Ilusões Gerenciais



“Fazer mais coisas e mais depressa não significa que estamos fazendo as coisas certas.” - Stephen R. Covey

Quantas vezes você já escutou na sua organização que “o que precisamos é de mais ‘blá-blá-blá’...”, colocando a principal necessidade relacionada às informações, recursos, experiência, trabalho entre outras coisas marginais? Marginais porque são, na grande maioria das vezes, afirmações baseadas em uma crença sem substância real, uma interpretação de algo que queremos acreditar que é verdadeiro, que todos os nossos problemas vão terminar quando conseguirmos fugir dessas situações. Mas vou lhe dizer uma coisa: Isso tudo é ilusão!

Criam-se ilusões ao se interpretar como verdadeira alguma coisa que não o é, mesmo que somente em parte. Mas a ilusão toma força porque, esperançosos, todos querem acreditar que essa coisa é verdadeira e, com isso, evitar os problemas, as mudanças, as responsabilidades, o sentimento de impotência, os conflitos, enfim, evitar todas as dores empresarias.

Contudo, por mais inofensiva que possa parecer uma ilusão gerenciais, por detrás dela existe a realidade permeando a todos os quais, mesmo inconscientes, mergulham pouco a pouco num mar de dúvidas e incertezas. Essa escuridão desloca os esforços das pessoas no sentido das idéias errôneas que quando combinadas com emoções negativas resultam em fatalidades empresariais, destruindo a determinação das equipes em mudar. Nesse caso, os dirigentes das organizações só percebem isso, quando os relatórios apontam uma infinidade de números vermelhos.

Como diz um provérbio húngaro, “de um cachorro não se faz salame”. Não queira crer que sua equipe tem uma clara noção de quem é a empresa e quais são o objetivo e a visão só porque existem placas com frases bonitas penduradas nas paredes. Além do mais, só crescer não significa estar em sintonia com os valores básicos da empresa, pois quando crescemos, os problemas e os erros também crescem. Nesse sentido, a identificação de prioridade fica comprometida e as ações de cada área da empresa vão se desalinhando até ouvirmos:

- “Nós vendemos, mas a produção é que não conseguiu entregar.”

- “Nós dobramos a produção, mas a área de vendas é incompetente e os estoques estão cheios.”

- “Fizemos boas campanhas, nossos clientes nos procuram, mas nossos vendedores não fecham pedidos.”

“É só criarmos procedimentos bem definidos para garantir a qualidade dos nossos produtos e serviços”, é o que ouvimos numa reunião para resolver essas questões. E cá estamos frente a mais uma grande ilusão! É claro que os procedimentos são necessários para dar ordem às ações, mas não é só isso que define a nosso perfil. Quando as pessoas discursam sobre qualidade, geralmente atribuem uma idéia exageradamente negativa aos erros. Isso faz com que as pessoas os escondam ao invés de evidenciá-los para que possam ser corrigidos. O que realmente é necessário implantar é uma atitude qualitativa geral na empresa, incorporando os melhores fornecedores, dando respostas e acompanhando os funcionários e aprendendo a observar o que está acontecendo na organização. Senão, como poderemos criar expectativas dos nossos colaboradores que não sejam meras ilusões? Afinal de contas, como disse Leon Blum, “não se pode buscar o ideal fora do domínio da realidade”.

E você retruca: “Mas nós estamos indo melhor que a empresa X”. Cuidado! Deixe-me dizer uma coisa. Se sua organização carece de visão própria, não crie a ilusão de que poderá obter uma emprestada de outra organização. Isso só piora as coisas nublando, ainda mais, as condições de observação do que estaria realmente acontecendo em sua empresa. Mas se sua empresa está realmente indo bem, então não crie a ilusão de que isso vai durar. Você já viu o que acontece com os desportistas que param de praticar constantemente seu esporte? Eles saem do circuito... Então, faça a fama, mas não deite na cama, a não ser que queira fechar as portas.

Enfim, a verdade acima de tudo ainda é a mola mestra da engrenagem da vida (seja pessoal, empresarial ou profissional). Nas palavras de Averil Marie Doyle, “quando a ilusão de desfaz, a realidade emerge”. Se você quiser enxergar a realidade na sua empresa e fazê-la realmente prosperar, elimine as ilusões!
Autor: Andersom Bontorim


Artigos Relacionados


Aqui Jaz Uma Empresa Familiar Juntamente Com Seu Proprietário

IlusÃo

A Ilusão Das Existências.

Cuidado Com As IlusÕes! (ii)

Soneto 7

RefÉm Da IlusÃo

Fantasia Do Equívoco