Consórcios de Exportação: Uma alternativa para as pequenas e médias empresas



Autores: Marçal Rogério Rizzo e Rossana Judite Codogno

Consórcios de exportação são uma forma de cooperação cuja crescente popularidade em muitos países tem despertado interesse de todos os segmentos empresariais. Em poucas palavras: Consórcio de exportação é um sistema criado para viabilizar a exportação de micro, pequenas empresas e até mesmo médias empresas. Consiste na união de várias empresas para ratear as despesas aduaneiras e os custos nas participações de feiras. É um agrupamento de empresas com o mesmo interesse, ou seja, EXPORTAR. Dessa forma, reunem-se em uma entidade estabelecida juridicamente sem fins lucrativos, na qual as empresas participantes têm maneiras de trabalho conjugado e em cooperação, com vistas aos objetivos comuns de melhoria da oferta exportável e de promoção de exportações.

É uma aliança voluntária de empresas com o objetivo de promover mercadorias e serviços de seus membros no estrangeiro e facilitar a exportação desses produtos com ações conjuntas. Membros de um consórcio entendem que esta cooperação deve prevalecer sobre a competição, a fim de ter acesso a mercados chaves e às ultimas tecnologias. Um consórcio de exportação pode ser visto como uma estratégia formal, a médio e longo prazo, entre empresas e atua como um provedor de serviços especializados em facilitar o acesso a mercados estrangeiros.

A maioria dos consórcios é de entidades sem fins lucrativos. De uma maneira geral prestam serviços exclusivamente para empresas associadas.

As micro, pequenas e médias empresas podem obter grandes benefícios com a participação em um consórcio. São capazes de desenvolver seus objetivos estratégicos quando agrupadas em uma entidade jurídica separada, o que não implica na perda da identidade de qualquer membro. Esta constitui a principal diferença entre um consórcio e outros tipos de aliança estratégica. Assim um consórcio, diferencia-se de uma fusão, no sentido de que todas as empresas participantes preservam sua condição jurídica inicial e a administração de cada empresa conserva sua independência.

O consórcio de exportação é um instrumento apropriado no desenvolvimento de alianças, as quais vêm para facilitar, consolidar e viabilizar a inserção de pequenas e médias empresas no comércio internacional. Pode criar e desenvolver parcerias comerciais, tecnológicas e/ou financeiras entre as pequenas empresas locais com empresas externas ao sistema. O consórcio pode capacitar para relações de transferência de tecnologia e acordos de co-produção e subcontratação, além de promover as empresas e dar suporte para a internacionalização.

Em suma, um consórcio de exportação é a união de empresas do mesmo segmento ou complementares que exportam seus produtos em conjunto. Podem ser conceituados como entidades jurídicas (Associações Civis sem Fins Lucrativos) que têm como objetivo o desenvolvimento de projetos de exportação pelos consorciados através de suas respectivas empresas independentes. Em geral, um consórcio contempla empresas de um mesmo segmento econômico, podendo ou não haver homogeneidade do produto, dependendo do setor. Na Itália, 80% das empresas participam de consórcios de exportação, e essas tem pouco mais que 50 empregados.

Membros de um consórcio de exportação têm autonomia jurídica, financeira e de gestão.
Enfim, o consórcio de exportação cria condições para que as empresas de pequeno e médio porte se organizem e se unam para exportarem, pois se as mesmas se manterem na individualidade as dificuldades para “ganhar” novos mercados. A formação de um consórcio sempre resulta das dificuldades ou impossibilidades das empresas (atuando individualmente) desenvolverem eficientemente as atividades ligadas às exportações. Normalmente essa dificuldade é a falta de recursos financeiros, mas também falta de recursos humanos com experiência no campo internacional, conhecimento e a outros idiomas.

Uma das motivações para as empresas estarem em um consórcio é a falta de capital para investir no melhoramento da qualidade, dos processos produtivos, da promoção de ingresso nos mercados e na escassez de pessoal qualificado nas técnicas de exportação e falta de informações sobre os mercados.

Diante desse quadro os consórcios de exportação tornam-se uma alternativa viável de ampliação da capacidade de exportar, especialmente no que diz respeito ao aumento da participação de empresas de menor porte, em comparação aos processos tradicionais de exportação direta ou através de agentes comerciais.
Um consórcio não pode ser confundido com uma cooperativa. Mesmo que ambos possam ser considerados um tipo de associação, os princípios e a filosofia que unem os membros de uma cooperativa diferem consideravelmente dos que unem os membros de um consórcio. O objetivo de uma cooperativa é juntar as forças de todos os seus membros para que aumentem seu poder de barganhar e façam o melhor uso dos meios disponíveis. No caso de um consórcio, ao contrário, as fraquezas em comum dos membros constituem o fundamento da união.

Consórcio de exportação não existe apenas entre empresas no setor de manufatura, mas pode também ser encontrados no setor de serviços e entre artesãos.

O governo vem contribuindo com os consórcios de exportação através da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX-Brasil) que é responsável pela análise dos projetos de formação de consórcios de exportação e liberação posterior de recursos para sua promoção.

Segundo o próprio site da APEX-Brasil, essa agência de serviço social autônomo atua ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Cabe lembrar que também são desenvolvidas parcerias com entidades de classe empresarial e outras instituições sem fins lucrativos sempre visando à promoção das exportações.

Ao participar de um consórcio as empresas podem obter várias vantagens das empresas dentre elas são: a redução dos custos de exportação através de despesas rateadas entre as empresas; redução de riscos ligados a venda; maior poder de negociação com fornecedores e compradores; ampliação da escala de produção; ganhos na eficiência; absorção de novas tecnologias de produção de forma conjunta; aprimoramento do processo de gestão e produção; acúmulo de conhecimento; aumento de conhecimento em marketing internacional; maior poder de negociação com fornecedores e compradores; aumento da competitividade perante os concorrentes nacionais; efeito moral (motivador) sobre as empresas participantes; possibilidade de criação de uma marca forte; realizaçao de brand, catálogos e sites na internet em conjunto; diminuição dos custos de cada empresa por atividade promocional; sinergia nos transportes; diversificaçao geográfica da exportação; acesso aos mercados estrangeiros através de projetos de cooperação industrial, ligados às principais fontes de financiamento da área; aquisição de capacidades estruturais, novos conhecimentos, competências inovadoras; aceleração do tempo de realização das estratégias; acesso a financiamentos e linhas de crédito; entre outras.

Existem vantagens e desvantagens para as empresas que estão inseridas em um consórcio de exportação. As maiores vantagens são: redução de custos gerais de exportação (as maiores despesas serão rateados entre as empresas consorciadas); redução dos riscos da exportação; aumento da competitividade no mercado interno dada a qualidade do produto tipo exportação; maior poder de barganha para com clientes, fornecedores, bancos; maior interesse dos importadores, visto que a gama de produtos de um consórcio é muito maior; maior eficiência operacional. Temos ainda a maior especialização das empresas consorciadas, pois tem que estarem aptas para atenderem os pedidos; o acúmulo de conhecimentos nas áreas de Comércio Exterior e Marketing; o efeito “motivador” sobre os participantes; aquisição de equipamentos e tecnologia; marca própria do consórcio; participação em feiras e missões internacionais de forma conjunta e alavancagem das vendas externas.

Já as desvantagens estão ligadas a certos cuidados que o consórcio tem que ter como: comportamentos individualistas e preocupação de que o outro consorciado obtenha mais vantagem durante as atividades; permanência de segredos industriais entre os participantes; falta de profissionalismo dos gerenciadores do consórcio; mau planejamento; postura de visualização da exportação como estratégia de curto prazo (empresários que visam apenas lucros imediatos); considerar o consórcio apenas como válvula de escape de crises internas; inexistência de confiança nos trabalhos conjuntos; o número de empresas, para um consórcio de pequenos produtores, ser muito maior do que quinze; a rivalidade e a concorrência extrapolarem o mercado interno.

Há também as dificuldades para os consórcios como não existir uma legislação própria que referencia os consórcios de exportação. Não há uma pessoa jurídica constituída como consórcio e isso atravanca o crescimento dos consórcios e consequentemente pode ocasionar problemas como: individualidade dos empreendedores; falta de confiança nas fórmulas associativas; podem considerar a exportação como atividade de breve duração, ou seja, enxergam o consórcio como instrumento de curto prazo e não como um meio para melhorar a própria presença a médio e longo prazo. Faz do consórcio um laboratório, só tira as informações e não acrescenta. Isso é o contrário do que ocorre na Itália que já possui uma legislação própria para os consórcios, fato este que, justifica a participação de quase todas as empresas italianas em consórcios.

Estudiosos da área afirmam que o consórcio de exportação é a melhor opção para a maioria das pequenas e médias empresas se desenvolverem no mercado externo. Através dessa união pode se constituir um instrumento facilitador para que essas empresas atuem junto ao comércio exterior. Por meio deste, as dificuldades encontradas pelas empresas quando atuam de forma isolada na exportação podem ser transpostas.

Marçal Rogério Rizzo é Economista, professor universitário, especialista em Economia do Trabalho pela Unicamp, especialista em Gerenciamento de Micro e Pequenas Empresas pela Universidade Federal de Lavras, mestre em Desenvolvimento Econômico pelo Instituto de Economia da Unicamp e doutorando em Dinâmica e Meio Ambiente pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP de Presidente Prudente - SP).

Rossana Judite Codogno é Publicitária, Gerente Administrativa do Consórcio de Exportação de Birigüi (BRAZON) e pós-graduanda em Gestão de Negócios no Centro Universitário Toledo de Araçatuba (UniToledo).
Autor: Marçal Rogério Rizzo


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