Inexperiência Elaborativa



Poderíamos dizer que a nossa inexperiência elaborativa e conseqüentemente criativa e reflexiva no que tange a relação mundo acadêmico e realidade provém simplesmente da estrutura curricular limitada a que as Instituições de Ensino Superior e até mesmo as Universidades possuem e determinam como ferramenta satisfatória no alcance de seus objetivos ou da desmotivação precoce desde quase sempre a que fomos submetidos, como que se a faculdade de pensar, projetar, articular idéias e fazer abstrações fosse algo além do que de fato já é nosso.
Constatamos com preocupação a falácia que tem sido a concessão de título mediante elaboração de Trabalho para Conclusão de Curso (TCC), que pelo nível ou pelos métodos adotados para sua elaboração, mais contaria contra que a favor na obtenção da graduação. Uma parte significativa de alunos passa quase todo o curso com uma mentalidade ginasial de ‘acertar as respostas’, de ‘obter pontuação necessária’. É necessária uma mudança conceitual e comportamental do educando, conferindo utilidade aos conhecimentos adquiridos, valorizando-o como parâmetro dele próprio no processo de aprendizagem e avaliação. Como salienta Pózo (2001) todo real e bom aprendizado implica mudança duradoura transferível para novos contextos como conseqüência direta da prática realizada.
Outro fator determinante nesse cenário é o direcionamento que as Matrizes Curriculares de grande parte de Instituições de Ensino Superior e Universidades têm em relação à elaboração de projetos bem como sua utilização como ferramenta avaliativa (sem levar em conta a evolução pessoal de cada aluno) frente à dinâmica do processo de ensino-aprendizagem. Daí o questionamento, por quê não a elaboração continuada de projetos? Por quê não fomentar, de fato, a pesquisa? Por que não pensar? Até quando vamos nos ater às respostas? Por que não perguntar?
Não poderíamos deixar de mencionar a nossa tremenda carga histórica de repressão intelectual, nossas escolas autoritárias que mutilavam a criatividade em nome da boa aprendizagem e da ordem.
É um processo extenuante o despertar das competências humanas, mas necessário para ressignificação de mundo, sem isso, as leituras serão superficiais, deficientes, palavrescas, ocas, como bem enfatiza Paulo Freire (2006), pois a leitura de mundo antecede a da palavra, por isso é preciso aproximar o ser do objeto, inserir o conhecimento ao contexto social a que pertence o indivíduo, a fim de torná-lo íntimo, despertador e ao mesmo tempo comum.
Enfim é preciso mudar, não pela obviedade que é a mudança em todo o processo, mas pela necessidade premente que é a adequação de ferramentas como a matriz curricular e métodos avaliativos no processo educacional, que proporcionem aos envolvidos no processo, evolução cognitiva e principalmente mudança comportamental, pois só é compreensível esperar um resultado diferente mediante alteração nas partes ou etapas constituintes do processo, como diria Einstein “não há maior sinal de loucura do que fazer a mesma coisa repetidamente e esperar a cada vez um resultado diferente”.


Ana Fábia Santos da Silva é Administradora e Pós-Graduanda em Docência para o Ensino Superior pelo CESMAC/AL.
Autor: Ana Fábia Santos da Silva


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