A INVERSÃO DE VALORES



O que você valoriza mais? A formação no ensino público ou privado?
De acordo com a nossa constituição em vigor, lei magna de nosso país, é dever do estado prover educação para todo cidadão brasileiro. Há algumas décadas atrás essa função era cumprida de forma aceitável dentro das conjunturas política, econômica e social da época.

Tínhamos o privilégio de ver em alguns estados do país uma excelente estrutura educacional pública para receber os alunos ávidas pelo conhecimento, que recebiam além da educação básica, aulas em laboratório, artes plásticas, artes cênicas, música, entre outras que proporcionavam um melhor aprendizado e o desenvolvimento geral do indivíduo.

A partir do início dos anos noventa, com a abertura econômica incentivada pelo governo da época, iniciou-se, além de outros, o processo de privatização da educação. No final da década de oitenta já existiam algumas escolas e universidades privadas pelo país a fora, que observando um ambiente favorável, começaram a se proliferar, além do surgimento de novas instituições que tinham como proposta geral um ensino de qualidade e com objetivos claros, dar acesso as universidades públicas.

Com o passar dos anos iniciou-se um processo de migração de alunos do ensino público para o privado, mais evidente nos níveis fundamental e médio, motivados pela contínua falta de investimento do governo na educação do país em função do crescimento de instituições privadas, uma situação característica do neoliberalismo.

O retrato que vemos hoje mostra o sucateamento da educação pública e a evolução da privada. Diante deste contexto, não se pensa em entrar em uma universidade pública sem passar por uma instituição privada de ensino, considerando as exceções a regra. Desta forma podemos afirmar, sem medo de errar, que as vagas disponíveis nas universidades públicas são dos melhores favorecidos socialmente. Daí então, podemos entrar em outro assunto, o do ensino superior privado que de uma forma geral é desvalorizado, com raras exceções, em virtude de sua fácil incorporação em relação às universidades públicas, que demanda maior procura, tendo como conseqüência uma maior concorrência.

Mas o que estamos avaliando? É o nível de dificuldade para entrar nas universidades? Ou o nível de qualidade de ensino?

Podemos dizer que só há concurso vestibular porque não há vagas suficientes no ensino superior público para atender a demanda. Lembram do dever do estado, segundo a constituição? Se houvessem vagas suficientes, todos estariam habilitados a cursarem uma universidade? Sim, pois o único pré-requisito exigido para entrar no ensino superior é ter concluído o ensino médio.

Fazendo uma rápida análise, o que percebemos nas universidades públicas? Percebemos instalações precárias, falta de colaboradores e professores motivados, acervo bibliográfico insuficiente e desatualizado, laboratórios precários, entre outras deficiências de recursos. O que percebemos nas instituições de ensino superior privado? Os melhores ambientes e recursos possíveis. Então como se explica a desvalorização do ensino superior privado?

Para entender melhor o que quero dizer, tente responder, como podemos explicar que até o ensino médio se valorize mais o privado, e no ensino superior se valorize o público? Quando a nível de estruturas e recursos o público é deficiente e o privado é eficiente.
Autor: Márcio Silva


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