Chega Piauí como uma nova forma de fazer jornalismo



Chegou às bancas, neste mês, a edição de estréia de Piauí, uma revista em formato standart, que propõe um novo estilo de jornalismo. Piauí, agora, além de ser o Estado do Parque Nacional da Serra da Capivara, da Cajuína e do Torquato Neto, é também um estado de espírito. “Espírito crítico, olhando para o Brasil e para o mundo com inteligência e bom humor. E com independência”, diz o anúncio publicado na página 25 da revista.

A revista lembra a diagramação e o estilo de texto de O Cruzeiro, que circulou na mídia nacional de 1928 a 1975. É uma revista ousada em sua linha editorial, porém conservadora quanto aos estilos dos textos, que percorrem o formato de ensaios jornalísticos. Os temas tratados se afastam do factual, sem deixar de tratar questões atuais, que merecem destaque na mídia brasileira. Em abordagens não mais superficiais, temas políticos e sociais são tratados com firmeza e crítica. A crítica perpassa a publicação como um todo, desde seus textos, ilustrações e fotografias até alguns de seus anúncios.

Nesta primeira edição podem ser encontradas matérias sobre Roberto Jefferson e suas lições de moral no dia das eleições e sobre o que se aprende nos cursos de telemarketing e quem são esses profissionais. Têm-se ainda, os mistérios do seqüestro do engenheiro brasileiro no Iraque, o jornalista americano que inventou Fidel Castro e mais tantas outras matérias singulares e interessantes. Para tal, a revista conta com colaboradores como Ivan Lessa, Danuza leão, Roberto Pompeu de Toledo, Rubem Fonseca, Alvim, Angeli, entre outros.Que seja bem-vinda a primeira edição de Piauí e que seja apenas o primeiro exemplo de um novo modo de fazer jornalismo.


O Cruzeiro: capítulo à parte na imprensa brasileira

A revista semanal “O Cruzeiro”, que integrou o antigo império jornalístico dos Diários Associados, escreveu, segundo depoimento de profissionais considerados da velha-guarda, um capítulo à parte na história da imprensa brasileira. Lançada pelo controvertido, mas pioneiro espírito de Assis Chateaubriand, chegou a alcançar a tiragem de 750 mil exemplares (até hoje, proporcionalmente, a maior). Façanha extraordinária para sua época, por volta dos anos 50/60. “Depomos nas mãos do leitor a mais moderna revista brasileira”. Assim foi apresentada a primeira edição de Cruzeiro (sem o artigo) em 10 de novembro de 1928.

Ela reunia o que se encontrava de melhor em termos dos nomes que compunham a nata do jornalismo brasileiro, tanto na redação como na fotografia. Grandes nomes fizeram história em O Cruzeiro, dentre eles, Millôr Fernandes, que com seus 80 anos de idade, pontifica ainda hoje na “Veja”. Seu redator principal, conforme expresso no próprio expediente da publicação, era David Nasser, cujas reportagens atingiam sempre repercussão nacional. Jean Manzon (fotógrafo de renome internacional) também integrou a equipe. Fizeram parte da história da revista, ainda, Péricles de Andrade Maranhão (criador de O amigo da onça) e Rachel de Queiroz.

Ininterruptamente, “O Cruzeiro” foi editado de 1943 a 1975. Na expressão do jornalista Roberto Elísio, que trabalhou por mais de 40 anos nos Diários Associados, inclusive como colaborador bissexto da publicação, a velha revista será sempre uma referência em qualquer estudo a respeito da evolução da imprensa na América Latina. Geralmente as capas traziam modelos, atrizes e mulheres bonitas. Eram raras as capas políticas. Getúlio Vargas, JK, João Goulart e Jânio Quadros estão entre essas raridades. A última edição de O Cruzeiro é de julho de 1975, com Pelé na capa, então jogador do Cosmos, vestido de Tio Sam. Seu declínio e desaparecimento ocorreram com o início do declínio de todo o antigo império Associado, que se seguiu à morte de seu fundador, Assis Chateaubriand. Em Minas Gerais, sua sucursal era dirigida pelo jornalista Eugênio Silva, que resolveu encerrar sua atividade profissional com a extinção do periódico.
Autor: Camila de Oliveira Guimarães


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