O Mundo e o Meio Ambiente



Minha formação acadêmica é Ciências Econômicas, entretanto, não me reservo a dizer que muitas das análises e comparações feitas por economistas deixam muito a desejar. Como qualquer outro profissional, o economista também é humano. Dessa forma, está sujeito a cometer erros. Quando analisamos dados de crescimento econômico, às vezes, observamos os mesmos descolados de informações que são fundamentais para os “novos tempos”, como por exemplo, dados ambientais e de sustentabilidade.

A Organização Não-governamental Worldwatch Institute, que tem sua sede na cidade de Washington (Estados Unidos da América), publicou mais uma edição do relatório “O Estado do Mundo”, que traz as informações sobre o desenvolvimento da humanidade e os impactos ao meio ambiente. A versão deste ano intitulada “O Estado do Mundo 2006” dedicou-se a apresentar informações sobre os modelos de desenvolvimento da China e da Índia. Esses dois países são os mais populosos do mundo, com seus 2,5 bilhões de pessoas e sempre estão em evidência pelos consideráveis níveis de crescimento de seus PIBs.

Entretanto, o relatório afirma que a China e a Índia seguem um modelo de desenvolvimento que tem por base o uso demasiado de energia e matérias-primas. É um modelo que, baseado no modelo ocidental de desenvolvimento, na China e na Índia há um grande desperdício e uma elevada geração de resíduos (lixo). Nesses países, o meio ambiente tem ficado de lado, e o que todos evidenciam são os dados de crescimento do PIB e dos níveis de emprego.
Esse relatório, um documento bastante respeitado no meio cientifico, faz afirmações preocupantes, pois se persistirem esses níveis de crescimento econômico, seguindo esse modelo econômico, a China e a Índia precisarão de dois Planetas Terras inteiros somente para manter suas economias “vorazes”. Possuem um número considerável de emergentes, ou seja, aquele cidadão que conseguiu um emprego com um bom salário, diante disso, ingressa no mundo do consumo excessivo.

O marketing do consumo é feito pelo mundo todo, mostrando que o estilo de vida dos norte-americamos é algo prazeroso, porém não mostra o lado danoso desse consumo. Esse modo de vida “vamos às compras baby”, pode colocar o mundo em uma situação de colapso extremo. A China sozinha já consome 26% de todo o aço do mundo; 32% de todo o arroz e 47% do todo o cimento. O custo ambiental desse crescimento tem sido muito alto. Devemos lembrar que a China e a Índia estão fora do Tratado de Kioto e isso os deixa livres para continuarem essa saga de crescimento econômico e de destruição ambiental.

Se analisarmos os dados referentes ao consumo irracional dos norte americanos também ficaremos preocupados. Só para ilustrar as emissões de CO2 per capta dos americanos são as mais altas (aproximadamente 25% de todo gás que é emitido no planeta) e isso é fruto do modo de consumo exagerado.
Temos que crescer e desenvolver, mas de forma sustentável, pois, do contrário a humanidade pagará um preço muito alto pelo descuido que sempre teve com o meio ambiente.

Marçal Rogério Rizzo: Economista, professor universitário, especialista em Economia do Trabalho pela Unicamp, especialista em Gerenciamento de Micro e Pequenas Empresas pela Universidade Federal de Lavras, mestre em Desenvolvimento Econômico pelo Instituto de Economia da Unicamp e doutorando em Dinâmica e Meio Ambiente pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP de Presidente Prudente (SP).

Artigo publicado no jornal Folha da Região de Araçatuba (SP)na ediçao do dia 05 de agosto de 2006 na página B-02.
Autor: Marçal Rogério Rizzo


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