Má vontade social + falsa atitude + contratempos financeiros + letargia popular = aumento das passagens de ônibus
O que percebemos com isso é que os governos não estão nem aí para as políticas de bem-estar social que tanto defendiam em seus discursos populistas, que não são “políticas de esmola” como o Bolsa-Família e são legitimamente benéficas para a sociedade, nem o próprio povo parece estar interessado na conquista de seu bem-estar.
Um argumento muito pensado é o de que o governo federal cancelou um projeto de política nacional de adequação das tarifas de transporte público urbano – uma política de bem-estar social – por causa do fim da CPMF e isso fez o governo de Pernambuco, que estava na expectativa do lançamento dessa política nacional para promover uma adequação nas tarifas, desistir de melhorar as tarifas. Daí constatamos: essa prometida política tarifária justa estava sendo elaborada numa baita má vontade, porque o governo jogou a condição da existência dela à existência de uma fonte de recursos inconveniente e passível de ser derrubada – e isso o governo sabia mas queria ignorar por sua prepotência demonstrada ao achar que a CPMF passaria de todo jeito.
Lembro da notícia da Folha de Pernambuco de 10 de janeiro de 2007, dizendo: “Como presidente da EMTU, o petista esteve ontem [09/01/07], junto com o secretário das Cidades, Humberto Costa (PT), em Brasília, para buscar recursos. Os dois tiveram uma reunião com o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, para viabilizar a redução do preço das passagens de ônibus. O petista saiu animado da reunião. Segundo ele, a redução no preço das passagens é quase uma realidade. ‘Depende de uma decisão de governo e já temos a posição firme do governador Eduardo (Campos) em baratear as tarifas’, afirmou”. Cadê a tal “decisão de governo” agora, seu petista? E cadê a “posição firme” do governador? Essas atitudes acabaram, depois do lançamento da “cruzada da vingança” federal (contra o povo, e não contra a oposição demagógica que votou contra a prorrogação do imposto e já queria reconstituí-la logo depois) pelo fim do imposto do cheque.
Má vontade e falsa atitude geraram uma promessa vazia e descompromissada. Que seria logicamente quebrada nas primeiras adversidades enfrentadas (inflação de insumos de transporte e derrota da CPMF).
Caberia ao povo, penalizado e oprimido pelo problema deles com o aumento das passagens, manifestar sua indignação nas ruas e pressionar até que o governo tomasse vergonha. Mas está acontecendo o que já é de praxe: o povo alienado e conformado se indigna temporariamente, grita “Basta!” e depois se acalma, esquece e se acostuma depois que vê a novela e os telejornais rechaçando o ato de protestar por causa dos vândalos infiltrados e da polícia. Salvo alguns estudantes, que foram à rua manifestar sua cidadania, o povo fica em casa e vai lotar os ônibus pagando mais caro.
Antes que você pergunte: “Robson, você não vai pra rua também não?”, eu digo que não me falta vontade, mas infelizmente estou sozinho na causa, ninguém conhecido se prestou a ir comigo protestar, e eu teria que enfrentar a resistência de todos em casa para eu desbravar sozinho as ruas ocupadas pelos manifestantes. Como expiação e compensação por minha falta aos protestos, escrevi este artigo e provavelmente escreverei outros de tema igual ou similar na intenção de abrir os olhos do leitor e desgarrá-lo da letargia. É obrigação moral minha e de todos os cidadãos (cuja maioria não cumpre) expressar, presencial ou intelectualmente, seu descontentamento com a opressão sofrida.
Convido os leitores a pensarem no que podem fazer, como podem agir, para expressarem que não querem continuar pagando tarifas altas nem ser oprimido pelos desmandos e falsidades dos governos. Conclamo para cumprirem pelo menos uma das três possibilidades: protestar na rua, escrever artigos ou cartas de jornal para todo mundo acordar, ou pensar em suas próprias soluções coletivas que funcionem sem necessidade de violência contra o patrimônio público ou contra a polícia.
Lembrem-se de uma vez por todas: o país, o estado, a metrópole, o município, são de vocês, e não de oligarcas ou demagogos opressores.
Autor: Robson Fernando
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