A Mulher Na Literatura Brasileira



Durante séculos a mulher foi predestinada e vista como objeto a ser “lapidado” e moldado para obedecer ao que era pregado pela Igreja, para satisfazer as expectativas dos pais e posteriormente do marido, que era escolhido por sua família.
Vontade própria e demonstração real de sentimentos eram aspectos a serem ocultados.
No Brasil Colônia, o flerte acontecia nas igrejas e o namoro só após o consentimento do pai. A sociedade exaltava sempre a superioridade masculina, o que era refletido na educação das moças, afinal qualquer ato que fosse de desagrado ou servisse de ameaça à paz social era visto por todos com maus olhos.
Toda a sociedade, de alguma forma, e em especial a Igreja, exercia forte pressão sobre a sexualidade feminina e justificava este posicionamento através da Bíblia. Esta servia como um manual de conduta feminina, orientando as mulheres quanto aos modos de se vestir, portar e, principalmente, em relação à submissão ao homem. O ambiente familiar, tanto antes quanto depois do casamento, era construído pelo que ditavam os textos bíblicos, que apontavam as várias faces da mulher: falhas em sua criação por ter sido criada da costela recurva do homem; a mulher vista como feiticeira produtora de feitiços e portadores natural do pecado original. Novamente, a submissão da mulher é presente, uma vez que depende do homem tanto para a concepção quanto para o nascimento do filho.
Na educação, as mulheres eram preparadas, desde criança, para as funções de esposa, mãe e dona-de-casa, enquanto os meninos, para serem o chefe da casa e da família.
Esse contexto sócio-histórico-cultural sofre pouca alteração ao longo dos séculos, mas com o advento do cinema, após a década de 50, o comportamento feminino começa a ser modificado: as moças passam a espelhar suas atitudes nas que eram apresentadas pelas telas, o que é considerado então como uma afronta aos bons costumes. Outro fator contribuinte para a alteração social foi a propagação da literatura no país. Folhetins, jornais e revistas, apesar de tratarem dos mesmos assuntos relativos à educação praticada na época, trouxeram certo desconforto aos lares, pois tudo o que era lido pelas moças precisava ser, antes, policiado para que, da mesma forma que o cinema, não subvertesse o comportamento até então idealizado.
As mudanças mais visíveis e que serviram como trampolim para a situação da mulher nos dias de hoje, se deram a partir da década de 60, com os movimentos feministas, cujas trajetórias já eram bem definidos na Europa e Estados Unidos. Tais movimentos começam a influenciar a sociedade brasileira, pois tinham como bandeira a reivindicação pela igualdade dos direitos femininos em relação aos masculinos. Com isto, a mulher passou a buscar espaço no mercado de trabalho, refutando a idéia de que seu único campo de atuação seria o lar, onde desempenhava as “funções” de esposa, mãe e dona de casa.
Além dessa conquista, a mulher pôde também controlar o número de filhos, com a utilização de métodos contraceptivos, o que fez uma significante diferença em suas vidas. Essa iniciativa refletia não só na estrutura familiar, mas no psicológico das mulheres, uma vez que passaram a controlar o próprio corpo que deixou de ser usado apenas para a reprodução, logo, o prazer sexual começa a fazer parte de suas vidas – assim como já o era na vida dos homens.
Com o advento da globalização – anos 90 – a mão de obra perdeu espaço para a tecnologia, favorecendo o desemprego de muitos homens e, como a mulher não deixou de buscar avanços profissionais, em alguns casos, chegou a assumir o papel de chefe de família. O período de mudanças não foi rápido, tampouco tranqüilo. Apesar de conseguirem espaço no mercado de trabalho, as mulheres precisavam continuar cumprindo suas obrigações domésticas, acumulando tarefas, o que gerou certa sobrecarga.
Autor: Helen Souza Isidoro Soares Alvares


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