MITO E RELIGIÃO



De um lado, e ciência, de outro, são apenas diferentes formas do homem explicar o mundo em que vive, e de obter algum tipo de controle sobre as forças da natureza de que depende para sobreviver. Mas, enquanto o mito e a religião são formas pré-racionais de entendimento do universo, a ciência considera todos os fenômenos naturais e passíveis de abordagem racional.
Na verdade, tanto a abordagem racional como a não-racional, isoladamente, descrevem de forma incompleta a Natureza. Mesmo um cientista, por exemplo, ao contemplar uma paisagem, é capaz de descrever racionalmente as leis da Física envolvidas no fenômeno (como a refração e a difração da luz, entre outras), mas percebe a beleza da cena e suas cores de forma não-racional. A religião grega, bem conhecida a partir da época Arcaica. era publicamente centrada no culto aos deuses do Olimpo e aos heróis. Privadamente, cultuava-se também os mortos e participava-se dos assim chamados cultos de mistério Pensava-se que os deuses interferiam diretamente nos assuntos humanos, e era necessário aplacá-los através d sacrifícios; a Asclépio, deus da Medicina, era costume sacrificar um galo, por exemplo. Os sacerdotes que auxiliavam os fiéis em suas preces e sacrifícios não constituíam o que hoje chamaríamos de 'clero': considerados servos do deus, administravam seus templos e santuários, e na comunidade eram tratados como simples cidadãos. Festivais religiosos eram celebrados regularmente, para que toda a comunidade pudesse honrar o deus da cidade. As famosas Olimpíadas, por exemplo, eram festivais da cidade de Olímpia em honra a Zeus e aconteciam a cada quatro anos. Além das cerimônias religiosas de praxe, havia também concursos de poesia, competições atléticas e corridas de carros. Os doze deuses olímpicos .representavam básicamente o 'componente celeste' da religião grega, associado ao dia luminoso e claro; provavelmente, seu culto foi levado à Grécia pelas populações indo-européias que chegaram depois de -2000. O culto aos mortos e os cultos de mistério eram parte do 'componente ctônico', de origem Neolítica (anterior a -3000, portanto) e ligado à fertilidade da terra.
Os mitos gregos, assim como a antiga religião grega, são parte importante do patrimônio cultural da humanidade, notadamente da Civilização Ocidental. Durante incontáveis séculos, constituíram a única explicação do mundo e de seus fenômenos, tanto na Grécia Antiga como em outras culturas igualmente antigas; somente nos últimos 500 anos a Ciência foi capaz de explicar racionalmente parte da estrutura e funcionamento da Natureza.

Homero descreve em seu poema épico "Odisséia" o perigo que Ulisses enfrentou ao navegar no Mar Egeu, no seu regresso a Ítaca, sua pátria, depois da batalha de Tróia. Ninguém podia escapar com vida após ouvir o mavioso canto das sereias. Elas exerciam um poder irresistível sobre seus ouvintes, que, inebriados, se atiravam nas águas e nunca mais voltavam. Ulisses, herói da mitologia grega e símbolo da capacidade humana de superar adversidades, resolveu conhecer esse canto, sem contudo colocar em risco sua vida. Era homem conhecido por sua valentia, prudência e esperteza. O ardil do cavalo de madeira garantiu-lhe a vitória em Tróia. Estava disposto ao confronto. Então ordenou aos seus marujos que o amarrassem ao mastro do seu navio para que pudesse ouvir o canto mortal. Os marujos taparam os ouvidos com cera. Assim, o marido de Penélope e seus companheiros atravessaram sem perigo aquele pedaço de mar, ouvindo o maldito canto.O canto do engano começou no jardim do Éden, quando a serpente disse a Eva que nenhum mal aconteceria se ela comesse do fruto proibido. Ao contrário, ela seria igual a Deus, e conheceria o bem e o mal. O canto da maldade instalou-se no coração do primeiro casal. Confiando nas palavras do Diabo, provou do fruto proibido, desobedecendo a Deus. Em conseqüência, "por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram" (Romanos 5.12).
Os fiéis seguidores de Cristo não precisamos imitar o navegador mitológico. Não precisamos ficar amarrados, tensos e indefesos. Contra as astutas ciladas do Diabo, contra suas setas inflamadas dispomos da justiça, do evangelho, da oração, da obediência ao Senhor, da fé, do domínio sobre o pecado, de toda a armadura de Deus.
Ecoa no mundo inteiro um canto de sereia que se chama Movimento Nova Era, que está tragando muitas almas, levando-as às trevas. Muitos ainda, no porvir, apostatarão da fé, por darem ouvidos a esse canto aparentemente inofensivo e bom, que indica caminhos muito fáceis, largos, onde não há pecado, não há Juízo Final, não há mandamentos divinos. Onde todos são deuses.O canto da Nova Era é enganador porque diz que o homem é Deus. Basta praticar exercícios de meditação para melhor assimilar o mundo ao seu redor e ter a consciência cósmica do seu "Eu Superior". Os fiéis seguidores de Cristo não se deixam enganar por tais falácias e artimanhas satânicas. Fomos selados com o Espírito de Deus, temos Sua Palavra em nossos corações e não seremos influenciados por acenos vindos das trevas. Nossos ouvidos estão atentos à Palavra de Deus, à Palavra da Verdade. Por ela somos orientados, guiados, exortados, disciplinados e convencidos de nossos erros. Por ela tomamos conhecimento da vontade de nosso Criador. É a Palavra que está na Bíblia Sagrada. Para nós só existe um canto, o canto do Senhor nosso Deus.
Não somos guiados ou influenciados por outras vozes: "Mas de modo nenhum as ovelhas seguirão o estranho; antes fugirão dele, porque não reconhece a voz do estranho" (João 10.5). Conhecemos a voz do nosso Pastor e as suas diretrizes.
O apóstolo Paulo nos adverte: "Estou zeloso de vós, com zelo de Deus. Tenho-vos preparado para vos apresentar como uma virgem pura ao marido, a saber, a Cristo. Mas temo que, assim como a serpente enganou a Eva, com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos entendimentos e se apartem da simplicidade que há em Cristo" (2 Coríntios 11.2-4). É uma advertência à igreja em nossos dias, para que estejamos atentose preparados para o combate sem trégua contra os laços do inimigo, que vem através desses ensinos malévolas. O povo de Deus não baixa a guarda diante de heresias que oferecem o céu aqui na terra e um mundo sem pecado e sem qualquer forma de castigo eterno. Em Deuteronômio 11.26 está escrito "Vede, hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição. As bênçãos, se ouvirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus, que hoje vos mando. A maldição, se não ouvirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus, e vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes". Esses "outros deuses" são hoje representados pelas diversas seitas que se apresentam como guardiãs da verdade absoluta. Em Efésio 4, verso 14, diz o apóstolo: "Não sejais meninos inconstantes, levados ao redor por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia induzem ao erro". E conclui em Gálatas, cap. 1, verso 8: "Mas, ainda que nós mesmos, ou um anjo do céu, vos anuncie outro evangelho, além do que já vos anunciamos, seja amaldiçoado".
Sobre tudo aquilo que lhe for ensinado pergunte onde está escrito na Bíblia, que é a nossa regra de fé e prática. Compare o ensino recebido com a Palavra de Deus. Confronte, analise, medite. Não coma pelas mãos dos outros. Compare com a Palavra o que diz o pastor, o papa, o espírita, seja lá quem for. Ainda que seja um anjo com uma espada de fogo que lhe apareça em visão ou sonho, examine se o que ele diz está conforme a Bíblia. Ainda que seja a profecia de um profeta, afirmando que vem em nome do Senhor, compare a palavra desse profeta com a profecia maior que é a Palavra de Deus.

OS MITOS E SEUS RELATOS

Os mitos depositaram-se nas diversas estratificações do texto homérico; mas o seu relato, a unidade extraída às lendas difusas, é ao mesmo tempo a descrição do trajecto de fuga que o sujeito empreende diante das potências míticas. A cólera do filho mítico de uma deusa contra o rei guerreiro e organizador racional, a inactividade indisciplinada desse herói, finalmente o facto de que o destino nacional- helénico e não mais tribal alcança o morto vitorioso através da lealdade mítica ao companheiro morto, tudo isso confirma o entrelaçamento da história e da pré-história. Isso vale tanto mais drasticamente para a Odisseia quanto mais esta se aproxima da forma do romance de aventuras. A oposição do ego sobrevivente às múltiplas peripécias do destino exprime a oposição do esclarecimento ao mito. A viagem errante de Tróia a Ítaca é o caminho percorrido através dos mitos por um eu fisicamente muito fraco em face das forças da natureza e que só vem a se formar na consciência de si. O mundo pré-histórico está secularizado no espaço que ele atravessa; os antigos demónios povoam a margem distante e as ilhas do Mediterrâneo civilizado, forçados a retroceder à forma do rochedo e da caverna, de onde outrora emergiram no pavor dos tempos primitivos. Mas as aventuras contemplam cada lugar com seu nome, e é a partir delas que se pode ter uma visão de conjunto e racional do espaço. O náufrago trémulo antecipa o trabalho da bússola. Sua impotência, para a qual nenhum lugar do mar permanece desconhecido, visa ao mesmo tempo a destituição das potências. Mas a simples inverdade dos mitos - a saber, que o mar e a terra na verdade não são povoados de demónios, efeitos do embuste mágico e da difusão da religião popular tradicional - torna-se aos olhos do emancipado um "erro" ou "desvio" comparado à univocidade do fim que visa em seu esforço de autoconservação: o retorno à pátria e aos bens sólidos. As aventuras de que Ulisses sai vitorioso são todas elas perigosas seduções que desviam o eu da trajectória de sua lógica. Ele cede sempre a cada nova sedução, experimenta-a como um aprendiz incorrigível e até mesmo, às vezes, impelido por uma tola curiosidade, assim como um actor experimenta insaciavelmente os seus papéis. "Mas onde há perigo, cresce também o que salva": o saber em que consiste sua identidade e que lhe possibilita sobreviver tira sua substância da experiência de tudo aquilo que é múltiplo, que desvia, que dissolve e o sobrevivente sábio é ao mesmo tempo aquele que se expõe mais audaciosamente à ameaça da morte, na qual se torna duro e forte para a vida. Eis aí o segredo do processo entre a epopeia e o mito: o eu não constitui o oposto rígido da aventura, mas só vem a se formar em sua rigidez através dessa oposição, unidade que é tão somente na multiplicidade de tudo aquilo que é negado por essa unidade. Como os heróis de todos romances posteriores, Ulisses por assim dizer se perde a fim de se ganhar. Para alienar-se da natureza ele se abandona à natureza, com a qual se mede em toda aventura, e, ironicamente, essa natureza inexorável que ele comanda triunfa quando ele volta - inexorável - para casa, como juiz e vingador do legado dos poderes de que escapou. Na fase homérica, a identidade do eu é a tal ponto função do não-idêntico, dos mitos dissociados, inarticulados, que ela tem que se buscar neles. Ainda é tão fraca a forma de organização interna da individualidade, o tempo, que a unidade das aventuras permanece exterior e sua sequência não passa da mudança espacial dos cenários, dos sítios das divindades locais, para onde o arrasta a tempestade. Todas as vezes que o eu voltou a experimentar historicamente semelhante enfraquecimento, ou que o modo de expor pressupôs semelhante fraqueza no leitor, a narrativa da vida resvalou novamente para a sucessão de aventuras. Na imagem da viagem, o tempo histórico se desprende laboriosa e revogavelmente do espaço, o esquema irrevogável de todo tempo mítico.
Autor: Valdivino Alves de Sousa


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