O FREEZER DA MULHER DO MEQUETREFE
O FREEZER DA MULHER DE MEQUETREFE
Zé Mequetrefe morava no sítio com dona Pafúncia, sua mulher. Um dia esta bela senhora foi à cidade e viu lá uma coisa que muito lhe chamou a atenção: um freezer. Que maravilha de aparelho. Dava para guardar de tudo ali, ainda mais eles que moravam às margens do rio e pegavam muitos peixes.
- Quero um freezer daquele, Mequetrefe.
- Não temos muito dinheiro assim, mulher
- Compramos a prazo, de qualquer maneira a gente paga.
- Quando formos à cidade, a gente compra um.
O tempo foi passando, dona Pafúncia sempre cobrando o freezer. Até que um dia Mequetrefe foi à cidade e convidou Pafúncia para ir junto. Ela pulou na camioneta e ambos se mandaram para a cidade.
Mequetrefe fez algumas pesquisas de preço na cidade e compraram um freezer
- Impossível, meu senhor. Só fazemos entrega dentro da cidade. Em sítios e fazendas fica por conta do cliente.
Não teve alternativa senão levar o freezer em sua camioneta.
Foi um trabalho danado para colocar este freezer na camioneta. Estando tudo em seu devido lugar, faltou uma coisa: uma corda para amarrar o freezer. Não havia nenhuma corda. O freezer não poderia ir solto em cima da camioneta. Foi aí que a mulher de mequetrefe teve uma brilhante idéia: ela iria em cima segurando o freezer.
Tudo certo, tudo pronto, se mandaram para o sítio. Mequetrefe dirigindo e a mulher e o freezer lá
Saindo da cidade, Mequetrefe pegou o estradão. O lugar ficava longe, mas a estrada era uma reta só e muito boa. Ele desceu a lenha no acelerador. Voava. Fazia cada curva numa rapidez incrível. A estrada estava uma maravilha para correr. Ele só ia de 100 para lá. Em pouco tempo ele chegou em sua fazenda.
Ele chegou lá, calmamente, desceu e gritou bem alto.
- Pronto, mulher. Chegamos. Pode descer. Vamos ver como vamos tirar este freezer daí.
Não ouviu nenhuma resposta.
- Mulher, oi mulher. Onde está você?
Foi devagarinho olhar na carroceria da camioneta. A mulher não estava, muito menos o freezer.
- Ué, onde ficou esta mulher? Que estranho. Será que ela ficou lá? Não. Não é possível. Tenho certeza absoluta de que colocamos a mulher e o freezer na carroceria do carro.
Procurou novamente. Parecia não acreditar no ocorrido.
- Onde se meteu esta mulher? O jeito é eu voltar para trás.
Foi o que ele fez. Veio bem devagar olhado de um lado e outro. Não demorou muito e viu numa curva os cacos do freezer. Parou e foi olhar. Lá estava o dito cujo. E a mulher? Mais a frente estava a mulher. Estava deitada. “Será que morreu” - pensava ele. O culpado de sua morte era ele. Pois não é que ele esqueceu que a mulher estava segurando o freezer lá em cima? Esqueceu isto de uma vez. Foi chegando devagarinho, como se tivesse muito medo ou muito envergonhado. Apalpou a mulher de um lado e outro. Ainda respirava. Isto lhe deu um alívio. Pelo menos não estava morta. De repente ele leva um pé de ouvido enorme que quase cai morto.
- Seu cachorro, sem vergonha. Você queria me matar? Queria acabar comigo? Precisava fazer isto comigo.
- NNNão mulher. O que é isto? Eu... eu... apenas me esqueci que você estava lá em cima, mas,mas...
- Mas, mas... o que seu cachorro miserável. Queria era me matar mesmo. Passar a cem quilômetros por hora nas curvas comigo em cima segurando um freezer e sem nenhuma corda.
- Vamos embora, meu bem, vamos embora, você está machucada?
- Estou morta. Não vê que estou morta. Me leve logo para casa. Me deixe e vá comprar outro freezer novo. Não me entre nunca mais em casa enquanto o freezer não estiver lá instalado.
Com muito custo pôs Pafúncia no carro e conduziu-a até o sítio. Não tinha se machucado muito. Lá chegando ele voltou. Está agora na cidade comprando um freezer novo para poder entrar em sua própria casa.
Autor: Henrique Araújo
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