Doutor Aristão
Êle era também prático de farmácia: manipulava receitas e inventava produtos, tendo ficado famosos o seu xarope Broncholino e o seu popular sabão Aristolino.
Uma das curiosidades da sua personalidade, sempre preocupada com os mais humildes, era o modo como eram cobradas as suas consultas. Êle clinicava todos os dias, pela manhã e à tarde, na antiga Pharmacia Neves, na R. Pinheiro Freire, 71 , mas ninguém nunca ficou sabendo o preço das suas consultas, porque o seu esquema de atendimento era o seguinte:
- Quem chegava para ser consultado recebia um cartão numerado e ficava aguardando. Chegada a sua vez, entrava no consultório e entregava o cartão ao Dr. Aristão e consta que o pagamento era feito diretamente a êle e, assim, ninguém nunca ficou sabendo quem pagava, ou não ... e pobres e ricos sempre tiveram o mesmo atendimento.
Em 20/02/1935 a atual Rua Príncipe Regente recebeu oficialmente o nome de Rua Doutor Aristão, numa justíssima homenagem a esse ilustre médico de Paquetá que, durante muitos anos, residiu numa das casas dessa rua.
No Nº 8 do PAQUETÁ JORNAL – ano 1 – de 31 de Março de 1928 – encontramos a seguinte nota:
- "Dr. Aristão – O Paquetá Jornal sente-se feliz por vir com um dia de antecedência apresentar suas felicitações a esse grande amigo e distinto clínico da ilha.Passando amanhã o aniversário natalício do humanitário facultativo, não podíamos nos furtar ao dever de sermos os primeiros a apresentar-lhe os nossos votos de felicidades de que ele é tão digno e merecedor.Registramos pois com o máximo prazer essa efeméride que encherá de alegria a todos aqueles que gosam de sua estima".
No número seguinte desse mesmo jornal, em 7 de Abril de 1928, encontramos uma outra nota:
- "Muito obrigado – No nosso número passado demos notícia do aniversário do nosso amigo Dr. Aristão Gonçalves Neves, médico que todos conhecem e muito estimam. Ora, esta notícia não passava de mero 1º de abril, no entretanto rendeu ao nosso amigo um belo presente que um seu grande amigo mandou-lhe: Ao Sr. Ernesto Marques pedimos desculpas pelo engano de que foi vítima; e do nosso facultativo lastimamos não nos convidar para ajuda-lo a comer tão lindo presente".
Coisas de Paquetá ! ...
Autor: Marcelo Cardoso
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