MULHERES BRASILEIRAS



Elas acordam sempre cedo, com garra e determinação encaram o dia que amanhece, faça chuva ou faça sol, buscam o pão para a família. Algumas ajudam na receita familiar, outras levam a casa nas costas tendo de sustentar seus filhos, um, dois, três ou mais, porém não desistem. Tem uma força admirável e a estrutura de uma verdadeira lutadora.
Vamos discorrer sobre a realidade diária das mulheres, mães, trabalhadoras, vítimas de uma sociedade desigual e imperfeita. Para desenvolver o assunto falaremos a partir da ótica policial, pois estamos nas ruas vinte e quatro horas e vivemos essa realidade feminina de forma muito aproximada.
Quando são 0500 horas da manhã, já nos primeiros itinerários das lotações, estão elas, prontas para o trabalho, firmes na determinação, deixam em casa filhos em busca de renda, outras mais tarde, entre 0600h e 0700h, são vistas carregando filhos pelo colo, outros pela mão até a casa de vizinhos, parentes, amigos ou creches, deixam ali seus maiores tesouros, nas mão de outros, por força única e exclusiva da necessidade.
Fazem jornada dura, trabalham firme, tem de se concentrar no trabalho, sem se esquecer dos filhos, muitos doentes, problemáticos, revoltados ou simplesmente tristes pelo distanciamento existente entre mães e filhos.
Depois do trabalho, quem acredita que elas descansam se engana, pois buscam os filhos, limpam a casa, fazem janta, e algumas ainda têm de agüentar maridos grosseiros, machistas, violentos e bêbados.
E esses últimos são os piores tipos, pois agridem mulheres, batem nos filhos e pela força, obrigam a fazerem suas vontades – inclusive a trabalhar na prostituição. Somente neste ano já fizemos quase cinqüenta intervenções nos casos de violência doméstica e o relato e quase sempre a mesmo, qual seja, bebida e violência, binômio perfeito para o sofrimento feminino. Para exemplificar com casos concretos, ontem, 13 Maio 07, a Brigada Militar efetuou a prisões em flagrante de um marido violento que agredira sua esposa e, segundo informações, arrastou a mulher pela rua, de fato ela estava bastante machucada, com corpo ralado pelo asfalto, a ocorrência foi na rua Julio de Castilhos, bairro Natal o marido foi direto para o Presídio Central.
As mulheres de hoje sofrem muito (falo aqui nas mulheres das classes sociais pobres que representa 90% da população) de um lado a violência dentro de casa, de outro a violência social, pois também são vítimas do sistema, empurradas para longe de sua casa e de seus filhos, é claro que algumas optam pelo trabalho como forma de independência financeira, mas são a raridade, a grande maioria são empurradas para o trabalho sob pena de morrem de fome ou sofrem violência pelo marido.
Para nós, resta elogiar e prestar reconhecimento as mulheres, essas que desce diariamente do bairro Colina Verde, do bairro Boa Vista, do Bairro Tremsurb, da bairro Fortuna, do bairro Carioca, da vila Feliz, do Bairro Sial, do bairro Ipiranga e outros,enfim de todos os cantos desse Brasil, pois somente elas e Deus sabem pelo que passaram e estão passando, as tristezas os desejos e as frustrações.
O legislativo tenta fazer sua parte para minimizar essa problemática, recentemente encaminhou projeto de lei que obriga empresas a dar um dia de folga para que suas funcionárias possam fazer exames preventivos, o projeto agora esta nas mãos do presidente lula.
A Brigada Militar também tenta fazer sua parte, coibindo a violência contra elas e buscando a justiça na aplicação da lei. Porém nossa área de atuação neste sentido é limitada a intervenção nos casos de emergência, ou reconhecendo o valor dessas mulheres, o que fazemos aqui neste espaço.
Essa foi a nossa contribuição de hoje, até a próxima.
Autor: Geverson Aparicio Ferrari


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