Crise Americana
Alguns acreditam que, finalmente, voltaríamos a ter taxas cambiais remuneradoras das exportações e que propiciam bons preços aos produtos agrícolas.
Aspectos objetivos impedem elevações dessa taxa no médio prazo.
1. O SOLUÇO.
Indicadores de inflação em elevação nos EUA exigem elevações das taxas de juros para contê-la. Essa elevação já vinha acontecendo e havia a expectativa de que teria chegado ao final, mas a percepção de que vão continuar os aumentos fez com que fundos especulativos diminuíssem suas posições nos países emergentes. Essa mudança repentina fez a cotação subir. Na minha avaliação, o juro americano e o montante de recursos especulativos no Brasil podem levar a uma mudança de patamar de apenas R$ 0,15 a 0,20 na cotação cambial (de R$ 2,10 para R$ 2,30). Na elevação, os exportadores seguraram a moeda, levando a uma alta espasmódica, que chegou a R$ 2,40.
2. O RISCO.
Caso os juros americanos subam excessivamente (para 7% a 8% ao ano), teremos uma recessão nos EUA e, por conseqüência, no mundo todo. As commodities, que hoje estão com preços internacionais bem acima da média histórica, sofreriam quedas substanciais de preços, inclusive a soja. Então, eventuais elevações nas taxas de câmbio seriam neutralizadas por quedas de preços em dólar.
3. O PROBLEMA.
Os EUA estão com déficit no Balanço de Contas Correntes que se aproxima de 7% do PIB. Percentuais em torno de 5% “quebram” países. Assim, o ajuste virá pela desvalorização do dólar ou pela recessão americana, ou os dois. Dólar em queda, em relação às outras moedas, é consenso no mundo para os próximos meses e anos. Isso implica que o governo brasileiro não terá muito que fazer. Nos últimos três anos o governo brasileiro interviu na taxa de câmbio, comprando montanhas de dólares (US$ 30 bilhões). Não fosse isso a cotação estaria bem abaixo de R$ 2,00, com todas as conseqüências em termos de preços agrícolas, que já conhecemos.
4. O BRASIL EM BOAS CONDIÇÕES.
Uma eventual crise mundial encontra o Brasil nas melhores condições dos últimos 200 anos. Estamos bem, pois assumimos a direção correta em 1999, com foco na redução das vulnerabilidades externas. A dívida externa está resolvida. A dívida interna está sendo reduzida em termos de percentuais do PIB, que é o principal item de observação pelos investidores. Enfim, desta vez fizemos a “lição de casa”.
Autor: Edison Luiz Leismann
Artigos Relacionados
A Bola Rola E A Bolsa Tomba
Inflação Na China: Fim Da Guerra Cambial?
Câmbio Trará 2º Ano Ruim Ao Açúcar
Mesmo Na Crise, Intercâmbio Cultural é Um ótimo Investimento
2011: Uma Nova Crise?
Melhorar A Vida Das Pessoas Requer Participação Mais Efetiva Do Estado Na Economia
Valorização Do Real Beneficia Estrangeiros Que Compram Ipos