O MENINO JESUS É A LUZ DO MUNDO – Geraldo Barboza de Carvalho



O MENINO JESUS É A LUZ DO MUNDO – Geraldo Barboza de Carvalho

Natal é a Festa da luz, um louvor à vida. "O povo que andava nas trevas viu uma grande luz, uma luz que raiou para os que habitavam uma terra sombria como a da morte. Nasceu-nos um menino, um filho nos foi dado, Deus-Conosco, Conselheiro-maravilhoso, Príncipe-da-paz. A Palavra se fez carne e habitou entre nós. Ela é a luz do mundo, a luz verdadeira que ilumina todo homem que vem a este mundo. Quem a segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida. Graças ao misericordioso coração do nosso Deus, pelo qual nos visita o Astro das alturas, pra iluminar os que jazem nas trevas, na sombra da morte e guiar nossos passos no caminho da paz" Is 9,1.5; Lc 1,78s; Jo 1,12+. A luz é um arquétipo forte. Luz, em sânscrito, é "Div", de onde vem divino, relativo a Deus: dius, divus. Deus é, pois, luz, que a Escritura identificada com vida, e a morte com as trevas. "Deus é luz e nele não há trevas. A fonte da vida está em ti e na tua luz vemos a luz". Por ser um símbolo universal, a luz é recorrente na Escritura Sagrada, ponteia a revelação judeu-cristã do Gn ao Ap e forma uma das mais vastas inclusões escriturísticas. Esta recorrência significa que luz está no centro da revelação histórico-salvífica, da aliança de Javé com o seu povo e da resposta de fé do povo a Deus. Como atributo essencial de Deus, a luz preexiste à criação temporal, é coetânea de Deus Trino e de todas as ações intra, inter e extratrinitárias, como a criação ideal em Cristo na Trindade imanente antes da fundação do mundo, que serve de modelo pra a criação temporal. "Antes da criação do mundo fomos escolhidos em Jesus Cristo e adotados por filhos". A criação temporal se dá segundo o modelo da criação ideal, reflete a luz, a vida divina. "No princípio era a Palavra, a Palavra estava com Deus, a Palavra era Deus. Desde o princípio ela estava com Deus; tudo foi feito através dela: as coisas visíveis e as invisíveis. Ela estava no mundo, o mundo foi feito através dela; nada foi feito sem ela. O que nela foi feito era a vida, a vida era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas e as trevas não a apreenderam. A luz conhece aquilo que está nas trevas, com ela habita a vida. Ela descobre o que há de mais recôndito nas trevas e traz as sombras espessas à plena luz. Se caminhamos na luz como ele está na luz, estamos em comunhão com ele" 1 Jo 1,5; Jo 1,3; Ef 1,4. Quando Deus Trino resolveu criar extratrinitariamente, no tempo e no espaço,

começou pela luz, que se derramou do trono divino como água vivificante e fez surgir a vida fora de Deus. "Envias teu sopro de vida e todos os seres são criados, e assim renovas a face da terra. Deus disse: haja luz e houve luz. Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas. À luz chamou dia, às trevas chamou noite. Muitos dizem: quem nos fará ver o bem? Javé, levanta sobre nós a luz da tua face. Javé te abençoe e guarde, faça resplendecer seu rosto sobre ti e te seja benigno, mostre para ti a sua face e te dê a paz. Na luz da face do rei está a vida; seu favor é nuvem que traz chuva. Das trevas, das nuvens espessas e das águas escuras Javé fez sua tenda, seu véu; à sua frente um clarão inflamava granizo e brasa

de fogo. Javé ia diante deles, de dia numa coluna de nuvens, para lhes mostrar o caminho, e de noite numa coluna de fogo, pra os alumiar, a fim de que caminhassem de noite e de dia. A coluna de nuvem nunca se retirou de diante do povo durante o dia, nem a coluna de fogo, durante a noite. Pra ti a noite é clara como o dia, nada se oculta ao teu divino olhar". Olhar que enche de luz todas as coisas e lhes comunica a vida divina. "A glória de Deus é o homem vivente" (S Irineu:). O vidente de Patmos chama o Ressuscitado de "o Vivente", aquele que tem a vida como coisa própria. A vida é atributo essencial de Deus. Ela é, pois, a luz, a glória, o esplendor de Deus Trino e do Cordeiro Imolado. "Na plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho ao mundo em carne semelhante a nossa carne de pecado, em tudo igual a nós, menos no pecado, para condenar o pecado na carne e nos conceder a adoção filial. E o Verbo fez-se carne, vimos sua glória, glória que ele tem junto ao Pai como Filho único, antes do mundo existir, cheio de graça e verdade". Deus ficou tão extasiado com a vida gerada fora de si que, depois de criar cada ser, "viu que isso era bom". Ao concluir a criação com a mulher e o homem, obra prima, imagem e semelhança do Criador, Ele 'viu tudo que tinha feito e era muito bom". A luz faz ver. A luz do dia faz ver o mundo; a luz da fé faz ver Deus. Não se pode ver Deus com olhos carnais, nem tocá-lo para saber que existe e anda conosco; mas, à luz da fé, podemos vê-lo apesar da nuvem escura da nossa percepção sensorial e com ele comunicar-nos pela oração seguida das boas obras da fé. A escuridão dos sentidos (noite) não é obstáculo para quem crê ver Deus, guiado pela luz da sua presença (dia) mediante a fé na Palavra de Deus que sustenta a certeza do fiel. Nuvem é Deus oculto aos sentidos. Luz é Deus visto pela fé, apoiado na Palavra revelada. A fé é o conhecimento existencial Deus. Quem crê não vacila, pois está na luz e segue sem medo. Quem não crê, nem implicitamente, não faz experiência existencial Deus, está nas trevas e dominado pelo medo. "Javé, és minha lâmpada, meu Deus, ilumina minha treva. Lâmpada pra os meus passos é a tua Palavra e luz no meu caminho. A sabedoria guiou os santos por um caminho maravilhoso: serviu-lhes de sombra de dia, à noite, de luz de astros. Em lugar de trevas, deste uma coluna de fogo aos teus, para guiá-los no caminho desconhecido, qual sol inofensivo, na sua gloriosa migração. Os outros mereciam ficar sem luz, prisioneiros das trevas, pois haviam mantido presos os teus filhos, que ao mundo iam transmitir a luz incorruptível da Lei. Sobre todas as coisas a glória de Javé será um abrigo, uma choupana pra servir de sombra de dia contra o calor e de refúgio na tempestade e na chuva. Foste um abrigo pro fraco, refúgio pra o indigente na angústia, abrigo contra a chuva, sombra contra o calor. A Cidade santa, a nova Jerusalém, não precisa de sol ou lua para iluminá-la, pois a glória de Javé a ilumina, sua lâmpada é o Cordeiro, o vivente. As nações caminharão à sua luz e os reis da terra lhe trarão sua glória; suas portas nunca se fecharão de dia, pois nunca haverá noite ali. E lhe trarão a glória e o tesouro das nações. Jamais entrará nela algo de imundo, os que praticam abominação, a mentira. Entrarão somente os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro. Os esclarecidos brilharão com o resplendor do firmamento; e os que ensinam a muitos a justiça hão de ser como estrelas por toda a eternidade" Jo 1,1-3. 9-10.14;17,5.25; 1Jo 1,5-7; Sl 103 (104), 30; Dn 2,22; Jó 12,22; Nm 6,24-26; 9,15-23; Pr 16,15; Sl 17(18),12.29; 35(36),10;118(119),105;138 (139), 11-12; Ex 13,21-22; Sb 10,17; 18,3-4; Is 4,5; 25,4; Ap 21,23-25; Gn 1,1-3.9.31; Jo 1,1-5.9.

Deus é, pois, a fonte da vida. Por isto, tudo que vive reflete a vida divina. "O Pai tem a vida em si mesmo e concedeu ao Filho ter a vida em si mesmo também. Filho é a vida e o que foi feito nele era a vida, a vida era a luz dos homens" Jo 1,4; 5,26. A criação do ser humano à imagem e semelhança de Deus imprime no seu DNA características semelhantes

às propriedades essenciais do Criador. A imagem reflete pontualmente tudo que Original é: sensibilidade, inteligência, sentimento, liberdade. As Pessoas Divinas e as humanas não são estranhas entre si, podem perfeitamente se comunicar. O Criador se comunica conosco

gerando em nós e conservando a vida, configurada nas nossas potencialidades e fazendo-as funcionar mutuamente, como convém à parceria de diálogo e ação entre Deus e seres livres. As capacidades comuns ao homem e a Deus viabilizam o diálogo entre as Pessoas divinas e as humanas. As afinidades ontológicas entre Deus e o ser humano fundamentam a relação de fé entre o homem e Deus, como ocorria a Moisés. Afinidades tão profundas que, não satisfeito em criar-nos semelhantes a si, o Criador assume a condição humana, se torna em tudo semelhante a nós, menos no pecado, mas se faz pecador vicário pra destruir o pecado no próprio corpo. Por causa da encarnação e da união hipostática, Deus Trino se fez nosso Pai, nossa Mãe e Irmão em e por Jesus Cristo. Moisés sabia disto, pois privava da intimidade de Javé. "Quando Moisés entrava na Tenda da Reunião, baixava uma coluna de nuvem, que parava frente à Tenda. Então Javé falava com Moisés face a face, como um homem conversa com outro" Ex 33,10-11. Fala-se face a face com o amigo íntimo. A fé nos faz íntimo de Deus. Intimidade, luz plena, apesar da escuridão da aparente ausência de Deus. Por isso, o dialogo de Javé com Moisés ocorre sob a nuvem, que significa a aparente ausência de Javé, e ao mesmo tempo sinaliza a presença dele, pois Moisés dialoga de fato com ele. Assim como as nuvens e eclipses solares ocultam o sol sem negar sua existência, nem impedir que seus raios atravessem as nuvens, igualmente a aparente impalpabilidade, ausência de Deus não é óbice, mas condição necessária da fé. Quem precisa ver para crer, não crê. A aparente ausência de Deus para quem não crê, não impede que a luz, a vida de Deus chegue àquele que crê. Por isto, a fé não é no vazio, mas ancora no dado sólido que a sustenta: a Palavra de Deus. Como o autor da Palavra é fidedigno, o crente confia nele e a ele se entrega sem hesitar e, em seu Nome, atua no mundo. Só há fé se Deus é intangível e impalpável, mas sua Palavra assegura que Ele está presente e se comunica com o fiel que a Deus se dirige. A certeza dada pela Palavra que Deus está conosco é a luz da fé. Quem crê não precisa ver Deus. Quem exige ver para crer, não crê. Quem pensar ver Jesus na hóstia

consagrada está equivocado e pode estar cometendo idolatria, confundindo o sinal sensível do sacramento com a realidade sinalizada, esta, sim, presente na assembléia desde o início e durante toda a celebração, não só no momento da consagração e batismo e outros sinais eficazes da fé, que indicam a presença de Jesus no pão e vinho consagrado, na água e no óleo do batismo e do crisma. Mas só a fé faz o crente ir além do sinal e contatar com Jesus Cristo, com o Pai e Deus Mãe. Quem crê sabe que está em diálogo e comunhão com cada uma das Três Pessoas, por Jesus Cristo, apesar da nuvem escura da aparente ausência dele.

Ver Deus pela fé é o significado de adorá-lo em espírito e verdade, sem confundir o sinal da fé com a Pessoa crida. A fé é em Jesus, não no sinal eficaz dele. É bela a estética da fé, mas é preciso acolher a Palavra, para que, do sinal sensível, eu me dirija à Pessoa de Jesus.

Por causa da Palavra fidedigna, a ausência sensorial não gera insegurança do fiel em Deus, mas confiança plena no Amado que se dá sem ser visto e tocado. "Os sentidos vêem por fora, a fé vê a essência: venha a fé ajudar a completar os sentidos". A fé é o conhecimento

mais seguro de Deus uno e trino, sem embargo de o podermos conhecer analogicamente pela razão. "O que se pode conhecer de Deus é manifesto, pois ele o revelou: sua realidade

invisível, seu eterno poder, sua divindade, tornou-se inteligível desde a criação do mundo, através das criaturas, de sorte que não têm desculpas. Sim, naturalmente vãos foram todos os homens que ignoram Deus e que, partindo dos bens visíveis (sinais de Deus), não foram

capazes de conhecer Aquele que é, nem, considerando as obras, de reconhecer o Artífice" Rm 1,19-20; Sb 13,1. Jesus deu a palavra final sobre a simetria dialogal entre o Criador e o ser humano: "Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz seu senhor; amigos vos chamo, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi do meu Pai" Jo 1,15. Jesus mostra o caminho do diálogo do homem e da mulher com as Pessoas Divinas. O diálogo entre o ser

humano e Deus chama-se fé, que é a essência da aliança entre Javé e seu povo. A amizade de Jesus por nós é na mesma linha da amizade de Javé por Moisés e sustenta nossa fé e a fé do Profeta. A fé nos põe face a face com Deus, como pôs Moisés face a face com Javé, mediante a Palavra, Jesus. Não há outro meio de nos relacionarmos adequadamente com as Pessoas Divinas senão pela fé, pela entrega confiante à Palavra revelada e o seguimento

de Jesus. Deus nos criou com estrutura ontológica predisposta para a fé: somos feitos para crer e amar. Desde a criação, a fé é luz divina no homem e na mulher, que os faz ver Deus até na sua aparente ausência. A luz da fé é para o ser humano ver Deus, não para Deus ver o homem, "pois para ti as trevas são claras como o dia, nada escapa ao teu divino olhar" Sl 138 (139). Eram de fé as relações de Adão e Eva com Deus, pois baseadas na Palavra do Criador dirigida a eles: "Javé Deus colocou o homem e a mulher no jardim do Éden pra o cultivarem e o guardarem e deu-lhes mandamento: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra, submetei-a. Dou-vos por vosso alimento todas as ervas que estão sobre a superfície da terra toda, que dão semente e todas as árvores que dão frutos e sementes. Podeis comer de todas as árvores do Jardim, mas não comereis da árvore do conhecimento do bem e do mal, pois no dia em que dela comerdes, morrereis" Gn 1,28-29;2,16-17. Essas instruções são balizas que sinalizam o relacionamento correto do homem com Deus, mediante a fé. Desde a criação, a Palavra divina guia o ser humano pela fé. Se ouvirem e praticarem a Palavra de Javé, se viverem corretamente as relações de fé, viverão, gerarão vida em volta de si, serão embaixadores de Deus na terra e "brilharão como luzes no firmamento" Dn 12, 3. Do contrário, morrerão, serão hóspedes das trevas eternas Mt 25,31s. É pegar ou largar. A oposição entre vida e morte, trevas e luz é posta por Deus desde a criação temporal, para orientar a relação entre o homem e Deus e corresponde à oposição entre crer e não crer, ser justo e ímpio, bom e mau. "Crede ou perecereis. Quem nele crê tem a vida eterna. Quem não crê nele não verá a vida eterna". Simbolizando a vida divina que se esbanja generosa sobre a criação, a luz é tão central na Bíblia que foi a primeira coisa criada. "No princípio (do tempo: chronos) Deus criou o céu e a terra. Ora, a terra estava vazia e vaga (sem vida), as trevas (morte) cobriam o abismo, o vento de Deus pairava sobre as águas (hálito vital). Deus disse: 'haja luz' (vida) e houve luz. Deus viu que a luz era boa, e separou a luz das trevas (a vida da morte), chamou a luz de 'dia' e as trevas de 'noite'. Ora, um manancial subia da terra e regava toda a superfície do solo. Javé Deus disse: Façamos (Três Pessoas) o homem à nossa imagem, como nossa semelhança. E Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou, homem e mulher os criou: modelou o homem com a argila do solo, insuflou em suas narinas um hálito de vida e o homem se tornou um ser vivente. Javé abençoou-os e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a: dominai sobre os peixes do mar, as aves do céu e todos os animais que rastejam sobre a terra. Javé Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer e a árvore da vida no meio do jardim do Éden e a árvore do conhecimento do bem e do mal. Disse Javé a Adão e Eva: Dou-vos como alimento todas as ervas que estão sobre a superfície da terra e dão semente e todas as árvores que dão frutos que dão sementes. Um rio saía do Paraíso pra regar o jardim e se dividia formando 4 (símbolo da criação: terra, água, fogo, ar). Um rio de água viva saía do trono de Deus e do Cordeiro (Paraíso refeito pelo sacrifício de Jesus). O que estava sentado no trono declarou então: Eis que faço novas todas as coisas. Vou criar novo céu e nova terra; as coisas de outrora não serão lembradas ou tornarão a vir ao coração. Alegrai-vos, regozijai-vos para sempre com aquilo que estou pra criar: farei de Jerusalém um júbilo, do povo uma alegria. Alegrar-me-ei em Jerusalém, sentirei júbilo no seu povo. Nela não se tornará a ouvir lamentação ou choro. Já não haverá ali criancinhas que vivem apenas alguns dias ou velhos que não complete sua idade; pois, o menino morrerá com cem anos. No meio da praça, de um lado e outro do rio, há árvores da vida que frutificam doze vezes, dando frutos a cada mês e suas folhas servem para curar as nações. A Cidade santa não precisa de sol ou lua pra iluminá-la, pois a glória de Deus a ilumina, sua lâmpada é o Cordeiro, a luz do mundo. Quem o segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida. As nações andarão à sua luz. Nunca mais haverá maldições! Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, seus servos lhe prestarão culto; verão sua face, seu nome estará nas suas frontes. Já não haverá noite: ninguém mais precisará da luz da do sol ou da lâmpada, pois Deus mesmo brilhará sobre eles e reinarão pelos séculos dos séculos. Suas portas nunca se fecharão de dia, pois ali já não haverá noite". A simbologia da luz é tão que o Salmista e Daniel a convocam com as outras criaturas pra louvarem o Criador. "Bendizei Javé, todas suas obras, nos lugares todos que ele governa. Vós todas as obras de Javé, bendizei, louvai, exaltai-o para sempre! Mares, rios, bendizei Javé: louvai-o, exaltai-o pra sempre. Noites e dias, bendizei Javé: louvai-o e exaltai-o pra sempre. Luzes e trevas, bendizei Javé: exaltai-o, louvai-o para sempre" Ap 22,1-5; Jo 8,12; Gn 1,1-3.26-29;2,6-7. 9-10; Is 65, 17-20; Ap 21,5.10.23-24; Sl 102(103),22; Dn 3,57.71-72.78. Javé, com quem dialogamos, é o Pai amoroso e Criador, que ama a vida, tudo cria por amor. A exuberância da vida que habita nele é o esplendor da luz e da glória que manam do seu ser. O esplendor da luz de Javé espalha-se sobre suas obras, que saem perfeitas de suas mãos. As obras de quem vive pela fé são a continuação das obras de Javé e são luzes no mundo que vive na escuridão das obras más. "A luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas obras eram más. Pois quem faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que suas obras não sejam demonstradas como culpáveis. Mas quem pratica a verdade vem pra luz, para que se manifeste que suas obras são feitas me Deus. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte. Nem se acende uma lâmpada e coloca sob a mesa, mas no candelabro, para que brilhe para todos que estão na casa. Brilhe igualmente vossa luz diante dos homens para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai que está nos céus" Jo 3,19-21; Mt 5,14-16. Jesus é a Rocha firme, o Monte Sião, Monte de Deus, sobre o qual brilha para sempre a luz do Vivente de todos os viventes, que "ilumina todo ser humano que vem a este mundo". Impossível ser vivificado pelo Portador da vida divina para o mundo, estar no Rochedo com o Portador da luz, ser iluminado pela Luz e não ser visto na luz dele que brilha sobre aquele que crê. Impossível aderir à luz, ser luz na Luz, crer em Jesus e não brilhar com ele pelas boas obras. Fé sem testemunho das obras é falsa fé. Crer sem testemunhar com boas obras é como esconder a luz, atrofiar a vida que de Cristo recebemos. Quem crer tem de mostrar a cara ao mundo, brilhar com as boas obras da fé. Do contrário, sua fé é falsa. Pois, "somos criaturas suas criadas no Cristo para as obras boas que Deus já antes tinha preparado para que nelas andássemos" Ef 2,10. Quais são essas boas obras? As obras decorrentes da fé, feitas com amor, pois brotadas do mesmo amor criador de Javé, que 'ama tudo que cria. Pois, se fosse pra odiar algo não o teria criado de modo algum. Eu sou Javé, sem rival; formei a luz e criei as trevas: nada se oculta ao teu divino olhar. Sou eu o Senhor que faço todas as coisas: digo e faço, porque eu sou Deus, não homem. O céu e a terra passarão, mas a minha Palavra não passará. Tua Palavra é lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho. O preceito de Javé é uma lâmpada, a instrução, uma luz, um caminho de vida a exortação que disciplina. Javé, tu és minha lâmpada; meu Deus, ilumina minha treva. Quem me dera voltar aos dias em que Javé velava sobre mim, aos meses d'antanho; quando sua lâmpada brilhava sobre minha cabeça e à sua luz eu andava na escuridão. O Rei dos reis, Senhor dos senhores, o único que possui a imortalidade, habita uma luz inaccessível, que homem algum viu nem pode ver. Todo dom perfeito vem do alto, toda dádiva vem do Pai das luzes. Javé, levanta sobre nós a luz da tua face (presença). Que aqueles que caminham no escuro, privados da luz, confiem no nome de Javé e contem com seu Deus. Quem nos fará ver o bem? Que o nome de Javé seja bendito de eternidade em eternidade, pois são dele a sabedoria e a força. É ele que muda tempo e estações, que depõe reis e entroniza reis, quem dá aos sábios sabedoria e ciência aos que sabem discernir. Ele revela as profundezas e segredos, conhece o que está nas trevas, junto dele habita a luz; descobre o que há de mais recôndito nas trevas e traz à luz sombras espessas. Se digo: que ao menos a escuridão me esconda e a luz se faça noite ao meu redor; nem as trevas são escuras pra ti, a noite é clara como o dia; para ti as trevas são como a luz. Deus é luz e nele não há treva alguma. Se dizemos que estamos em comunhão com ele e andamos nas trevas (sem fé), mentimos, não praticamos a verdade (não cremos). Mas se caminhamos na luz como ele é a luz, estamos em comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado (salva pela fé). Javé é a luz do meu caminho: eu sou a luz do mundo; quem me segue não anda nas trevas, mas terá a luz da vida. Detestai o mal, apegai-vos ao bem. Prossegui firmemente na prática da hospitalidade, sede solidários com as necessidades dos santos. A ninguém pagueis o mal com o mal. Esmerai-vos em fazer o bem diante de todos. Não vos considereis sábios aos próprios olhos, acomodai-vos a coisas simples. Tende bom entendimento uns com os outros. Não mintais uns aos outros, caríssimos, tende coração reto. Não se zomba de Deus. Dia após dia parecem me procurar, conhecer meus caminhos é seu desejo. Como se fosse gente que pratica a justiça, sem nunca desprezar a lei de Deus, vêm pedir-me as normas da justiça. Por que foi que jejuamos e não olhaste? Humilhamo-nos totalmente e não tomaste conhecimento'. Ocorre que, até no dia de jejum, só cuidais de vossos interesses, continuais explorando os trabalhadores. É que jejuais murmurando, querelando, brigando. Deixai de jejuar como até hoje, pra que ao Altíssimo chegue vossa voz. Será este jejum que prefiro, um dia em que a pessoa se humilha: curvar o pescoço como a vara, deitar na cinza vestido de saco? É isto que chamais de jejum, dia agradável a Javé? O jejum que aprecio é romper as cadeias injustas, enviar embora livres os oprimidos, desatar as cordas do jugo, quebrar toda espécie de jugo, repartir o alimento com o faminto, vestir os maltrapilhos, abrigar os infelizes sem asilo, em vez de desviar-se do semelhante. Então tua luz surgirá como aurora e se elevará na escuridão, tua noite resplenderá como o dia pleno, tuas feridas não tardarão a cicatrizar-se; tua justiça caminhará diante de ti e a glória de Javé seguirá tua retaguarda. Ele constantemente te guiará; alimentar-te-á no árido deserto, renovará teu vigor. Serás como um jardim bem irrigado, uma fonte de água inesgotável, gerando vida em torno de ti. Quem pratica a verdade vem para a luz, para que se manifeste que suas obras são feitas em Deus. Vós que governais a terra, amai a justiça, pensai em Javé com retidão, procurai-o com simplicidade de coração. A Sabedoria não entra numa alma maligna e não habita um corpo refém do pecado. Ela é um reflexo da luz eterna, é radiante, não fenece, facilmente é contemplada e se deixa encontrar por aqueles que a amam. Ela prepara os amigos de Javé, os profetas; pois ele ama quem habita com a Sabedoria. Ela é mais bela que o sol, supera todas as constelações: sai ganhando, se comparada à luz do dia, pois esta dá lugar à noite, ao passo que o mal (as trevas) não prevalece sobre a sabedoria. Javé me criou, primícias de sua obra e feitos mais antigos. Desde a eternidade, desde o princípio, antes da origem da terra fui estabelecida. Javé me criou antes dos séculos, desde o princípio, pra sempre não deixarei de existir. No princípio (ab eterno) era a Palavra, ela estava em Deus e era Deus. Tudo foi feito por ela. O que foi feito nela era a vida, a vida era a luz dos homens; a luz brilhou nas trevas, mas as trevas não conseguiram dominá-la. A Palavra é a luz verdadeira que ilumina todo homem. Ela veio ao mundo, estava no mundo, o mundo foi feito por ela, mas o mundo não a reconheceu. Veio para o que era seu e os seus não o acolheram. Mas os que a acolhem, que crêem no seu nome, dá-lhes o poder de se fazerem filhos de Deus: os quais foram gerados não do sangue, da vontade da carne e da vontade do homem, mas de Deus. Quem não nascer do alto, da água, do Espírito não pode entrar no Reino de Deus (não participa da vida divina que está no Verbo desde o princípio, comunicada a nós pela fé). O que nasce da carne é carne, o que nasce do Espírito é espírito. Todos vós sois filhos da luz, do dia. Não somos da noite ou das trevas. Portanto, não durmamos, mas vigiemos, sejamos sóbrios. Vigiai, orai para não cairdes em tentação, pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca" Sb 11,24; Sl 118 (119),105; 17(18),29; Jó 29,2-3; Pr 6, 23; 1Tm 6,15-15; Is 45,6-7; 50,10-11; 58,6-11; Rm 12,9.13.16-5; 1 Jo 1,5-7; Tg 1,17;17; Sl 4,7; Sb 1,1.4; 6, 12;7,26-30; Pr 22-23; Eclo 24,9; Gn 1,1; 1Tm 6,16; Dn 2, 20-22;3,71-72; Jó 12,22; Sl 138 (139),11-12; Jo 1,1-5.9-13; 3,3-6.21; Jo 8,12; Mt 5,14.16;26,41.

A fé é, pois, a chave do relacionamento pessoal com Deus. Falso é o relacionamento com ele que não seja pessoal pela fé. Não nos relacionamos diretamente com Deus, mas como que através da nuvem de sua aparente ausência, da noite escura dos sentidos, característica da fé. Mas a fé não se dá no vazio, mas apoiada na Palavra e na Pessoa de Jesus, cuja credibilidade sustenta nossa fé, nosso acesso a Deus. Não há outro caminho pra Deus a não ser Jesus Cristo. "Ninguém vai ao Pai a não ser por mim. Sendo assim, irmãos, temos a plena garantia para entrar no Santuário, pelo sangue de Cristo. Temos um caminho novo e vivo nele, que ele mesmo inaugurou através do véu, mediante sua humanidade" Jo 14,6; Hb 10,19-20. Na Pessoa de Jesus Deus se une à humanidade e a humanidade se une a Deus. A humanidade de Jesus faz dele um de nós; sua divindade nos comunica a santidade e nos faz filhos de Deus. Nesta condição, Jesus é o mediador único e insubstituível da relação com Deus. Não há outra mediação: nem dos sentidos, de nossa Senhora, dos anjos. Nosso único mediador para Deus é Jesus. Mas a mediação não é automática: é preciso haver adesão livre da nossa fé, para se completar o acesso a Deus Trino. A fé em Cristo é o passo necessário que depende de nosso livre arbítrio. Sem ele, não há vida de fé, não há diálogo e comunhão com Deus nem obras da fé. Por isso, não adianta viver sonhando em ver Deus face a face aqui na terra, nem pedir à Mãe de Jesus que nos conceda essa graça. Nem Jesus nos concede tal graça, muito menos Maria, pois contraria a lógica da fé. Jesus disse a Tomé: "Porque viste, creste. Felizes os que não viram e creram" Jo 21,29. Não parece cômodo como o contato direto. Mas ilude-se quem acredita e ensina a mentira que podemos ver Deus face a face, frente a frente (Ver: Queremos ver Jesus). Só o Filho único, que é Deus de toda eternidade, vê Deus face a face e priva da sua intimidade. "Alguém jamais viu Deus: o Filho único, que vive na intimidade do Pai e que vem de junto dele, ele viu o Pai e o deu a conhecer. Conheço-o porque dele procedo e foi ele quem me enviou. Chamo-vos amigos, porque tudo o que ouvi do meu Pai eu vos dei a conhecer". Portanto, o que sabemos de Deus, especialmente do Pai, é por revelação, não por experiência direta. O que não é pouco. Até porque Jesus, a revelação do Pai em Pessoa, diz que basta ouvir e ver o que ele diz e faz, para ver e ouvir o Pai: "Quem me vê, vê o Pai: Eu e o Pai somos um" Jo 1,18; 6,46; 7,29; 10,30; 12,46; 14,9. Só após a ressurreição, veremos Jesus face a face, pois "não andamos pela visão, mas pela fé. Agora vemos como num espelho, então o veremos face a face. Desde já somos filhos de Deus, mas o que seremos inda não revelou-se. Sabemos que por ocasião de sua manifestação, seremos semelhantes a ele, pois tal qual ele é o veremos" 1 Cor 13,12; 2 Cor 5,7; 1 Jo 3,3.Sem prejuízo da possibilidade do conhecimento objetivo, racional de Deus, que filosofia pode adquirir, independentemente da fé. O conhecimento racional de Deus independe da relação pessoal com ele pela fé, o amor e a esperança. Não há desculpas para desconhecermos a existência de Deus, "porque o que se pode conhecer de Deus, sua realidade invisível, seu eterno poder e sua divindade, tornou-se inteligível desde a criação do mundo, através das criaturas, de sorte que não têm desculpas. Sim, naturalmente insensatos foram todos os que ignoraram Deus e que, a partir dos bens visíveis, foram incapazes de conhecer Aquele que é, nem, considerando as obras, de reconhecer o Artífice" Rm 1,19-20; Sb 12,1. Mas, para crer não basta saber que Deus existe. Os demônios também sabem. Durante a vida pública de Jesus, eles reconheceram em Jesus o Filho de Deus antes das pessoas. Por que? Porque são espirituais e percebem bem as coisas espirituais. Mas os seres humanos só podem reconhecer Deus em Jesus pela fé ao serem adotados filhos de Deus. "Veio para o que era seu e os seus não o receberam. Mas a todos que o receberam, deu o poder de se tornarem filhos de Deus: os quais crêem no seu Nome. Estes foram gerados não do sangue, da vontade da carne e do homem, mas de Deus" Jo 1,11-13. Eis a maravilha da fé, que os sentidos jamais conseguirão nos dar. Estes nos fariam ver Jesus por fora, sem garantia de comunhão de vida com ele. Mas a fé, que dispensa os sentidos, garante-me a imediata comunhão, convivência com Jesus, "com tribulações", mas com a garantia da sua presença comigo. "Não se perturbe vosso coração! Crede em Deus, crede em mim também. Não vos deixarei órfãos. Eu vou e volto a vós. Estou convosco todos os dias até o fim dos séculos" Jo 14,1.18.28; Mt 28,20. Como não crer na Pessoa que nos dá tamanha declaração de amizade? Por causa da honestidade e da solidez da Palavra de Jesus, que diz e faz o que diz, crer nos dá percepção mais intensa de Deus que a percepção sensorial, que só capta a realidade por fora. Crer é ter experiência existencial de Deus. Crer é ter certeza da presença atuante de Jesus em perfeita interação comigo. Por isso, crer é mais que confiar em Deus: é entregar-se de corpo inteiro a ele, por meio de Jesus Cristo e, na plena confiança, aderir a ele, praticar o direito e a justiça, passar a viver em comunhão de vida com ele. "Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim. Minha vida presente na carne eu a vivo pela fé no Filho de Deus que me amou e por mim se entregou". Eis a comunhão: Cristo entregou-se por mim por amor gratuito, assumindo meus pecados, eu me entrego a ele pela adesão livre de fé, que me comunica a vida divina e me capacita a viver a vida nova segundo o direito e a justiça. Essa maravilha inicia com a escuta da Palavra revelada dirigida a mim, seguida da prática, para confirmar a adesão a Jesus. E mais ainda: A adesão de fé me garante participação na natureza divina, em virtude da união hipostática com Jesus, desde sua encarnação no ventre de Maria. Ao tomar corpo humano nela, Jesus incorporou cada um de nós no seu corpo, fazendo-nos "partícipes da natureza divina", transmitindo-nos o Espírito filial, fazendo-nos filhos nele, com direito a chamar de Pai o Pai de Jesus. "Quando chegou a plenitude do tempo, enviou Deus o Filho, nascido de uma mulher, nascido sob a Lei (pecado), para remir os que estavam sob a Lei (escravos do pecado): Aquele que não conheceu o pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nos tornássemos justiça de Deus. Ele não cometeu pecado algum; mentira alguma foi achada em sua boca. Sobre o madeiro levou nossos pecados em seu próprio corpo, pra que, mortos pra nossos pecados, vivêssemos pra justiça de Deus. O tínhamos como vítima do castigo, humilhado por Deus. Mas foi esmagado, traspassado por nossas transgressões e iniqüidades. Javé fez cair sobre ele nossas iniqüidades, por suas feridas fomos salvos. Se oferece a vida em sacrifício pelo pecado, certamente verá descendência, prolongará seus dias. Já que entregou sua alma à morte, fez intercessão pelos transgressores, justificará muitos, e por ele o desígnio de Deus há de triunfar. Nele não há pecado, mas se manifestou pra tirar o pecado. Deus, enviando seu Filho numa carne semelhante à carne de pecado, em vistas do pecado, condenou o pecado na carne. Cristo, fazendo maldição por nós, remiu-nos da maldição da lei, para que a bênção de Abraão em Jesus Cristo se estendesse a todos os gentios (não judeus), pra que recebamos o Espírito prometido da filiação divina pela fé" Gl 4,4-6; 1 Jo 3,5; Rm 8,3; Gl 3,13; Is 53,5-12; 1 Pd 2,22.24. Por nosso amor Deus pegou a parte ruim, a maldição do pecado, e nos agraciou com a parte boa, perdão e adoção filial. Libertou-nos da escravidão do pecado, pagou resgate (vida de Jesus), valor infinitamente superior ao valor do seqüestrado (pecador). "Não foi com coisas perecíveis, com prata ou ouro, que fostes resgatados da vida fútil que herdastes dos vossos pais, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem defeitos e máculas, conhecido antes da criação do mundo, mas manifestado no fim dos tempos, por nossa causa: foste imolado e por teu sangue, resgataste homens de toda tribo povo e nação" pra Deus 1Pd 1,18-20;Ap 5,9. Pela fé, incorporamos a obra salvífica realizada por Jesus desde sua encarnação em Maria.

Portanto, pela fé, e em virtude da união hipostática corporativa, na Trindade econômica cada pessoa incorpora a natureza divina do Unigênito, é gerado filho, filha nele, tomando-o por modelo, e conforme o mesmo processo da geração na Trindade imanente. De fato, fomos criados (1a.criação), amados, escolhidos e adotados por filhos no Amado, antes da criação do mundo (Ef 1,4-6). Quando fomos criados no princípio do tempo (2a criação), o Criador Trino seguiu o modelo criacional intratrinitário: espelhou-se no Filho, "a Imagem do Deus invisível, porque tudo foi criado por ele e sem ele nada foi feito; todas as coisas nele foram criadas, nos céus e na terra. Disse Deus: Façamos (plural) o homem à nossa imagem, como nossa semelhança. Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus ele os criou, homem e mulher os criou" Gn 1,26-s. Ora, Jesus é a Imagem visível do Deus invisível, no qual fomos escolhidos e adotados por filhos antes da criação do mundo. "E os que de antemão Deus escolheu, os predestinou também para serem conformes a imagem do seu Filho, a fim de ser ele o primogênito entre muitos irmãos. Ele é a Imagem do Deus invisível, o resplendor da glória, expressão de seu ser" Rm 8,29; Cl 1,15. Sim, a imagem reflete o Original: "Quem me vê (imagem visível) vê o Pai" (original invisível). A geração biológica cria as condições naturais da fé: as marcas da semelhança divina em nós, que nos fazem reconhecidos por Deus e reconhecer Deus pela Palavra e testemunho de Jesus. As marcas de Deus em nós nos fazem semelhantes a Deus e possibilitam nossa abertura para as Pessoas divinas, pela oração e pelas obras, por Jesus Cristo, que é, ao mesmo tempo, o Original (Deus ab eterno), e traz as marcas do Original (tem DNA humano). As marcas de Deus em nós embasam a aliança conosco, quando incorporarmos nossa relação implícita com Deus, pela fé, ao termos consciência que somos filhos do Pai, conforme garantia da Palavra revelada: "Desde já somos filhos de Deus, no Cristo, pois foi vertido em nossos corações o Espírito filial , e nos faz chamar de Pai o Pai de Jesus". Ora, a relação criatural infralapsária já é autêntica fé, embora implícita. Se vivemos na retidão de consciência essa relação primária com Deus, como fé implícita de cristãos anônimos, nos tornamos filhos de Deus, por meio de Cristo, cujo Pai é nosso Pai. A forciori, se vivermos a fé explícita no direito e na justiça, sairemos da condição pecadora pra condição de filho, filha de Deus, gerados e nascidos do Espírito pelo mesmo processo como o Filho único é continuamente gerado de toda eternidade – "não do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus" – e passamos a viver na esfera da vida, da luz divina, na Família trinitária: "O que nasce da carne é carne, o que nasce do Espírito é espírito". A cada ato de fé, de adesão livre a Deus, ouvimos a voz do Pai: "Tu é meu filho, minha filha amada, eu hoje te gerei. Em ti me comprazo, me alegro. Chamei-te realmente, te segurei pela mão, te formei e designei pra seres a aliança com os povos, a luz das nações. Pra abrir os olhos aos cegos, tirar os prisioneiros do cárcere, da prisão os que vivem nas trevas. Estará contigo meu amor e minha verdade e por meu nome seu vigor se exaltará. Ele me invocará: és meu pai, meu Deus e meu rochedo salvador! Torná-lo-ei meu primogênito, o altíssimo sobre os reis da terra. Vós sois uma raça eleita, um sacerdócio real, uma nação santa, o povo de sua particular predileção, a fim de que proclameis as excelências daquele que vos chamou das trevas para a sua luz maravilhosa, vós que outrora não éreis, mas agora sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia" Mt 17,5; Sl 2, 7; Sl 89 (88),25-27; Is 42,6-8; 1Pd 2,9-10. Gerados filhos e filhas na fé, o sangue que corre em nossas veias é o mesmo sangue de Jesus; minha vida não é mais na carne, mas a vida divina que Jesus me comunica, como o tronco aos ramos; a luz que brilha em meus olhos, que ilumina meu caminho não é mais a luz do sol, mas a vida que mana do Cordeiro, de pé e imolado, que se derrama do Vivente, Jesus Ressuscitado. "Cristo é vossa vida. Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim. Minha vida presente na carne, vivo-a pela fé no Filho de Deus que me amou e por mim se entregou. Pra mim viver é Cristo, morrer é lucro. Fui crucificado juntamente com Jesus e com ele ressuscitado. Se um só morreu por todos, todos morrerem (nele e com ele). Ora, ele morreu por todos, para que aqueles que vivem não vivam mais pra si, mas pra aquele que morreu e por eles ressuscitou. Se alguém está em Cristo, é criatura nova. Deus, rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos em nossos pecados, vivificou-nos com Cristo e com ele nos ressuscitou e nos fez assentar nos céus, em Cristo Jesus. Não estais na carne, mas no espírito, se é verdade que o Espírito de Cristo habita em vós, pois quem não tem o Espírito de Jesus não lhe pertence. Se Cristo está em vós, o corpo está morto pelo pecado, mas pela justiça o Espírito é vida. Se o Espírito do que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vós, quem ressuscitou Jesus também dará vida a vossos corpos mortais, pelo Espírito que vos habita. Pensai nas coisas do alto, não nas da terra, pois morreste, vossa vida está escondida com Cristo em Deus" Fl 1,21; Ef 2,5-6; 2Cor 5,14-15; Gl 2,20; Rm 8,9s. Se a vida de Deus e em Deus é luz, somos gerados filhos da luz, que nos comunica a vida divina pela fé. A morte é treva. Filhos das trevas são os mortos para Deus, os que não crêem. Quando Jesus diz: "Eu sou a luz do mundo", quer dizer: "eu sou a vida do mundo", que incorporamos pela fé. É o que ele explicou a Nicodemos: "Deus amou tanto o mundo que entregou seu Filho único, para que, todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois ele não enviou seu Filho ao mundo para julgar, mas para que, por ele, o mundo seja salvo. Quem crê nele não é julgado; quem não crê já está julgado, porque não creu no Nome do Filho único de Deus. O julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas obras eram más. Pois quem faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que suas obras não sejam demonstradas como culpáveis. Mas quem pratica a verdade (crê e faz boas obras) vem pra luz, pra que se manifeste que suas obras são feitas em Deus (são boas). Vós sois a luz do mundo. Brilhe vossa luz diante dos homens, para que, vendo vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai que está nos céus. Feliz o homem que teme Javé e se alegra nos seus mandamentos. Sua descendência será poderosa, abençoada na terra será a descendência dos retos. Ele brilha na treva como a luz para os retos, ele é piedade, compaixão, justiça". Nossas boas obras são luz, pois geram vida. É bom tudo que Deus cria, luminoso como ele, que é luz, bondade infinita. "Javé é minha luz, que temerei? Mesmo que ande pelo vale escuro da morte, nada temerei, pois Javé estará ao meu lado. Na sua luz vemos a luz. Põe-te de pé, resplendece, porque a tua luz é chegada, a glória de Javé raia sobre ti. As trevas cobrem a terra, a escuridão envolve as nações, mas sobre ti se eleva Javé, sua glória eleva sobre ti. As nações caminharão na tua luz, os reis, no clarão do teu sol nascente (Menino Jesus). Chamar-te-ão Cidade de Javé, Sião do Santo. Não mais terás o sol como luz do dia, o clarão da lua não te iluminará, porque para sempre Javé será tua luz, o teu Deus será teu esplendor. Não voltará a se pôr teu sol, tua lua não minguará, porque Javé te servirá de luz eterna, os dias do teu luto cessarão. Jerusalém, Cidade Santa, que descia do céu, de junto de Deus, não precisa de sol ou lua pra iluminá-la, pois a glória de Deus a ilumina e sua lâmpada é o Cordeiro. Nunca mais haverá maldições. Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro e seus servos lhe prestarão culto; verão sua face e seu nome estará sobre suas frontes. Já não haverá noite: ninguém mais precisará da luz da lâmpada, do sol, porque nosso Deus brilhará sobre eles, que reinarão pelos séculos dos séculos. Mas vós, que preparais projéteis inflamáveis, que ateais incêndio, ide ao fogo dos projéteis que fizestes arder, do vosso incêndio. Todos os arrogantes, aqueles que praticam a iniqüidade serão como palha. O Dia que vem os queimará de modo que não lhes restará ramo ou raiz. Mas pra vós que temeis o seu nome, brilhará o sol da justiça que tem a cura em seus raios. Graças ao misericordioso coração do nosso Pai, pelo qual nos visita o Astro das Alturas, que ilumina os que fazem nas trevas e na sombra da morte, para guiar nossos passos no caminho da paz. Muitos dos que dormem no solo poeirento acordarão, uns pra vida eterna, outros para o opróbrio, o horror eterno. Os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; os que praticaram o mal, pra ressurreição de julgamento, da morte. Os que são esclarecidos resplenderão como o resplendor do firmamento; os que ensinam a muitos a justiça hão de ser como as estrelas, por toda a eternidade. Semeado corruptível, o corpo ressuscita incorruptível; semeado na humilhação, ressuscita glorioso; semeado na fraqueza total, ressuscita no dinamismo maior e semeias corpo com vida natural, ressuscitas corpo espiritual", pleno da Vida Jo 3,16-21; Mt 5,14-16; Sl 22(23),5; 112(113),1-2.4; Is 60,1-2.14.19-20; Ap 21,23; 22; Ml 3,19-20; Lc 1,78-79; Dn 12,2; Jo 5,29; 1 Cor 15,42-44. Todas estas maravilhas decorrem da encarnação do Filho de Deus, que desceu até nós em um Menino envolto na fragilidade humana, mas Portador do poder regenerador da vida de Deus. Ele derrubou os poderosos de seus tronos de falsa glória e poder opressor, e elevou os humilhados e ofendidos de todos os povos, raças, linguas, ideologia e credo, acolhendo-os como irmãos. O Menino é a glória de todos os povos da terra. A ele a nossa adoração e gratidão!!!


Autor: Geraldo Barboza de Carvalho


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