Empresários buscam capacitação para melhorar negócios



O comércio de roupas infantis, femininas e jeans da empresa familiar Estação da Moda, de Teresina (PI), sempre foi modesto e voltado para a clientela do bairro do Grande Dirceu.

A vida de comerciante da dona da loja, Noêmia de Oliveira Lima, há cinco anos à frente do negócio, resumia-se em cuidar dos afazeres domésticos e da empresa, sem, no entanto, ter a visão estratégica de mercado que qualquer empreendimento necessita para poder crescer.

Essa rotina, apoiada pelos filhos e por uma ajudante, estaria fadada a manter-se inalterada, não fossem os cursos de capacitação oferecidos pelo Sebrae que ela e mais 160 empresários do bairro fizeram para melhorar não só seus negócios, individualmente, como o comércio local.

E deu certo. Noêmia conta que, no início deste ano, o Sebrae ofereceu os cursos que envolviam desde o aprendizado básico de como administrar um negócio até o planejamento financeiro dessa empresa.

“O primeiro que fiz foi o ‘Boas Vendas – ComoVender Mais e Melhor no Varejo’. Ali, percebi que eu não tinha a menor noção do negócio que estava tocando. Aprendi a conhecer o meu comércio”, revelou.

De lá para cá, foram seis cursos, entre eles, o ‘Aprender a Empreender’, ‘D’Olho na Qualidade’, ‘Juntos Somos Fortes’, ‘Atendimento ao Cliente’, ‘Planejamento Estratégico’ e até ‘Associativismo’.

Além de ter organizado sua loja de roupas, Noêmia aumentou em 60% a sua clientela, dobrando o volume de produtos vendidos, e aprendeu, principalmente, segundo ela, a separar os recursos da empresa e o dinheiro da família.

“Numa empresa familiar, isso acontece muito. O dinheiro se mistura e, quando se percebe, a família está toda endividada por causa da empresa”, argumentou.

Termômetro

O setor de comércio varejista representa um termômetro da economia nacional. Segundo a Pesquisa Anual do Comércio do IBGE - PAC 2005, o segmento é constituído por 1,438 milhão de micro e pequenas empresas comerciais ativas, ocupando cerca de 7,074 milhões de pessoas.

O segmento representava em 2005, 97,8% do total de empresas comerciais.

Em 2007, cerca de 190 projetos de comércio foram apoiados pelo Sebrae em localidades de 26 estados. Para esses projetos, de acordo com as necessidades e demandas do setor, foram construídos instrumentos de qualificação, modernização e aumento da competitividade.

O curso ‘Boas Vendas – Como vender Mais e Melhor’, que a empresária participou, foi customizado especialmente para o setor varejista, seguindo a linha condutora dos números divulgados pelo IBGE.

Esse é apenas um dos diversos cursos que o Sebrae em todo o País disponibiliza para o empreendedor. Seja de forma presencial, de maneira autodidata ou via internet, o objetivo da Instituição é preparar e formar cada vez mais pessoas que têm seus negócios para estarem prontas a enfrentar o mercado, seja nacional, ou internacional.

Na rede

Atualmente, o Sebrae tem à disposição de sua clientela cinco cursos via internet: ‘Aprender a Empreender’, ‘Como Vender Mais e Melhor’, ‘Análise e Planejamento Financeiro’, ‘D’Olho na Qualidade’ e ‘Iniciando um Pequeno Grande Negócio’.

Todos têm o propósito de, além de transmitir conhecimento, desenvolver competências para que o aluno possa aplicar o que aprende em seu cotidiano de empreendedor.

As capacitações abordam temas relacionados à análise do mercado, à escolha do ponto onde montará sua empresa, à importância do bom atendimento, ao controle das receitas, aos gastos das empresas e a várias outras questões.

Desde 2001, quando os cursos via internet foram implantados, o Sebrae já capacitou 750 mil pessoas. Só em 2007, 150 mil empreendedores participaram de algum curso via internet.

Segundo levantamento do Sebrae, dos inscritos nas capacitações que acontecem no ambiente web, 68% concluem seus estudos. Além do número de alunos, surpreende a satisfação de quem participa dos cursos, que fica acima de 90%, de acordo com a mesma pesquisa feita pela Instituição.

Segundo o Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância (AbraEad), o número de alunos que participam de cursos a distância no Brasil cresceu 62% em 2005, girando em torno de 1,2 milhão de pessoas.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 71% das pessoas que entram na internet fazem isso para estudar e mais de 32 milhões de brasileiros estão conectados à rede. Aproveitando esse gancho, o Sebrae busca utilizar essa ferramenta a serviço do aprendizado. Em ambiente virtual, o estudante tem acesso a todo o material do curso, que inclui textos, exercícios e ilustrações.

O empreendedor pode fazer o download desse material, para imprimir e estudar quando não houver possibilidade de usar um computador.

Junto ao conteúdo didático, o aluno tem a oportunidade de se comunicar por e-mail com os tutores do curso – profissionais responsáveis pelo seu acompanhamento e que prestam oreintação quando necessário.

Um dos participantes que aumenta essa estatística de quem busca aprimorar a sua capacidade de empreender com apoio da internet é o empresário Luiz Carlos Alves Santana, dono da San Remo, uma loja de roupas femininas instalada em Sobradinho, cidade localizada a 20 quilômetros de Brasília (DF). Luiz Carlos conta que, antes de iniciar esse empreendimento, há 13 anos, tinha gerenciado várias empresas de diversos segmentos – armarinho, moda e venda de colchões.

“Tive que encerrar tudo e começar do zero. Eram vários pequenos problemas que acabaram culminando no fechamento das empresas”, disse. E como o setor de vestuário já estava enraizado na vida do empresário, já que tinha sido representante comercial de grandes empresas, acabou enveredando para esse ramo que está até hoje.

“Quando estamos há muito tempo numa mesma área de atuação, como é o caso do vestuário e confecção, a gente se esquece um pouco da parte gerencial e até mesmo de inovar em outros segmentos, como a modernização das peças, a busca por aquilo que o cliente quer e até mesmo de oferecer o atendimento diferenciado para o nosso cliente. É assim que a gente sobrevive. Foi por isso que decidi fazer alguns cursos do Sebrae, para poder me manter no mercado e fazer uma reciclagem”, disse.

Cursos de atendimento ao cliente, formação de preço e como vender mais e melhor foram alguns que ele, a esposa e sócia, Valéria Antônia Rocha, e os três funcionários fizeram este ano. “Meus ajudantes também entraram nos estudos e, a cada seis meses, a gente tem que fazer uma revisão porque se não cai no esquecimento”, brinca Luiz Carlos.

Esse é um fator considerado importante para o casal – o atendimento personalizado da clientela. “Estamos sempre viajando em busca de diferentes peças e fornecedores.

Temos um serviço rápido de reposição. As peças são renovadas semanalmente, quinzenalmente ou mensalmente. E sempre que isso acontece, temos um serviço de telemarketing, que contata os clientes avisando da chegada dos novos produtos”.

Isso é fundamental e ajuda a fidelizar o cliente, complementa o comerciante. Antes mesmo de pensar em investir no atendimento, Luiz Carlos conta que, no início da empresa, teve que focar sua linha de atuação, definindo o perfil do público-alvo com que iria lidar.

Nesse caso, eram clientes das classes B e C e, em sua maioria, adultos que trabalham fora e que necessitam investir na boa aparência. O casal passou a adquirir peças mais básicas, com cores mais neutras e sem ousadia.

Com essas definições, o negócio cresceu possibilitando, inclusive, ampliar o espaço da loja de 40 para 90 metros quadrados. “Depois que segmentamos a clientela, nos posicionamos no mercado. Com isso nosso faturamento aumentou em torno de 200%”, comemora Luiz Carlos, segundo a Agência Sebrae de Notícias.
Autor: Alfredo Passos


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