Jeito de Vender
Axel, amigo meu e colega do mundo dos negócios, me chamou para ir à lanchonete Bob. Desculpe não falar o nome da firma com apóstrofo e o esse, tão exigidos pelos eruditos. O cansaço e a preocupação seguidos de pressa, por vezes fazem-nos omitir o plural das palavras, prejudicando a perfeita pronúncia dos nomes estrangeiros cuja tendência é também dançar.
É evidente que quando um camelô, diz que certa mercadoria custa RS10 (déreau), enfatiza o duplo singular, para dar a idéia de um popular preço, que até mesmo dispense o consumidor de uma eventual pesquisa. Trata-se de um Jeito de Vender. É o tal negócio: se você for falar em inglês “You is” vão ralhar, lhe chamar de ridículo, corrigindo imediatamente a frase para “You are”. Só que nessa eu o peguei. Estou me referindo a um diálogo da ópera de Gershwin, “Porgy and Bess”, onde o personagem fala para a garota “Mary You Is” (Maria você é). Falei? Falei nada. Escuta só, a mais recente experiência de Axel...
Sempre dou preferência a comer em prato com talher, por mais bonito que seja o “sandubúrguer”. Pelo menos sinto a impressão de não ter de me alimentar de forma a jato. Foi basicamente o motivo, de termos escolhido essa loja mais modesta do que aquela, que só não está presente no Irã. Lanchonete cheia de sofisticação. Dá um monte de prêmio, passagem para a Índia, o escambau.
Garfo na mão, amigo à mesa. Pronto. Enquanto eu mastigo, ele fala. Vou aproveitar que estou com fome e incentivá-lo a contar a história das 1001 Noites, assim devoro “tudinho” e saio dessa fraqueza.
' Você deve estar cheio de novidades, "né"? ' comecei.
' Cara! Fui convidado para trabalhar em uma “multi” e você não imagina o sucesso que alcancei! – continuou Axel.
Meu amigo, embora estivesse contando uma vitória, expressava-se como se acabasse de chegar de um funeral. Sua voz soava como a narração de um escritor clássico russo, no seu mais rigoroso aspecto tragicômico. ... ' ele foi detonado do emprego – pensei.
'- Só não te dou um Oscar, porque as estatuetas já foram distribuídas. – fala, Ax.
' Landim, quando fui trabalhar na EAEL - Esqueça a Ética Ltda, uma “multinacionalzinha”, '- que não vou poder revelar o nome, para me poupar do envolvimento com processos, passando de vítima a réu e coisas que tais, '- vendi muito. Fui contratado para negociar software. Os “Caras”, tinham também um elefante branco, '- computador jurássico, com vários terminais '- e não sabiam como desová-lo. Até esse mastodonte eu vendi para eles. Com uma semana de trabalho, em pleno treinamento, eu já inaugurava o placar, comerciando meu primeiro software corporativo.
' Ta bom, Guri. Vamos chamar a revista Fuças, tirar sua foto em uma praia paradisíaca nordestina e escrever na capa: Esse é o Cara!
' Calma, Landa! Tem a parte triste da história – disse Axel, permitindo-me atender ao telefone, que tocou assim que desocupei a boca.
Enquanto atendi a ligação, meu amigo, consumiu seu "búrguer" semi-frio, com batatas já murchas. Quem mandou falar demais!
' Depois de ter sido bem sucedido em minhas vendas nessa “multizinha”, um tal de Saul Floppy, na frente de toda a equipe, decidiu me esculhambar. Anotou em uma ligação, quantas vezes eu falei a palavra “né”. Segundo sua estatística, o monossílabo fora dito 19 vezes. O que eu não pude dizer a ele, foi que estava me limitando a usar o mesmo linguajar do cliente, que justo, no último “né”, me dera o pedido. Fiz um bom negócio “né”? O que Floppy não compreende, são certas confirmações de sondagens, feitas na evolução de uma abordagem de venda. Cada pessoa tem o seu Jeito de Vender. O problema, é que agora estou desempregado.
' Estava. Aquela ligação que atendi era do meu amigo Carl, dono de uma empresa de informática. Ele está precisando de um bom vendedor. Ele detesta ensinar monge a meditar. Falei sobre você e ele se empolgou com seu Jeito de Vender.
Apoucar a criatividade do vendedor, amordaçando seu comportamento, torna-o alérgico ao ambiente de trabalho, induzindo-o à renúncia, ainda que contrariado, a continuar como colaborador de uma empresa de visão pífia. Analisando melhor a qualidade do profissional, o empresário tem instrumentos para, tornar palatável o setor, construindo juntos um futuro, se não digno, bem próximo de um “Oscar”.
Como Facilitador da área de vendas, partilho da premissa de que a prática de freqüentes treinamentos, capacitará o profissional, dotando-o de atributos que o torne competitivo, propondo, a superação de metas, como seu principal norte.
Nosso trabalho, somente será bem sucedido, se após passar conhecimento ao treinando, explorando seu potencial e enriquecendo sua personalidade, nossas técnicas possam ajudá-lo a transformar de bom para melhor seu mais gostoso e especial Jeito de Vender.
Axel, é alguém muito interessante, cheio de vida. Acha graça em tudo e gosta de todo o mundo. É inteiramente voltado para o perfeccionismo. Aceita e ama os treinamentos, chegando a divertir-se com o aprendizado, não se chamuscando de nenhum modo, quando admoestado ou corrigido em seus erros, os quais, por vezes antecipa-se em reconhecer.
Você notou que Axel é uma pessoa vibrante, nada amorfa “né”. Alguém assim, dificilmente deixaria de portar e aperfeiçoar sua própria técnica, imprescindível em seu admirável Jeito de Vender.
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Escrito por:
Gilberto Landim
[email protected]
www.vendasplus.com.br
Autor: Gilberto Landim
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