CORAÇÕES EM TUBOS DE ENSAIO



CORAÇÕES EM TUBOS DE ENSAIO

© Dr. Alessandro Loiola
http://www.dralessandroloiola.blogspot.com/


A cada novo Dia dos Namorados, alguns maldosos começam a dizer que só existem 2 tipos de pessoas felizes no mundo - homens solteiros e mulheres casadas... Mesmo ameaçado por comentáros deste naipe, o Dia dos Namorados segue como um dos grandes eventos da temporada. Para você ter uma idéia, apenas nos EUA, mais de 190 milhões de cartões são trocados entre casais na data – que por lá é celebrada em 14 de fevereiro.

No Brasil, o primeiro dia dos namorados foi organizado por comerciantes paulistas, em 1953. Desde então, a comemoração amadureceu para além de sua concepção capitalista, tornando-se uma excelente oportunidade para os casais reviverem aquele período do começo do relacionamento, repleto de fantasias e expectativas.

Aproveitando a janela do Dia dos Namorados, é possível olhar para trás e perceber como os relacionamentos mudam. Com os anos e décadas de convivência, a paixão vai sendo substituída por um sentimento de companheirismo e habitualidade. Não é raro, um belo dia, perceber o outro quase como parte da mobília da casa. Ele está lá, não tão brilhoso quanto no dia em que você tirou da loja, mas ainda funcionando fora da tomada e – valha-me Santo Antonio ! – eventualmente útil.

Quando atendo casais assim, apenas existindo na calmaria do que chamo “casamentopausa”, me pergunto: o que terá havido com a chama dos primeiros dias? Seria o amor apenas uma mera reação química com prazo de validade?

Pesquisas realizadas na Universidade de Cornell (EUA) sugerem que sim. Após entrevistar e testar mais de 5.000 pessoas de diferentes culturas, a cientista Cindy Hazan descobriu que o amor possui uma validade longa o suficiente para que o casal se conheça, tenha sexo e produza uma criança – ou seja, cerca de 18 a 30 meses. “Em termos evolucionários,” – ela completa – “não necessitamos de corações palpitantes e suores frios nas mãos”.

As pesquisas também identificaram algumas substâncias responsáveis pelo amor intenso dos primeiros dias: dopamina, feniletilamina, ocitocina e norepinefrina. Estes produtos químicos são relativamente comuns no corpo humano, mas costumam ser encontrados juntos em grandes quantidades apenas durante as fases iniciais do flerte. Está comprovado que a inconstância, a exaltação, a euforia e a falta de sono e de apetite estão associadas a altos níveis destas substâncias no sangue dos casais apaixonados.

Além destes transmissores cerebrais, alguns cientistas afirmam que exalamos continuamente pelos poros - e até mesmo pelo hálito - produtos químicos voláteis chamados Feromônios. Atualmente, existem evidências intrigantes mostrando que os seres humanos comunicam-se continuamente com sinais bioquímicos inconscientes, e os ferômonios sedutores estão no páreo. Sinistro, não?

Os defensores da Teoria dos Feromônios dizem que o “amor à primeira vista” é a maior prova da existência destas substâncias controvertidas. Os feromônios exalados por sua parceira ou parceiro seriam os responsáveis pelas reações químicas que resultam em sensações de prazer e aconchego. A medida em que nos tornamos dependentes destas reações, cada ausência mais prolongada do ser amado nos deixa mais “apaixonados”. Em outras palavras: toda aquela ansiedade do amor recente seria simplesmente um sintoma da abstinência dos Feromônios do outro.

Com ou sem feromônios, é fato que a sensação avassaladora da paixão está diretamente relacionada ao aumento temporário de certos neurotransmissores no organismo. E com isso voltamos à questão inicial: até que ponto a paixão é simplesmente uma reação química com prazo de validade definido?

Pois pairando sobre as grandes descobertas da ciência do Século XXI, existe uma sensação de que a evolução, por algum motivo, modificou nossos genes permitindo que o amor não-associado à procriação surgisse. Calcula-se que há mais ou menos 10.000 anos os homens passaram realmente a amar as mulheres, e elas passaram a olhar os homens como algo mais além de máquinas de proteção que caçavam. Começamos a olhar uns aos outros com um afeto mais profundo que a simples atração física. E porque isto ocorreu ainda é um mistério para a ciência.

Muito além dos tubos de ensaio, dos laboratórios sofisticados e das reações químicas que ocorrem no seu cérebro, parece haver algo mais entre o céu e a terra afinal...
Autor: Alessandro Loiola


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