Eu também quero ser presa



Eu quero ser presa. Sério. Eu quero. Mas eu quero ficar na mesma cela que a Wilma Magalhães! Quero comer lasanha com ela na Itália e quero tomar suco de uva com ela em Bordeaux! Sim, eu quero ser presa. Eu quero. Mas por favor, me coloquem na cela da Wilminha!

Que vergonha, mais uma vez: vergonha. Alguém leu a entrevista desta senhora na Veja? Para quem leu vale a brincadeira do início do texto. Agora alguém me explica, como essa criatura tem a coragem e a falta de vergonha de dizer que come lasanha na prisão e se imagina na Itália ou que toma suco de uva e pensa estar tomando um vinho caríssimo em Bordeaux?

Fico pensando o que o João Ninguém ou o Pedro Ninguém imaginam enquanto comem pão puro com café preto lavado na água - o alimento de quase totalidade dos presos no Brasil. Ou por um acaso, a dona Wilma pensa que eles tomam suquinho de uva? Eles tomam água. Comem pão. E se tiverem sorte, um arroz e um feijão bem velhos.

Não estou defendendo bandido, bem pelo contrário, sou a favor de que cumpram suas penas e paguem pelo que fizeram. O que eu estou defendendo é a igualdade e a vergonha na cara. Coisa, aliás, que essa senhora não tem.

Isso é o que mais me intriga. Wilma lavou dinheiro que não foi pouco. Mentiu pra todo mundo dando uma de riquinha honesta - coisa que ela não é e não fui eu quem disse, foram as contas dela no exterior; a investigação da Policia e outras provas que já foram divulgadas na imprensa.

Aí a gente abre a revista e lê uma entrevista de uma pessoa que roubou dinheiro, que mentiu e que mesmo assim, tem a possibilidade de se sentir em um spa dentro da cela. Ela vê televisão, ela ouve rádio e ela come lasanha!!!

Agora só falta todo mundo me dizer que eu estou enganada, que os direitos dentro dos presídios são iguais, que o ladrão de pão também toma suco e come lasanha. Mais uma vez, senti vergonha desse país.

Mas depois disso tudo, uma coisa me veio a cabeça. Agora até prefiro o Renan Calheiros fora da cadeia, porque o salmão e o caviar que ele vai degustar na cela, vai sair do nosso bolso.
Autor: Juliana Farias


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