Egito: Trabalho Compulsório no Egito



Ao realizarmos uma análise do funcionamento das práticas sociais que estavam presentes no Egito antigo, nos deparamos com uma forma de relação, cuja a qual, podemos caracterizar de trabalho compulsório.
Dentro deste contexto pretendo exemplificar como é constituída a base para este modelo de exploração e quais suas aplicações e desdobramentos, em todo o período faraônico do Egito, que vai da unificação a conquista macedônica (aprox. 3000 – 332 a.c).
Existe sempre uma grande tendência nas avaliações históricas, em classificar a divisão do trabalho de toda sociedade de classes, em três categorias possíveis de trabalhadores: livres, servos e escravos. Entretanto devemos nos remeter ao passado e observar que nem sempre a distinção entre escravos e homens livres foi tão clara.
As estruturas econômico-sociais egipcias apareciam muito marcadas por um estado burocrático, Onde a economia, sobretudo de base natural, tinha como característica concentrar a maior parte do excedente nas mãos do governo faraônico e nos templos.
A partir desta observação é que teremos a fundamentação das bases que dizem respeito ao trabalho compulsório no egito, pois para manter esta estrutura era necessário exercer um grande controle sobre o trabalho e seus excedentes, por meio de uma atividade chamada de corvéia, característica desta forma de exploração.
O terceiro milenium do egito teria sido caracterizado pela predominância do que poderíamos chamar de “liberdade dos camponeses”, sujeitos a trabalhar só por contrato, enquanto a quantidade de escravos era mínima, constituída apenas de escravos de guerra.
Posteriormente esta quantidade de escravos teve um aumento considerável, não tendo mais apenas como característica, a escravidão por guerra, elevando o número de variáveis. Porém podemos constatar que este número de escravos ainda era insuficiente para a realização das colheitas, realizações de obras públicas e todas as outras atividades que necessitasse de uma grande quantidade de mão-de-obra.
Para suprir justamente esta falta de mão-de-obra escrava, foi que o governo adotou como uma constante, o recrutamento dos “homens livres“ para trabalhar diretamente para o estado, instituindo a corvéia.
Podemos constatar em um documento chamado de “papiro do reino médio” que as condições de trabalho instituídas na corvéia não eram menos duras que as condição utilizadas no trabalho escravo. Neste texto informa que pessoas, em principio livres e que exerciam profissões variadas, quando chamadas a corvéia real, eram encerradas a noite na prisão local durante o período do trabalho compulsório, cuja a natureza era variável: construção de diques e canais de irrigação, tarefas agrícolas, construções, entre outras. Também existiam punições severas para fugas, onde se tentassem escapar da corvéia, e se passassem seis meses sem o seu retorno, o mesmo se tornaria um escravo hereditário e para tenta-lo forçar sua volta os seus familiares também podiam ser aprisionados.
Compreendemos então assim, trabalho compulsório é aquele cujo o trabalhador foi recrutado sem seu consentimento voluntário do qual não poderá se retirar, se assim o desejar, sem ficar sujeito a uma possibilidade de punição. Uma definição como esse nos leva a considerar o trabalho compulsório como uma forma de escravidão, seja ela de qualquer tipo.
Diante desta forma de governo centralizado e despótico foi que os trabalhadores, ditos livres , sustentaram toda base econômica da sociedade egipcia, sendo explorado de forma constante e sistemática.
Autor: Volnei Neto


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