Você Se Lembra dos Anos 80?



Você se lembra dos anos 80? Se a resposta for não, vá assistir o musical, “Sessão da Tarde”, que dá uma boa idéia para os que não se lembram, ou para os que não eram nascidos na década de 80.

Antes de comentar sobre o musical, eu resolvi fazer um pequeno resumo de fatos ligados aos anos 80, que foram vividos por muitas pessoas da minha geração. Espero que este texto sirva para matar a saudade dos que estavam lá ao vivo e a cores, e saciar a curiosidade dos admiradores dessa época tão criticada, porém muito divertida.

Apertem os cintos, pois hoje nós vamos voltar no tempo e levar você de volta para uma década que ficou marcada na história e talvez na sua mente por muitos motivos.

Bem vindos à sessão flashback!

Antes de entrar na parte divertida da década considerada por muitos como “a década perdida”, aqui estão alguns dos acontecimentos que eu considero muito importantes, para a política e para a sociedade em geral:

-1980: O partido dos trabalhadores (PT) foi oficialmente criado, o poeta Vinicius de Moraes morre e John Lennon é assassinado por um fã.
-1984: Diretas já! (será que elas eram tão diretas assim?)
-1985: Fim do regime militar: Tancredo Neves é eleito presidente do país, porém falece antes de tomar posse, deixando a presidência para José Sarney (que hoje em dia é senador e membro da academia brasileira de letras). Esse ano não foi só de desgraças: nós tivemos também o “Rock in Rio”!
-1986: Dois grandes acidentes: o Plano Cruzado 1 e 2 e o acidente nuclear em Chernobyl.
-1988: Chico Mendes é assassinado.
-1989: o Brasil tem a sua 1° eleição direta para presidente em quase 30 anos. A queda do muro de Berlim unifica novamente a Alemanha, e o mundo perde Raul Seixas.

Na Moda (ou fora dela).

Você lembra do Kichute e do All-Star de todas as cores possíveis e imaginárias? Da calça fuseaux, do lurex, de usar a combinação camisa stretch + calça de lycra da Inega, aquela que você tinha que pedir ajuda da sua irmã para subir pelas pernas. E aquela sua blusa com mangas morcego, estampa de oncinha e ombreiras do tamanho das que os jogadores de futebol americano usam?

Não me diga que você nunca usou polainas com listras multicoloridas? E as acid washed, minissaias e calças de jeans (com a cintura que de tão alta ia até quase ao pescoço, e ainda tinha gente que usava suspensório), tudo isso mais as sandálias de plástico. Lembra das meias-calças de renda coloridas e rasgadas? Aliás, tudo era colorido, cítrico para ser mais precisa, e mais um detalhesito: na hora de ir à praia o biquíni tinha que ser asa delta ou fio dental, e as meninas mais ousadinhas iam de topless mesmo...

Lembra dos assessórios: pulseiras de plástico, inúmeras e multicoloridas, todas ao mesmo tempo. Luvas de renda sem as pontas dos dedos (herança de Madonna), brincos enormes, as bandanas, além daquela mania de usar vários relógios ao mesmo tempo? O relógio Swatch que trocava de pulseiras? Os laços enormes na cabeça, tipo Miney Mouse?

Correntes e mais correntes no pescoço; pingentes e mais pingentes pendurados por todas as partes do seu braço; rímel colorido; sombras para os olhos de todas as cores e muitas vezes usadas em degrade; o maldito batom 24 horas, que não saía nem a pau?
Quem ainda lembra que a moda era usar Fiorucci (lembra dos anjinhos das embalagens?), O.P., Hang Tem, além de muitas outras que eu tenho medo de lembrar...

E se você não lembra ou nega ter usado alguns ou todos dos itens acima, eu tenho certeza que, se você pegar algum daqueles álbuns de família, você vai se ver com aquele rabo de cavalo bem no topo da cabeça, com a sua irmã mais nova que era toda metida a punk com a cabeleira cheia de cores, cortada assimetricamente (lembra da Baby Consuelo?). Sua mãe provavelmente vai estar com aquele penteado desfiado cheio de fixador ou gel que não se movia nem com um vendaval, sua priminha com aquele “franjão”, e a sua irmã mais velha com os cabelos repicados e/ou com permanente.

Não é só de más lembranças que os anos 80 são feitos. Passado a vergonha, lembre-se que muitas coisas que com certeza marcaram as nossas vidas, aconteceram nesses anos. Por exemplo...

As Séries de TV

Quem não se lembra da “Gata e o Rato” com Bruce Willis; o incrível “MacGyver”, que sem absolutamente nenhum aparato fazia coisas incríveis; o bigodudo do “Magnum”. Quem nunca quis ir conhecer a “Ilha da fantasia”; ver as “Super Gatas”, aquelas três velhinhas que moravam juntas; o super bonitão “Homem da Máfia”; aquele cara que se transformava em todos os tipos de animais, o “Manimal”. Quem pode esquecer dos dois policiais rodoviários do “Chips” e a série que meu irmão jamais me perdoaria se eu deixa-se de fora: “Incrível Hulk”.
Para os mais novinhos tinha o “Bozo” e sua turma com a vovó Mafalda (que traumatizou muitas crianças ao se descobrir que a vovó era na verdade um vovô, além de fazer a Velha Surda também); o papai Papudo, o “Balão mágico”, o “Show da Xuxa”, a “Mara Maravilha”, “Os Trapalhões”, “Domingo no Parque” e tantos, mais tantos outros programas de TV, que não é a toa que nós não desgrudávamos da telinha.
Juntamente com os seriados tinham os desenhos animados como, por exemplo, a “Caverna do dragão” (um desenho maravilhoso; não conheço uma pessoa que possa falar algo de mal desse desenho); o ”He-man” e sua “irmã” ”She-ha”; o “Manda-Chuva”; “Jossie e as Gatinhas” (que até virou filme); os azulados dos ”Smurfs”; os detetives do “Scooby-Doo”; “Thundercats” (que eu honestamente não era lá muito chegada); e no fim da década, surge os “Simpsons”, que são um sucesso até hoje.

No cinema

Filmes como “O primeiro ano do resto de nossas vidas”, “Clube dos Cinco” e “Garota de Rosa-Shocking” trouxeram uma geração nova de super estrelas, conhecidos com Brat Packs, uma analogia ao Rat Packs formado pelo grupo de Frank Sinatra nos anos 60.
“Guerra nas Estrelas – O império contra-ataca” e o “Retorno de Jedi” lotaram os cinemas; “Procura-se Susan Desesperadamente” com Madonna, que na época era censura 14 anos e eu, que era mais nova, consegui entrar para assistir no cinema!
“Indiana Jones”, “Cegos, Surdos e Loucos”, que é muito legal, vale a pena assistir. “A Hora do Pesadelo”, que até hoje me deixou com medo de filmes de terror, e quem poderia esquecer de colocar nesta lista “Rambo - Programado para Matar”, e logo após “O Exterminador do Futuro”, junto com “A Lagoa Azul”, “Flashdance” e por último, porém com certeza um dos filmes mais marcantes de todas as eras, “ET, o Extraterrestre”.

Os brinquedos

Claro que nem só de cinema e TV se vivia. O “Atari” e o “Odyssey” eram ótimos passatempos para os adolescentes, que evitavam assistir o jornal nacional, pois não estavam nem aí para as “Diretas Já” ou Chernobyl.
Porém, se a casa só tivesse um aparelho de televisão, e alguns adultos fossem interessados em atualidades no Brasil, nos éramos obrigados a sair do espaço virtual, apelando para o “Aquaplay”, para o “Genius” ou para o “Robô Artur” que não fazia lá muita coisa, mas quebrava um galho legal.
Lembra da feia da Susi, que ainda dominava o mercado, e os bonecos do “Comandos em Ação”? A frase “quem não tem cão caça com gato” neste caso é verídica, pois a Susi podia ser uma baranga, porém o estilo militar dos bonecotes quebravam bem o galho para as menininhas que queriam desencalhar a dondoca, mas não tinham o boneco “Bob”. Honestamente, quando a Barbie e o Ken chegaram ao Brasil, eles não foram nem um pouco mal recebidos.

As gírias mais usadas na época

Bode, brega, brega chique, deprê, depri, economês (idioma falado pelos economistas), encanar, fio dental, massa, mercado paralelo, ô meu, pacote econômico, patrulhas ideológicas, pega leve, baba-ovo, chocante, detonar, mala, rolar, rolo, ta crowd e viajar na maionese era o que estava na boca dos jovens dessa época.

A música

No caso de muitas pessoas o que mais marcou os anos 80 foi a música. Até hoje existe um grande movimento retrô que defende essa era como a melhor era musical de todos os tempos, e por outro lado existem pessoas que afirmam que os 80 foram os piores, musicalmente. A minha posição nesse caso é neutra, teve muita coisa boa a muita mais muita porcaria mesmo.
No exterior, apareceram bandas e estrelas como Joy Division, Michael Jackson, Madonna, The Police, U2, The Cure, Dead Kennedys, R.E.M., Guns'n'Roses, Prince, Duran Duran, A-há,The Cult, Flock of Seagulls (lembra dos cabelos dos caras? Cruzes...), os dubladores Milli e Vanilli as famosas boys bands como os Menudos, os New Kids on the Block e aquela vergonha do Locomia.
No Brasil muita coisa aconteceu no campo do rock nacional: a Blitz, o Barão Vermelho, o RPM, o Legião Urbana, Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, Capital inicial, Lulu Santos, Marina, os Paralamas do Sucesso, o Últraje a Rigor, os Titãs... Nossa, tinha tanta gente... Tinha música tema para tudo: Amor, brigas amorosas, revolta, saudade, mais brigas amorosas, tédio, romance, religião, mais brigas amorosas, e por aí vai...

Falando do Musical em cartaz no Teatro Imprensa:

O musical “Sessão da tarde” retrata muito bem a época. Montada por um elenco jovem e cheio de energia, a peça traz uma trilha sonora bem escolhida, com músicas que fizeram boa parte dos espectadores cantarem.
Entre os números musicais, a história da peça conta um romance, de certa forma ingênua, que retrata bem o relacionamento dos jovens mais ”apoliticados” dessa época, onde uma gang de adolescentes resolve formar uma banda de rock, passando por problemas como desentendimentos, a falta de dinheiro, amores correspondidos e não correspondidos. A melhor parte da peça é a coreografia encenada em conjunto com um vídeo-clip do Michael Jackson, que é projetado em um telão onde os atores da peça “interagem” com o vídeo.

A peça não é uma super produção, ao contrário, o charme desse espetáculo é a simplicidade e falta de pretensão com que foi montado. O cenário e o figurino são simples e bem representativos, fazendo com que momentos de nossas vidas voltem com suas músicas e roupas. A impressão que passa para o público é de intimidade e familiaridade, como se os atores estivessem se divertindo muito durante toda a apresentação.

Muitas partes da atuação das cenas de romance me lembraram um pouco do filme “Moulin Rouge”, trazendo para o palco um mix de varias canções românticas cantadas em duetos. Outras me fizeram lembrar do filme musical “Grease”, com músicas cantadas e encenadas por todos os personagens da peça simultaneamente, hora em coral (que, aliás, é muito bom); outrora com músicas divididas em partes e cantadas em certos momentos por apenas um membro do elenco, enquanto os outros continuavam com a coreografia.

Resumindo, a peça não foi escrita, dirigida ou planejada para ser um musical estilo Broadway. Porém ela foi criada para todos nós, pessoas comuns, que trazem na memória uma era que se foi e marcou muito várias gerações. Garanto que ao assistir essa peça você vai sentir vontade de dar aquela reviradinha no armário atrás daquela foto sua de permanente, ao som de “Lick It Up”...
Autor: Adriana Zimbarg


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