Traiçoeiros. Sim, eles existem!



Bons tempos de faculdade... Nossa, quantas saudades... Ô pessoalzinho danado, aquele!
Na época eu era amiga da sala inteira, dos mais de quarenta alunos, com exceção de um tipinho, sabe, daqueles roqueirinhos que andam de sobretudo num sol de 40 graus... É, eu bem que tentei, mas nosso santo não batia. Tinha cada figura. Alguns bem legais, outros meio fechados, e dois ou três que até hoje são caros ao coração.
Depois de algum tempo tive a oportunidade de reencontrar algumas destas figuras, e tudo estava mudado. Alegrei-me, pois todo mundo tinha muitas histórias para contar, afinal sete anos já se haviam passado.
Um deles, que inclusive tem a mesma idade que eu, surgiu do nada e me pediu uma oportunidade de emprego. É claro que eu o recebi com os braços abertos. Por mais que minha intuição dissesse para não confiar, minha amizade me cegava.
Dei a oportunidade que procurava, afinal o sujeito não tinha evoluído um triz em sua carreira nos últimos anos; muito pelo contrário, o fulano estava regredindo.
Investi na pessoa, treinei, apoiei e coloquei minha mão no fogo.
De fato, ele estava conseguindo fazer um bom trabalho dentro de suas limitações, mas sem apresentar perfil de liderança. Foi aí que a coisa pegou. Logo você percebe quando uma pessoa não consegue guardar segredo e não tem controle sobre sua equipe. Mesmo assim, sou da turma que reconhece um bom trabalho, e numa tarde estava eu em frente a uma vitrine de loja escolhendo um belo e caro relógio para presenteá-lo.
Será que ele merecia? Senti os sinais e os ignorei.
Nos últimos dias, o sujeito mentia deliberadamente e aplicava uma conversa do tipo amigo conselheiro, porém sem olhar nos olhos e sem contato físico. Será que havia algo de errado? Pois é, não deu outra. O fulano estava preparando uma “caminha de gato” para quem o acolheu.
Bem, o final desta história você já pode deduzir.

Quantas e quantas vezes ajudamos pessoas que acreditamos conhecer, e de repente a vida nos surpreende, revelando a verdadeira face delas. Esta é uma história real que neste momento pode estar acontecendo aí, dentro de sua empresa. Será que o personagem traiçoeiro está errado? Para uma sociedade que prega a inversão de valores parece que ele está agindo certíssimo; afinal, no mundo dos negócios vale tudo, não é? Não, enquanto o ser humano continuar agindo desta forma a nossa sociedade só se afunda. Hoje ninguém confia em ninguém, e a tendência é só piorar com o passar do tempo. É por causa de pessoas assim que as portas se fecham.
Precisa de um emprego? Sinto muito, aprendi uma lição.
Autor: Débora Martins


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