Nobel de Economia 2006 e o Brasil
• EM RESUMO: O principal trabalho de Phelps foi a contestação da noção de ser possível escolher um nível de inflação e desemprego. Em contraposição, afirma que a inflação depende não apenas do desemprego mas também da expectativa das empresas e famílias sobre a rapidez da alta dos preços e salários. Quem lembra do Brasil inflacionário, entende rapidamente o que ele queria dizer. Claro que sua teoria é bem mais aprimorada, com equações matemáticas e econometria, inclusive com uma parte em que desenvolve uma “taxa de equilíbrio”. Suas idéias têm fortes impactos na definição das escolhas de política econômica.
• BRASIL 1- Podemos Escolher?
Para recordar, Fernando Henrique se elegeu duas vezes presidente, combatendo a inflação. Lula manteve a política de estabilização, mesmo que a custa de desemprego alto e sob a crítica de estar pagando um preço muito alto em termos de produto (PIB e empregos). Os críticos são os defensores do simplismo keynesiano que ainda acreditam na relação estável da “curva de Philips” (relação inflação X desemprego). Qual a taxa de inflação ideal? Será 3% ao ano, com crescimento também de 3% do PIB e desemprego de 10%. Ou será melhor inflação de 10% ao ano, com crescimento de 6% e desemprego também em 6%? Os críticos de FHC e LULA dizem que é a segunda opção. Phelps, diz que a escolha não é tão simples, pois também depende das expectativas das empresas e famílias. Quem disse que a inflação pararia em 10%? Poderia ir a 20%, depois a 30%, ou 50%. Já vimos esse filme. “Uma pequena inflação é como uma pequena gravidez”, só tende a crescer. Assim, é preciso manter-se vigilante, e os políticos entenderam o recado das urnas.
• BRASIL 2- Eleição
Este ano deveremos ter inflação em torno de 3%, embora a meta fosse de 4,5%. As expectativas para o ano que vem estão em 4,2%. Essas taxas seriam inimagináveis em décadas anteriores. A inflação baixa é, para os assalariados, uma grande aliada. Muitas categorias estão obtendo ganhos reais nas convenções coletivas. Quem ganha salário mínimo, nunca esteve tão bem e quem ganha bolsa família, consegue pelo menos comer. Neste clima se dá a eleição presidencial do segundo turno, em que pode se discutir qualquer coisa, mas em termos econômicos, provavelmente, ganhe LULA ou ganhe ALCKMIN, o remédio será o mesmo, apenas com possíveis alterações na dose. Assim, a questão principal para o futuro deixa de ser a economia e passa a ser a gestão. Gestão coerente dos recursos públicos oriundos dos tributos. Quem poderá fazê-lo com maior propriedade? A avaliação e a escolha é sua, eleitor, para o bem da democracia.
Autor: Edison Luiz Leismann
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