Fim



Já estava deitado. O corpo cansado, derramado sobre o colchão que abriga este invólucro de tensões e aflições cotidianas, se rende ao poder da mente que guia a  estrutura de membros inferiores, a caminhar, e superiores ao interruptor, Power, Windows... Word. A necessidade de escrever se abate sobre este ser exausto, agora, na madrugada.

Estava pensando sobre alguns provérbios. A dúvida do sábio é mais forte do que a certeza do tolo. Se existe algum parâmetro para definir até que ponto alguém é sábio ou tolo, ainda não o descobri. Refletindo sobre o ponto de vista daquele que proferiu estas palavras, sou levado a uma análise um tanto contraditória. O provérbio trata-se de uma afirmação, não sendo porém, uma dúvida de um sábio. Seria então um tolo, com a certeza absoluta das palavras que profere? Quem é sábio ou tolo se Todos somos ignorantes, só que em assuntos diferentes? A medida em que mergulho nos precipícios de minha mente atormentada entre dúvidas e certezas, me sinto impotente diante do conjunto de informações que se conflitam na busca de uma resposta. Percebo dúvidas se abatendo sobre minha certezas enquanto certezas brotam sobre minhas dúvidas. O pensamento subjetivo é enlouquecedor, vazio, pálido e obscuro.

A mente é movida por dúvidas, estas que aguçam o nosso pensar, nos levam a divagar sobre questões diversas, a concentrar, analisar, interrogar, tremer, viver... até se tronarem certezas, frias, estáticas, absolutas, mortas, como uma nota de fim, no rodapé de um texto. Penso ser comum, àqueles que vivem a aventura da busca do conhecimento, a sensação, hora de sábio, hora de completo tolo. Uma sensação de que quanto mais buscamos resposta, mais dúvidas surgem.

Que orgulho! Consigo perceber instantes de intensa sabedoria cintilando entre minhas palavras, disposta em ordem impecável. Tolice! Pura tolice! Se nem mesmo eu consigo chegar a uma conclusão sólida, quiçá terá este texto algum valor para alguém que o leia.

Mas se A dúvida é o preço da pureza e é inútil ter certeza, chego e este ponto de meus devaneios interiores sem muitas mudanças, todas as dúvidas permanecem sem respostas e o que resta é apenas uma certeza...

FIM

Autor: Marcelo Paradyse


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