Brega é a Tua Mãe



... pouco elegante;
cafona;
fajuto;

Esta é a definição da palavra brega, segundo o meu querido amigo Aurélio (sim, o dicionário). Mas eu discordo. Acho que, dessa vez, o Aurélio cometeu uma injustiça. Não só comigo, mas com quase todo mundo (mesmo que secretamente).

Eu desconfio de quem critica as pessoas ditas “bregas”. Primeiro, porque acredito que a pessoa pode ouvir, ler e ver de tudo. Segundo, porque acho que cada um é do jeito que quer e o nariz de ninguém tem a ver com isso. A breguice é um estado de espírito. E eu duvido que alguém nunca tenha chorado ouvindo Roberto Carlos ou algum similar na perda de um amor.

“Entrei na Rua Augusta
À 120 por hora
Toquei a turma toda
Do passeio prá fora
Com 3 pneus carecas
Sem usar a buzina
Parei a 4 dedos da esquina
Falou!...”

A questão é que as pessoas tem vergonha de assumir que escutam, no escurinho do quarto, a Ivete, o Fábio Jr ou até mesmo, o Reginaldo Rossi. No escritório são aquelas pessoas sérias, de ternos de tom cinza e voz grossa, mas na sexta-feira, uma vez por mês, se acabam no pagode. Tem gente que até esconde o DVD do Bruno e Marrone embaixo da cama.

Eu, particularmente não tenho nada contra quem esconde, fico pensando o que mais essas pessoas devem esconder e qual o motivo de se preocuparem tanto com o que pensam por aí. Mas eu não tenho vergonha de dizer que eu não só tenho o DVD do Bruno e Marrone como também nunca o escondi embaixo da cama, para passar a impressão de intelectual de bom gosto.

Eu adoro Bruno e Marrone! Assim como adoro o Chico Buarque! E o que as pessoas tem a ver com isso? Fui eu quem paguei meu DVD! E são meus ouvidos e meus olhos que aproveitam ele. Eu desconfio mesmo de quem critica. Aposto fielmente que se não escutarem esses, escutam outros. Zezé, Chitão, Sandy....

Grande coisa (balançar de ombros)! Já fui no show do Roberto e cantei todas as músicas e ainda, fiquei na fila por duas horas para ver o Jota Quest! E com orgulho! Gosto disso. Gosto de quem, como eu, consegue se livrar de rótulos e curtir numa boa.

Gostar de coisas que a sociedade diz “bregas” não é vergonha nenhuma. Tem muita gente por aí desfilando com um CD de música clássica e que acha que Beethoven era cego. Tem gente que grita aos quatro cantos o quanto Frank Sinatra é maravilhoso mas não sabe sequer que foi Karl Marx.

Ser “brega” não é ser burro. Ser burro é achar que Bruno e Marrone é brega. Mas lá no fundo, após um “pé na bunda” inesperado, canta baixinho:

"...Alô amor!
Tô te ligando de um orelhão
Tá um barulho, uma confusão
Mais eu preciso tanto te falar..."

Eu não tenho vergonha de falar do que eu gosto. E acho que algumas pessoas deveriam fazer o mesmo. Já fui no show do Roberto, já cantei Jota Quest bem alto no meio da multidão, tenho o DVD do Bruno e Marrone e acho a Daniela Mercury muito simpática.

Ao mesmo tempo, eu leio Cassandra Rios e Nelson Rodrigues e sei de cor as músicas do Chico Buarque. Relaxe e goze – diria a Suplicy - Se o medo for achar que serão tachados de burros ou levianos, levante a cabeça, recite um poema do Neruda e saia cantando:

"...Aguenta o galho
Deixa quem quiser falar
Pois esta gente fala
Sem saber o porque..."
Autor: Juliana Farias


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