Dois Brasis e suas facetas



Autores: Marçal Rogério Rizzo*; Juliene Linares* e Laís de Souza Oliveira*

Analisar o Brasil é uma árdua tarefa. A análise não pode ser feita com única visão, generalizando e homogeneizando o país como um todo. Quando pesquisamos sobre este imenso Brasil, encontramos vários autores que afirmam que o Brasil não é um só, mas e sim um país com diferentes especificidades.
Há diferenças de região para região, de Estado para Estado, de cidade para cidade, de bairros para bairros, de classe social para classe social entre outros.

Localizamos um artigo na Internet, de autoria do jornalista e escritor Luciano Pires intitulado “Dois Brasis” no qual o autor declara que há um Brasil “pobre de espírito”, conformado em ser dirigido e outro composto de gente que exerce seu poder sobre as pessoas, ou melhor dizendo, esse Brasil é composto de uma elite “dirigente” e de uma massa pobre alienada e “dirigida”. O autor traz uma visão interessante sobre os dois Brasis: “Um Brasil ignorante, que faz dessa ignorância fonte de poder e lucro. Um Brasil onde regras têm pouco significado, onde o que vale é tirar proveito, é a malandragem. O Brasil dos Pocotós. O outro Brasil é composto de gente que exerce seu poder de escolha. É um Brasil intelectualizado naquilo que essa palavra tem de mais importante: a sede pelo conhecimento. Um Brasil que tem bom gosto, que consome cultura, que respeita regras e que em nada difere de outros países mais ‘desenvolvidos’”.

Para a elaboração deste artigo, vamos caminhar para o campo econômico e discutir um pouco da conjuntura econômica pela qual o Brasil vem atravessando. Luiz Carlos Mendonça de Barros, no artigo Ainda os dois Brasis, publicado na Folha de São Paulo em 13 de outubro de 2006 (Caderno Dinheiro), vem lembrar a existência de dois Brasis, diferente do que foi tocado acima por Luciano Pires.

Mendonça de Barros afirma que, hoje, temos um Brasil industrial, o qual vem crescendo muito pouco ou até se apresenta em queda, enquanto o Brasil das importações cresce aceleradamente.

Ressalta que os setores importadores que empregam pouca mão-de-obra crescem por volta de 4,8%. Já a indústria extrativa mineral, que requer um número maior trabalhadores, como as indústrias de transformação, não crescem ou quando crescem apresentam apenas 1,5% de aumento.

Com esse crescimento industrial tão baixo, a taxa de emprego apresenta-se na mesma proporção e, enquanto isso, a importação de bens duráveis e não-duráveis cresce de forma acentuada. Isso mostra que estamos gerando empregos em outros países.

Ainda Mendonça de Barros traz uma importante observação sobre a política econômica do atual governo: “Em vez de usar o espaço aberto pelo ajuste externo, para acelerar o crescimento por meio do aumento do investimento, a configuração atual da política econômica está provocando apenas substituição de produção doméstica por importações, em um ambiente de baixa competitividade”.

Destaca, ainda, que esse processo deve aprofundar-se no próximo ano e, se isso realmente ocorrer, a economia brasileira irá piorar, afetando o mercado de trabalho.
Chegou a hora do governo acordar do “sono eterno em berço esplêndido” e, no próximo mandato, diminuir essa diferença dos “dois Brasis” e suas facetas. Precisamos de um ambiente favorável para a construção de um Brasil mais igualitário. Temos que gerar empregos, mas, para que isso ocorra, necessitamos de juros baixos, menos impostos e uma taxa de câmbio mais adequada para os exportadores.

Para encerrar citamos o artigo “Visão do Paraíso” de Maria Sylvia Carvalho Franco, que foi publicado na Folha de São Paulo em 19 de outubro de 2006, em que chama a atenção para a possível visão que o presidente Lula tem do país. “NESTE PAÍS harmonioso, imaginado por Lula - deus benévolo -, equilibram-se ricos e pobres. A polícia é republicana, famílias saem da pobreza, crianças vão à escola, a saúde é excelente, todos são iluminados, agricultores e industriais prosperam, abunda o crédito benfazejo, os negócios internos crescem e os exteriores nem se fala, sobejam reservas, ninguém precisa de moral”. Esse país pode ser mais um dos “dois Brasis” que pode existir, ou seja, o país que a população vê e vive e o “país do Éden” que os políticos vivem e fazem à questão de ver e se manter nele.

Voltamos a afirmar que temos que aproximar esses Brasis. Do contrário, estaremos construindo uma sociedade sem futuro, onde a parte pobre da população vai viver com fome e a parte rica vai viver com medo da parte pobre.


*Marçal Rogério Rizzo: Economista, professor universitário, especialista em Economia do Trabalho pela Unicamp, especialista em Gerenciamento de Micro e Pequenas Empresas pela Universidade Federal de Lavras, mestre em Desenvolvimento Econômico pelo Instituto de Economia da Unicamp e doutorando em Dinâmica e Meio Ambiente pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP de Presidente Prudente - SP).

**Juliene Linares: Acadêmica do 2º. Semestre do Curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário Toledo de Araçatuba (SP) – UniToledo.

**Laís de Souza Oliveira: Acadêmica do 2º. Semestre do Curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário Toledo de Araçatuba (SP) – UniToledo.
Autor: Marçal Rogério Rizzo


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