La estrada, Fellini completo...



1) Fellini

Federico Fellini nasceu em Rimini, local turístico a beira do mar Adriático, na Itália, em 20 de janeiro de 1920. Vindo de uma família de classe média, Fellini teve uma educação católica e tradicionalista. Durante sua infância, uma de suas maiores paixões foi o circo, e com ele resolveu fugir de casa aos 12 anos de idade.
Aos 18 anos Fellini trabalhava como ator em peças pequenas, cartunista, repórter e escritor de textos para rádios. Seu ingresso no mundo cinematográfico não foi menos interessante. Logo após seu casamento com Giulietta Masina, que seria no futuro sua musa inspiradora, ele conheceu o ator/diretor Aldo Fabrizi, que o convidou para colaborar com ele em várias produções de filmes.
Em 1945, Fellini conhece Roberto Rosselini, que o convida para ajudar a escrever o roteiro de um filme e ser seu assistente de direção. De 1946 a 1951, Fellini participou intensamente de várias produções de Rosselini, até que em 1951 ele dirigiu seu primeiro filme “Luci del Varieta”. Após sua estréia como diretor, ele trabalhou em vários filmes que podem ser tratados como uma passagem de preparação e aprendizagem para o grande diretor que ele se tornaria. Em 1954 ele dirigiu “La Strada”, que juntamente com um Oscar marcou sua entrada no hall dos grandes diretores de cinema. Em 1955 ele dirigiu o filme “Il Bidone”, que apesar das boas criticas não marcou a carreira de Fellini intensamente, provavelmente por que o público esperava mais do diretor após o sucesso que foi “La Strada”.
Com a direção de “Le Notti di Cabiria” Fellini é rotulado como um diretor “romântico/realista”. 1960 foi a época de “La Dolce Vita”, que é provavelmente seu filme mais famoso. Em 1963 Fellini recebe outro Oscar pelo filme “8 1/2”. Vários outros filmes foram dirigidos por Fellini, porém somente em 1973 com o filme autobiográfico “Amarcord”, é que o diretor foi nomeado e recebeu mais um Oscar.
As produções de Fellini após 1973 são obras que não foram bem recebidas pela critica, porem os fãs de Fellini jamais poderiam admitir que o diretor tivesse entrado em uma fase de decadência. Em 1993 Fellini recebe seu último Oscar, na categoria de “lifetime achievement award”. Neste mesmo ano Frederico Fellini sofre um derrame e uma parada cardíaca, e acaba falecendo.
Fellini é considerado um dos grandes inovadores do cinema: com seus personagens incomuns, ele foi o responsável pela criação e desenvolvimento do cinema surrealista e do expressionismo psicológico. Fellini explorou a extravagância transformando-a em estética, como se todos os seus filmes fossem parte de seu universo pessoal e único, que horas cheio de poesia e horas cheio de excentricidades, seu senso de humor, uma boa mistura de humor negro com absurdo, diferenciou ele de todos os cineastas contemporâneos.
Fellini foi casado por 50 anos Giulietta Masina, sua musa até o último dia de sua vida e mãe de seu único filho, nascido em 1945 e falecido após duas semanas de vida devido a insuficiência respiratória.




2) curiosidades sobre Fellini

Curiosidades sobre a vida de Fellini:

• Em 1944, Fellini e outros colegas abrem uma loja de caricaturas, fazendo desenhos para as tropas aliadas. A loja é um sucesso imediato.
• “La strada”, é o seu primeiro filme de sucesso internacional.
• Em 1957, Fellini vai para os Estados Unidos pela primeira vez para receber o Oscar de melhor diretor por “La Strada”.
• A primeira exibição de "La Dolce Vita" é feita em Milão em 1960. O cineasta é vaiado pelo público que detesta o filme, porém mesmo sendo detestado, ele ganha o premio a Palma de Ouro, no festival de Cannes.
• Russos e americanos concordam em uma coisa: o filme "8 1/2" é considerado pelo festival de cinema de Moscow e pela Academia de Cinema Americano um dos melhores filmes da década, rendendo a Fellini o prêmio no festival de Moscow de 1963 de melhor filme (unânime pelos jures), e em 1964 o Oscar de melhor filme estrangeiro.
• Em 1967, Fellini é internado em uma clinica para tratar uma síndrome chamada, "Sanarelli-Schwarzmann síndrome", o que para muitos foi chamado de “desculpa diplomática” para largar a direção do filme, "Il Viaggio di G. Mastorna".
• Em 1984, Fellini dirige o comercial da bebida Campari.
• Os temas mais comuns abordados por Fellini eram uma combinação de memórias, sonhos, fantasias e desejos.
• O ator favorito de Fellini foi Mastroianni, que segundo Fellini era diferente dos atores americanos, pois nunca perdia tempo questionando. Em todos os filmes de Fellini que atuou Mastroianni, era o ator que representava o diretor, mesmo sem parecer fisicamente com o mesmo. Muitos dizem que Mastroianni era o super ego de Fellini.


3)Filmografia


1. Mulheres e Luzes (1950)
2. Abismo de um Sonho (1952)
3. Os Boas Vidas (1953)
4. L'amore in Città (1953)*
5. A Estrada da Vida (1954)
6. A Trapaça (1955)
7. As Noites de Cabiria (1957)
8. A Doce Vida (1960)
9. Boccaccio 70 (1962)*
10. 8 ½ (1963)
11. Julieta dos Espíritos (1965)
12. Histórias Extraordinárias (1967)*
13. Block Notes di um Regista (1968)
14. Satyricon (1969)
15. I Clowns (1970)
16. Roma de Fellini (1972)
17. Amarcord (1973)
18. Casanova de Fellini (1976)
19. Ensaio de Orquestra (1979)
20. Cidade das Mulheres (1980)
21. E La Nave Va" (1983)
22. Ginger e Fred (1985)
23. Entrevista (1987)
24. A Voz da Lua (1990)

*dirigiu um episódio.

4) La strada o filme

La Strada

A história é uma estranha versão de a Bela e a Fera, com Anthony Quinn. Zampanò é um homem bruto que compra de uma mãe pobre sua filha Gelsomina, interpretada por Giulietta Masina, para ser sua assistente. Zampanò representa a figura da brutalidade, do homem quase primitivo, e Gelsomina, é uma figura dócil e delicada, sem aparentes pretensões fora ser uma artista mambembe. Ela o segue fielmente por todas as partes como se a ele pertence-se, sem questionar e somente a obedecer.
O casal vive uma relação passivo-agressiva, sendo a figura feminina a parte oprimida pela figura masculina que representa a brutalidade.A história é um relato de fatos seqüenciais. O maior foco é dado ao comportamento humano e seus desejos primários, quase baseados em instintos. O filme muda um pouco, de instintivo para inocente, com o aparecimento de Richard Basehart, que faz o papel de um tolo sonhador, que desperta em Gelsomina uma curiosidade quase infantil sobre o sentido da vida. Porém Zampanò e o personagem que representa o sonhador têm atritos antigos, e em uma briga, Zampanò com sua força acaba matando acidentalmente o tolo.
Após esse episódio, Gelsomina entra em um estado que só pode ser descrito como uma mistura de transe e depressão. É nessa hora que o bruto se mostra um pouco menos primitivo e deixa a inocente e deprimida Gelsomina para trás.
Anos após esse acontecimento Zampanò descobre que Gelsomina após o episodio da morte do tolo perdeu completamente sua lucidez e passou seus últimos anos em um vilarejo. A história que começa em uma praia acaba também em uma praia, dando uma idéia de a vida ter se passado em círculos.
A trilha sonora é uma das mais bonitas do cinema mundial e não é a toa que o filme entrou para a história.


5) La strada teatro

Sobre a montagem teatral de “La Strada”.

A Cia. De atores Bendita Trupe trouxe aos palcos de São Paulo uma montagem merecedora dos maiores elogios. Uma montagem simples, sem pretensões, que consegue trazer “La Strada” de Fellini aos palcos sem perder os detalhes mais importantes do filme.
Juntamente com essa preocupação minimalista, eles trouxeram ao picadeiro atuações maravilhosas, com destaque para a atriz Jacqueline Obrigon, que conseguiu dar vida a um dos papéis mais profundos do cinema, Gelsomina, que é um personagem de delicadeza e inocência única.
O cenário é prático e versátil, que dobrando de um lado para o outro leva o espectador a um mundo de sentimentos intensos, onde os personagens vivem seus conflitos internos e externos passando por sua busca que pode ser considerada semi-existencialista, pois nenhum dos personagens está na verdade preocupado com o sentido da vida. Eles vivem no dia a dia o que, para eles, é o suficiente. A peça consegue refazer um ambiente que só poderia ter sido criado por Fellini, simples e detalhista. Uma boa disputa entre o ordinário e o espetacular.
O segredo dessa peça deve ser a simplicidade com que foi montada e ao mesmo tempo a profunda exploração das características dos personagens. A peça não é recomendada ao público em geral: como todos os trabalhos de Fellini, essa peça é uma montagem dedicada ao humanismo, trabalhando com uma linguagem que pode parecer direta, porém é metafórica e, acima de tudo, cheia de profundidade. A peça explora a alma humana em vários aspectos: o bruto que aparentemente é incapaz de amar, a delicada que aparentemente não tem nada a oferecer fora a sua atrapalhada ingenuidade e o sonhador que é mostrado como um tolo, mas na verdade não existem anjos ou demônios nessa obra: todos são humanos passíveis de erros e arrependimentos.
Se você é uma daquelas pessoas que sempre olham um pouco mais afundo e querem mais do que respostas, essa peça se torna obrigatória para quem pretende ir além do ser humano.
Autor: Adriana Zimbarg


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