O QUE É A FENOMENOLOGIA?



Um bom começo no estudo da Fenomenologia é a definição da palavra fenômeno. Do grego phainomenon particípio presente de phainesthai parecer. Fenomenologia é, de fato, uma investigação que busca a essência inerente da aparência. Vale ressaltar que o termo aparência assume duas concepções simetricamente opostas. 1o. Ato de ocultar a realidade. 2o. manifestação ou revelação da mesma realidade. Pelo 2o. significado, a aparência é o que manifesta ou revela a própria realidade, de modo que esta encontra na realidade a sua verdade, a sua revelação. Aparência é qualquer coisa de que se tem consciência. Qualquer coisa que apareça à consciência é uma área legítima da investigação filosófica.Além do mais, aparência é uma manifestação da essência daquilo de que é a aparência.

“...aprende-se o que é fenomenologia passo a passo, através da leitura, discussão, e reflexão... O que é necessário é mais simples: aprender o que se deve através de atitudes naturais, tentar descrever as apresentações sem pré-julgar os resultados tomando por garantia a história, a causalidade, intersubjetividade , e valor que ordinariamente associamos com nossa experiência, e examinar com absoluto cuidado a estrutura do mundo da vida diária para que possamos entender sua origem e sua direção... Há um senso legítimo no qual é necessário dizer que se deve ser um fenomenologista para poder compreender a fenomenologia.” (NATASON, 1998)

Das linhas da psicologia, a Fenomenologia Existencial é, provavelmente, a mais filosófica. Diferentemente da Psicanálise, que partiu de uma discussão médica e chegou ao conceito de inconsciente, ela nasceu do debate sobre a relação do homem com o mundo.

A Fenomenologia nasceu, grosso modo, como um questionamento no modo científico de pensar: uma crítica à metafísica (postura epistemológica que fundamenta a técnica moderna de conhecimento).

Ao fazer este questionamento, ela nos faz reformular o entendimento a respeito das coisas mais básicas, tais como nossa compreensão de homem e de mundo. Essa discussão chega ao ponto máximo com a obra Ser e Tempo do filósofo alemão Martin Heidegger.

Nesta obra é colocado em questão um conceito fundamental em ciência: o sentido do ser (conceito no qual todas as teorias se baseiam).

Ao discutir a questão do sentido do ser, Heidegger demonstra que a Fenomenologia compreende a verdade com um caráter de provisoriedade, mutabilidade e relatividade, radicalmente diferente do entendimento da metafísica que pressupõe a verdade una, estável e absoluta. Essa é uma das razões por que dizemos que a Fenomenologia é uma postura ou atitude (um modo de compreender o mundo) e não uma teoria (modo de explicar).
A Fenomenologia orienta o seu olhar para o fenômeno, ou seja, na relação sujeito-objeto (ser-no-mundo). Isso, em última análise, representa o rompimento do clássico conceito sujeito/objeto.

Assim, Heidegger começa a nos apresentar um novo modo de conhecer as coisas do mundo, diferente do modo metafísico. Na verdade, estamos "treinados" a conhecer o mundo de uma única forma (modo metafísico), por esta razão, compreender o mundo fenomenologicamente torna-se uma tarefa complexa.

Por seu próprio modo de ser, não existe um caminho sistemático de aprendizagem da postura fenomenológica, a não ser pela exaustiva leitura das obras de seus diversos autores.



BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

CRITELLI, D. M. Analítica do sentido: uma aproximação e interpretação do real de orientação fenomenológica. São Paulo: EDUC Brasiliense, 1996.

NATANSON, Maurice. Phenomenology and the Social Science. Volume 1.São Paulo: Natanson, p. 8: Phenomenology and the Social Sciences.
Autor: Emanuelle Coelho


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