O TECER DE UMA PALAVRA SEM ECO



INTRODUÇÃO

Partindo da premissa apresentada por Descartes, que inaugura uma maneira de refletir sobre o novo ousaria dizer que pensar não é tão novo assim, mas indagar certezas é a mais antiga das aflições .

Em contrapartida ao princípio da dúvida é necessário que se reavalie o conceito de paradigma, e, sobretudo paradigma correcional, ainda apontado nas práticas de atendimento socioeducativo e, então, sair da posição de mero espectador e buscar uma postura de engajamento e reflexão sobre a importância do ser social nas relações, que são estabelecidas no coletivo.

Como na filosofia a descoberta da própria ignorância significa um passo rumo à sabedoria e a verdade .
A partir dessa idéia é possível aumentar as reflexões sobre modelos e práticas de intervenção e levar em consideração questões como: peculiaridades de um tempo histórico, político e social.

Em um dos diálogos entre Sócrates e Platão vê-se o primeiro filosofo supracitado questionar seus concidadãos, sobre as causas e as razões dos fatos e assim seriam dignas de censura e propor uma investigação ética (ethike), que deva englobar, uma reflexão sobre o caráter (ethos). Quais são as boas disposições e como adquiri-las, quais são as más e como evitá-las. Quais são as condutas corretas e critérios adequados para julgá-las e, também coadunar respeito aos costumes e valores.

É sob essa ótica que o trabalho a seguir proporá uma reflexão sobre o repensar nas relações de poder, a influência da globalização, por intermédio das grandes corporações e todo esse contexto envolto através dos tempos pela criminalidade e exacerbação de questões que remontam a secular disputa pelo comando, de forma territorial e temporal.


1.QUANTO VALE O PODER?


De acordo com o pensamento de Daniel Lins praticar a antropologia significa um instrumento de mais valor, para melhor produzir e pensar o Brasil. Em uma entrevista ao jornalista Faoze Chibli o filosofo Daniel Lins diz que aprendeu a correr perigo a não viver e nem morrer idiota.

Partamos da realidade paradoxal do que é o poder, como ele se constitui e de que maneira transita no meio social.

Edgar Morin permite em e, com suas reflexões fazer uma analogia sobre o “status quo” de uma questão tão freqüente com o envolvimento social, quer seja na elaboração de políticas, quer seja, para aquele que está diretamente ligado à política sendo representante de um poder, ou simplesmente aquele que tem o poder para mudar tudo aquilo que deve ser mudado, mas por diversos fatores não o faz. Se o poder emana apenas do conhecimento, portanto abastecido pela incerteza, logo o poder pelo qual se luta é efêmero, porém sendo necessariamente a condição de permanência no Planeta. Esse seria o ponto de partida? Mas quanto vale esse poder? Vida própria? Vidas alheias? Ganhos econômicos? Reconhecimento social? Ou um espaço para continuísmo?

Essas são questões ainda não descobertas, mas que ao mesmo tempo impelem aos seus descobridores e estudiosos seguirem caminhos disfarçados de questões sociais, provocam o levantamento de muitas hipóteses, mas que certamente todos concordariam que há algo em comum, no cerne dessas questões como, o poder e a crueldade, que abastecem o mapa da violência e, de alguma forma organiza esse tal poder, que de forma secular enfrentamos com os ditos “mandos” e “desmandos”.

Tomando os estudos propostos na leitura de Hannah Arendt (1994) há que se considerar, que a violência tem sempre sentido de destruir, ela é incapaz de criar. Há no ser humano, em sua essência uma vontade de ocupar um lugar de liderança e com isso, uma vontade de marcar e ocupar um lugar no mundo, para que seja dado por esse mundo, a devolutiva do porque e da razão de nascer e pertencer a ele.

Trazendo essa perspectiva para um período de juventude fica mais instigante essa luta, mesmo porque a juventude não pode ser considerada simplesmente como uma faixa etária, ou de forma reducionista a características orgânicas, e sim a juventude deve ser compreendida como um espaço e tempo social, portanto a pergunta que se faz mister nesse alinhavo é: o que ocorrerá nessa trajetória, quando esse tempo e espaço forem ocupados por abandono, morte, violência? Que respostas esse jovem dará a sociedade a qual, em seu nascimento imprimiu-lhe a seguinte inscrição: Você precisa encontrar seu lugar. Que espécie de senha é essa? Que espécie de poder se tem nas mãos quando já não se tem mais poder de decisão?

Adrián Guiza Lavalle, em um de seus artigos para revista Lua Nova , enquanto autor fala que, a cidadania se constitui na cristalização institucional desses novos expedientes de solidariedade abstrata e generalizada. Com isso Adrián nos permite refletir que há, sobretudo para alguns segmentos da comunidade, uma prática assistencialista, que ainda perdura nos meios sociais, e que ao invés de emancipar que seria o sinônimo de empoderar sem manter uma relação amalgamada, transforma o indivíduo num zumbi social, em que pese seu disfarce na condição intrigante em que valores são confundidos e o “ser” sofre a troca pelo “ter” e a identidade social se transforma em números e programas.

Em um trecho do manifesto do partido comunista (Marx e Engels) é possível compreender a redução das relações humanas e como essas mesmas relações transformam em troca principalmente imbricadas em um contexto de cifras.

A supremacia urbana é instaurada e sabe-se bem localizar nas mãos de quem se encontra o poder. Mas quando se tem o poder sem conhecimento localizamo-nos a beira da tirania, pois certamente as ações veicularam de forma despótica, não obstante a classe social em que nos encontrarmos. E o que acontecerá com a utopia? Ela servirá como balsamo ou desilusão e contradição? Já dizia um grande lutador de causas sociais, que precisamos endurecer sem perder a ternura, isso não quer dizer que não precisemos de liderança, mas sim exercício do poder e não de comandantes que exerçam suas tarefas, por meio de poderes subjetivos.


2. GLOBALIZAÇÃO E O NOSSO DIA-A-DIA


Jorge Broide em sua obra relaciona o indivíduo como homem-aldeia, fantasmático, em que tenta ler o mundo a partir de algo que já não é, se não o todo pelo menos em uma parte substancial. A história dele já não é referência para o presente. O reconhecimento do mundo o pensamento como refletiu Freud , acontece a partir de um exame de reflexão, do discernimento entre aquilo que surge do mundo externo e aquilo que está registrado no mundo interno. O processo de globalização surge exatamente do momento em que tomamos corpo, ou seja, nosso corpo localiza a freqüência psicossocial do universo em que nos encontramos, e então começamos a importar e exportar idéias e comportamentos que são reflexos da vida humana produto de uma costura entre o homem em sua vida coletiva e suas relações de pessoalidade ou subjetividade. O homem está em busca do novo ou de si mesmo? O indivíduo mantém relações com o universo desde os remotos tempos, mas a pergunta que aflige e de certa maneira justifica certos comportamentos e sua razão de estar no mundo.

Como nos indica Zygmunt Bauman, no exame do manifesto comunista, já citado anteriormente, tudo isso diz respeito ao tratamento que o autoconfiante e exuberante espírito moderno dava à sociedade, que considerava estagnada demais para seu gosto. E para sair dessa estagnação criar forma de controle para si em que as regras ora criadas não dão conta das exceções advindas dos diferentes comportamentos.

Quando a reflexão caminha nessa tessitura e adentra ao espírito da civilização é importante que sejam observadas as diferentes correntes e formas de se pensar o processo civilizatório, pois caso contrário no cenário mundial do século XXI seremos obrigados a dizer que não alcançamos a civilização ainda. Como diria nosso mestre Paulo Freire é preciso aprender a ler o mundo e as diferentes maneiras de interpretar esse mundo.

Abordemos a questão da modernidade, com interface à globalização. Enquanto a modernidade nos sugere a compreensão do valor do novo, da novidade, do progresso sujeita-nos a compreensão do capitalismo e as relações de poder e ter, já citadas no texto, e recaem sobre a percepção da compreensão de um momento que ultrapassa as barreiras da tecnologia e adentram aos circuitos da política social e começa assim, encorpar o processo de globalização, em que numa contaminação global até mesmo de tudo aquilo que se tornara fato pelo viés partidário, acaba sendo excluído, e as envergaduras político sociais são construídas deixando o lado produtivo e emergente,em “stand by”, para transformar o supérfluo em necessário.

É preciso compreender sem radicalismo, mas também sem perder a “ethike”, que o espaço mundial é reconhecido apenas nos mapas geográficos, pois tudo o que acontece está para o globo em tempo real. A pergunta que flexiona tal movimento na compreensão da necessidade social é: O que gerou a demanda desse tempo continua? Por quê? Nesse tempo real como se constrói pensamentos com diferentes poderes? Como pensar políticas sociais, quando se pensa em tecnologia para lugares em que há fome, violência, guerra?

A gênese do mundo começa pela criação, que ao mesmo tempo eclode sobre o pensamento da modernidade em questão, e o apocalipse de forma metafórica seria talvez a questão a discutir, sobre a melhor maneira de nos matarmos e extinguir a espécie humana em tempo real, pela globalização. Pensar como exércitos são montados de forma particular, para uma guerra sem fim com objetivos supostamente conhecidos numa trama de poder, em que na verdade ainda de forma real, mas em compreensão por metáforas perdemos nossa juventude e envelhecemos nossas forças para não termos mais nada pelo que nos empenhar.

André Malraux em um de seus pensamentos relatou que o século XXI será ético ou espiritual ou não será. Então para onde caminhamos? Qual é a vontade de trilhar esse caminho chamado humanidade?

Para indagarmos mais uma questão sobre globalização é preciso que não esqueçamos das tradições que são valores de condição “sine-qua-non”, para retornarmos à condição humana, e perceber que para não nos encaminharmos ao fim será necessário fazer escolhas, em que mundo desejamos viver, e como desejamos que ele seja. É nesse momento que surge a crítica, não a criticidade sem fundamento, mas a leitura de mundo que deverá perpassar pelo seu “ECO”. O ambiente, como meio não é aquele que está sendo ultrajado distante de você, e que em tempo real é possível assistir sua destruição. O ambiente “meio”, do e com o qual nos relacionamos é a parte que dá início à esfera de sua posição espacial, quer onde esteja. Há que se pensar no comportamento do homem em relação ao meio ambiente como uma virtude na modernidade e como talvez, num exercício dialético de pensar seu lugar no mundo.

Em relação a tratativa do pensar no “lugar” será importante refletir sobre as questões relativas a investimentos e perdas. O que nesse mundo estamos dispostos a perder, para ganhar. Sempre a contrapartida humana deve se referir a perdas como débitos e ganhos como créditos? O mundo já vivenciou duas guerras mundiais e atualmente vive guerras particulares, acreditamos que a dívida não esteja saldada e ao contrário sob uma visão mais funesta provocada com extermínio da raça humana pelo próprio humano, e assim corremos o risco de não haver mais espécies para relatar nossas atrocidades e incorrermos no mesmo erro. Há também a possibilidade em refletir, sobre a questão da posse, da propriedade e partir para necessidade, que já deixaram de ser medievais e feudais, porém continuam assaltando governantes em gestões de políticas, que remetem ao direito a propriedade e a vida digna (consolidados nas normativas vigentes do país e acordos em que o Brasil é signatário) , e que ao contrário, do que deveria ocorrer servem essas disputas, para o subsidio aos imensos campos da pobreza.

É muito importante que questões como a pobreza não sejam confundidas com marginalidade, que para muitos é sinônimo de criminalidade. Estar à margem da sociedade é, sobretudo estar desprovido e autenticado de uma necessidade, que ora desvia o caminho e tira da margem, da linha norteadora. O movimento latifundiário com características feudais ainda nos liga de maneira medieval ao conservadorismo e acumulo de poder, por meio da posse, mesmo que os resultados dessas investidas estejam intimamente ligados às tradições e valores que perduram no arcabouço social atual. De tão globalizados, não conseguimos nos desvencilhar de práticas históricas, justamente porque, o mundo se repete em suas gerações, essa é a grande maneira para explicar sobre como perdurar nos erros por meio dos séculos e compreender desde o século XX o termo chamado globalização.



3. CRIMINALIDADE - MAPA DE UMA VIDA


Não é possível falar de criminalidade sem antes abranger questões como integração e políticas governamentais, pois tanto em nível de políticas como estudos sociais realizados por entidades não governamentais ou em pesquisas “strito sensu” é preciso não esquecer, a égide da questão social da violência, sob a ótica sitêmica.

As dimensões espaço-tempo-história, nos permitem compreender melhor o “ecomapa” da cidadania da qual estamos em estudo, ou fatalmente cairemos no paradigma da ambigüidade, que Antonio Carlos Gomes da Costa utiliza para falar sobre a aplicação do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA - lei 8069/90) e os indicadores de marginalidade, que são atualmente utilizados, sempre incidirão sobre pobreza.

A exclusão social aponta para relações que colocam a margem muitos jovens que tiveram sua infância e adolescência usurpada, pela desesperança em encontrar seu lugar no mundo, e que dentro de uma plástica social não fazem parte do desenho da comunidade, ou “pequeno mundo” do qual são oriundos, pois .

Durante vinte e sete anos de magistério, sendo quinze deles em torno do atendimento socioeducativo, podemos dizer que vivenciamos muitas experiências e que nesse momento haveremos de compartilhar, para ilustrar algumas questões ditas até aqui na leitura.

Muitos dos jovens que atendemos em nosso “cadinho” profissional percebemos que trazem consigo algumas cicatrizes da guerra por um território (espaço), que tivesse isso relação de suas identidades com eles, ou ao mesmo tempo em que representassem de certa forma suas “etiquetas”, suas marcas. Em um atendimento socioeducativo em medida de internação (cf; Estatuto da Criança e Adolescente artigo 122) a um determinado jovem. Ele externava, o quanto estava grato naquele momento, porque havia alguém para ouvi-lo e assim conduzia sua fala registrando que, em seus dezessete anos de vida, o que mais sentia falta era daquilo que acreditava, enquanto sonho e que hoje (em cumprimento de medida socioeducativa) percebia que não havia mais tempo para sonhar, apenas luta para sobreviver em uma sociedade que não o desejava mais. Externou ainda que, precisava se defender, pois quando tinha suas unhas grandes, não era porque não sabia modos de higiene, mas é que na rua todas as armas são necessárias para lutar. Mas naquele momento era importante que alguém o ouvisse, pois se morresse amanhã alguém talvez soubesse que existiu.

Com essa conversa em um atendimento tivemos que sair e pensar como fazer o processo de desligamento pós-institucional e proporcionar ao jovem a integração entre essa marca e a sociedade da qual foi banido?

Segundo Glória Diógenes , para o jovem ganhar visibilidade, fazer excessiva essa visibilidade é muito difícil, torna-se um movimento não apenas de romper os “muros” e os “signos” do estigma territorial, como também de transposição de dinâmicas localizadas, estancadas nos bairros segregados para as tramas globais de registro público.

Dentro desse contexto é possível trazer mais uma reflexão que seria talvez a transgressão o preâmbulo para criminalidade, período esse que antecederia a trajetória delituosa, e que na verdade ainda não estaria configurada a questão da criminalidade, pelas dúvidas que surgem diante de um processo com enfoque fenomenológico.

O fenômeno das gangues apresenta um circuito, sobre o desvelar de um reconhecimento e empoderamento que se tem, quando da excitação no processo de rompimento com as regras. As regras e normas existentes são para que dentro de um convívio social estejamos organizados e respeitando o limite do outro, mas nem sempre o outro. O processo de “(des) patriamento” seria consoante, e coadunaria no exemplo de rompimento com as leis, pois o jovem não se sente infrator de uma pátria que não o reconhece como filho. O jovem, adolescente que infraciona e se torna autor de um ato infracional, baseia seu cotidiano num movimento de “(des) cumprimento” com a lei, que na contrapartida está “(des) compromissada” com sua vida.

Marisa Fefferman , sobre ditar as próprias regras comenta em uma entrevista com jovens da periferia, em que baseia sua fala na importância em inspirar cuidado, pois para um jovem inserido na marginalidade significa para nós e para eles, repensar o que compreendemos por cultura da violência. É preciso pensar que o jovem não precisa ser tutelado, ele tem de ser sensibilizado para sua vida atual, não só para uma vida futura. É preciso olhar para o presente antes que não haja futuro.

Levando em consideração o termo da reciprocidade utilizando dentro do contexto antropológico é nessa via de mão dupla que será mais fácil compreender o que ocorre num pensamento convergente para elaboração de uma política de atendimento que se nutre e abastece com dados das necessidades emergentes das vítimas sociais. Pensando a partir desse prisma como imaginar nossos vitimizadores? Será que algum dia já foram vítimas? Quando foram vítimas quem foram seus vitimizadores?

Alba Zaluar em seu livro Integração Perversa: Pobreza e Tráfico de Drogas, no plano mundial o crime organizado não deve ser subdimensionado e precisa sim de uma política que imprima à nossa polícia e ao sistema de justiça e segurança pública, não apenas a idéia de repressão, castigo ou punição há que se pensar, numa medida profilática, mas que não seja apenas no sentido de coibir ou vigiar, mas que estabeleça sentido e significado ao momento, lógico que sempre de forma sistêmica e não de forma positivista e meramente comportamental. Não podemos perder mais nossos jovens para o crime organizado, e desconsiderar a estrutura criminal ultrapassando os limites das políticas públicas. O governo deve marcar o seu lugar e estabelecer um movimento de recuperação e credibilidade na democracia e abandonar as formas “democratistas” ainda existentes. O poder do Estado constitui a forma rudimentar de conhecimento que ele, enquanto lei, fomenta na produção e emancipação de seus segmentos, para isso, basta olhar para os currículos escolares e alinhá-los à formação de professores que vivem a dicotomia entre as necessidades de aprender, com a falta de ferramentas para ensinar, e não seria questões relevantes a tecnologia, mas operadores da educação como forma ampla e geral. Não basta equipar escolas, enquanto profissionais não são trabalhados para compor recursos humanos com tecnológicos.

A exemplo de Makarenko devemos fazer de tudo para refletir sobre a importância da felicidade no espírito criador de um homem cidadão, pois só assim será participante de uma comunidade em que a violência e a criminalidade não possam ser as únicas opções para sobrevivência.

Cabe ainda ressaltar o conceito de anomia trazida na obra de Durkeim e ao mesmo tempo parafrasear Mario Sérgio Cortella, em que pese o conceito de deslocamento, em relação ao conjunto social causando a sensação de não pertencimento e nessa relação de estranhamento, que para romper as barreiras sociais e se “alocar” em uma classe é que esse jovem busca ter o que não é, sem saber que sendo, não precisa buscar o que não o faz ser.



CONSIDERAÇÕES FINAIS


A princípio de o termo concluir não se tratar de fechar e sim considerar tais reflexões, não como um processo pronto e acabado, mas de forma fenomenológica partir então para novas teses:

- Como pensar a comunidade em que estamos inseridos em pleno século XXI de forma globalizada e entender o processo como responsabilidade coletiva?
- Se alguém só poderá ser em relação ao outro, se esse outro também puder ser, como fazer para superar a violência que se instaura e é permissiva através de uma ética que está para além dos parâmetros do bem e do mal?

Começar por essas duas reflexões será talvez aceitar o desafio que exige de todos nós um repensar de nossas práticas, de nossa confiança nas pessoas e muito mais da compreensão do tempo histórico que cada ser humano está imerso e então, defrontar com a realidade concreta apresentada nas ações de nosso cotidiano.

Aprender a dar espaço, vez e voz aos jovens para que aprendam a participar da vida política de um país que é deles também, esse será o grande desafio do século XXI, mas para que isso ocorra teremos que trilhar uma trajetória, que começará internamente, em que a marginalização não possa ocorrer até o primeiro incidente, e assim emergir do fundo recrudescido os velhos conceitos que não foram aposentados.

Uma das frases de François Rabelais, citada por Mário Sérgio Cortella em seus encontros com professores, é ou talvez seja, a frase que permitiria mobilizar uma comunidade, quando essa se sentisse desconfortável: “Conheço muitos que não puderam quando deviam, porque não quiseram quando podiam”.

É para continuar essas reflexões que o nome desse artigo tem início com a palavra tecer pela oportunidade de juntos escrevermos uma nova história e assim ter eco, para aqueles que ainda não ouviram sua própria voz.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


BAUMAN, Zygmunt. O mal estar da pós modernidade. Rio de Janeiro: Zahar Editor, 1998.

BROIDE, Jorge. Psicanálise nas Situações Sociais Críticas. Violência, Juventude e Periferia. Em uma abordagem grupal. Curitiba: Juruá, 2008.

CORTELLA, Mario S. TAILLE, Yves de L. Nos Labirintos da Moral. São Paulo: Papirus,
2009

DEMO, Pedro. Cidadania Pequena. Polêmicas do nosso tempo. Campinas: Editores
Autores Associados, 2001.

DIÓGENES, Glória. Cartografia da Cultura e da Violência. Gangues Galeras e o Movimento Hip Hop. São Paulo: Annablume editora, 2008.

LAFER, Celso. Prefácio in: ARENDT, Hannah. Sobre Violência. Rio de Janeiro: Relume Dumara, 1994.



Autor: Denise Bruno Lombardi Fonseca


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