A IMPORTÂNCIA DO TRANSPORTE HIDROFERROVIÁRIO



Prioridade para o transporte hidroferroviário

O Brasil ostenta uma posição privilegiada para implantar uma eficiente rede de transportes hidroferroviário a custos infinitivamente inferiores aos projetos levados a efeito nos demais países que, acertadamente, deram prioridade a esse meio de transporte e de navegação. Para se ter uma idéia das potencialidades do País nessa área, basta citar a rede hidroviária brasileira, que é uma das maiores do mundo e é formada por cinco bacias: a Amazônica, a do Nordeste, a do Prata, a do São Francisco e a do Sudeste. Só a bacia Amazônica responde por 20 por cento de toda a água do Planeta, incluindo aí o rio Amazonas, que representa o maior sistema fluvial de tudo o mundo, com drenagem de 2.700 milhas quadradas e 3.900 milhas de extensão.

Em relação à rede ferroviária, embora esse meio de transporte não tenha merecido dos governantes a devida prioridade ao longo dos tempos, o Brasil também dispõe de condições favoráveis para a implantação de um projeto Oeste, a custos bastante acessíveis, em virtude da formação geográfica favorável, particularmente no CENTRO OESTE e Norte do País. Com todos esses fatores favoráveis ao seu desenvolvimento, o Brasil é um País privilegiado no mundo, mas precisa entender o momento de profundas transformações em que vivemos, para correr contra o tempo, para concretizar esses projetos e viabilizar novos caminhos para o seu desenvolvimento, como fizeram no passado a América do Norte e os países europeus.

Na Europa, por exemplo, mais de 400 milhões de toneladas de produtos são transportados anualmente em mais de 26 mil km de hidrovias e outro tanto é transportado por ferrovias. Nos Estados Unidos, esses números são ainda mais expressivos. Só nos 40 mil km de hidrovias, são transportados anualmente mais de l, 5 bilhões de toneladas de produtos. No Brasil, os dois sistemas mais utilizados Tietê-Paraná e.Paraná-Paraguai – ambos da bacia do Prata, movimentam pouco mais de 20 milhões de toneladas de produtos. Isso demonstra a necessidade urgente de se ampliar o potencial hidroviário brasileiro, com a integração da bacia Amazônica e do Sudeste à bacia do Prata que caminha para transformar-se na espinha dorsal da integração do Brasil com os países do Mercosul.

Foi preciso o avanço da globalização, com a crescente integração de mercados em blocos comerciais e os desafios da competividade, para o Brasil perceber os equívocos cometidos ao longo do século passado, ao priorizar o transporte rodoviário em detrimento do hidroferroviário. Com o propalado slogan que –governar é construir estradas – chegamos a uma malha rodoviária superior a 80 mil km, que representa hoje, um investimento de ordem de US$ 200 bilhões, mas cuja degradação exige bilhões de reais em novos investimentos para a sua recuperação e manutenção. Esse altíssimo investimento levará ao atual governo a incluir muitas rodovias em um programa de privatização, transferindo sua exploração para a iniciativa privada,

Além de bem mais oneroso em relação ao hidroferroviário, o transporte rodoviário, pelo seu alto custo, vem reduzindo a competividade dos produtos brasileiros, tanto no mercado interno quanto no externo. Os custos de combustíveis e a precariedade permanente das rodovias brasileiras ameaçam inviabilizar todo e qualquer esforço do setor produtivo em competir com os produtos importados. Apesar de todo o potencial de nossas bacias hidrográficas, os rios navegáveis foram abandonados ou mesmo descaso se verificou em relação aos portos brasileiros que, sob controle estatal, transformaram-se nos mais onerosos, inoperantes e ociosos de todo o mundo. É sabido que o Brasil tem pago um elevado preço pela má exploração da rede hidroferroviária e pela inoperância do seu sistema portuário.Além de prejudicar o desenvolvimento e o processo de integração nacional, a baixa utilização desses sistemas alternativos de transportes tem acarretado prejuízos incalculáveis para o País.

A indústria automotiva – que vem recebendo volumosos incentivos do poder público - anunciando a geração ou manutenção de novos empregos diretos, não tem cumprido o que prometeu.. É evidente que todo novo emprego é bem vindo, mais isso significa maior dispêndio com combustíveis e mais despesas com manutenção das rodovias, das vias públicas e no setor de saúde. Ora, na realidade em que vivemos, não faz sentido estimular a indústria automotiva. No caso das zonas urbanas, temos que priorizar –O TRANSPORTE DE MASSA – em especial o METRÔ ou o serviço de TRENS URBANOS –

Enquanto o Governo gasta bilhões de reais, em sua maioria financiada por bancos internacionais, na construção e manutenção da malha rodoviária, com menos de R$ 2 bilhões, seria possível concluir as eclusas de Itaipu, no Paraná e Tucuruvi, no Pará e em outras usinas já em funcionamento na região Norte, que tornariam navegáveis mais de 4 mil km de rios. Essa navegabilidade permitiria a interligação da região Norte com a região Sul e desta com os países do Mercosul, gerando milhares de empregos novos diretos e mais de uns milhões indiretos. Esse é apenas um exemplo de que, para viabilizar grandes projetos de integração nacional, o fundamental não é a quantidade de recursos, mas como aplicá-los onde são mais necessários, produtivos e importantes para estimular o desenvolvimento econômico e social.

Felizmente, o apelo pela inversão dessas prioridades não é só meu. Há um verdadeiro clamor de expressivos segmentos da iniciativa privada no sentido de se dar uma nova dimensão ao papel do transporte hidroferroviário, de forma a mudar o eixo de desenvolvimento do País. O Governo já está retomando a construção das ferrovias Norte e Sul e Transnordestina, um dos mais importantes projetos voltados para a integração nacional. A hidrovia Araguaia – Tocantins, com mais de 2700 km de extensão, será sem dúvida uma das mais importantes mola desse imenso processo hidroviário.Essa integração é mais do que necessária, levando em conta que o Centro Oeste e o Norte são as mais importante reserva agrícola do mundo. Sabemos que poderosos interesses nacionais e internacionais ganham com o rodoviarismo e prefere continuarassistindo o colapso do transporte rodoviário pelas precárias estradas brasileiras.
As forças contrárias a esses projetos, precisam entender que sem mudar o eixo do desenvolvimento, não será reativada a economia e o retorno do pleno emprego. Enfim, para superar seus graves problemas econômicos e regatar a imensa dívida social para com o gigante continente de brasileiros que vivem à margem das riquezas que produzimos.
Autor: João da Rocha Ribeiro Dias


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