DEFICIÊNCIA - ROMPENDO COM A MORAL DOGMÁTICA



Atualmente muitos empresários preocupados com o caráter social de suas empresas - até porque isto além de proporcionar uma melhor imagem de suas empresas perante a sociedade, se revertem em menos gastos com impostos, devido aos incentivos fiscais por parte do Estado - vem desenvolvendo projetos de inclusão de pessoas portadoras de necessidades especiais em suas empresas.
Mas como sabemos a inclusão dessas pessoas não se dá de maneira tão simples assim, uma vez que a sociedade de um modo geral, tem entranhada em si uma cultura conservadora, dogmática e preconceituosa em relação aos deficientes. Diante do reflexo desta questão social o que há é um choque cultural muito grande dentro do ambiente de trabalho.
Dentro da problemática, o portador de deficiência é excluído das relações, uma vez que não “cumprirá” o papel de reprodutor.
Maria da Glória dos Santos (2005; p.180) relata que:
“o mercado de trabalho esta cada vez mais exigente e para atendê-lo o trabalhador alem de apresentar habilidades especificas, deve ser especializado e demonstrar aprofundamento em determinadas áreas de trabalhos. Precisa ter formação básica sólida, ser criativo, saber trabalhar em equipe, ter capacidade de liderança e ser versátil, ser capaz de exercer funções diferentes e ocupar postos diferenciados sem perda de qualidade e produtividade.
Os trabalhadores brasileiros não estão correspondendo a esse perfil. E se essas pessoas ditas normais estão longe de atender às exigências do mercado, imaginem as pessoas portadoras de deficiência que, são submetidas as mesmas exigências e que somadas às suas dificuldades comuns a todos, estão as dificuldades e restrições impostas pela deficiência”
É preciso que a sociedade compreenda que o deficiente é um ser humano digno de respeito e com potencial.
É preciso portanto, que reexaminemos o conceito de deficiência criada pela sociedade, essas pessoas não podem ser vista como improdutivas. As pessoas portadoras de deficiência são antes de tudo sujeitos capazes de trabalhar se forem bem estimulados e preparados, encaradas como parte da sociedade, sujeitos de sua historia e por isso cidadãos.
Tendo com referencia o código de ética:
“Constitui crime punível com reclusão de um a quatro anos, e multa – a negar, sem justa causa, a alguém, por motivos derivados de sua deficiência, emprego ou trabalho; ou impedir, sem justa causa o acesso de alguém a qualquer cargo publico, por motivos derivados de sua deficiência.”

A Legislação já pressupõe igualdade de oportunidades a fim de garantir direitos de pessoas ou grupos que necessitam de proteção especial, como os portadoras de deficiência.
Contudo, em relação a deficiência podemos verificar que o preconceito, na maioria das vezes, está baseada em uma atitude de pena, compaixão, resultante do desconhecimento, este que acaba por gerar distorções acerca da deficiência e da própria pessoa com deficiência e, conseqüentemente, levar ao preconceito.
A sociedade não esta acostumada com o deficiente, por isso, “eliminam” os portadores de deficiência, não dando as estes oportunidades de mostrar que são capazes.
O preconceito em relação à questão da deficiência, segundo AMARAL (1995, p.120):
“(...) pode estar lastreado na aversão ao diferente, ao mutilado, ao deficiente – os estereótipos daí adivinho serão: o deficiente é mau, é vilão, é asqueroso...ou o preconceito pode ser baseado em atitudes de caráter comiserativo, de pena, de piedade: o deficiente é vitima, é sofredor, é prisioneiro...e assim por diante.”

Os portadores de deficiência são privados do convívio social devido suas diferenças e limitações.
Com a escassez de informação o individuo prefere aceitar o que a sociedade os impõe, acabando assim impedidos de pensar de maneira diferente em relação a deficiência.
Desse modo PERANZONI (et al, 2000, p.3) cita Jahoda e Akerman (1969) apaud CROCHIK (1997, p.29) que relata que o:
“(...) preconceito é considerado (...) como um pré-julgamento que predispões o individuo a ter atitudes frente ao objeto em questão, e este pré-julgamento, por sua vez é determinado pela relação entre o individuo e aquilo que a cultura lhe oferece para ser expressar e ser por ele.”
A escola seria uma das instituições que poderia quebrar com muitos tabus, mas, ao contrario, é permeável de preconceitos e juízos prévios. De acordo com HELLER (1970, p.17) “a vida cotidiana é a do homem inteiro; ou seja, o homem participa da vida cotidiana com todos os aspectos de sua individualidade, de sua personalidade”.
Portanto, devemos romper esta muralha de preconceitos, temos que respeitar os limites de cada um, dando espaço para que eles possam crescer e transformar cada dia mais o seu meio rompendo com as diversas barreiras que lhes são impostas.
Autor: Fábio Sentinelli Ribeiro


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