O tempo já não é o que era!



«Nada há que ande tão depressa quanto o tempo.» Ovídio

«Todavia, nada parece mais real e imutável do que o tempo e a sua passagem. Nada parece mais constrangedor do que as limitações do tempo. E nada parece mais poderoso do que a nossa vontade de viver, (...), e de não desaparecer na profana infinitude do tempo sem fim.» Jacob Needleman

Resolvi escrever sobre o tempo, não o que faz mas do que temos e que fazemos do tempo que temos.

O tempo que vou aflorar é aquele que há muito começámos por tudo fazer para o medir, controlar e gerir, todavia, este é sempre tão pouco e tão má a gestão do tempo que acabamos sempre por desejar que o dia possua, pelo menos, mais 1 hora.

Ainda há dias ansiávamos pelas férias e planos para realizar uma série de “coisas” não faltavam. Elas vieram, porém, passaram tão depressa, não foi? Parece que foi hoje que se iniciaram mas, passaram, assim num estalar de dedos... Tudo o que se planeou fazer foi tão pouco concretizado: aquele local onde tínhamos planeado ir, aqueles amigos que não víamos há muito mas não conseguimos ter tempo para lá ir (bom fica para as próximas férias, não é?), as coisas que íamos arrumar em casa, enfim, nem metade do que se tencionava ter feito foi concretizado e porquê? Porque não houve tempo, este passou a voar.

Porquê? Questionamo-nos, não é? Parece que se olha à nossa volta e existem pessoas que têm tempo para isto e para aquilo. Eles fazem o seu trabalho, praticam uma actividade desportiva, vão a eventos sociais, fazem parte desta e daquela associação...Mas como conseguem eles ter tempo? E eu não? O que está de errado com o meu tempo? É diferente do deles? Será? Julgo que não, afinal de contas o dia tem 24h. para todos, não é? Agora o importante é saber o que fazemos com e (n)essas 24h., como as gerimos.

«A história da medição do tempo é uma história de busca de maior exactidão e da capacidade de medir porções cada vez mais pequenas do tempo. A divisão do dia em 24 horas iguais remonta às civilizações mesopotâmicas, 3000 anos a.C.», refere João Godinho Soares, no artigo da Revista Dirigir, n.º 73, p. 28. Aliás, defende este autor que o conceito de tempo, ainda hoje não possui consenso entre os mais diversificados ramos do saber (desde da astrologia aos físicos, passando pelos mais variados cientistas). Adianta, igualmente, que enquanto não existia universo, não existia tempo, daí afirmar que «Talvez. O que importa reter é que começou. Ou seja, algo mudou naquele instante inicial. (...). É a esse momento ou a essa duração que chamamos tempo. O tempo só existe porque existe mudança. (...). Antes do Início (do big bang, para os espíritos mais científicos), o tempo não existia, uma vez que não havia mudança. Logo, não houve qualquer momento que antecedesse o Início» (p.24).

A controvérsia quanto à noção de tempo prevalece, contudo, devemos aceitar sempre uma definição, mesmo que não muito unânime: o tempo trata-se de algo que existe entre dois acontecimentos. Por outras palavras, é necessário que exista uma mudança (o autor em questão, denomina-a de movimento) para que o tempo passe a fazer sentido e a ter sentido. Recordo aqui o nosso poeta e o seu poema «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...», parece que é bem mais real do que simples e pura poesia.

Diria mais, a Gestão do Tempo actual não é, nem pode ser nunca, igual à gestão do tempo de outrora, porque apesar de os dias continuarem a ter 24h, são sempre tão poucas! Que tal o Homem rever, não apenas os calendários convencionalmente inventados, mas igualmente procurar aumentar, aqui e ali, uns segundos, e paulatinamente, até se conseguir aumentar o tempo que o tempo tem?

Senhores cientistas, p.f., façam uma revisão da medição do tempo e aumentem os segundos, os minutos e as horas de modo a aumentar o tempo que existe em cada tempo do nosso tempo, seja este relativo ou absoluto, preferencialmente, absoluto. Tal como afirma Ruben Eiras, em a “Gestão do Tempo- à procura da 25ª Hora”, na Revista citada, o tempo é «considerado o bem mais escasso à face da Terra (...). Com efeito, na era da economia global das 24 horas, o tempo, mais do que nunca na história da Humanidade, é dinheiro.(...) A vida é cronometrada ao milésimo de segundo» (p. 37).

A verdade é que temos que começar a ser melhores GESTORES DO TEMPO que possuímos (24horas e ponto final) e para tal existem uma série de autores e obras que nos procuram auxiliar na melhoria da GESTÃO DO TEMPO, por mim uma das principais medidas é a auto-disciplina do nosso próprio tempo e uma grande auto-motivação e força de vontade para o iniciar da aprendizagem da mudança e do movimento, quer do tempo, quer da sociedade em que estamos, neste momento de mudança em movimento constante.

É que, como diria Confúcio: «Os homens vivem como se fossem morrer e morrem como se não tivessem vivido» e porquê? Porque para mudar é necessário ter tempo e este bem precioso anda pela ‘hora da morte’!
Autor: Alzira Simões


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