Meu corpo te pertence



Ontem me desprovi de qualquer vaidade... É como se os brincos, anéis, pulseiras, colares, me obrigassem a fazer pose. Coloquei sandália rasteira de dedo e saí com a roupa do corpo. Aquele foi o primeiro sábado após o “tempo” - nem tão longo assim - que ele havia me pedido para “respirar”, e foi ainda melhor do que esperava. Atravessava uma fase com alguns desentendimentos - talvez esta seja a palavra que se encaixe melhor -... Normal! Quem não passa? Pessoas discutem por serem diferentes. Apenas opiniões que sem dúvida voltarão a se estranhar. Reconheço que, às vezes, cobrava demais ou além do que ele podia me oferecer. Afinal, todo ser humano tem o seu limite e o dele se esgotou naquele momento. Fizemos alguns planos informais de como seria o dia, alugamos um filme e como de costume fomos assistir na casa dele deitados em sua cama. Uma excelente idéia! Antes mesmo de configurar o DVD para o idioma e legenda escolhidos, nossos lábios, inesperadamente, se tocaram. Passavam a se entrelaçar lentamente num beijo delicado, ao mesmo tempo uma atração violenta, que andava meio adormecida, me tomava por completo... Com olhos conectados, a mão dele corria meu corpo, e do jeito como fazia, até a alma sentia, arrepiava. A distância entre nós não tinha nem sequer uma medida definida em escala alguma. Era muito próximo, demais. Até parecia que se tinha combinado um sexo harmônico, uma linguagem unicamente entendida a dois, inclusive na hora do orgasmo, de-li-ci-o-so. Após tantos gemidos, os suspiros, paz. Assistimos ao filme e repetimos “a dose” já que a cumplicidade era tamanha naquela tarde. Esgotados de prazer, jantamos em um lugarzinho perto, bem freqüentado, charmoso e com um cardápio variado. Seria a hora da despedida? Eu não queria... Estranho. Uma insegurança intensa me envolveu, de repente, como se o depois poderia não ser tão perfeito quanto àquele dia. Cheguei a sentir medo do amanhã mesmo depois de tão plena vivência. Na ocasião, queria ser capaz de parar tudo antes, mas não era... Passou direto da entrada de sua casa já em direção a minha. “Por que ele não sugeriu cair no sono com seus pés enroscados aos meus?” - pensei. Adormeci com a incerteza de um significado.
Autor: Flávia Lins


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