Educação brasileira em um mundo globalizado
Fazendo uma análise da educação brasileira, podemos dizer que realmente escolhemos seguir o caminho de diplomar a qualquer preço, ou seja, não importa se nossas crianças, jovens ou adultos estão aprendendo a ler, escrever, interpretar textos e resolver as operações matemáticas mais básicas, e sim, aumentar a quantidade de formandos que concluem o ensino fundamental e ensino médio. O resultado de tudo isso é o grande número de analfabetos funcionais, ou seja, pessoas que sabem escrever o próprio nome, porém não possuem a capacidade de ler, escrever e interpretar um texto, não fazendo a leitura do mundo, ou seja, não usando a escrita e a leitura no seu cotidiano. Apenas ser alfabetizado, ou seja, decodificar as letras é insuficiente para responder às demandas atuais de conhecimento. Estamos falando de níveis básicos de educação que ainda não conseguimos atingir e a partir disto, podemos afirmar que a educação brasileira deveria estar preocupada com as exigências do futuro, garantindo que as crianças de hoje estivessem preparadas e atualizadas quanto às novas tecnologias, como o uso da informática, e para a comunicação globalizada, através da internet, por exemplo, desenvolvendo inclusive habilidades em outros idiomas, que será imprescindível para a abertura de novos negócios no mundo globalizado.
O Brasil deveria se preocupar com a qualidade da educação do seu povo, já que ela é o único caminho para o desenvolvimento de vantagens competitivas em um mundo globalizado. Um exemplo de mudança da educação para o futuro é a do Chile. O país fixou as metas de aprendizagem, deixando explícitas as maneiras de atingi-las e introduzindo conteúdos voltados para o desenvolvimento de competências2. Na educação do Chile, por exemplo, anteciparam a aula de Inglês da 7ª para a 5ª série e os trabalhos manuais foram substituídos por educação tecnológica. É com essa visão, que hoje o Chile possui uma taxa de analfabetismo de 3,5%, sendo a do Brasil de 11%, uma expectativa de vida de 78 anos, quando no Brasil é de 71 anos, e um PIB3 per capita U$ 4.910 e no Brasil é de U$ 3.090. São índices econômicos e sociais que refletem o resultado de uma nação que não colocou de lado o investimento no capital humano (educação).
Essa mudança brusca na forma de educar é o resultado da globalização, impulsionada pelo avanço tecnológico que tem feito com que as distâncias físicas tornem-se imperceptíveis, graças à massificação da internet, expansão e modernização dos meios de transportes, que agilizam as entregas de mercadorias.
Se o Brasil não tomar o caminho de uma educação mais inteligente baseada nas demandas dos negócios e exigências do futuro, o país sofrerá para conquistar espaço no mercado internacional e o crescimento do PIB, ainda que “Deus seja brasileiro”.
Leandro Almeida Silva, 29 anos, formado em Administração de Empresas pela PUC de Campinas, pós-graduando em Gestão de Pessoas pela Universidade de Sorocaba.
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1 LUFT, Celso Pedro. Minidicionário Luft. 20 ed. São Paulo: Ática, 2001. (distribuído pelo governo do Estado de São Paulo através do Programa Nacional do Livro Didático)
2 Competências são as combinações de conhecimento observáveis e aplicados, habilidades, comportamentos e atitudes que criam vantagem competitiva.
3 PIB – produto interno bruto – somas de todas as riquezas produzidas por um país.
Autor: Leandro Almeida Silva
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