DETERMINAÇÃO DAS VARIAÇÕES DE FREQUÊNCIA CARDÍACA EM CAVALOS DE SALTO NA REGIÃO DE DOURADOS-MS



Resumo O presente trabalho visou a determinação de parâmetro fisiológicos de cavalos de salto na região de Dourados-MS, com o objetivo de promover um protocolo de treinamento físico desses animais de forma a atender a demanda esportiva, sobretudo na modalidade de salto, da região. Para tando foram aferidas as freqüencias cardiacas de 14 animais sendo 8 machos e 6 fêmeas, com idades variando de 5 a 14 anos duante os meses de julho de 2006 a fevereiro de 2007 perfazendo um total de 336 amostras. Os animais encontravam-se saltando provas do circuito sulmatogrossense de saltos com alturas de obtáculo de 1,00 m, 1,10 m e 1,20 m. A freqüencia cardiaca desses animais (FC), foi aferida em três momentos distintos ou seja, em repouso (logo pela manhã), imediatamente após o treinamento e com aproximadamente 2 horas após o treinamento. Os valores médios encontrados foram os seguintes: Para os machos (Repouso: Méd-45 bpm, Após o Treinamento: Méd-77 bpm, Recuperação: Méd-55 bpm), para as fêmeas (Repouso: Méd-44 bpm, Após o Treinamento: Méd-74 bpm, Recuperação: Méd-48 bpm) Summary The present study aimed at determining the physiological parameter of jumping horses in Dourados-MS, in order to promote a protocol of physical training of these animals in order to meet the demands of sports, especially in the high jump, in the region. To tandem were measured heart rates of 14 animals and 8 males and 6 females, with ages ranging from 5 to 14 years accruing during the period from July 2006 to February 2007 a total of 336 samples. The animals were jumping circuit Sulmatogrossense evidence of jumps with heights of hindrances to 1.00 m, 1.10 m and 1.20 m The heart of these animals (FC) was measured at three different times ie at rest (early morning), immediately after training and approximately 2 hours after training. Mean values were as follows: For males (Home: Med-45 bpm, After Training: Med-77 bpm, Recovery: Med-55 bpm) for females (Home: Med-44 bpm, After Training : Med-74 bpm, Recovery: Med-48 bpm) Palavras-chave: Cavalos; Condicionamento Físico; Freqüência Cardíaca. Keywords: Horses; Physical condicionament; Cardiac Frequence.

As aferições de freqüência cardíaca foram realizadas mensalmente durante os meses de julho de 2006 a fevereiro de 2007, em 14 eqüinos (machos e fêmeas) de saltos alojado no Centro Hípico de Dourados (C.H.D), clube hípico da 4ª Brigada de cavalaria Mecanizada (4ª Bda C Mec) – Grande unidade de cavalaria do exército brasileiro sediada na cidade de Dourados-MS. Os eqüinos estudados eram das raças Brasileiro de Hipismo (BH) e Puro Sangue Inglês (PSI) ou ainda mestiços com alguma dessas duas raças. Durante o período do trabalho os animais passaram por 3 estágios de exigência atlética distintas sendo que no primeiro estágio (julho a Setembro) eles encontravam-se no ápice do campeonato estadual, período de maior número de provas e com maior exigência física dos animais, no segundo (outubro a primeira metade de dezembro) houve uma diminuição no número de provas,por fim no terceira estágio (segunda metade de dezembro a fevereiro) os animais entraram de férias e essa parte foi classificada como de recuperação. Durante todo o período descrito os animais os animais tiveram aferidas suas freqüências cardíacas 3 vezes em um mesmo dia e uma vez por mês o que totalizou 336 amostras, essa metodologia condiz com o descrito por Mattos et al. (2006); essas aferições eram realizadas com os animais em repouso, ainda dentro das baias, imediatamente após o treinamento, dentro da pista e em fase de recuperação e após a ducha com aproximadamente 2 horas pós-treinamento. Os treinamentos eram realizados sempre em pista de areia e dividido nas fases de aquecimento 10min, flexionamento 15 min e mecânica (a critério do técnico) 15 min, na qual imediatamente após seu término era aferida a freqüência cardíaca, por fim ainda era realizado mais 10 min de relaxamento.

A aferição da freqüência cardíaca foi realizada com o uso de estetoscópio apoiado nos primeiros espaços intercostais, no lado esquerdo do animal e posicionado abaixo da escápula e na região próxima ao esterno (fig.1). A freqüência era obtida após a contagem do número de batimentos realizados em 15 segundo e multiplicado esse valor por 4. Depois de anotados os valores obtidos os dados eram arquivados em planilhas de dados, que serviram posteriormente para a determinação das médias, mínimas e máximas. Para a realização das análises os animais foram agrupados entre machos e fêmeas, e por altura de competição ou seja: animais que saltavam 1,00m, animais que saltavam 1,10m e animais que saltavam 1,20m, sendo que para essa categoria não havia fêmeas saltando. Tal agrupamento se fez necessário objetivando trabalho futuro no sentido de determinação se há variação significativa entre esses grupos e se há distinção entre machos e fêmeas tanto em treinamento quanto em competição.

Após o termino da fase de coleta de dados passou-se a fase de determinação das médias aritméticas e dos valores mínimos e máximos para cada variável

Resultados e Discussão

O sistema de transporte de oxigênio está intimamente envolvido na realização de atividade física (Santos, V.P. 2006). Tal afirmação foi o ponto de partida do presente trabalho que obteve os seguintes resultados:Para competidores de 1,00 machos (Repouso: Méd-45 bpm / Min-28 bpm / Máx-100 bpm, Após o Treinamento: Méd-77 bpm / Min-38 bpm / Máx-144 bpm, Recuperação: Méd-51 bpm / Min-28 bpm / Máx-120 bpm );Para competidores de 1,00 fêmeas(Repouso: Méd-46 bpm / Min-32 bpm / Máx-72 bpm, Após o Treinamento: Méd-73 bpm / Min-48 bpm / Máx-120 bpm, Recuperação: Méd-50 bpm / Min-28 bpm / Máx-88 bpm ); Para competidores de 1,10 machos (Repouso: Méd-42 bpm / Min-35 bpm / Máx-72 bpm, Após o Treinamento: Méd-75 bpm / Min-64 bpm / Máx-112 bpm, Recuperação: Méd-47 bpm / Min-46 bpm / Máx-67 bpm ); Para competidores de 1,10 fêmeas (Repouso: Méd-39 bpm / Min-32 bpm / Máx-48 bpm, Após o Treinamento: Méd-77 bpm / Min-52 bpm / Máx-112 bpm, Recuperação: Méd-42 bpm / Min-36 bpm / Máx-46 bpm ); Para competidores de 1,20 machos (Repouso: Méd-40 bpm / Min-32 bpm / Máx-52 bpm, Após o Treinamento: Méd-64 bpm / Min-48 bpm / Máx-84 bpm, Recuperação: Méd-41 bpm / Min-32 bpm / Máx-64 bpm ). Esses valores são inteiramente compatíveis com os descritos por Mattos et al. (2006). Em diferentes espécies, tem-se verificado que a freqüência cardíaca aumenta de forma linear à medida que aumenta a intensidade do exercício (Santos, V.P. 2006).

As mensurações da freqüência cardíaca durante o exercício em cavalos atletas são empregadas para quantificar a intensidade da carga de trabalho, monitorar o condicionamento físico e para estudar os efeitos do exercício sobre o sistema cardiovascular (Thomassian et al. 2005).Podemos observar que em todas as categorias as freqüências cardíacas variaram gradualmente após a atividade física de forma que ela pode ser considerada a forma mais simples de medir o esforço realizado pelo animal durante o exercício. O sistema cardiovascular responde ao exercício com acentuado aumento da freqüência cardíaca, da força de contração, do volume sistólico e do débito cardíaco (Thomassian et al. 2005).

Outro fator importante observado é que quanto pior o condicionamento físico do animais maior é seu esforço cardíaco, visto que os animais que saltam mais baixo e que portanto exigem menos condicionamento quando submetido a exercícios similares ao dos animais mais bem preparados e que saltam mais alto, apresentam um esforço cardíaco demasiadamente maior.

Durante a atividade física, observa-se um aumento linear da freqüência cardíaca, proporcional ao aumento da velocidade de exercício até atingir valores de 210bpm, e freqüentemente atinge um valor máximo, o qual não se eleva mesmo com o aumento da intensidade de trabalho, característica esta denominada de freqüência cardíaca máxima (FCmáx), que para cavalos de corrida situa-se em torno de 240-250 bpm (Thomassian et al. 2005).A Fcmáx dos animais de 1,00m foram sempre maiores que as de 1,10m que por conseqüência eram maiores que a dos animais de 1,20m, mesmo sendo esse grupo composto por animais mais velhos (Graf.1); isso graças ao melhor condicionamento físico desses animais e também ao menor grau de stress que eles apresentavam ao treinamento e ao manejo. As Fcmáx das fêmeas não apresentaram diferenças em comparação com a dos machos.

A freqüência cardíaca decresce rapidamente após os primeiros minutos de termino de esforço físico. Taxa de redução de freqüência cardíaca pós exercício e o tempo necessário para sejam alcançados os níveis pré exercício da duração e intensidade da atividade física , da capacidade física do animal e de alguns fatores extrínsecos, como umidade e temperatura ambiental(Santos, V.P. 2006). Sendo que os valores obtidos nos mostraram que mesmo após duas horas após a atividade os animais ainda não haviam atingido os parâmetros pré atividade.

Fica portanto estabelecido que a freqüência cardíaca é um parâmetro fisiológico importante quanto a esforço físico empregado sobre o animal e serve como índice para balizar o treinamento de cavalos atletas de salto, sendo que os valores de referência para tal atividade ficam demonstrados pela tabela 1.

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Tabela 1 – Valores Médios, Mínimos e Máximos de Freqüência Cardíaca em Eqüinos de Saltos.

Momento de Aferição

Machos

Fêmeas

Mínimo

RepousoMédio

Máximo

28

45

100

32

44

72

Mínimo

Pós-ExercícioMédio

Máximo

Mínimo

38

77

144

28

48

74

120

28

DescansoMédio

Máximo

51

120

48

88


Autor: edu marcondes


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