Criatividade e Processo de Criação



O livro tem como tema o ser humano criativo, considerando a criatividade um potencial inerente ao homem, e a realização desse potencial uma de suas necessidades.

A autora trata o potencial na criatividade de um jeito bem interessante, no qual pode-se ajudar na compreensão das atitudes do ser humano, que se move entre formas em que as coisas se configuram, ou seja, dos inúmeros estímulos recebidos a cada instante, alguns deles são relacionados e percebidos em relacionamentos que se tornam ordenações, orientando de acordo com expectativas, desejos, medos e principalmente de acordo com uma atitude do nosso ser mais íntimo, descrito pela autora como “ordenação interior” que constitui uma maneira específica de interpretar os fenômenos em busca de significados.

Os processos de criação ocorrem no âmbito da intuição e vão se tornando conscientes na medida em que são expressos, ou seja, na medida em que vai se obtendo uma forma. Por mais que sua elaboração permaneça no nível do subconsciente eles se referem à consciência do homem, pois só assim possuem significados no ato criador. A autora entende que a consciência nunca é algo acabado ou definitivo, ela vai se formando no exercício de si mesma em que o homem ao transformar a natureza se transforma também.

O homem será um ser consciente e sensível em qualquer contexto cultural, pois a consciência e a sensibilidade das pessoas fazem parte de sua herança biológica e faz parte do seu comportamento que se molda pelos padrões culturais, históricos, do grupo em que ele, o indivíduo, se desenvolve. De acordo com Ostrower, a sensibilidade é uma porta de entrada das sensações, ela representa uma abertura constante ao mundo e liga o indivíduo de modo imediato ao que acontece a sua volta. A maior parte da sensibilidade, incluindo as sensações internas, permanece vinculada ao inconsciente, pertencendo a ela as reações involuntárias do organismo do indivíduo, e uma boa parte, entretanto, chega ao consciente, chagando de forma organizada, é o que é chamado de percepção sendo a elaboração mental das sensações.

A percepção delimita o que o indivíduo é capaz de sentir e compreender correspondendo a uma ordenação seletiva dos estímulos e cria uma barreira entre o que é percebível e o que não é percebível.

Para a autora os valores culturais constituem o clima mental para o agir do indivíduo, criando referências, discriminando as propostas, pois representando a individualidade de cada um a consciência representa a sua cultura. A natureza em suas manifestações é filtrada no consciente através de valores culturais. A cultura orienta o ser sensível ao mesmo tempo que orienta o ser consciente, sendo assim, a sensibilidade do indivíduo orienta o fazer imaginar individual. Ostrower diz que “por se vincular no ser consciente a um fazer intencional e cultural em busca de conteúdos significativos, a sensibilidade se transforma. Torna-se ela mesma faculdade criadora, pois incorpora um princípio configurador seletivo”.

Provindos de áreas inconscientes do ser, as associações compõe a essência de um mundo imaginativo que será povoado por expectativas, aspirações, desejos, medos, por toda sorte de sentimentos e de prioridades interiores. Como diz a autora “Se é fácil deduzir-se a influência que exercem sobre a nossa mente, no sentido de encaminhar as associações para determinados rumos e renovar determinados vínculos com o passado do mesmo modo é fácil saber que as prioridades interiores influem no nosso fazer e naquilo que queremos criar”.

O potencial criador elabora-se nos vários níveis do ser sensível-cultural-consciente (expressão usada pela autora) do homem, e se faz presente nos vários caminhos em que o homem procura captar e configurar as realidades da vida.
Autor: Laura Ferraz


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