico.

                Essa estratégia dos cursos técnicos tem sido desenvolvida, para que a pessoa forme-se em menos tempo, cada vez mais jovem, e ganhe cada vez menos, assim pode-se mostrar índices de empregabilidade maior, mas não quer dizer que isso seja crescimento da economia, já que um profissional formado em faculdade que ganha em média dois mil e cem reais por mês, será substituído por três profissionais técnicos que ganham setecentos reais cada, ou seja, o que entra na economia são os mesmos dois mil e cem reais. Isso não contribui para o crescimento econômico, mas sim para o aumento da miséria já que num futuro próximo o diploma cairá em desuso, e muitos profissionais perderão todo o tempo e dinheiro investido na conclusão de uma faculdade.

                Realmente o mercado para os técnicos no momento está em crescimento, justamente por ser mão-de-obra barata e formada em pouco tempo, todavia isso tende a refletir na qualidade de trabalho, e no baixo desenvolvimento das empresas e seus produtos. Como a ordem do momento é empregar gente, essa estratégia é utilizada para aumentar a quantidade de pessoas contratadas, mas a balança econômica continua intacta, só que o profissional da faculdade que ganha dois mil e cem reais, possui um padrão de vida superior, e mantém-se melhor além é claro da sua família, já aquele técnico que ganha setecentos reais não consegue manter-se no mercado por muito tempo, pois sua capacidade de compra é limitadíssima, e acaba desempregado novamente.

                Esses multiprofissionais que “cantam, dançam e sapateiam”, são vistos no mercado como funcionários chave, que resolvem qualquer tipo de problema, e que preparam-se para quaisquer situação disposta pelo mercado, e no momento, com toda essa turbulência, toda essa crise, é isso que as empresas procuram, gente que resolva os problemas, ou que nem deixe eles acontecerem.

                É óbvio que ninguém pode prever o futuro, mas se eu pudesse fazer uma aposta, certamente seria nas profissões que oferecem áreas mais separadas de especialização, pois futuramente o profissional não terá que ser apenas formado, mas o mercado exigirá que ele seja o melhor no que faz, por isso especializar-se é tão importante. Pós-graduação, mestrado, doutorado, são alguns desses passos a serem seguidos pelo profissional formado, tendo em vista que quanto mais específico seu trabalho seja, mais chance ele terá de sobreviver no mundo dos negócios.

                A tendência é desaparecer aquele profissional que quer “abraçar o mundo” e fazer de tudo um pouco, sobreviverá sim, aquele que faz uma coisa só, mas faz bem feito. Até nas novas literaturas vemos descrições do mercado cada vez mais específico, e cada vez mais centrado em uma coisa só, QUALIDADE, e não somente qualidade de produtos, mas também de serviços, e quando abrangemos o assunto qualidade, não é somente o trabalho realizado pelo profissional ser correto, mas também, demonstrar capacidade de desenvolvimento, ética, moral, profissionalismo, dentre dúzias de adjetivos que elevam o status profissional e pessoal do trabalhador.

                Já sabemos que a informação será o bem mais precioso do mundo daqui alguns anos, então não é só quantidade de informação que deve fazer a diferença, mas também a qualidade dessas informações, pois é com elas que o trabalho será realizado da forma mais fácil, rápida, correta e com menor custo.

                Então não é só ter vários diplomas, mas também especializar-se o máximo possível e aprender tudo que a área oferece para ser aprendido, pois qualificação não depende somente do quadro na parede do escritório, mas também da qualidade profissional que cada um exerce, uma dessas capacidades individuais será a de análise de situações e a de trabalhar em grupo, que é cada vez mais importante no mercado, pois o comércio tende logo-logo a trabalhar em nível mundial e não somente local. Já é uma realidade pequenas empresas exportando seus produtos para vários países, então não basta entender somente do comércio da cidade em que mora, mas também do regional, estadual, nacional, e até mundial.

                Ser multiprofissional não é fácil, mas oferece muito mais facilidade em arrumar um bom emprego ou manter o que se já tem.


Autor: JORGE AUGUSTO


Artigos Relacionados


Divagando

Theo De Carvalho - Segundo AniversÁrio

O Xiita E Sua Prece

O Processo Da Independência Do Brasil

Novos Tempos

"amo Você."

Camaleão