Tempos de crise



Tempos de crise
Um relacionamento por diversos motivos atravessa por crises de várias proporções, então como avaliar que tipo de crise e qual o melhor jeito de superar? Felizmente não existem respostas e, eu digo felizmente porque não podemos trivializar as relações humanas, não dá para formular soluções-padrão.
Crise efetivamente representa um momento de parada, de reflexão, balanço, para a partir daí provir a decisão. Comparo-a a uma febre, a febre é um sinal de que algo no corpo precisa de cuidados, sem ela pode estar alguma coisa muito ruim se desenvolvendo, mas você só irá saber quando o pior acontecer e, no entanto na modernidade crise é sinônimo de desespero, de aversão. Faz-se o máximo de esforço para evitá-la. Ou se abandona o barco no meio da viagem, ou não se embarca ou por fim torna-se a viagem algo extremamente terrorífico. As crises nos relacionamentos podem manifestar atitudes assim, em um dos parceiros ou nos dois. Muitos preferem fingir que nada está acontecendo, não encaram os fatos, não procuram compreender o momento e acham que o tempo se encarrega de dissipar esse mal, afinal “tudo passa”! Outros acreditam que a crise ocorre para revelar a fragilidade da união, “já deu o que tinha que dar”, que se a relação chegou nesse ponto o melhor mesmo é cada um procurar viver outro romance ideal a seu modo, no seu delirante mundo do faz-de-conta.
E quem são aqueles que fazem da viagem um dilema infindável? A maioria. Grande parte dos casais preferem tornar a crise no relacionamento um pesadelo, algo desastroso, associado ao fracasso, e a partir daí iniciam uma batalha sem trégua. Vivem num jogo de culpas, acusações, contratos inconscientes que acarretam o desprazer. Surge a questão: para que alguém decide unir-se a outro? Não é senão para ter prazer? Mesmo sabendo que todos os relacionamentos têm seus momentos de turbulências, ninguém vai à procura do outro em busca disso, ou vai? Então por que é tão complicado falar de amor, por que logo associamos relacionamento a uma infinidades de aspectos negativos? por que fugimos de tantas coisas que são pertinentes ao estar com o outro, no entanto sem esquecer de estar consigo, de estar consigo e também estar com o outro, enfim de estar junto, mas não tão junto que o outro possa me engolir que desenvolva um vínculo doentio, que cerceie os desejos ou engula a subjetividade um do outro, porém nem tão longe que exima o toque, o diálogo sincero, o olhar desejante...
Dizer que tudo passa não é uma inverdade, mas dizer que tudo passa e fica bem, pode ser, se não se resolve um problema ele pode mudar de proporção, isso significa crescer ou não, então por que fingir? se é difícil encarar realidade, acredito que viver se escondendo à sombra de conflitos pode ser muito mais arriscado.
O amor não é simplório, mas seus caminhos revelam simplicidades, portanto não se desfaz unicamente por algumas pedras nesses caminhos. Dizer que “já deu o que tinha que dar”, pode ser uma atitude sensata para determinado momento, mas o amor não tem essa funcionalidade, ele pode transformar-se, e dar muito mais, ou pode não dar mais como amor afetivo-sexual. Acontece que em momentos de crise, pode haver o término ou não de uma relação, o que vai determinar se hora de terminar ou não, só o casal pode saber, mas a questão é: como saber? A dinâmica do casal é que dita as formas de resolver as coisas, então repensar a relação e as formas de lidar com os seus percalços podem ser compreendidas com o advento de uma crise, não faça da crise uma atribulação que oblitere a busca por uma decisão. Decidir nem sempre é algo imediatista, nem simplista, mas inevitavelmente é muitas vezes, improrrogável, afinal a febre não dura para sempre é necessário tomar uma atitude!
Autor: Marjorie Vieira


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