Chá de sumiço



Todas as etapas dos serviços prestados pelo selecionador de pessoal são críticas. A intensidade aumenta quanto mais honesto ele seja. Uma das realidades inevitáveis é saber que a manutenção e compensação da sua credibilidade, o trabalho e despesas geradas para o preenchimento de vaga existente dependerão do candidato aprovado corresponder ao que dele se espera, na prática. Infelizmente, muitas, muitas e muitas vezes, mesmo os mais sérios e capazes selecionadores vêem seu conceito diminuído e colocado em dúvida por causa de candidatos que ele ajudou a empregar mas mostraram-se indignos do crédito recebido.

Dentre infinitos exemplos, um dos mais comuns é o candidato ser aprovado na seleção e, bastando simplesmente começar a trabalhar, desaparece. Não falece mas emudece convenientemente. Ao candidato é dado o direito de dizer não: mais vale um não sincero do que um sim mentiroso. Se foi sincero ao aceitar o emprego e arrependeu-se antes de começar, pelo menos avise a outra parte: se não for por respeito ao selecionador e à empresa contratante, que seja pelo interesse de conservar uma porta semi-aberta para o seu futuro incerto. Digo semi-aberta porque o selecionador atento sabe que esses sumiços são típicos de pessoas que fogem das suas próprias responsabilidades: podem ser qualificadas no todo mas revelam um defeitinho suficiente para conservá-las exatamente como estão: desempregadas.

Quando você diz ao seu visitante, em casa, "É cedo, fique mais um pouco!", ou diz, após ser convidado, "Vou sim, pode esperar", nos dois casos, quase sempre se está mentindo descaradamente e isso é aceito, dado ser comum, embora, penso, lamentável. Cuidado com seus conceitos e ações particulares e sociais: a tendência é você cedo ou tarde revelar-se igual no mercado de trabalho.

Selecionadores e empregadores também têm seus limites, manias e falhas. Só sugiro que antes de falar e fazer, lembre: cabe a eles aprovar e contratar você, ou não. Isso pode não ter peso nenhum para muita gente. Para outros o que tem peso mesmo é o famoso fio do bigode e a tão desprezada palavra empenhada, aliada a boa educação: gente assim pode até não conseguir emprego mais rápido mas costuma ser melhor recebida, atendida, avaliada e lembrada.

Longe de ser ciência exata, a cada um cabe decidir o que pensar e fazer. Quem toma chá de sumiço antes do primeiro dia no novo emprego ou poucos dias após ter iniciado deveria lembrar que esse chá, quanto mais bebido mais eficiente é: logo, logo o sumiço será tal que nenhum selecionador e patrão que preste vai saber da existência do sujeito; afinal, ele tomou chá de sumiço...
Autor: José Carlos de Oliveira


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