Escolaridade e Desigualdades Raciais



As modificações surgidas na legislação educacional não impediram a progressão da desigualdade escolar, quando considerada a raça ou etnia do aluno, pois o que vemos é uma demanda grande de alunos afro-descendentes e negros permanecerem com a mesma quantidade de escolarização que os seus bisavós e tataravôs na época da escravidão.

“O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) tem revelado um quadro da qualidade da educacional nada confortador e um aumento das desigualdades no sistema de ensino, especialmente a racial. A primeira constatação é que os alunos negros são excluídos prematuramente da escola. A participação das crianças negras na última série do ensino médio representa a metade da registrada na 4a série do ensino fundamental, enquanto os brancos, que somam 44% dos alunos ao final do primeiro ciclo do fundamental, totalizam 76% na 3a série do ensino médio.”
(Araújo e Castro de Araújo:2003)

Como compreender essa exclusão? Ela estaria ligada somente à recente história brasileira, ou será que a metodologia pedagógica dos professores não está considerando a especificidade cultural e social dos afro-descendentes?
“No entanto, os dados revelam que, mesmo entre estudantes de escolas particulares, portanto com níveis socioeconômicos similares, o desempenho entre brancos e negros não é igual. Na 4a série, em Língua Portuguesa, alunos negros alcançam uma pontuação de 179, na escala de desempenho, e os brancos de 228 pontos.” (Araújo e Castro de Araújo:2003)

Se os dados do Saeb demonstram um desiquilibrio acadêmico entre alunos da mesma classe social, com o mesmo histórico escolar familiar, possivelmente a prática pedagógica não está contemplando os ditames da legislação educacional, principalmente referente à lei 10.639 e a pluralidade cultural existente em nosso país.
O que devemos fazer como professores frente a essas necessidades sociais, é abordar o tema da contribuição negra para o nosso país, desde o ensino fundamental e em todas as esferas.

É importante contextualizar o ensino, além de motivar o aluno sobre a sua descendência, visando a melhora do relacionamento professor-aluno, dos alunos entre si e da comunidade em geral, o que refletirá na sociedade.Somente com auto-estima o aluno pode ter uma melhora no seu interesse pelo estudo.

Outro fator importante é a ética profissional do educador, porque ao adotar uma postura preconceituosa e racista em relação aos alunos afro-descendentes ou descendentes de qualquer etnia, ele contribui para a exclusão educacional que assola o nosso país.

Antes de ser uma postura democrática, é uma postura ética, não adianta dissimular o seu racismo, porque esses números revelam que algo não está bem na conduta pedagógica.
As práticas pedagógicas precisam se nortear pela observação dessas questões, uma vez que a escola é a reprodução social, e os conflitos surgidos dentro dela alteram a composição da sociedade.

Muitas vezes uma situação de preconceito e racismo acaba em violência, essa violência é tanto em relação ao próprio processo discriminatório que os negros e afro-descendentes sofrem, como as violências ocasionadas pelas situações discriminatórias, relacionadas ao relacionamento dos alunos, dos professores com os alunos e desses com a comunidade.
Portanto devê-se conhecer a legislação educacional para praticar as suas observações, e também devê-se conhecer a história e os mecanismos de opressão, para não reproduzi-los na escola e na sociedade e principalmente devê-se agir com ética nas relações, pois somos oriundos das várias contribuições étnicas, mesmo que aparentemente tivermos apenas uma cor de pele.

Bibliografia:
ROSA DIAS,Lucimar,Quantos passos já foram dados? A questão de raça nas leis educacionais.Da LDB de 1961 a Lei 10.639,Revista Espaço Acadêmico, julho de 20004.

http://www.inep.gov.br/imprensa/artigos/araujo_ubiratan.htm

http://www.planalto.gov.br/seppir/

http://www.espacoacademico.com.br/038/38cdias.htm
Autor: Cibelle Maciel


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