O Lixo Urbano e o Grande Papel do Marketing



Centro Universitário de Belo Horizonte
Pró-reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão.
Curso de Especialização “Lato Sensu” de Marketing e Comunicação












O LIXO URBANO E O GRANDE PAPEL DO MARKETING¹

Witer Brasil²















Belo Horizonte, maio de 2006.


¹Trabalho de Pesquisa Cientifica, destinado a conclusão do curso de especialização em Marketing e Comunicaçação da Pós-Graduação no UNI-BH
²Adm. de Empresas e técnico de Marketing, aluno do curso de especialização em “Marketing e Comunicação” do UNI-BH








Resumo
Esse artigo aborda, inicialmente, um breve histórico sobre a evolução do homem e sua relação com a natureza. Quando o homem deixa a sua vida nômade e evolui desenvolvendo recursos tecnológicos para explorar o meio ambiente, assume hábitos culturais incorretos em relação ao descarte de lixo e que se tornam arraigados com o tempo. Além das ações isoladas do homem na degradação da natureza, existe ainda a ação das empresas que dá ao consumidor a condição de ser o grande instrumento de poluição e fabricante de lixo. Surgem então extensos e inconvenientes lixões, próximo às cidades, criando situações indesejáveis aos moradores e gerando graves problemas de saúde. Mas à partir dessas condições inóspitas, já começa a florescer uma nova mentalidade de Marketing com tendência a mudar esse cenário. É o que especialistas chamam de ecoeficiência, permitindo uma certificação de qualidade de gestão ambiental às empresas, através da série ISO 14000. Quanto ao destino de resíduos de materiais descartados deve seguir o caminho mais óbvio. O que vem da indústria em forma de embalagens deve ser devolvido a indústria e o que vem da natureza deve ser devolvido à natureza.

Palavras-Chave: marketing, lixões, reciclagem, ambiente, compostagem, resíduos, limpeza, ecoeficiência










1 - INTRODUÇÃO
Lixo urbano nas grandes cidades e o papel do Marketing na sociedade é o tema desse artigo, que tem como objetivo explicar as razões do exagerado volume de resíduos sólidos e úmidos¹ (lixo), a necessidade de aterros sanitários colossais e qual a responsabilidade do marketing nesse contexto e contribuição do seu papel ético na sociedade que é: a) Limpeza, b) Reciclagem e c) Conservação dos Recursos Naturais, segundo (AMERICAN MARKETING ASSOCIATION - AMA). Essa é uma pesquisa que procura confirmar possíveis causas desses problemas, entender aspectos culturais relacionados ao descarte de resíduos úmidos pela população e esclarecer dúvidas sobre a eficácia do papel do Marketing na sociedade quanto a sua contribuição para a proteção do meio ambiente.
O lixo e o tratamento dado a ele é um problema oculto aos olhos da população. Essa realidade requer providencias urgentes por se tratar de condição de vida saudável no “ambiente” natural das pessoas. Desse modo, esse artigo pode permitir que as pessoas tomem conhecimento de métodos mais racionais para descarte de resíduos. É necessário que tenhamos consciência da necessidade de técnicas eficientes na decomposição de matérias orgânicas, como a compostagem, altamente conveniente para reduzir o tamanho dos lixões. Esse artigo tem ainda, como objetivos, buscar informações sobre, o que as empresas já estão fazendo para evitar acúmulo de materiais em lixões e a importância de se credenciarem a gestão de qualidade ambiental, através da série ISO 14000.


¹Resíduos úmidos: Restos de Alimentos, verduras, frutas, outros materiais não recicláveis, de um modo geral oriundos da natureza e que devem ser devolvidos à natureza através de processos de compostagem.
Resíduos sólidos: Papéis, papelão, vidros, metais, plásticos, produtos que de um modo geral passaram por um processo mais apurado na indústria e que devem ser devolvidos a indústria.





2 OS RESÍDUOS DA SOCIEDADE MODERNA

2.1 Evolução do homem e a sustentabilidade: breve histórico
Na medida em que o homem foi evoluindo, a natureza também foi sendo depredada. O homem passou da condição de caçador para pastor e posteriormente a agricultor. À medida que foi aperfeiçoando o seu potencial tecnológico, o homem foi também transformando o seu habitat.
A invenção do arado de ferro, por exemplo, substituindo métodos mais rudimentares, permitiu um aumento acelerado de áreas cultivadas. A exploração de terras antes não cultivadas proporcionou um crescimento gregário das populações.
Paralelamente, surgiam mais necessidades que para serem satisfeitas, começaram a exigir do homem uma vida comunitária mais intensa. Floresceram então comunidades fixas e nômades. As comunidades nômades foram as mais devastadoras, pois assim que os solos se esgotavam partiam para outros lugares praticando o que se chamava de cultura itinerante, que era, de certa forma, um procedimento bem devastador. Na verdade, o homem nessa época aproveitava de forma inconveniente o que a natureza colocava à disposição. Ao longo do tempo o resultado foi a devastação de continentes inteiros, principalmente a América do Norte, o continente que mais sofreu com a colonização européia. (SILVA, 1978)
Dessa forma prosperaram colônias, populações cresceram e as necessidades acompanharam essa evolução. Esse progresso fez surgir uma base tecnológica que permitiu a produtividade e crescimento sem sustentação a uma renovação espontânea dos recursos na natureza. A tecnologia foi uma ferramenta poderosa na evolução do homem, mas, nem sempre foi o responsável direto pela degradação.
Silva (1978, p.89) relata:
Quando, pois, a tecnologia é encarada como uma das causas da crise ambiental, não se pode esquecer, com o risco de se cair em erros, o modo de produção. É o modo de produção que vai determinar a “quantidade” de tecnologia empregada na transformação da natureza. A natureza foi sendo depredada com maior constância, a partir do momento em que a atividade de produção começou a alcançar maior produtividade. [...] O que determinava a maior produtividade dentro do sistema era, justamente a divisão social do trabalho e das técnicas entre os trabalhadores e a propriedade privada dos meios de produção (máquinas, prédios etc.). [...] Sendo assim, a tecnologia empregada pelos trabalhadores não dependia (como não depende) da vontade destes últimos, que são obrigados a se sujeitar ao trabalho assalariado como único meio de vida.

2.2 Gestão da sustentabilidade relativa ao tempo
O homem é o grande promotor de mudanças no ambiente. Um exemplo são as conseqüências provocadas por desmatamentos, como o assoreamento de rios antes navegáveis, como o rio São Francisco e agora sem o comércio fluvial dos anos que antecediam os anos 50 e até desaparecimento de populações das suas margens. Essas são conseqüências que têm uma grande relação com o tempo. É o que (ALMEIDA 2002) coloca como fator de grande importância para a gestão da sustentabilidade.
O assoreamento do rio São Francisco ocorreu em algumas décadas provocado por desmatamentos e erosões da bacia drenante. Vazamento de petróleo acontece em intervalo de dias ou horas. Alguns acidentes ambientais ocorrem em questão de segundos, como reações químicas provenientes de indústrias semelhantes ao ocorrido em Bhopal, na Índia (em 1984 gases venenosos da fabrica de pesticidas da Union Carbide vazaram e intoxicaram 500 mil pessoas. Foi considerado o pior acidente do século XX, em que oito mil pessoas morreram quase de imediato). (ALMEIDA 2002).
Os exemplos citados servem para demonstrar que a gestão da sustentabilidade está relacionada com o tempo. Isto é, o fator tempo é fundamental e pode ser através de décadas ou questão de minutos.
Para garantir uma sobrevivência em longo prazo, de empresas e de pessoas no planeta em que vivemos, teremos que enfrentar desafios impostos pela cultura da sociedade. Isso é uma questão que se apresenta às populações e empresas de todos os portes regidas pelo Marketing. E ainda segundo Almeida(2002, p.78)
Para ser sustentável, uma empresa ou empreendimento tem que buscar, em todas as suas ações e decisões, em todos os seus processos e produtos, incessante e permanentemente, a ecoeficiência. Vale dizer, tem que produzir mais e melhor com menos: mais produtos de melhor qualidade, com menos poluição e menos uso de recursos naturais. E tem que ser socialmente responsável: toda empresa está inserida num ambiente social, no qual influi e do qual recebe influência. Ignorar essa realidade é condenar-se a ser expulsa do jogo, mais cedo ou mais tarde.

O que Almeida (2002) relata condiz com o grande papel do Marketing que busca maior produção gerando emprego e mais impostos. Mais qualidade para atender necessidades humanas é também uma das determinantes do marketing que define o motivo de sua atuação. E quando diz “socialmente responsável” sugere que o seu papel na sociedade deve ser também com a limpeza do meio ambiente, desenvolvimento de embalagens que podem ser utilizadas para outros fins, evitar desenvolvimento de embalagens não recicláveis ou de decomposição difícil.

2.3 Poluição
Quando o homem não consegue reciclar os recursos que explora da terra, o meio ambiente se polui com o refugo desses produtos. A poluição é o estado em que os ciclos naturais não se realizam apropriadamente. Podem os citar como exemplo o chorume (liquido de cor negra característica de materiais orgânicos produzido pelo lixo) quando descarregado nos cursos de água, seja pela depressão natural do terreno ou através das chuvas, provoca redução de oxigênio das águas, podendo exterminar os organismos aeróbicos. Quando infiltra na terra pode contaminar os lençóis de água. (FILIPPI JÚNIOR, 1992).

2.4 Homem, o grande poluidor.
Vendo a população aumentar, o Marketing de pós-guerra ficou motivado a desenvolver, cada vez mais, novos produtos com novas embalagens despertando novas necessidades de consumo antes inexistentes. Então podemos afirmar que o lixo é resultado da atividade humana, por isso considerado inesgotável. É diretamente proporcional à intensidade indústrial, aumento populacional e esforços de Marketing para lançamento de novos bens de consumo com embalagens cada vez mais atraentes. Contudo, tais embalagens nem sempre são convenientes e compatíveis com a capacidade que a natureza tem para digerir e recompor. Num contexto invisível aos olhos da sociedade o resultado é um aumento assustador dos lixões próximo das grandes cidades. Esses lixões, ou aterros sanitários, além de ocupar áreas que poderiam ser utilizadas para fins mais nobres, podem oferecer riscos à saúde humana através da contaminação das águas subterrâneas e da proliferação de animais e insetos vetores de doenças. (BERTON, 1991).


Os lixões proporcionam ainda mais um grande problema: atraem uma população de carentes e desempregados, que passa a disputar com urubus restos para se alimentar e a sobreviver da venda de materiais que não foram descartados corretamente para a reciclagem (HTTP://WW.INSTITUTOGEA.ORG.BR). Como se tanta degradação não bastassem, eventualmente se tem noticias, pela televisão, que cadáveres em estado de putrefação em sacos plásticos são encontrados nos lixões das grandes capitais, com uma freqüência de até quatro vezes por semana. Esse tipo de degradação humana que compromete a cidadania não pode ser permitida e a solução para o problema só pode ser solucionado com a erradicação total dos lixões.








3 O GRANDE PAPEL DO MARKETING NA SOCIEDADE
3.1 Limpeza do meio ambiente um compromisso ético.
São poucas as empresas que desempenham suas atividades de Marketing plenamente, cumprindo um compromisso ético de contribuir para a limpeza e conservação de recursos ambientais. Faltam esforços voltados para o bem estar social (Marketing Social) o que Almeda chama de ecoeficiência. Segundo Almeida (2002, pg 101)
“A ecoeficiência é uma filosofia de gestão empresarial que incorpora a gestão ambiental. Pode ser considerada uma forma de responsabilidade ambiental corporativa. Encoraja as empresas de qualquer setor, porte e localização geográfica a se tornarem mais competitivas, inovadoras e ambientalmente responsáveis. O principal objetivo da ecoeficiência é fazer a economia crescer qualitativamente, e não quantitativamente”.

Existem alguns casos interessantes de empresas, já com uma mentalidade cultural mais evoluída e imbuída de um espírito de marketing ecoeficiente. Além de que, isso já deveria ser uma filosofia do próprio marketing em todas empresas do mundo para manter a limpeza e equilíbrio do meio ambiente.
A revista de negócios Exame (24 de maio de 2006, pg. 99) publicou a seguinte noticia:
“A HP está levantando a bandeira de que as empresas de eletroeletrônicos devem ser responsáveis pelos seus produtos depois que os consumidores os jogam no lixo. Em 2005 a HP recolheu mais de 2,5 milhões de equipamentos – parte deles doados ou vendidos no mercado de produtos usados – e reciclaram mais de 70 mil toneladas de sucata. Seu programa de reciclagem é o maior do mercado de eletrônicos”.

A responsabilidade, pelos produtos ou embalagens após o uso, propõe ser uma questão óbvia das empresas, já que a criação dos materiais geradores dos problemas de impacto ambiental é do próprio marketing.
Almeida (2002, pg. 119) cita um interessante caso da Interface Fooring Systems, maior fabricante de tapetes e carpetes comerciais do mundo:
Essa empresa já conseguiu evitar que mais de dois milhões e quinhentos mil metros de carpetes aumentassem os depósitos de lixo. Destes, um milhão de metros deixaram de ser jogados na natureza só no ano 2000. Essa marca foi alcançada graças a um criativo programa de reaproveitamento, que a empresa oferece como um serviço para os clientes. Por meio desse serviço, batizado de ReEntry a Interface se compromete a pegar de volta o carpete após um determinado período preestabelecido com o próprio cliente no momento da compra. E responsabiliza pela gestão do final de sua vida útil.

Caso semelhante é utilizado pelos fabricantes de pilhas e baterias que também se responsabilizam pelo destino dado aos seus produtos quando perdem a utilidade para seus consumidores. A empresa Monsanto fabricante do herbicida “Roudup” vende esse produto com o compromisso de ter a embalagem devolvida após o produto ser consumido.
A grande diferença, no caso, é que esses são exigidos por lei, por causa da toxidade de componentes usados na fabricação. A interface e outras empresas já fazem isso voluntariamente se credenciando ao Marketing de ecoeficiência.
Há ainda, citações populares de uma empresa, fabricantes de tênis nos EUA, que paga em dólar o valor correspondente às despesas de correios para devolução à fábrica do tênis quando o consumidor achar que deve ser descartado.
Existem muitos casos esporádicos de empresas que já podem ser consideradas ecoeficientes, contudo para reduzir o volume gigantesco de materiais descartados em lixões, os casos existentes são insignificantes e apenas bons exemplos de um padrão desejável.

3.2 Reciclagem e Coleta Seletiva
Devolver à indústria embalagens que vem da indústria. Essa premissa justifica a importância do trabalho de coleta. A coleta seletiva é uma alternativa ecologicamente correta que desvia os materiais do destino, em aterros sanitários ou lixões, devolvendo-os às suas origens de fabricação para reciclagem.
Nessa atividade é preciso destacar a figura dos inúmeros catadores, organizados em cooperativas, que associam entre si formando importante e conveniente categoria profissional. Segundo Pólita Gonçalves e Roberto Ibárgüen do site (www.lixo.com.br) os objetivos mais importantes com a reciclagem são: “Vida útil dos aterros sanitários são prolongados e conseqüentemente o meio ambiente é menos contaminado; o emprego de matéria prima reciclável economiza recursos da natureza”.
O professor Sabeti Calderoni (autor do livro Os Bilhões Perdidos no Lixo, citado por Pólita e Roberto Ibárguen) relata que no Brasil existe coleta seletiva em cerca de 135 cidades e que na maior parte dos casos a coleta é realizada pelos “catadores” organizados em cooperativas ou associações.
Ainda segundo Pólita e Roberto (lixo.com.br) Sistemas de coleta seletiva, para reciclagem, podem ser implantados em escolas, empresas e bairros e não há uma formula universal definida, pois cada lugar tem uma realidade diferente. Porem é muito importante que a sociedade queira um sistema de coleta. Sobre isso, também, a engenheira florestal Cusatis no site (http://images.google.com.br/imgres), diz o seguinte sobre esforços e mobilização da sociedade:
Avançamos muito em relação à mobilização da sociedade para a reciclagem. Em Curitiba, há um número cada vez maior de empresas com lixeiras diferenciadas para coleta e, para as residências, há recolhimento do lixo reciclável. Esta coleta é realizada por empresas especializadas em reciclagem, o que aumenta a geração de renda e de empregos.
Apesar do avanço obtido, ainda são necessários cada vez mais recursos financeiros para as conversões dos lixões em aterros, para a implantação de novos aterros sanitários e de centros de classificação, além de outras iniciativas. Por isso, os esforços devem ser crescentes para a educação das pessoas.
Especialistas desse assunto defendem a idéia de redução do volume de lixo produzido. Isso exigiria uma grande mudança nos padrões de criação de embalagens promovidas pelo Marketing, consumo e hábitos arraigados de descarte e implantação de programas de coleta seletiva de lixo. Nesse caso, é indispensável à colaboração da comunidade no descarte separado dos diversos materiais recicláveis antes da coleta. Uma comunicação de Marketing mais ativa orientando consumidores a maneira correta e mais adequada para o descarte das embalagens seria necessário.
Quanto à implantação de um sistema de coleta seletiva, Pólita e Roberto orienta que deve obedecer a um planejamento ilustrado por uma corrente de três elos. Se um deles não for planejado a tendência é de que o programa não prospere.
“O planejamento deve ser feito do fim para o começo da cadeia. Ou seja: primeiro pensar em qual será a destinação, depois (e com coerência) a logística e por fim o programa de comunicação ou educação ambiental”. Mais informações sobre planejamento para implantar um programa de coleta seletiva pode ser obtido no site (www.lixo.com.br)
3.3 Usina de compostagem
Esse pode ser o destino de grandes quantidades de lixo domiciliar, os denominados “resíduos úmidos”. Talvez seja um dos destinos mais conveniente conforme está colocado no site www.cecae.usp.br “A compostagem é um processo de decomposição biológica da matéria orgânica presente no lixo, por meio da ação de microorganismos existentes nos resíduos, em condições adequadas de aeração (processo de renovação do ar de um ambiente; ventilação), umidade e temperatura. O resultado desse processo é o composto orgânico. Uma tonelada (1.000 Kg) de lixo doméstico rende cerca de 500 Kg de composto orgânico.
1ª etapa: o lixo é transportado até uma mesa, na qual se realiza a separação manual de plásticos, papéis, tecidos, vidros e metais. Esses materiais são vendidos para indústrias de reciclagem ou oficinas de reutilização.
2ª etapa: o que restou da primeira separação é levado para o separador magnético. Por meio de um eletroímã, objetos de ferro e aço são retirados nessa etapa.
3ª etapa: o lixo restante segue para a câmara de fermentação aeróbica, um local fechado onde correntes de ar revolvem os dejetos. Parte da energia liberada nesse processo se converte em calor, atingindo a temperatura de 70º C, o que provoca a morte da maioria dos microrganismos patogênicos que se desenvolvem no lixo.
4ª etapa: após a fermentação, a mistura é peneirada numa máquina. Os pedaços maiores (pedras, galhos) ficam retidos e levados para um aterro sanitário. A porção que passou pela peneira é o composto orgânico cru. Este composto passa pela cura: fica ao ar livre por cerca de 60 dias. Depois, pode ser usado em hortas, jardins e pomares.
A produção de adubo orgânico também pode ser realizada em casa. Para aprender a fazer uma composteira caseira acesse.
http://www.cecae.usp.br/recicla/master.html?http://www.cecae.usp.br/recicla/composteira/composteira.html.”

3.4 Os Paises que mais reciclam em %.






Os países indústrializados são os que mais produzem lixo e também os que mais reciclam. Conforme dados da Associação Brasileira de alumínio (1996), citados no site (http://lixohospitalar.vilabol.uol.com.br/Lixo.html)

[...] O Japão reutiliza 50% de seu lixo sólido e promove, entre outros tipos de reciclagem, o reaproveitamento da água do chuveiro no vaso sanitário. Os Estados Unidos (EUA) recuperam 11% do lixo que produzem e a Europa Ocidental, 30%. A taxa de produção de lixo per capita dos norte-americanos, de 1,5 quilo por dia, é a mais alta do mundo. Equivale ao dobro da de outros países desenvolvidos. Nova York é a cidade que mais produz lixo, uma média diária de 13 mil toneladas. São Paulo produz 12 mil toneladas. Entre os líderes mundiais da reciclagem de latas de alumínio destacam-se Japão (70%), EUA (64%) e Brasil (61%).


3.5 Preservação dos Recursos Naturais (Sustentabilidade)
Ficar sem explorar a natureza, de maneira radical, como defende algumas ONG’s, é praticamente impossível. O homem necessita dela para a sua sobrevivência. Por isso, é importante desenvolver uma educação ambiental que conscientizem pessoas a explorar a natureza com respeito e racionalidade. Ter respeito à natureza significa entender a gratidão que devemos ter pelo que ela permite a existência de nossa vida. Segundo Arendt (1906-1975) “A Natureza é a única testemunha o tempo todo, de nossa existência nesse mundo”. Explorar a natureza com racionalidade é a necessidade urgente que os setores (Governo; ONG’s e Empresas) com a criatividade das suas áreas de marketing, precisam desempenhar orientando e fiscalizando com eficiência, projetos bastante apropriados de recuperação de áreas exploradas. O jornalista Marcelo Leite, citado por Bernardo Esteves no site (http://ich.unito.com.br/3935), explica que a exploração racional de florestas, por exemplo, é um interessante negócio para as empresas e que a floresta não está ai para ficar intocável para sempre. Ele mostra que a extração sustentável de madeira é 35% mais rentável que a predatória. Isso porque "Danificando menos a mata, sobretudo árvores mais jovens, e também preservando árvores adultas de menor qualidade para que continuem a reproduzir-se, o manejo florestal garante uma reposição mais rápida da madeira com valor comercial", explica Leite.
Um interessante caso de sustentabilidade, e excelente negócio para as empresas é colocado por Almeida (2002, p.92 a 93).
Quatro empresas brasileiras fazem parte do Índice Dow Jones de sustentabilidade, o índice bolsista criado em 1999 para ajudar investidores internacionais em busca de ações diferenciadas no mercado e privilegiar empreendimentos que aliem solidez e rentabilidade financeira a uma postura de ecoeficiência e responsabilidade social. A Cemig, os bancos Itaú e Unibanco e a Embraer integram o seleto grupo internacional de 312 empreendimentos escolhidos em 2001 para compor o índice. Para fazer parte do índice Dow Jones de sustentabilidade [...] as empresas são submetidas a uma rigorosa seleção. Na ultima analise, 2500 empreendimentos de 26 paises foram avaliados. Os que passam no teste sinalizam aos investidores que sua capacidade de gerar mais lucros a longo prazo para os acionistas está associada a uma filosofia de desenvolvimento sustentável. A Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) é um dos empreendimentos brasileiros escolhidos por dois anos consecutivos. Como resultado da exposição do seu nome em revistas financeiras especializadas, a empresa comemora um número cada vez maior de consultas de investidores do exterior. [...] contribuíram para a inclusão da empresa mineira no DJSI a produção anual de um milhão de alevinos para repovoamento dos reservatórios de suas hidroelétricas [...].
3.6 O Tempo de vida útil dos Produtos
Outra forma de preservar os recursos da natureza pode ser uma desejável tarefa de marketing procurando aumentar o tempo de vida útil das embalagens, proporcionando a elas a capacidade de ser destinada para outras finalidades após ter cumprido a sua utilidade funcional. Almeida (2002) coloca esse tema como Análise do Ciclo de Vida. O Ciclo de vida aqui tem um sentido um pouco diferente dos ensinamentos de Marketing, onde está relacionado com o tempo em que os produtos estão disponíveis no mercado para serem comercializados. Neste caso, a relação é com a durabilidade dos materiais que compõe um produto. É uma técnica para avaliar os impactos ambientais do “berço ao tumulo”; desde a analise dos materiais a serem utilizados na fabricação do produto até a disposição do que restou após o consumo. Segundo Almeida (2002) essa técnica nasceu na Europa, nos anos 1980, a partir de pressões de ambientalistas que consideravam necessário exigir das indústrias cuidados ambientais não apenas nas etapas de produção, mas também nas etapas associadas ao consumo e descarte de embalagens. Essa análise hoje já está incluída nas normas da série ISO 14000, série esta, responsável pela certificação da qualidade de gestão ambiental.

4 Conclusão - aspectos culturais e hábitos no descarte de resíduos
Para concluir esse trabalho, foi necessário a coleta de dados primários para entender e confirmar o suposto de como as pessoas descartam seus resíduos úmidos e sólidos. Usando técnica de observação em cozinhas de apartamentos e casas onde foi possível o acesso para esse trabalho, sempre que surgia a oportunidade e em dias diferentes, no espaço de quatro meses. Foram obtidos resultados, com uma amostragem, praticamente padrão em 22 casos observados. Isto é, mais de 99% das pessoas tendem a descartar papéis, plásticos, metais e vidros, misturando-os aos resíduos úmidos que deveria ter um destino totalmente diferente, fabricando assim o verdadeiro lixo. Na lixeirinha onde deveria ser apenas de resíduos úmidos ou orgânicos, foram encontrado embalagens de plásticos de frango, embalagens de biscoitos e até latinhas de refrigerantes.
Resíduos Úmidos: são restos de alimentos que descartamos para o seu preparo ou quando é feito a limpeza de panelas e restos de frituras. É aquele material que fica no ralinho da pia quando lavamos a louça e que é descartado corretamente na lixeirinha. Esse é um material orgânico de origem animal ou vegetal que pode ser facilmente devolvido a natureza, de onde veio, em forma de adubo e altamente conveniente ao meio ambiente. Seu destino deve ser a compostagem e não aos lixões.
Resíduos Sólidos: pode ser entendido por todo material que geralmente vem da indústria assim como, plásticos, papeis, metais e vidros (ppmv). É preciso entender que esse material não é lixo. Vidro não é lixo, papel não é lixo, metal está longe de ser lixo e plástico muito menos. Trata-se de um material reciclável que deve ser devolvido a indústria e por isso não deveria ser misturado aos resíduos úmidos. Podemos também, concluir que quando é jogado um pedaço de papel ou plástico em uma lixeirinha de resíduos úmidos, ai sim, está sendo feito lixo e tirando a condição de que a coleta seletiva se realize com eficiência. Outra conclusão é que as pessoas não estão sendo conscientizadas e nem adquirindo educação ambiental. Um verdadeiro exemplo da falta de educação e conscientização foi resultado de observação feita em recipiente para coleta seletiva em escolas e em Shoping’s de Belo Horizonte, locais onde se supõe ser freqüentado por pessoas com nível de educação considerável. Nos recipientes destinados a papéis foram encontrado embalagens de iogurte, outros tipos de plásticos, resíduos de sanduíches. No recipiente disponível a plásticos foram encontrados papeis, vidro etc. Dessa forma, sem nenhuma seleção e como se fosse tudo em comum, não tem como fazer coleta seletiva e conseqüentemente, por não conseguir uma escala de volume viável economicamente, a atividade pode até ser inviabilizada.
A solução para problema desse tipo parece mais adequada a um esforço de comunicação através de formadores de opinião, como o marketing das grandes redes de televisão, expondo exemplos de procedimentos corretos no descarte dos resíduos em novelas, por celebridades. Essa estratégia já se confirmou ser eficiente para gerar hábito, como no de uso do cinto de segurança nos carros. Uma comunicação com mais ênfase através das próprias embalagens, orientando o consumidor a descartarta-las também seria uma forma de contribuição desejável e até conveniente ao marketing. Desse modo podemos entender que um grande problema não é a reciclagem ou coleta seletiva e sim o “Descarte Seletivo” principal gerador dos grandes lixões.

REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA:
SILVA, Carlos Eduardo Lins de. Ecologia e Sociedade. São Paulo: Loyola, 1978.
ALMEIDA, Fernand. O Bom Negocio da Sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira 2002.
FILIPPI JÚNIOR, Arlindo. (Org). Saneamento do Meio. São Paulo: Fundacentro, Universidade de São Paulo, Faculdade de Saúde Publica, Depto. De Saúde Ambiental, 1992.
BERTON, Ronaldo S. Valadares ( é um nome só? São dois autores?). Potencial Agrícola do Composto de Lixo Urbano. São Paulo: O Agronômico, 1991.
INSTITUTO GEA, (http://www.institutogea.org.br/26.htm)
Rev. Exame, p. 99 – maio. 2006
(www.lixo.com.br), Pólita Gonçalves e Roberto Ibárgüen
(http://images.google.com.br/imgres), Andréa Cusatis, engenheira florestal do Núcleo de Recuperação de Áreas Degradadas do Ecossistema.
(http://www.cecae.usp.br)
(http://ich.unito.com.br/3935), Marcelo Leite Publifolha (coleção Folha Explica), 2000.
Arendt, Annah. A Condição Humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005.
Trigueiro, André. Mundo Sustentável. São Paulo: Globo, 2005.
Autor: Witer Brasil


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