Carta sobre Cotas Raciais em Universidades



Recentemente enviei uma carta com minha opinião a respeito de cotas raciais em Universidades públicas do Estado e outros problemas afins ao Governador do Estado e gostaria muito de divulgá-la:

Excelentíssimo Senhor Roberto Requião, Governador do Estado do Paraná,

Gostaria de lhe expor algumas críticas e apresentar algumas sugestões. Para tanto gostaria de ter sua atenção governador e, preferencialmente, uma resposta de sua pessoa.
Tenho percebido que uma atual, porém equivocada, forma de assistencialismo vem se criando em todas as faculdades/universidade públicas do país: as cotas raciais.
As cotas raciais não cobrem a disparidade existente em nossa sociedade, pelo contrário, só fazem com que ela cresça. Não falo com total desconhecimento do assunto, pois já participei de vestibulares no Estado que admitiam este tipo de cota. Só percebi que a sociedade, mesmo que inconscientemente, acaba por discriminar aquele que se utiliza desta ferramenta para ter vaga no ensino superior gratuito.
Aqueles que perdem suas vagas para tais nas instituições públicas criam uma certa rejeição àqueles que passaram por ajuda das cotas. E este não é o contrário do que a sociedade como um todo deseja? O efeito não é positivo.
Requião, ajude, pois, os que realmente não tem condições de ter um bom ensino. Ver um afro-descendente chegando em um “carrão” com roupas e tênis de marca para fazer o vestibular e todos saberem que ele vai se utilizar do benefício das cotas não me faz pensar que este seja o melhor caminho. Há brancos ao seu redor que podem ter passado por piores condições que ele e estes não tem direito. Acredito que não somos nós que temos que, agora, pagar por um erro cometido pela sociedade racista de anos atrás. Decididamente não.
No estado do Paraná os vestibulares de faculdades que têm cotas estão aos poucos seguindo um caminho contrário. Se eles querem “beneficiar os mais pobres” porque praticam o vestibular em duas fases? Veja só, senhor governador! Como pode um estudante sem muitas condições financeiras participar de um vestibular que ocorre em duas datas. Se ele não morar na mesma cidade da universidade ele deve se deslocar duas vezes, pagando transporte, alimentação, hotel... Assim acaba por desistir. Que contrariedade, não? Cotas para ajudar. Vestibular em duas fases para dificultar!
Por que então não são criados cursinhos para tais pessoas (de baixa-renda)? Por que não utilizar os acadêmicos de universidades estaduais e federais para ministrar aulas à estes? É claro. Estes acadêmicos formam-se em uma profissão às custas do governo e não dão nenhum retorno a ele! Por que não utilizá-los?
Gostaria de lhe pedir aqui, aproveitando a carta que lhe mando, que o senhor crie alguma forma de regulamentar os vestibulares do estado do Paraná para que estes não caiam nas mesmas datas, fazendo com que os vestibulandos devam optar por uma só universidade. Este prejudica, porém, a todos os vestibulandos.
Espero ter conseguido demonstrar o meu ponto de vista que não é, de modo algum, racista. Pois como vê, penso em outros modos de ajudá-los.

Como percebem a carta é destinada ao Governador, mas não acho que isto somente interesse a ele. Portanto divulgo-a para receber críticas e/ou sugestões.
Autor: Mônica


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