A TELEVISÃO E A CRIANÇA 1
A grande influência dos meios eletrônicos na vida das crianças, em especial a TV.
Sonia das Graças Oliveira Silva
A televisão, a criança, a escola e o lar são alguns temas muito debatidos na atualidade e objeto de grande polêmica. São necessárias várias reflexões e muita pesquisa. É nesse contexto que se insere a questão de como a criança pensa a TV. Como ela encara os eventos do dia-a-dia e os heróis e vilões que desfilam diariamente pela tela mágica da televisão. Também se faz necessário pensar em como a escola tem reagido às linguagens e aos conteúdos veiculados pela TV. Será que a escola tem explorado a TV como se fosse uma escola paralela, que compete tão deslealmente, mas de modo tão fascinante? Os professores reconhecem a TV, como um meio onipresente que influencia diversos âmbitos da vida social das pessoas.
Seria impossível a escola, ou os pais das crianças ignorarem os robôs que falam, as naves espaciais que a todos fascinam, a capacidade de voar e de se transformar, de transformar coisas, a magia, o poder e o terror trazido pelos monstros e vampiros; as lutas do bem contra o mal nos desenhos animados, a violência mostrada nos noticiários. É preciso estudar a TV e estudar profundamente.
No mundo moderno, a criança passa muito mais tempo com os seus heróis da TV do que com os pais ou professores. Muitas crianças suprem a falta que sentem dos pais com a televisão, sempre presente, colorida e de fácil acesso. Quanto menor e mais frágil for a criança, mais estará susceptível e maior influência sofrerá se encontrar um personagem violento ou mau caráter, no qual se espelhará. Da mesma maneira que a família e a escola, a TV também tem um papel muito importante no desenvolvimento da criança.
Sabemos que a criança desde cedo tem a tendência à imitação, portanto imitam também o comportamento que vêem na televisão. Apesar de imitarem as ações positivas observadas na mídia, infelizmente também imitam os comportamentos agressivos e violentos. Estas cenas agressivas são vistas nos filmes e desenhos animados e as crianças não as distinguem da violência real. Temos como exemplo os Power Rangers e as Tartarugas Ninja. Alguns heróis violentos são mais prejudiciais às crianças do que alguns vilões, porque são modelos que elas gostam de copiar. Os filmes do Exterminador são bons exemplos disso, neles a violência é premiada e considerada eficaz. A justificativa da violência, como se fosse certo agir assim, e a constante exposição das crianças a ela trazem a dessensibilização.
No ritmo da sociedade de hoje muitos pais estão se perguntando se a TV é mesmo prejudicial para os seus filhos. Alguns pensam que devem desligar a TV. Outros nem se importam com isso, pois a TV, para eles, realmente é a alternativa mais segura nos dias de hoje. Antigamente nossos filhos podiam brincar na calçada, com os amiguinhos da vizinhança. O crescimento das cidades tornou as ruas mais perigosas para todos, principalmente para as crianças. Não se pode mais brincar nas calçadas. Os avós, que no passado tinham tempo de cuidar, brincar com os netos, hoje andam ocupados, trabalhando até idade mais avançada. Aquela criança que podia brincar de amarelinha, de esconde-esconde, subir em árvores, correr, sem perigo, hoje está “presa” em um apartamento e tem como companhia a TV e seus desenhos animados. A mãe não precisa mais procurar seus filhos pela vizinhança, pois eles estão “grudadinhos” na telinha da TV por horas a fio.
Como um dos principais atributos positivos da televisão, identifica-se sua importância como um veículo que permite a constante atualização de acontecimentos, colocando o telespectador como um cidadão do mundo, ampliando suas fronteiras e permitindo que entre em contato com diferentes realidades. É de certa forma conveniente para alguns pais que a criança fique vendo a TV, para dar sossego, como se a TV fosse uma babá eletrônica. Daí pode-se pensar: desligar a TV? Seria a solução?
A saída para não perdermos as crianças na escola é falar e fazer falar de TV dentro da sala de aula. O professor pode ajudar a criança, promovendo discussões sobre televisão com os alunos e, sobretudo, com os colegas. Temos consciência de que nada, a rigor, está pronto e o conhecimento não é dado, hora nenhuma, como algo acabado, terminado. O conhecimento é constituído pela interação do indivíduo com o mundo das relações sociais, enfim, com os meios tecnológicos. Desta maneira, a escola não pode ignorar a influência da mídia. A escola deve partir da realidade vivida por alunos e professores, ou seja, pela sociedade. É necessário que a educação seja um processo de construção de conhecimento, complementando-se, de um lado os alunos e professores e, de outro lado, os problemas sociais e o conhecimento já adquirido. A sociedade se faz todos os dias, conforme a ciência e a tecnologia progridem. A escola não pode ficar alienada visto que a TV está alfabetizando nossas crianças com logotipos, levando-as ao consumismo. Desta maneira, para aqueles que realmente querem formar e ver crescer cidadãos, a solução não é apagar a telinha ou mudar o canal. Precisamos refletir sobre as imagens e sobre como elas se refletem sobre outros textos. Precisamos analisar a televisão, juntamente com os usuários da TV, para impedir que, principalmente a violência, continue sendo tão explorada pela mídia de maneira tão sensacionalista. Brigar de nada adianta. Precisamos é discutir mais este assunto, transformar os resultados das conversas em projetos reais, de ensinamento, mais perto da realidade das crianças. Surge aí a relevância da televisão. Além de entender a importância da educação familiar e do ambiente escolar, é preciso que se dimensione o papel desempenhado pela exposição da criança aos estímulos e à influência dos meios de comunicação.
Sabemos que a solução não é proibir o uso da TV e sim fazer uma análise dos programas visando à idade das crianças, o tempo que vão ficar vendo TV, ajudá-las a criticar e saber separar um programa do outro. Outra solução, talvez a melhor, é proporcionar-lhes outras atividades mais saudáveis. Não havendo opção, deve-se procurar na própria TV programas bons e dirigidos à idade certa, tendo a firmeza de impor limites de tempo em frente à TV.
*Sonia das Graças Oliveira Silva: Especialista em “Educação Infantil”, pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora. Também Especialista pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora em “Mídia e Deficiência”.
Autor: SONIA DAS GRAÇAS OLIVEIRA SILVA
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