Rouba, mas faz



Cada vez mais, temos acompanhado uma tendência, motivada pela descrença no sistema político e em suas figuras representativas, de condescendência para com falhas de caráter em nossos políticos.

Em uma sociedade onde impera a "Lei de Gérson", é comum que se faça "vista grossa" a atitudes como desrespeitar a faixa de segurança, apossar-se do troco excedente ou contratar um funcionário sem assinar-lhe a Carteira de Trabalho.

No ambiente político, isso não é diferente e as pessoas já se acostumaram a denúncias de irregularidades em administrações públicas, ao descaso com o dinheiro do contribuinte e à indiferença dos políticos sabidamente imorais para com os que esbravejam contra suas falcatruas.

Adotar uma postura passiva diante desses fatos implica na aceitação dessas práticas como legítimas e incentiva sua continuidade, sendo tão imoral quanto elas o voto em candidatos simpáticos, bonitos ou que “roubam, mas fazem”.

Todavia, um desvio moral que atinge um número majoritário de habitantes de um país apenas pode ser modificado em sua raiz e os agentes de tal iniciativa somente podem ser – em âmbito micro – os próprios cidadãos e – em um âmbito macro – os políticos por eles eleitos.

Por conseguinte, o apoio do cidadão ao político antiético significa renúncia à correção social e o próprio impedimento a uma reforma de costumes no longo prazo.

Assim, valendo-se do direito democrático da escolha, o eleitor pode optar pela mudança ou pela continuidade, mas, pelos mesmos preceitos democráticos, terá que arcar com as conseqüências e assumir a responsabilidade de sua escolha.
Autor: Felipe Simões Pires


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