Nobel de Economia 2006 e o Brasil



Edmund Phelps ganhou o prêmio Nobel de Economia em 2006 (US$ 1,3 milhão). Ele que já lecionou no Brasil em 1981 (Fundação Getúlio Vargas), contesta Keynes (John Maynard Keynes e sua Teoria Geral ) principalmente devido à relação estável entre inflação e desemprego, que era a crença geral na década de 1960. Phelps contestou a crença com sua teoria das “compensações intertemporais em política macroeconômica”. Além de demolir algumas afirmações simplistas de Keynes, ele também criticou as teorias econômicas radicais de livre mercado, estas mais recentes.
• EM RESUMO: O principal trabalho de Phelps foi a contestação da noção de ser possível escolher um nível de inflação e desemprego. Em contraposição, afirma que a inflação depende não apenas do desemprego mas também da expectativa das empresas e famílias sobre a rapidez da alta dos preços e salários. Quem lembra do Brasil inflacionário, entende rapidamente o que ele queria dizer. Claro que sua teoria é bem mais aprimorada, com equações matemáticas e econometria, inclusive com uma parte em que desenvolve uma “taxa de equilíbrio”. Suas idéias têm fortes impactos na definição das escolhas de política econômica.
• BRASIL 1- Podemos Escolher?
Para recordar, Fernando Henrique se elegeu duas vezes presidente, combatendo a inflação. Lula manteve a política de estabilização, mesmo que a custa de desemprego alto e sob a crítica de estar pagando um preço muito alto em termos de produto (PIB e empregos). Os críticos são os defensores do simplismo keynesiano que ainda acreditam na relação estável da “curva de Philips” (relação inflação X desemprego). Qual a taxa de inflação ideal? Será 3% ao ano, com crescimento também de 3% do PIB e desemprego de 10%. Ou será melhor inflação de 10% ao ano, com crescimento de 6% e desemprego também em 6%? Os críticos de FHC e LULA dizem que é a segunda opção. Phelps, diz que a escolha não é tão simples, pois também depende das expectativas das empresas e famílias. Quem disse que a inflação pararia em 10%? Poderia ir a 20%, depois a 30%, ou 50%. Já vimos esse filme. “Uma pequena inflação é como uma pequena gravidez”, só tende a crescer. Assim, é preciso manter-se vigilante, e os políticos entenderam o recado das urnas.
• BRASIL 2- Eleição
Este ano deveremos ter inflação em torno de 3%, embora a meta fosse de 4,5%. As expectativas para o ano que vem estão em 4,2%. Essas taxas seriam inimagináveis em décadas anteriores. A inflação baixa é, para os assalariados, uma grande aliada. Muitas categorias estão obtendo ganhos reais nas convenções coletivas. Quem ganha salário mínimo, nunca esteve tão bem e quem ganha bolsa família, consegue pelo menos comer. Neste clima se dá a eleição presidencial do segundo turno, em que pode se discutir qualquer coisa, mas em termos econômicos, provavelmente, ganhe LULA ou ganhe ALCKMIN, o remédio será o mesmo, apenas com possíveis alterações na dose. Assim, a questão principal para o futuro deixa de ser a economia e passa a ser a gestão. Gestão coerente dos recursos públicos oriundos dos tributos. Quem poderá fazê-lo com maior propriedade? A avaliação e a escolha é sua, eleitor, para o bem da democracia.
Autor: Edison Luiz Leismann


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