Liderança – Perto Do Coração Ou Da Razão?
Falamos sempre em liderança associando-a a gestão, estratégia, administração de conflitos, mediação, caráter, poder de decisão e capacidade de lidar com a complexidade humana, levando em consideração a visão positiva de construção de algo. Deepack Chofra afirma que o líder é a expressão simbólica de uma coletividade, ele carrega consigo uma saga de sucessos e fracassos de uma população, seja em conflitos sociais, libertação de processos de opressão, como por exemplo Gandhi que desenvolveu uma autoridade moral mediante a visão, a disciplina e a paixão regidas pela consciência de transformação social.
Partindo da minha própria vivência, como líder de uma organização e como uma profissional que desenvolve treinamentos para os líderes de empresas nacionais e multinacionais em Pernambuco, observei que Gerir pessoas, significar adquirir a capacidade de influenciar e desenvolver os talentos (competências) dos liderados, fazendo uma construção saudável e sólida entre as necessidades individuais e as necessidades organizacionais. O líder assume o papel de um mediador dentro da organização envolvido em processos de manutenção da estrutura organizacional, manipulando ou libertando os liderados para a própria autonomia. Esse papel dúbio gera conflitos e medos que podem interferir diretamente nos resultados da sua equipe de trabalho.
A literatura basicamente norte-americana não observa este prisma com constância, adota uma atitude mais funcionalista. Investiga-se a personalidade do “bom” líder, o que eles podem fazer pelas organizações - “Bom” para quem: si próprio, empresa, liderados ou o sistema vigente na sociedade da cultura para a produtividade?
Raramente se investiga a relação CORAÇÃO-RAZÃO. Quais os sentimentos pessoais dos líderes no exercício da sua função: o que pensam, como vêem a responsabilidade de conduzir pessoas, como compartilham ou não com sua família a grande tarefa de estar em suas mãos os desejos, as expectativas e as necessidades dos liderados. Como se sentem de fato como pessoas, tomando determinadas decisões, às vezes incompatíveis com a sua essência. Quais vantagens e desvantagens que a liderança trás para sua vida pessoal e profissional?
Geralmente desenvolvem distúrbios psicossomáticos, criam couraças para se defenderem de algo que não concordam ou não desejam nem para si nem para os liderados. Rotulam-se muitas vezes de super heróis para liderar dentro de estruturas que não trazem conforto afetivo e profissional. Então, como lidam com suas necessidades, suas angústias, suas decisões, sua agressividade, sua raiva, enfim a sua própria identidade.
Estas questões essenciais não são abordadas nos treinamentos sobre Liderança. O enfoque é: qual a melhor atuação do líder para conseguir produtividade na empresa – muitas vezes receitas motivacionais que não possuem os ingredientes que facilitam a compreensão da verdadeira liderança. O discurso é do tipo o “líder deve desenvolver a compreensão, o espírito de equipe, a solidariedade, a comunicação” - desenvolver como? Sem um preparo e sem saber como definir de fato questões tão subjetivas.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
§ CHIAVENATO, Idalberto. Administração de Recursos Humanos. Volume I. São Paulo: Editora Atlas, 1981.
§ COVER, R. Stephen. O 8o. Hábito – Da Eficácia à Grandeza. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2005.
§ VRIES, Manfred F. R. Kets. Liderança na Empresa. São Paulo: Editora Atlas, 1997.
Autor: Vera Lúcia da Conceição Neto
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