Sim, a rua é pública, mas não é área de lazer



Quantos de nós nunca jogamos bola, andamos de bicicleta, pulamos com pula-pula, andamos com perna-de-pau e entre outras brincadeiras que, há tempos atrás, não tinham perigo de serem praticadas no “meio da rua”. Pois é, os tempos mudaram, os anos passaram e estas brincadeiras se tornaram perigosas ao serem praticadas no “meio da rua”. Ora, anos atrás não tinha tanto movimento e tráfego de veículos como hoje, e respeitávamos quando um veículo estava passando, retirando, por exemplo, as traves do jogo de futebol e facilitando a passagem do veículo que se aproximava. Fato que hoje não se vê.

Em outros tempos, também não havia muitos locais próprios para “prática” de esportes e brincadeiras, mas hoje está tudo diferente, existem campos de futebol, centros esportivos nos bairros, pistas de caminhada e ciclovia (em Sorocaba/SP), clubes de esportes e outros locais específicos para prática de esportes e brincadeiras que proporcionam segurança e contam com profissionais de educação física para ensinarem as regras e a prática correta dos esportes, seja futebol, basquete, vôlei e outros, bem como, há monitores para assistirem às brincadeiras como outrora eram praticadas.

Mas aí vem a pergunta – por que ir jogar bola no “campinho” e não na frente de casa ou da casa do Fulano? Ora, a resposta é simples, porque o “campinho” fica meio longe (p. ex. 3 quadras!) e lá tem aquele professor que não deixa jogarmos do nosso jeito, com nossas “regras”, nossas “gritarias”, nossa “falta de educação”, nossa “falta de respeito”, nossas “brigas”, etc.

Então vejamos, se ir ao “campinho” é aprender, concluímos que hoje ninguém quer aprender, e sim fazer do jeito que acha estar certo. Mas, pensam errado aqueles que assim entendem, pois é nos “campinhos”, por exemplo, que vão os “olheiros” de clubes, e não na rua, pois sabem que, aqueles que estão no “campinho”, aceitam a disciplina e respeitam o que lhe é ensinado e, estes sim, podem ser, futuramente, jogadores profissionais que teriam grandes conquistas.

Mas, o que tudo isto tem a ver com o mundo jurídico?

Simples, até agora todos lembraram de sua infância e estão vendo como seus filhos e filhas agem, brincando inocentemente no “meio da rua”.

Alguém já parou para pensar se uma criança ou adolescente for atropelado no “meio da rua”, quem será o verdadeiro culpado? Será quem estava jogando bola ou o motorista do carro ou o motoqueiro? Com certeza, será o coitado do condutor do veículo!

Vamos analisar um exemplo: Um grupo está jogando bola no “meio da rua”, com uma de suas traves colocada a 10 ou 15 metros da esquina, ocorre que, em determinado momento, um carro faz a curva, em velocidade normal da via (50 Km/h), e um jovem está correndo na contra-mão de direção para pegar a bola, indo de frente ao veículo, ocasionando seu atropelamento e, mais tarde, seu falecimento. Quem é o verdadeiro culpado? O jovem que jogava bola no “meio da rua” e corria na conta-mão de direção ou o motorista que trafegava com seu veículo na rua que, por sinal, é a via própria para veículos – ou alguém já viu um carro trafegar na calçada, que é lugar de pedestre?

Sem sombra de dúvida que o motorista do veículo será responsabilizado e responderá por homicídio culposo, além de, conforme for, ser também responsabilizado civilmente, tendo que pagar uma indenização à família do jovem morto.

Onde estamos? Brasil! Sim, eu sei e você sabe! Mas será que está correto?

No meu entender não, pois a rua não foi feita para prática de esportes e brincadeiras, a qual tem lugar certo, como dito acima. Não obstante, a culpa é do jovem que faleceu e de seus pais que não lhe ensinaram que na rua não se brinca; ou seja, como diz o velho ditado, “quem brinca com fogo acaba se queimando”.

Agora, figure o mesmo exemplo dado acima, mas desta vez o jovem é atropelado e morto por um veículo que está fugindo da polícia, no entanto, ele pára e a perseguição acaba. E vem a pergunta: quem é o culpado? De novo, o jovem , pois não deveria estar brincando na rua.

Troque, no primeiro exemplo, o carro por uma viatura da polícia, do resgate ou do bombeiro, que faz a curva em alta velocidade para atender uma ocorrência naquela rua e, por fim, acaba matando um jovem ou uma criança atropelada. Mais uma vez é culpa do jovem ou da criança, pois não deveria estar no “meio da rua” correndo atrás de bola. Ora, se o jovem ou a criança estivesse praticando tal esporte em local apropriado, mesmo seguindo algumas regras, ele seria atropelado? Não, só se por muita sorte e ironia do destino um avião caísse em sua cabeça!

Mamães, papais e responsáveis, vamos cuidar de nossos pupilos, zelem, ensinem, estimulem, eduquem e pensem no futuro deles, pois acidentes acontecem e, se podemos prevenir, por que deixá-los à mercê? Não os deixem no “meio da rua”.

Contudo, acho que a legislação deveria mudar e passar a punir, não o motorista ou motoqueiro, mas os pais que, por desleixo ou capricho, deixam seus filhos soltos igual passarinho para fazerem o que querem e como querem. Que futuro terá nosso país com pais que largam seus filhos “a Deus dará”, e o governo há anos vem dizendo que o futuro do país são os jovens. Mas que jovens? Pense nisso!
Autor: Otto Luiz Del Ben Júnior


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