A arte de humorizar a vida



Em tempos de Copa do Mundo, a alegria eufórica invade nossos corações brasileiros. A euforia de cada gol marcado, de cada vitória alcançada, nos permite visualizar e entender o humor. Seria o humor aquele momento de alegria passageira? Não somente, mas aquele momento apresenta o modo mais visível e palpável do humor, assim como aquele propiciado por humoristas, que tentam colher risos com piadas feitas sobre a vida cotidiana.
Contudo, em meio aos festejos desta copa presenciamos a morte de um dos mais queridos humoristas do Brasil, o Casseta Bussunda. Esta morte foi um choque em meio às alegrias do mundial. A morte vem chamar a atenção para a finitude humana, estamos à mercê de nossas próprias vidas, a qualquer instante tudo pode escorrer por nossas mãos.
Mas o que o humor tem a ver com tudo isso? O humor é o sentimento capaz de nos auxiliar na manutenção de nosso equilíbrio diário. Muito falamos sobre o bom humor e o mau humor, mas pouco falamos sobre o que é o humor. O humor é uma propriedade humana, mas não temos domínio sobre isso, como se estivéssemos aquém dela, mas é ela que nos sustenta, acolhendo-nos como somos.
Assim, abrir-se a ação do humor permite ao humano ser sempre mais humanizado, como aquele que se aceita como tal. Os índices que chamamos de bom ou mau humor têm a ver com o sentido que damos para nossa existência. Ou seja, somos bem ou mal humorados na medida em que estamos na sintonia do humor. Nossa realização e felicidade estão intimamente ligadas aos valores que conferimos a tudo que nos cerca, é o humor que nos ajuda a conferir este sentido.
A Depressão, considerada o mal do século, está intimamente ligada a humorização da vida. Na medida em que perdemos o sentido daquilo que fazemos, perdemos também a razão de nossa existência, entramos então num marasmo sem volta, pois deixamos a cadência do humor, vemos cair a sustentação da vida. Quando sustentados pelo humor, no equilíbrio da humorização, conseguimos dar sentido a tudo que somos ou temos, cada coisa é valorosa por si. A vida se apresenta num valor incomensurável e a aceitamos tal como ela se apresenta. É importante perceber que não se trata de uma conformação, mas sim de uma integração. Se integrados com a existência, o encontro com a morte nos vem como próximo passo, como complemento da vida e encerramento de todo o ciclo.
Existir dentro da cadência do humor permite o contato com a vida e a morte, permite encarar cada instante como único e pleno de seu valor. Deste modo, a morte em meio a festa não apresenta o fim de tudo, mas a possibilidade de um novo ciclo. Humorizar a vida consiste em descobrir ou dar valor a cada coisa que fazemos. Ter claro a razão da existência é o primeiro passo para a humorização.
Autor: Dennys Robson Girardi


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